sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Domingo,17/11/2019
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VIVER O PRESENTE COM UMA VISÃO PARA O FUTURO
XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM “C”


Primeira Leitura: Malaquias 3,19-20a
19 Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, diz o Senhor dos exércitos, tal que não lhes deixará raiz nem ramo.20ª Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas.


Segunda Leitura: 2Tessalonicenses 3,7-12
Irmãos: 7 Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. 8 De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém. 9 Não que não tivéssemos o direito de fazê-lo, mas queríamos apresentar-nos como exemplo a ser imitado. 10 Com efeito, quando estávamos entre vós, demos esta regra: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer”. 11 Ora, ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada. 12 Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a estas pessoas que, trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão.


Evangelho: Lc 21,5-19
Naquele tempo, 5 algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: 6 “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7 Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” 8 Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9 Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. 10 E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11 Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu. 12 Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13 Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 14 Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15 porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16 Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17 Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18 Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19 É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!      
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“Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!      


Estamos no penúltimo Domingo do Tempo Comum. Quando o Ano litúrgico chega a seu fim, a ESPERANÇA da Igreja se reanima. As leituras bíblico-liturgicas se apresentam especialmente carregadas com a mensagem escatológica, isto é, referente ao último que há de suceder, à vinda do Senhor e ao Dia de Juízo. No presente domingo, inclusive a Segunda Leitura (2Ts 3,7-12) tem este sentido escatológico que é evidente nas outras duas leituras (Ml 3,19-20ª; Lc 21,5-19).


Por isso, podemos entender que nos dois últimos domingos do Tempo Comum (e no primeiro domingo do Advento) as leituras da missa só falam das COISAS FINAIS (escatologia) como lemos na Primeira Leitura e no Evangelho deste domingo. “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, tal que não lhes deixará raiz nem ramo”, assim lemos na Primeira Leitura. “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído, escreveu são Lucas no Evangelho de hoje. Com a festa do Cristo Rei (próximo domingo) terminamos o ano litúrgico de um ciclo para começar outro ciclo litúrgico começando com o Primeiro Domingo do Advento.


Para os gregos, o tempo tem um caráter cíclico: parece que os séculos e os anos giram em círculo, trazendo de novo indefectivelmente os mesmos sucessos. Pelo qual não há que esperar-se nada de novo substancialmente.  


O homem da Bíblia, pelo contrário, considera a história como uma trajetória horizontal, o tempo tem um desenvolvimento linear, a história caminha, progride, sob a guia de Deus, até um término bem definido. Pelo qual não se repete jamais da mesma maneira e sim que está aberta para a novidade, para o inesperado, à esperança.


Precisamente as leituras de hoje falam deste fim. Mas em todo caso há que recordar que o fim do mundo ocorre para cada um de nós em nossa própria morte. O pensamento da possibilidade ou da certeza de nossa morte nos ajuda a vivermos com mais correção e seriedade. O término de nossa vida é certo, mas o tempo é incerto, isto é, não sabemos do quando disso vai acontecer. Santo Agostinho dizia: “Se Deus ocultou essa hora (o fim), é para que sejamos fieis durante todos os dias”. Nós cristãos temos que encarar este tempo intermédio (tempo antre o nascimento e a vinda do Senhor) com fidelidade à Palavra de Deus, dando provas de lucidez contra as sugestões dos falsos messias-salvadores: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’”, e estando sempre dispostos a dar testemunho de nossa fé diante de qualquer pessoa e situação e com qualquer preço: “Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé.”.


Por isso, é bom momento para fazermos um balanço mais ou menos rápido do passado, para anotar os fracassos e para intensificar os êxitos. Não corrigir os erros é uma forma de cometer outros erros. Ao mesmo tempo, é necessário celebrar no tom de ação de graças os êxitos que alcançamos.


Deus Dá a Cada Um O Que Lhe Corresponde


Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, tal que não lhes deixará raiz nem ramo. Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”. Assim escreveu o profeta Malaquias no texto da Primeira Leitura de hoje (“Malaquias”, Heb. “Meu mensageiro”, Ml 3,1). É o sexto oráculo do profeta Malaquias (Ml 3,13-21, segundo o texto hebraico). Este oráculo nos fala do futuro triunfo da justiça divina.


Malaquias é um profeta pós-exílio que exerceu seu ministério profético em meados do século V a.C. O livro de Malaquias indica que o moral dos habitantes judeus em Jerusalém e nos arredores estava em nível muito baixo na época. As colheitas eram fracas por causa da seca e de nuvens de gafanhotos. As esperanças anteriores de que com a restauração do Templo de Jerusalém, surgiria uma nação judaica independente e próspera, não se realizaram. O profeta reclama do relaxamento moral dos seus contemporâneos, especialmente os sacerdotes que aceitaram oferendas com imperfeições/defeitos (cf. Ml 1,8). O profeta alerta que chegará um dia de acerto de contas, quando os transgressores serão punidos e apenas os fieis preservados. Mas até esse dia, o Senhor é compassivo e dará a cada um a oportunidade de se arrepender (cf. Ml 3,23-24)


A imagem de fogo ardente, que queima e consome o arrogante/soberbo é clássica na literatura profética para indicar o juízo de Deus para o malvado: será completamente aniquilado (cf. Am 1,4ss; Is 30;47; Ez 21,1ss).


Para o justo, em contraposição, começa um tempo de paz e de prosperidade. Como o sol matutino rompe a escuridão da noite, assim a próxima manifestação do Senhor iluminará este mundo de trevas em que lutam os justos.


Em outras palavras, para os justos o Dia de Javé, o Dia do Juizo será um juízo de salvação, para os ímpios, de condenação. Os ímpios serão tratados como a palha, e os troncos secos que não dão fruto, serão jogados ao fogo e entregues à destruição.


A expressão “Dia de Javé”, utilizada por outros profetas quer sublinhar a justiça e a recompensa de Deus que fará desaparecer os malvados como palha no fogo, e premiará os bons com bênçãos e felicidade.


Assim, o dia de Javé era considerado como uma intervenção de Deus na história. Rodeado de metáforas (fogo, palha, trevas, luz, sol) o profeta Malaquias quer ensinar a certeza de uma fé em um Deus que ama e não abandona seus fieis, os justos, apesar dos sofrimentos e perseguções, que um dia, “o dia de Javé”, Deus vai intervir na história dos homens e vai fazer uma justiça exemplar. Deus sabe dar a cada um dos homens o que lhe corresponde.


Hoje o profeta Malaquias deixa a seguinte mensagem de Deus para cada um de nós: “Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”.


Preço De Uma Fidelidade e De Perseverança


É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!, lemos no Evangelho.


Com o texto do Evangelho de hojem continuamos com o tema de juízo. É o juízo último. O juízo de Deus cumprido já na atualidade conhecido pelos contemporâneos de Lucas, é a destruição do Templo de Jerusalém. O deslumbrante esplendor do Templo não podia preservá-lo da destruição. Tudo que é caduco, todo brilho falso conhecerá seu fim. O tempo progride e as coisas ficam caducadas. Somente o amor fraterno embleza a vida eternamente, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8).


Viver conforme os ensinamentos de Jesus Cristo, praticar a ética, a honestidade, a justiça, a verdade tem seu preço alto no meio da sociedade da maldade: “Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome”, alerta-nos o Senhor.


Uma vida difícil, sublinha o autor do evangelho de Lucas (Lc 21,12-19), que pede a todos os cristãos constância e paciente tenacidade, a única coisa que pode mantê-los firmes no meio da turbulência e proporcionar-lhes "salvação": “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida! (Lc 21,19).


Fidelidade! Perseverança! Paciência! Esperança! Deus é fiel eternamente para seus justos.


O impaciente pode terminar no desalento, no cansaço ou na resignação amarga. Ele já não espera mais nada. O homem paciente, pelo contrário, não se irrita nem se deixa deprimir pela tristeza. O homem paciente contempla a vida com respeito e até com simpatia. Ele não antecipa o juízo de Deus, não pretende impor sua própria justiça a sua maneira. O homem paciente luta e combate dia após dia precisamente porque vive animado por uma esperança: “Se nós trabalhamos e lutamos é porque colocamos a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, sobretudo dos que têm fé”, escreveu são Paulo a Timóteo (1Tm 4,10).


Toda vez que celebramos a Eucaristia (Santa Missa) recordamos o passado: “proclamais a Morte do Senhor”, como dizia são Paulo (1Cor 11,26), mas com um olhar profético para o futuro: “Até que Ele vehna”. Cada Eucaristia nos faz vivermos uma certa tensão entre o passado e o futuro, concentrados ambos no presente. Em uma das aclamações que mais vezes repetimos se condensa esta situação: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. Outras expressões também nos fazem familiares deste olhar para o futuro: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda”. Nosso destino e o do mundo está no futuro, e se chama Deus. Mas o futuro já está no HOJE de cada dia (cf. Mt 28,20). E a Eucaristia é nosso alimento para o caminho (viático). E o caminho é o próprio Senhor Jesus pelo qual chegaremos à comunhão com o Pai do céu (cf. Jo 14,6).


"Conceda-nos a viver felizes em seu serviço" (Oração da Coleta deste Domingo). Façamos nossa esta bela oração! Não apenas avançamos em direção à "alegria plena e verdadeira", mas já começamos a experimentá-la na vida cotidiana, se realmente encontrarmos o Autor de tudo no nosso hoje e O servirmos com "alegria", mesmo nas circunstâncias mais severas.


As leituras de hoje são uma chamada enérgica a não vivermos adormecidos. Deus nos ama, mas também nos exige fidelidade a seu amor até as últimas consequências. E devemos estar conscientes de que esta fidelidade pode nos acarretar problemas, inclusive perseguções: “Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”.


Neste fim do Ano Liturgico, pois o próximo Domingo é a festa do Cristo Rei, e logo nos dispomos a começar o Advento, é oportuna a recomendação que nos faz são Paulo na Segunda Leitura de hoje, isto é, não podemos viver desocupados e na indolência para não nos tornar “pesados a ninguém”. Em termos mais gerais pode-se dizer que o cristianismo, com toda sua carga real de espiritualidade, não deve ser obstáculo para uma atividade humana produtiva. A teologia do trabalho, a construção do Reino com o trabalho humano normal, é algo que também deve entrar em nossas considerações. O santo Papa João Paulo II, em sua encíclica Laborem Exercens, nos fala sobre o trabalho humano, que podemos vivê-lo, dando-lhe todo o significado cristão; para todo filho de Deus, o trabalho deve ser uma razão de realização pessoal, deve envolver um desejo de colaborar com o trabalho criativo de Deus para o serviço da comunidade humana à luz do mistério pascal, isto é, da cruz e ressurreição de Cristo. São Paulo escreveu: Quem não quer trabalhar, também não deve comer”. O moivo desta expressão respondia à crença em uma iminente vinda do Senhor e consequentemente, alguns irmãos da Igreja de Tessalônica se desentenderam do trabalho diáro vivendo no ócio total.


Como seres criados por Deus, que confiamos na vinda do Senhor, a melhor maneira de nos manter vigilantes na vida diária é através de nosso trabalho que não somente é fonte de realização essoal, e sim também uma clara ocasião de crescer como pessoas e portanto, é uma oportunidade para receber a bênção de Deus que nos mandou cultivar a terra através do qual participamos e colaboramos na atividade criadora de Deus que entregou sua obra ao homem para que continue trabalhando em proveito da humanidade, tendo presente que o mais importante não é o proveito próprio e sim adiantar na dignidade humana, na solidariedade, na união fraterna, na paz e na autêntica liberdade.


Como cristãos devemos aprender que o trabalho não contradiz nosso encontro pessoal com o Senhor através da oração onde pedimos que venha a nós o Reino, que nos dê o pão de cada dia. E mais ainda que na celebração da Eucaristia devemos estar conscientes daquilo que ofertamos para ser transformado no Corpo e no Sangue do Senhor: o pão e o vinho, fruto do trabalho do homem e recebido, por sua vez, da generosidade de Deus que criou a terra para a humanidade.


Estendamos Nossa Reflexão Sobre O Texto Do Evangelho De Lucas Proclamado Neste Domingo!


Como os dois outros evangelhos sinóticos (Mt 24-25; Mc 13), também o evangelho de Lucas encerra a atividade de Jesus em Jerusalém (Lc19,29-21,38), antes de sua prisão, com o discurso sobre o fim/escatológico (Lc 21,5-38). Em seu lugar atual na tradição sinótica esse discurso é considerado como um discurso de despedida de Jesus que deixa à sua comunidade os últimos conselhos e advertências. Para Lucas a destruição de Jerusalém era um fato e as perseguições à comunidade primitiva uma realidade. Tanto Mateus como Lucas inspiram seu discurso escatológico do evangelho de Marcos capítulo 13.

Mas Lucas tem seu próprio estilo. No discurso ele projeta a sua visão da história da salvação em três momentos: a destruição de Jerusalém (julgamento sobre Jerusalém), tempo da missão da Igreja e enfim, a vinda do Filho do Homem que trará a plenitude do Reino de Deus (parusia). Ao redimensionar a perspectiva escatológica deste discurso Lucas quer chamar a atenção de dois grupos, seja o dos fanáticos que esperam com impaciência o fim, daqueles que confundem os próprios sonhos com a realidade; Lucas convida os cristãos a refletir sobre o que devem fazer para que o mundo seja mais humano e fraterno; seja o dos decepcionados e resignados que não esperam mais nada, para a necessidade do empenho presente, no Tempo da Igreja. Este é o tempo oportuno do testemunho em meio às perseguições violentas, e a confiança e a esperança perseverante na espera da libertação com a vinda gloriosa do Senhor Ressuscitado, o Filho do Homem. Os cristãos não podem se entregar a utopia futurista, perdendo o laço com a realidade histórica e cotidiana, a realidade do presente embora ela esteja cheia de mentiras, de corrupções, violências, perturbações absurdas que podem levar a desejar o fim ou no mínimo o desejo que aconteça o mal para os malvados. Se o Senhor havia vencido a morte, pensa Lucas, a comunidade cristã não está caminhando rumo à uma utopia anônima, mas o Filho do Homem, que é garantia e primícia da libertação humana. A nossa esperança, por isso, não será fraudada pois ela tem um nome: Jesus Cristo (cf. Rm 8,31.35.37). Com esse discurso, então, o evangelista deseja fortalecer a esperança de sua comunidade.


O fim de Jerusalém é, para Lucas, uma prefiguração do fim (não podemos esquecer que o evangelho de Lucas foi escrito depois da destruição de Jerusalém que aconteceu em 70 d. C na guerra dos judeus contra Roma em 66-70 d.C). Ele é o fim de toda uma etapa da história salvífica, mas não é o sinal da chegada do fim. Esse não é o fim dos tempos, mas o fim do templo. O que Jesus está dizendo aqui na versão de Lucas desse discurso é que haverá muitos perigos e dificuldades esperando seus seguidores (cf. At 7,54-60;12,1-2).


Segundo Jesus, cada dificuldade ou perseguição deve se tornar uma oportunidade de dar testemunho dele: “Mas isto será para vós uma ocasião de dar testemunho de mim” (v.13).


A palavra “testemunhar/testemunho/testemunha” é um das palavras preferidas por Lucas, especialmente nos Atos dos Apóstolos (aparece 13 vezes em Atos). Na parte central dos grandes discursos que dão ritmo a Atos, Pedro repete: “Nós somos testemunhas” (cf. At 2,32;3,15;10,41). Ser testemunha era a identidade dos discípulos de Jesus. O anúncio da palavra de Deus e o testemunho de vida são palavras-chaves e inseparáveis na obra de Lucas, de modo especial na segunda obra (tos dos Apóstolos). Testemunhar significa provar com a própria vida aquilo que se fala, se professa e no que se acredita, assumindo todas as conseqüências.


Mas testemunhar quem? Não se trata de testemunhar uma idéia, um conjunto de verdades; o conteúdo do anúncio não é teoria nem sistema, mas é o próprio Jesus Cristo Ressuscitado. Por isso, o anúncio pode ser feito por todos e para todos, porque não pressupõe nem culturas nem diplomas. Sendo o próprio Jesus Cristo, é suficiente tê-Lo encontrado como aquele que dá sentido a toda a vida. Para anunciar Jesus Cristo Ressuscitado não se requerem qualidades específicas, mas uma fidelidade. Testemunhar Jesus é provar com a própria vida que é ele o sentido profundo de nossa vida e da vida do mundo.


Na escolha de um caminho de vida, não basta o entusiasmo do primeiro momento nem as afirmações exaltadas de amor a Jesus. A salvação para cada um de nós e para melhorar o mundo, a família, o trabalho, depende da perseverança no caminho da justiça, do amor e da fraternidade. Por isso, Jesus disse: “Com vossa perseverança salvareis vossas vidas” (Lc 21,19).


O que significa perseverar?


Perseverar significa a capacidade de resistir diante de cada dificuldade. A capacidade de resistir carece muitas vezes de um elevado grau de força de ânimo. A capacidade de resistir, entendida como perseverança, remete para as nossas forças interiores e para as nossas firmes decisões. Como disse o filósofo romano, Epicteto (55 d.C-135 d.C. Um dos seus discípulos era Marco Aurélio): “Cada dificuldade na vida nos oferece uma oportunidade para nos voltarmos para dentro de nós mesmos e recorrermos aos nossos recursos interiores escondidos ou mesmo desconhecidos. As provações que suportamos podem e devem revelar-nos quais são as nossas forças. As pessoas prudentes enxergam além do incidente em si e procuram criar o hábito de utilizá-lo da maneira mais saudável. Você possui forças que provavelmente desconhece. Encontre a que necessita nesse momento. Use-a” (cf. A Arte de Viver, Editora Sextante).


Esta capacidade não é só para utilizar em casos alarmantes. Ao contrário, só conseguiremos avançar no nosso caminho, se procurarmos aproveitar plenamente as diferentes oportunidades de momento, tendo os olhos sempre postos na meta. Só assim, a nossa capacidade de resistir pode e deve fortalecer-se, mesmo no meio das dificuldades. É aí que ela se torna mais necessária.


A capacidade de resistir precisa haurir a confiança em Deus, confiança que tem que ser sempre renovada na oração. Como cristãos rezamos sem cessar, pedindo a graça da perseverança final. Estamos, todavia, conscientes de que isto leva consigo a disponibilidade para mudar/ se converter, porque estamos conscientes de que a nossa fidelidade é continuamente posta à prova e de que está exposta a contínuas tentações. Podemos ser tentados tanto do exterior(escândalo) como do interior. É precisamente no momento da tentação que entra em ação a capacidade de resistir (lembre-se de que o nosso velho Adão está sempre à espreita/observar ocultamente).


A espera faz com que cada cristão seja capaz de desistir em momentos de provação e de luta contra os sintomas do cansaço humano. Não devemos ignorar que nos finais do século primeiro, a cristandade primitiva teve que operar uma difícil mudança ao passar de uma espera próxima para uma espera constante do Senhor. Só a força muito profunda da sua fé lhe permitiu manter tão grande disponibilidade para essa mudança, expressando assim a sua capacidade de resistir.


Aquele que estiver aberto à capacidade de resistir e rezar com perseverança para a alcançar, poderá dizer com o Apóstolo Paulo: “Tudo posso nAquele que me dá força” (Fl 4,13).


Lucas convida, assim, a comunidade cristã a trilhar o caminho da fidelidade e da coragem, o caminho que o próprio Senhor trilhou, mesmo diante da repressão violenta das estruturas do poder, sinagogas, e reis, mesmo perante a morte violenta (Lc 21,12). Lucas não fornece informações sobre o fim, mas refunda a esperança no acontecimento central da morte e ressurreição de Jesus. Se Jesus Cristo venceu a morte, o maior inimigo da humanidade, o cristão não tem mais nenhuma razão de ter medo. Se o mal avançar, a confiança em Deus deve avançar também porque Deus sempre terá a última palavra e não o mundo. Ele convida os cristãos a olharem para a história para decifrar seus sinais, e reconhecer a presença de Deus pois tudo que acontece neste mundo está sempre sob o olhar de Deus. O que importa para uma comunidade cristã é a vivacidade de esperança. É a esperança que arranca o homem de uma existência sem futuro e sem expectativas. A tristeza e o desânimo são um sinal da ausência de uma verdadeira esperança cristã que no fundo provém de uma falta de fé.


Este discurso, portanto, é o discurso sobre o Senhor Ressuscitado, o Homem fiel até a morte para dar a todos um futuro novo e diferente e para afirmar aos cristãos ou para quem quer que seja, que vale a pena lutar pelo que é digno, como o amor, a justiça, a paz etc, pois tudo isto tem a vitória sobre a morte como o ponto final. Os cristão devem sempre tomar cuidado para não relaxar, pervertendo o testemunho e acabando por assumir os vícios provocados pela sociedade injusta. O julgamento está sempre operando na história. Os cristãos devem, portanto, estar sempre de prontidão, vigiando e praticando a justiça. Somente a sua perseverança na prática e no anúncio da justiça lhes permitirá ser considerados justos e inocentes no dia do julgamento: “Com vossa perseverança salvareis vossas vidas” (.19).


Mas Lucas faz também algum alerta. Quando ocorrem perturbações políticas, guerras, quando se alastram a fome, as epidemias, as injustiças, quando a situação de miséria se torna insuportável e quando um século está para terminar, facilmente, se espalham no meio do povo boatos sobre o fim do mundo. Normalmente esses tempos difíceis criam um clima favorável para a atividade dos “visionários”: os devaneios, as supostas “revelações” ou “aparições” se alastram como o fogo nas folhagens secas e há sempre algum cristão simplório que acaba se deixando fisgar pelos fanáticos de alguma seita.


Lucas narra este episódio para alertar as suas comunidades sobre aqueles que confundem os próprios sonhos com a realidade. Ele convida seus cristãos a abandonar estas pessoas e refletir, ao contrário, sobre o que fazer, concretamente, para que o mundo (pelo menos no lugar onde estou) seja melhor, seja um lugar de muito amor e fraternidade. Portanto a verdadeira preocupação dos cristãos não é o fim do mundo mas saber o que se deve fazer hoje para que cada um se torne um sinal da esperança onde há desespero e desânimo, e para que cada um seja a mão de Deus para ajudar aqueles que estão precisando de nossa ajuda ...etc.


Não precisamos ficar esperando nenhum grande sinal ou recado do além. A palavra de Deus já é um grande recado de Deus mais visível. Basta lê-la e traduzi-la na vida cotidiana. Vamos fazer a cada dia melhor do que o dia anterior com tudo que estiver ao nosso alcance; vamos resistir, com oração contínua, ao mal com perseverante firmeza, autocontrole começando com as coisas pequenas de cada dia. É assim que o nosso hoje se torne melhor que o nosso ontem e o nosso amanhã ficará melhor ainda do que o nosso hoje. Cada dia temos que conquistar algo de bom na nossa vida. É só assim que estaremos preparados para qualquer encontro com Deus nos apelos da vida.


Como sabemos muito bem, que o futuro a Deus pertence, do presente temos que cuidar agora. Nos tempos de hoje, podemos captar o recado de São Paulo na segunda leitura de hoje, numa frase de uma canção que maioria de nós sabe: “Quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar”.  E “o lugar melhor é o lugar onde Deus quer”, disse São José Freinademetz: onde tem mais amor, vida, perdão, fraternidade, partilha, justiça.... Que o Senhor Jesus me encontre nestes lugares. Que o Senhor encontre a minha família no lugar onde Deus quer.
P. Vitus Gustama,SVD

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