quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

07/01/2020
Resultado de imagem para todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus.Resultado de imagem para Jesus pegou os cinco pães e dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aos discípulos, para que os distribuíssem.Resultado de imagem para Jesus pegou os cinco pães e dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aos discípulos, para que os distribuíssem.

QUEM AMA PERTENCE A DEUS E É UMA PARCELA DE DEUS

Terça-feira, Após Epifania



Primeira Leitura: 1Jo 4,7-10

Caríssimos: 7 amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. 8 Quem não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. 9 Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. 10 Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.



Evangelho: Mc 6,34-44

Naquele tempo, 34 Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas. 35 Quando estava ficando tarde, os discípulos chegaram perto de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e já é tarde. 36 Despede o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar alguma coisa para comer”. 37 Mas Jesus respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos perguntaram: “Queres que gastemos duzentos denários para comprar pão e dar-lhes de comer?” 38 Jesus perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Eles foram e responderam: “Cinco pães e dois peixes”. 39 Então Jesus mandou que todos se sentassem na grama verde, formando grupos. 40E todos se sentaram, formando grupos de cem e de cinquenta pessoas. 41 Depois Jesus pegou os cinco pães e dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aos discípulos, para que os distribuíssem. Dividiu entre todos também os dois peixes. 42 Todos comeram, ficaram satisfeitos, 43 e recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e também dos peixes. 44 O número dos que comeram os pães era de cinco mil homens.

------------------------

Deus É Amor



No texto da Primeira Leitura encontramos a grande afirmação: “Deus é amor”. O amor, eixo da mensagem de Jesus e sentido último de toda sua vida, não é somente uma virtude muito importante: é a própria essência de Deus. Nos versículos 9-10 são João nos dá a explicação. O autor da Carta não intenta nos dar uma definição abstrata e metafisica sobre Deus e sim que ao contemplar Sua obra no mundo, Seu modo de revelar-se chega à conclusão de que “Deus é amor”. Na obra salvífica do Filho se faz visível o amor de Deus. O Pai é essencialmente dom, comunicação de si mesmo. No sacrifício do Filho único temos a manifestação suprema do amor de Deus para o mundo (Jo 3,16); pelo sacrifício cruento da cruz, Cristo expia os pecados dos homens.



Isso tem como consequência que a vida do crente deve caracterizar-se basicamente pelo amor; se não, isso significa que realmente não é crente, “não conheceu Deus”. O verbo “Conhecer” quer dizer “com-nascer” ou nascer com; fazer-se um com o outro. O amor é o grande lugar do conhecimento: qualquer experiência amorosa confirma esta afirmação. Somente conhecemos o outro entregando-nos a ele e aceitando que ele se entregue a nós.



Se não colocarmos o AMOR nas nossas atividades, na nossa vida, na nossa convivência, nas nossas conversas, nos nossos comentários, nas nossas orações, nas nossas correções fraternas, tudo se tornará vazio de sentido. Se insistirmos em privilegiar um carisma, um dom, um talento e nos esquecermos do AMOR a Deus e ao próximo, esse carisma ou dom ou talento certamente não procede de Deus.



Portanto, o amor é parte essencial de nosso ser como cristão e como um ser humano. Toda vez que amamos, afirmamos nosso ser. Não é por acaso que Victor E. Frankl afirma: “Amo, logo sou”. E toda vez que não amamos, negamos nosso ser, especialmente como cristãos. Sem amar não se pode Ser. Ao amar nos conectamos com nosso aspecto mais essencial e mais íntimo, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).  Com e cada ato de amor revelamos nosso ser e com ele cultivamos nosso espírito.



Uma das manifestações mais amáveis e expressivas da missão messiânica de Jesus foi a multiplicação dos pães. Ele se compadece das pessoas que andam como ovelhas sem pastor. Jesus está próximo dos que sofrem, dos que O buscam. Ele não está longe do povo e sim está no meio dele (Cf. Jo 1,14). O amor de Jesus é concreto, compreensivo da situação de cada um.



O programa que nos dá a Carta de João é simples de dizer e difícil de cumprir: amemos uns aos outros, porque todos nós somos nascidos de Deus, e Deus é amor. Cremos, de verdade, no amor de Deus? Nós nos deixamos envolver por ele? Deixamos que o amor mude nossa existência? O amor é entrega: Deus que entrega seu Filho, Jesus Cristo que se entrega a si mesmo na cruz. Como é que nosso amor aos irmãos? Somos capazes de nos entregar pelos demais?



Evangelho e Sua Mensagem



Com esta passagem do Evangelho que proclamamos neste dia, o evangelista Marcos inaugura uma nova seção de seu evangelho. Nesta seção Marcos unifica tudo em torno do tema sobre o pão:

·      Das multiplicações dos pães (Mc 6,30-44; 8,1-10),

·      Discussão sobre o sentido das abluções antes de comer o pão e sobre o falso fermento (Mc 7,1-23; 8,11-20),

·      Discussão com uma pagã em torno das migalhas de pão que solicita (Mc 7,24-30).

·      Por isso essa seção é chamada de “seção dos pães”.



A alimentação da multidão (multiplicação de pães) é o único milagre narrado em todos os quatro evangelhos (Mt 14,13-21; Mc 6,32-44; Lc 9,10-17; Jo 6,1-15), e o único narrado duas vezes (em duas versões variantes) em Mc (Mc 8,1-10) e em Mt (Mt 15,29-39). Obviamente o relato da multiplicação tem sua alusão a Ex 16, história do maná no deserto (aqui se diz no lugar deserto) e a 2Rs 4,42-44, Eliseu alimentou 100 pessoas com 20 pães e ainda sobraram.



Compadecer-Se Significa Vestir-Se Dos “Sentimentos” De Deus

          

O evangelista nos relatou que “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34). Ninguém escapa do olhar de Jesus: “Jesus viu uma numerosa multidão”. O olhar de Jesus é penetrante: Jesus “teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor”. Jesus olha ou vê tudo atentamente e amorosamente. Um olhar atento leva Jesus a uma ação concreta diante da pessoa que Ele olha ou vê. Jesus anda atentamente e olha amorosamente. A atenção é uma das expressões do amor profundo.



Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor”. Aqui Jesus revela a “misericórdia”, o “amor”, a “fidelidade” de Deus (as três palavras se resumem densamente numa palavra só: compadecer-se). Jesus se apresenta e se revela como o Pastor prometido que vem reunir as ovelhas (unir, reunir= salvar). Deus não abandona seu povo nas suas lutas de cada dia. Deus sempre se compadece. Deus sempre olha para Seu povo.



A compaixão é uma atitude primordial de Deus. Por isso, quando se fala da compaixão, não se trata de um vago sentimento de comoção. O verbo usado nos Evangelhos (compadecer-se) é muito forte e quer dizer sentir-se perturbado nas entranhas. A compaixão, por isso, nos pede que vamos até onde existem feridas, que entremos em lugares onde existe o sofrimento, que compartilhemos os desânimos, os temores, as angústias dos nossos próximos, de nossos irmãos. No Evangelho este verbo é usado exclusivamente em relação a Jesus ou a Deus. Por isso, quem tem compaixão, ele está em sintonia com Deus e está com Deus.

          

Esta profunda compaixão diante das necessidades dos nossos semelhantes é a primeira condição para nos sentirmos motivados para a ação. Quem permanece impassível, quem não alimenta os sentimentos de Cristo, muito dificilmente será induzido a fazer qualquer coisa pelo bem dos próximos. Por isso, quando der alguma ajuda, ele dá somente para obedecer a alguma imposição externa, a uma convenção social, e não por uma premente necessidade interior.



Partilha Contra Egoísmo

           

Os discípulos têm pena da multidão que está com fome, por um lado. Mas por outro lado, eles reconhecem a incapacidade de saciá-la com cinco pães apenas. Como resolver o problema? Eles aproximam-se de Jesus não para perguntar-lhe que planos tem, mas para oferecer-lhe uma “solução”: “Despede o povo, para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar alguma coisa para comer ”(Mc 6,36). A solução oferecida pelos discípulos, então, é despedir para comprar. Em outras palavras, cada um tem que prover para si mesmo, por meio de dinheiro. Mas vem a pergunta: “Será que todo este povo tem dinheiro?”

          

Comprar e vender (pães) supõem orientar as relações sociais pelas leis da economia, onde impera a concentração de bens e a exploração; supõem submeter-se às leis econômicas que mantém essa multidão na miséria. Sabemos que onde há concentração de bens e alimentos, lá há sempre fome e miséria. Neste contexto, quem tem dinheiro, tem direito de comer; quem não o tem, torna-se vítima da fome. O que tem por trás disso é o egoísmo. E as pessoas contaminadas pelo egoísmo acabam virando as costas para o seu próximo em dificuldade.

          

A atitude que Jesus tem com a multidão faminta do pão e da palavra contrasta com a sugestão dos discípulos. A “comprar” Jesus opõe “dar” e ”repartir”: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37). Os discípulos só têm cinco pães e dois peixes. Cinco pães e dois peixes somam sete, o número que indica a totalidade. Aparentemente há pouco pão (cinco pães) para saciar tanta gente (mais de cinco mil pessoas). Somente aparentemente há pouco pão! Porque se cada ser humano tivesse amor e justiça, o pão não faltaria para ninguém. Se cada um tirasse um pouco de bom dentro de si, ninguém viveria na miséria. Para Jesus, o eterno problema da vida não é a falta do pão, e sim as causas que geram a falta do mesmo na mesa da grande maioria. O que se revela, além disso, não é a ausência do pão, e sim a presença do egoísmo, do individualismo, da ganância e da total ausência do amor fraterno. Mas no fim da vida todos ficam sem nada materialmente, pois o homem somente tem o direito de usar e não de possuir. Nossa relação com as coisas não é de propriedade e sim de uso. Este direito cessará no dia em que partirmos deste mundo.



Aquele Que Ama É Uma Parcela De Deus Que É Amor

          

“Dar” ou “repartir” os pães comporta uma dinâmica diferente, comporta o amor fraterno, comporta a compaixão, comporta a solidariedade, comporta a partilha que é a alma de todo projeto de Jesus. Jesus não nos revela os “truques” dos milagres, mas nos ensina a fazer bem tudo que não é milagre: pôr em comum o que temos e reparti-lo entre os irmãos, especialmente os necessitados do básico da vida. E tudo parte do amor ao semelhante cuja penúria ou miséria torna-se um apelo para a solidariedade e a partilha. Quem possui algo para comer, deixa-se tocar por quem não o tem e abre mão, generosamente, do que lhe pertence para saciar a fome do próximo. Esta atitude funda-se na pura gratuidade e exclui qualquer desejo de recompensa. Nessa direção é que os cristãos, todos nós, devem caminhar: partilhar, partilhar e partilhar, pois a partilha é a alma de todo projeto de Jesus Cristo. Trata-se de vivenciar o amor fraterno.



Por isso, o apelo que o autor da primeira Carta de João nos faz é atual: “Caríssimos: amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus” (1Jo 4,7). “Amemo-nos uns aos outros!”. Trata-se de um programa para todos os que acreditam em Deus e para aqueles que têm boa vontade. É todo um programa para nossas famílias, nossos ambientes de vida, nosso trabalho, nossa comunidade, nossa Igreja, nossa sociedade e assim por diante. É todo um programa para a humanidade que Deus ama primeiro.



Precisamos colocar em prática este “Amemo-nos uns aos outros!”, porque não somente acreditamos em Deus, e sim em Deus de amor: “Caríssimos: amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,7-8). “Deus é amor”. É um texto de insondável profundidade. Há que escutá-lo em silencio, repeti-lo, tratá-lo com palavras nossas e vivê-lo na vida cotidiana. Aquele que ama é como uma parcela de Deus, uma parte do Amor, porque Deus é amor.



Todo ato de amor vem de Deus, tem sua fonte e origem no coração de Deus. Por isso, Deus pode ser contemplado em:

·      O amor de uma mãe que ama seu filhinho e de um filho que ama seus pais.

·      O amor de um prometido a sua prometida, de um esposo para sua esposa.

·      O amor de um homem que se desvela por seus companheiros de trabalho.

·      O amor de um pastor para seu rebanho. E assim por diante.

          

Se a partilha e a compaixão são a atitude primordial e a expressão do amor de Deus, portanto repartir o pão significa prolongar a generosidade de Deus- criador: Ele criou tudo por amor e gratuitamente sem nenhum mérito de um ser humano.; significa que vivenciamos a nossa fé no Deus de amor (cf. 1Jo 4,8.16); significa Deus está em nós e nós permanecemos em Deus.



Lutar pelo alimento é o mais elementar dos deveres dos homens. O pão é o símbolo de toda a alimentação. Com o milagre do Evangelho de hoje Jesus abre os nossos olhos para os compromissos que a eucaristia traz: somos responsáveis pela fome e a miséria dos nossos próximos. Somos responsáveis pela crença ou pelo ateísmo nos outros. Se Deus não se vê no mundo é porque não se vê mais na vida dos cristãos. Entrar em comunhão com o Senhor na eucaristia exige fazer comunhão com aqueles que lutam na busca do pão necessário à vida. Assim vivida, a eucaristia torna-se para quem dela se alimenta, fonte de coragem e esforço permanente no compromisso com a concretização do reino de Deus através da partilha de tudo que se tem.

P. Vitus Gustama,svd

Nenhum comentário:

DOMINGO DA PÁSCOA, 31/03/2024

CORRER AO ENCONTRO DO SENHOR RESSUSCITADO PARA SER SALVO DOMINGO DA PÁSCOA Primeira Leitura: At 10,34a.37-43 Naqueles dias, 34aPedro t...