quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

11/02/2020
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É PRECISO VIVER DE ACORDO COM O CORAÇÃO RETO E INDIVISÍVEL, POIS SOMOS TEMPLO DE DEUS
Terça-Feira Da V Semana Comum

Primeira Leitura: 1Rs 8,22-23.27-30
Naqueles dias, 22 Salomão pôs-se de pé diante do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, estendeu as mãos para o céu e disse: 23 “Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus igual a ti nem no mais alto dos céus, nem aqui embaixo na terra; tu és fiel à tua misericordiosa aliança com teus servos, que andam na tua presença de todo o seu coração. 27 Mas será que Deus pode realmente morar sobre a terra? Se os mais altos céus não te podem conter, muito menos esta casa que eu construí! 28 Mas atende, Senhor meu Deus, à oração e à súplica do teu servo, e ouve o clamor e a prece que ele faz hoje em tua presença. 29 Teus olhos estejam abertos noite e dia sobre esta casa, sobre o lugar do qual disseste: ‘Aqui estará o meu nome!’ Ouve a oração que o teu servo te faz neste lugar. 30 Ouve as súplicas de teu servo e de teu povo Israel, quando aqui orarem. Escuta-os do alto da tua morada, no céu, escuta-os e perdoa!


Evangelho: Mc 7,1-13
Naquele tempo, 1os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. 3Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.  5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” 6Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. 9E dizia-lhes: “Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus, a fim de guardar as vossas tradições. 10Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe deve morrer’. 11Mas vós ensinais que é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vós poderíeis receber de mim é Corban, isto é, Consagrado a Deus’. 12E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13Assim vós esvaziais a Palavra de Deus com a tradição que vós transmitis. E vós fazeis muitas outras coisas como estas”.
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Somos Templo Vivo De Deus

Salomão pôs-se de pé diante do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, estendeu as mãos para o céu e disse: ... ‘Ouve a oração que o teu servo te faz neste lugar. Ouve as súplicas de teu servo e de teu povo Israel, quando aqui orarem. Escuta-os do alto da tua morada, no céu, escuta-os e perdoa!’”. É uma pequena parte da oração do rei Salomão.


A Primeira Leitura de hoje fala da oração do rei Salomão dirigida a Deus. Em sua oração Salomão reconhece que a presença de Deus no templo construído pelo sucessor de Davi é uma nova mostra de sua fidelidade. Isto lhe dá confiança para pedir que Deus continue a ser fiel a Suas promessas, exigindo solenemente, de acordo com a doutrina deuteronômica que os descendentes de Davi sigam o exemplo de fidelidade que o rei lhes deixou.


A unidade central de 1Rs 8 está constituída pela longa e magnifica oração de Salomão, considerada como uma amplição das ideias contidas em seu discurso anterior (1Rs 8,15-21). Nesta oração domina a teologia da aliança. Assegura-se a benevolência de Deus para Israel em virtude do pacto contraído no Sinai sob a condição de que Israel corresponda com o cumprimento da Lei.


É impressionante a postura do jovem rei, Salomão, diante do povo, ele eleva os braços ao céu, dirigindo-se a Deus no Templo recém-edificado, numa oração solene em nome de todos. Diante de um povo que se considera propriedade de Deus, Salomão se sente rei e ao mesmo tempo sacerdote.


Lemos no texto da Primeira Leitura uma seleção da formosa oração de Salomão que no livro de Reis aparece bastante longa. Salomão dá graças a Deus por Sua fidelidade. Ele reconhece que Deus não necessita de templos nem pode ficar encerrado neles. Salomão está consciente de que Deus é transcendente, o Todo Outro e, ao mesmo tempo, está próximo também de seu povo. Salomão termina sua oração pedindo a Deus, por si mesmo e por todos os membros de su povo presente e futuro, que Deus preste sempre atenção e escute as orações que são dirigidas a Ele neste Templo.


Na sua oração, Salomão não só pensa nas próprias necessidades, mas também nas necessidades do povo presente e da futura geração. É uma boa lição! Às  vezes, somos bastante egoístas nas nossas orações, pois pedimos a Deus que atenda às nossas próprias necessidades. Esquecemos os outros de nosso lado no mesmo templo/igreja, como também os outros se esquecem de nós. Entramos e saímos de nosso templo egoístas. Salomao nos ensina a pensarmos e a orarmos também pelas necessidades dos outros, pelos menos dos membros da mesma comunidade. fomos batizados para ser luz do mundo e sal da terra. O cristão existe para os outros. o cristão é católico, isto é, é uma pessoa com um coração universal.


Todas as religiões dão importância ao lugar sagrado, lugar de oração e de encontro com a divindade. Os judeus tiveram, durante o tempo de sua peregrinação pelo deserto, sua “tenda de encontro”, e depois este Templo de Jerusalém.


Para nós, cristãos, a novidade radical foi a pessoa de Cristo, que além de ser o sacerdote e a vítima e o altar, também Ele é apresentado como o autêntico Templo do encontro com Deus: “’Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei’. ...Ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2,19.21). Os cristãos, desde o princípio deram mais importância à comunidade do que ao edifício (cf. 1Cor 3,16-17; 6,19; 1Pd 2,4-5). Os cristãos entenderam o lugar de culto, sobretudo, como “domus ecclesiae”, a casa da comunidade, considerando a própria comunidade como lugar privilegiado da presença de Cristo: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20).


Não há nada que seja impossível para Deus. A Ele não podem conter os céus dos céus. Deus não habita em um coração manchado de pecados. Por isso, devemos ser morada digna para Deus. Para isso, devemos, com amor de filhos fieis, viver numa contínua conversão a Ele, aprendendo a cumprir de todo coração Sua vontade que consiste no amor a Ele e ao próximo como amamos a nós mesmos. Deus sempre está disposto a escutar nossas orações como Pai compassivo e misericordioso.


Evangelho e Sua Mensagem


Lendo o texto do evangelho de hoje logo percebemos qual foi a situação por trás do texto. O evangelista Marcos sente a necessidade de explicar quais eram os costumes dos fariseus e quase de todos os judeus (Mc 7,3-4). Isto nos mostra que Marcos escreveu seu evangelho para cristãos que não eram da origem judaica. Marcos está falando para uma comunidade cristã a fim de comunicar um ensinamento muito importante de Jesus.


O ensinamento parte da pergunta dos escribas e dos fariseus vindos de Jerusalém: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?”.


Jesus, colocando-se na linha dos antigos profetas, cita o profeta Isaias e depois, Moises para rebater seus adversários: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos”.


Na expressão de Jesus há antíteses: “lábios- coração”, “render culto- preceitos humanos”. Na primeira antítese se descreve a exterioridade, a aparência. Trata-se de uma vida não vivida na intimidade ou na profundidade do coração. Este tipo de vida é chamada de vida hipócrita, pois o externo não corresponde com o que há no coração e nas aspirações humanas. Na segunda antítese  se descreve um culto hipócrita porque está regido pelos preceitos humanos que abandonam (Mc 7,8), anulam (Mc 7,9) e esvaziam (Mc 8,13) os mandamentos de Deus.


“Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. Com esta afirmação Jesus quer colocar em destaque a moral do coração e não somente a moral das ações. Somente de um homem devidamente ordenado, de um homem de coração limpo é que podem proceder ações morais e éticas. Uma pessoa íntegra, de coração indivisível sabe se governar e se controlar, sabe ser justo e honesto.  “Aquele que não é capaz de governar a si mesmo não será capaz de governar os outros” (Mahatma Gandhi). É uma chamada para a retidão de intenção ou a retidão do coração. Quando o coração está em desordem, então a conduta se torna cega. Nisto consiste um esforço contínuo de purificação. Para Jesus o primeiro dever do homem é ter a consciência limpa ou o coração puro. “Faz de teu coração um tribunal e senta-te nele como juiz de ti mesmo. Tua memória seja o promotor, tua consciência a testemunha, e o temor de Deus, o juiz” (Santo Agostinho: Serm. 351, 4,7). Portanto, não se trata somente de fazer as coisas de coração e sim de fazer coisas que procede do coração reto e limpo. Para Jesus o coração tem que estar limpo para que possa estar em disposição para captar a vontade de Deus, uma vontade que não é simplesmente letra escrita. Não basta superar a hipocrisia e o formalismo; a interiorização pede algo mais que sentimento de sinceridade.


O coração reto do qual fala Jesus não é feito somente de coragem, de fidelidade e de boa memória sobre todos os ensinamentos. O coração é feito de disponibilidade, entendendo com isso a liberdade e a intuição. Trata-se de criar uma situação interior capaz de conhecer a Deus, ao verdadeiro Deus, capaz de ler de novo a vontade de Deus. O coração é o lugar onde Deus se revela, não simplesmente o lugar onde se percebe a obrigatoriedade de um esquema já existente e onde se encontra a coragem de repeti-lo.


Assim no texto do evangelho de hoje Jesus reprova o espírito farisaico: a confusão entre o rigorismo minucioso na observância da moral e da fidelidade a Deus. A minuciosidade nem sempre é sinal da fidelidade. Jesus também reprova artimanhas casuísticas na interpretação dos deveres morais, um defeito que leva a um duplo desequilíbrio: complicar a observância da lei especialmente para a gente simples e tranqüilizar a consciência dos astutos que intentam salvar o esquema da lei descuidando de sua substância. Jesus também critica a confiança nas próprias obras acima do amor de Deus que nos chega gratuitamente. Aquele que se gloria pelas próprias obras, e não pelo amor gratuito de Deus e pela sua misericórdia, tem pretensão inútil de ser Deus para si próprio.


Para tudo isto, o evangelho assume uma dupla tarefa: pôr em evidência qual é o centro da lei: é a caridade. “Atente para que a sua prática religiosa não seja mais importante do que seu Deus e seu próximo” (René Juan Trossero). O egoísmo devora o que o outro tem; o amor oferece ao outro o que lhe falta. Segundo, considerar a obediência do homem à lei como resposta ao gesto salvífico e gratuito de Deus e não a lei por lei. A lei ou as normas devem me ajudar a me aproximar de Deus.  Em outras palavra, não são as normas que produzem a graça de Deus e sim a graça de Deus é que produz disciplina e normas para o homem. A graça de Deus ordena minha vida e me coloca em uma disciplina. Atrás de tudo isto há uma advertência fundamental de Jesus que serve de fio condutor para todo o capitulo 7 de Marcos: todas as formas de legalismo são sempre uma forma de recusar a Deus. O legalismo farisaico nasce de uma incompreensão de Deus e oferece uma razão para recusá-Lo; de fato foi um motivo para recusar a Jesus.


Os homens verdadeiros e autênticos podem ser aplaudidos ou condenados, amados ou odiados, mas sempre despertam nossa admiração. Quem vive na retidão tem como critério a verdade e a caridade. A verdade dita com caridade convence até os ateus em tudo. A verdade dita com caridade humaniza nossa maneira de falar e de tratar dos assuntos mais complicados. “O amor e a verdade estão tão unidos entre si que é praticamente impossível separá-los. São como duas faces da mesma medalha” (Mahatma Gandhi). É preciso ter um coração indivisível e íntegro para ter uma ação ética.


Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”, disse Jesus citando o profeta Isaías. Através desta afirmação Jesus quer nos dizer que o mandamento de Deus e as tradições dos homens têm que ser considerados como duas coisas distintas. Os dois não estão no mesmo plano e por isso, não podem ser colocados no mesmo patamar, pois o mandamento de Deus é perene e as tradições dos homens são provisionais.


Todos nós podemos ter algo de fariseus em nossa conduta. Por exemplo, se realmente damos mais valor ao formalismo exterior, às práticas externas do que à fé interior. Ou se damos mais importância a normas humanas, às vezes insignificantes, acima da caridade ou da justiça. O cristão, como Jesus Cristo, somente tem que amar. Nada mais! essa é a verdadeira fidelidade ao Deus de amor e de misericórdia.


Portanto, sempre é bom ouvirmos e meditarmos permanentemente sobre o alerta do Senhor no Evangelho de hoje, citando o profeta Isaías: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos”. A pergunta permanente: "Será que meu coração está longe de Deus?".


Para ser lembrado: Somente de um homem devidamente ordenado e de coração puro é que podem proceder ações morais e éticas. É uma chamada para a retidão de intenção e ação.
P. Vitus Gustama,svd

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