quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

15/02/2020
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VIDA VIVIDA NA PARTILHA QUE SE ENRAIZA EM CRISTO É A VIDA EM PLENITUDE
Sábado Da V Semana Comum


Primeira Leitura: 1Rs 12,26-32;13,33-34
Naqueles dias, 12,26 Jeroboão refletiu consigo mesmo: “Como estão as coisas, o reino vai voltar à casa de Davi. 27 Se este povo continuar a subir ao templo do Senhor em Jerusalém, para oferecer sacrifícios, seu coração se voltará para o seu soberano Roboão, rei de Judá; eles me matarão e se voltarão para Roboão, rei de Judá”. 28 Depois de ter refletido bem, o rei fez dois bezerros de ouro e disse ao povo: “Não subais mais a Jerusalém! Eis aqui, Israel, os deuses que te tiraram da terra do Egito”. 29 Colocou um bezerro em Betel e outro em Dã. 30 Isto foi ocasião de pecado, pois o povo ia em procissão até Dã para adorar um dos bezerros. 31Jeroboão construiu também templos sobre lugares altos, e designou como sacerdotes homens tirados do povo, que não eram filhos de Levi. 32 E instituiu uma festa no dia quinze do oitavo mês, à semelhança da que era celebrada em Judá. E subiu ao altar. Fez a mesma coisa em Betel, para sacrificar aos bezerros que havia feito. E estabeleceu em Betel sacerdotes nos santuários que tinha construído nos lugares altos. 13,33 Depois disso, Jeroboão não abandonou o seu mau caminho, mas continuou a tomar homens do meio do povo e a constituí-los sacerdotes dos santuários dos lugares altos. Todo aquele que queria era consagrado e se tornava sacerdote dos lugares altos. 34 Esse modo de proceder fez cair em pecado a casa de Jeroboão e provocou a sua ruína e o seu extermínio da face da terra.


Evangelho: Mc 8,1-10
1Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinha o que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: 2“Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para comer. 3Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”. 4Os discípulos disseram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?” 5Jesus perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete”. 6Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que o distribuíssem. E eles os distribuíram ao povo.7Tinham também alguns peixinhos. Depois de pronunciar a bênção sobre eles, mandou que os distribuíssem também. 8Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram.9Eram quatro mil, mais ou menos. E Jesus os despediu. 10Subindo logo na barca com seus discípulos, Jesus foi para a região de Dalmanuta.
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Somos Chamados a Ser Construtores Da Unidade Enraizando-nos em Cristo Jesus


Hoje terminamos as cinco semanas da leitura dos livros históricos do AT com nuvens escuras sobre a casa de Davi e Salomão: o pecado da idolatria de Jeroboão.  Na segunda-feira que vem passaremos a ler livros do NT, começando pela Carta de São Tiago.


Estamos na parte do livro dos Reis em que se narra a história sincrônica dos dois reinos (1Rs 12,1-2Rs 17,41): Israel (Norte) e Judá (Sul) até a queda e o desaparecimento do primeiro. Esta divisão aconteceu no fim do reinado de Salomão.


Já divididos no plano político as tribos israelitas se separam também no plano religioso com a construção dos dois novos templos no reino do Norte (Israel): um em Betel e outro em Dan, isto é, nos centros religiosos antigos que haviam conservado a confiança da maioria do povo (Gn 12,8; 13,3; 28,19; 35; Juiz 18). Trata-se do cisma político e religioso ao mesmo tempo.


Imediatamente sucumbe o reinado do Norte (Israel) ao desejo de reproduzir Javé (Deus) em escultura (bezerro de ouro). E para servir de par à Arca de Jerusalém, Jeroboão constrói o mesmo bezerro de ouro erguido aos pés do Sinai (Ex 32). E finalmente, o rei Jeroboão designa para ocupar-se destes dois templos sacerdotes escolhidos entre o povo e não entre os levitas.


Aqui Jeroboão constrói nos antigos santuários de Betel e Dan dois bezerros de ouro, que num princípio parece que queriam representar Javé: “Não subais mais a Jerusalém! Eis aqui, Israel, os deuses que te tiraram da terra do Egito”, disse Jeroboão. Mas que logo facilmente o povo cairá na idolatria: estabelece festas e sacrifícios. Jeroboão se aproveita da religião para os fins políticos.


Como tantas vezes ao longo da história antiga e moderna, o poder político é tentado a usar a religião para seus fins político. E desde que pagaram os templos na sua construção, o poder político é capaz de silenciar os profetas ou os sacerdotes, pastores e bispos.


Mas os livros históricos do AT querem defender a crença de que Deus não quer em torno d´Ele o povo com um amor dividido. Mais tarde o Senhor Jesus dirá: “Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apagará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24).


A religião é questão de fé que tem função de ser consciência para uma política abusada em nome do próprio interesse de quem está no poder e não em nome do bem comum. Jesus nos dirá que seu Reino não é deste mundo (Jo 18,36). É para nos dizer que todos devem se preocupar com a salvação de todos.  A Igreja não pode converter-se realmente em uma comunidade de fé enquanto muitos membros pela vaidade ou pela ânsia querem dominar os outros. Vivamos enraizados em Cristo para que sejamos construtores ou restauradores da unidade, da fraternidade e da paz. Deus é Deus de todos. Não podemos criar imagens falsas de Deus para assegurar nossos interesses. Quem se aproxima do Senhor deve estar livre de tudo e se sentir filho(a) de Deus.


Através da Primeira Leitura somos avisados de que o pecado nos leva à destruição: “Esse modo de proceder fez cair em pecado a casa de Jeroboão e provocou a sua ruína e o seu extermínio da face da terra”. É a última frase da Primeira Leitura de hoje. Os ídolos são normalmente agradáveis, mas nos fazem cegos e nos fazem perdermos o censo crítico. Os ídolos nos levam a vermos tudo a partir dos olhos do mundo e não dos olhos da fé. Quantas vezes temos que nos arrepender de ter iniciado aquele caminho que já víamos que não era o caminho reto e certo. Nós nos deixamos seduzir por muitos deuses e altares que nos oferece o mundo de hoje, mas que nos deixará na nossa solidão mortal, mais tarde. No leito da doença e da morte, todo poder mundano termina seu reinado. O início e o fim é para todos igual.  Todos nascem da barriga da mãe e todos entrarão na barriga da terra, um dia. Temos que aproveitar o intervalo para fazer o bem. Ninguém pode viver à toa nem morrer à toa, pois a cada um é dado os talentos de Deus para serem multiplicados.


Somos Chamados a Ser Pão Para Os Outros


No evangelho de Mc se relata duas vezes a multiplicação dos pães (Mc 6,30-44; 8,1-10). A segunda multiplicação nós lemos neste dia e sucede em território pagão. Trata-se do banquete de Jesus com os pagãos. Assim Jesus se apresenta como Messias para todos, judeus e outros povos da terra. Ele veio para todos e por isso, ninguém escapa de seu amor.


O texto nos diz que “Jesus chamou os discípulos e disse: ’Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para comer’”. O povo se sente abandonado e que está ali porque quer confiar totalmente em Jesus, pois Jesus se apresenta como Pastor destinado para apascentar, restaurar e unificar o rebanho de Deus, o povo de Deus e não para dispersá-lo. Jesus é a revelação da misericórdia divina que quer socorrer e que se faz pão para todos.


Nesta segunda multiplicação, Jesus não manda os discípulos para que resolvam a fome da multidão como na primeira multiplicação (cf. Mc 6,37), mas Ele lhes manifesta a Sua preocupação: “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para comer. Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”.  “Tenho compaixão dessa multidão”. Nosso Deus é um Deus compassivo. Ele é “louco” de amor por nós todos: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca”, diz o Senhor (Is 49,15). Somos frutos deste amor “louco” de Deus.


Os discípulos pensam que deveria ter bastante dinheiro para comprar pão para alimentar o povo. O problema se torna grave ainda, pois o povo se encontra no deserto (longe dos povoados): “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?”.


Mas Jesus encontra a solução no próprio povo que os próprios discípulos deixam de lado: “Quantos pães vós tendes?”. E os seus discípulos responderam: “Sete”. “Sete” é um número simbólico indicativo das nações.  Sete era o número das nações pagãs habitantes da terra de Canaã (cf. At 13,19). A totalidade das nações é setenta (7x10). O sete era o numero da perfeição e da totalidade, da plenitude acabada e perfeita (Santo Agostinho), da universalidade (Santo Tomás), o numero que une o par e o impar, o fechado e o aberto, o visível e o invisível. Para os autores do século XII o sete tinha uma dignidade suprema: sete foram os dias da criação, sete eram os dons do Espírito Santo, sete virtudes (três teologais, quatro cardinais), sete os pecados capitais.


Isso significa que a partilha (com cinco pães e dois peixes) é a plenitude da vida, pois a alma do projeto de Jesus é a partilha, a generosidade. A plenitude da vida está na partilha, está na generosidade, está na solidariedade. A partilha, a generosidade, e a solidariedade tiram o homem da garra da ganância para transformá-lo em irmão para os demais, especialmente para os necessitados. A generosidade transforma o coração de pedra em coração humano para sentir novamente a necessidade dos outro. A generosidade é o caminho da libertação; é o caminho da fraternidade. “Somente uma vida vivida para os outros, vale a pena ser vivida”, dizia Albert Einstein. Através da partilha assumimos uma parte do fardo de dor que pesa sobre a humanidade.


Jesus resolve o problema da fome a partir da partilha e da solidariedade do próprio povo, a partir do amor mútuo. “Ensine muito cedo os seus filhos que o pão dos homens é feito para ser dividido” (P. Carré). “Quem espera o supérfluo para dar aos pobres, nunca lhes dará nada (Provérbio chinês). O amor que se faz piedade e compaixão tem uma força enorme que leva à ação concreta para resolver o problema existente. De fato, o evangelista nos relatou que houve “sete cestos com os pedaços que sobraram”.


“Tenho compaixão dessa multidão”, disse Jesus aos discípulos. Aprendemos de Jesus seu bom coração, sua misericórdia diante das situações de fome e de outras necessidades da grande maioria. Não sabemos fazer milagres porque não temos poder para fazer isso. Mas há multiplicações de pães, de paz e de esperança, de cultura e de bem-estar que não necessitam do poder milagroso, e sim de um bom coração, semelhante ao de Jesus Cristo para fazer o bem. Através do milagre da multiplicação dos pães Jesus quer nos ensinar que a força de solidariedade não fará falta o essencial na vida de todos. O egoísmo, ao contrário, causa a fome da maioria, pois uns querem agarrar tudo. Onde há o acúmulo de bens, há a fome para a maioria.


Nas duas multiplicações Jesus faz o mesmo gesto: “Pegou os sete pães, e deu graças”.  Esse gesto nos recorda a Eucaristia. A mensagem é, portanto, bastante clara para nós: aqueles que participam da Eucaristia devem ter o espírito de partilha e de doação. É ser pessoa eucarística. Além disso, nas duas multiplicações dos pães há sobras. Isto indica que o alimento distribuído é inesgotável. É o símbolo de um ato que terá que ser repetido constantemente pelos cristãos e pelas pessoas de boa vontade. Se cada um tirar um pouco de bom que tem para os outros, jamais faltará nada no mundo. Este é o grande desafio da espiritualidade eucarística. Viver eucaristicamente significa viver na permanente solidariedade e partilha. Sem tudo isto, a eucaristia da qual participamos carecerá de sentido. Partilha e solidariedade são formas de ação de graças a Deus por tudo que temos e recebemos de Deus.


A multiplicação dos pães por parte de Jesus não é um quadro de um museu, nem é uma peça arqueológica. Os que assumem a causa de Jesus, os que se dizem cristãos devem viver continuamente a espiritualidade da partilha e da solidariedade. Diante do Senhor cada cristão deve se perguntar: Senhor o que queres de mim neste mundo com tantos famintos em todos os sentidos? Nós cristãos temos que fazer possível o milagre da solidariedade, da partilha, da compaixão, do amor mútuo no meio de tantas pessoas governadas pelo egoísmo, pelos interesses particulares. O amor vencerá, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).
P. Vitus Gustama,svd

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