quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Domingo,19/01/2020
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O CORDEIRO DE DEUS NOS DEVOLVE A DIGNIDADE COMO FILHOS DE DEUS
II DOMINGO DO TEMPO COMUM “A”


Primeira Leitura: Is 49,3.5-6
3 O Senhor me disse: “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado”. 5 E agora diz-me o Senhor — ele que me preparou desde o nascimento para ser seu Servo — que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória. 6 Disse ele: “Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra”.


Segunda Leitura: 1Cor 1,1-3
1 Paulo, chamado a ser apóstolo de Jesus Cristo, por vontade de Deus, e o irmão Sóstenes,2 à Igreja de Deus que está em Corinto: aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. 3 Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.


Evangelho: Jo 1,29-34
Naquele tempo, 29 João viu Jesus aproximar-se dele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.30 Dele é que eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim’.31 Também eu não o conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que ele fosse manifestado a Israel”. 32 E João deu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele.33 Também eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo’.34 Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!”
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1. João Batista É O Exemplo De Quem Dá Testemunho De Jesus


O texto é tirado do início do Quarto Evangelho e relata o testemunho de João Batista sobre a pessoa de Jesus, O Verbo feito carne (Jo 1,19-36). Um dos temas preferidos do evangelista João é, certamente, testemunho. O evangelista usa o verbo martyrein (testemunhar) em 33 ocasiões e o substantivo martyria (testemunho) 15 vezes. O testemunho de João Batista ilustra concretamente o que foi dito em Jo 1,6-8.15 de sua missão que era dar testemunho de Jesus para que todos pudessem crer nele. Dar testemunho é muito importante neste evangelho. O testemunho, neste evangelho, tem sempre por objeto a pessoa de Jesus, seu significado profundo. Em outras palavras, o testemunho aqui é sempre cristológico. É isto que Jesus faz a respeito de Jesus.


Testemunha é a pessoa que teve a experiência direta de algum fato e que narra o que viu ou ouviu; ou alguém que observou um acontecimento e pode informar a respeito dele para provar, para acusar, ou para inocentar (Lv 5,1; Nm 5,13; Dt 17,6s etc....). O testemunho, neste evangelho, supõe o ver, mas não o simples ver físico (como os judeus que viram, mas não compreenderam: “No meio de vós está alguém que não o conheceis...” veja Jo 1,26), mas o ver que sabe perceber a presença de Deus em Jesus.  Para que uma pessoa possa perceber a presença de Deus em Jesus, na vida ou nos acontecimentos, ela deve limpar o coração do ódio, pois Deus é Amor (1Jo 4,8.16). “Quanto mais amas, mais alto sobes” (Santo Agostinho).


No contexto de Jo 1,19-36, João Batista dá testemunho de Jesus em três planos: diante do judaísmo oficial (vv.19-28), para o público em geral (vv.29-34), e para seus discípulos em particular (vv.35-36). O evangelista João enfatiza simultaneamente a importância tanto da maneira de dar testemunho quanto do conteúdo real do testemunho. Anteriormente João Batista deu o testemunho aos enviados de Jerusalém (Jo 1,19-28) que conclui com esta afirmação: “No meio de vós está alguém que não o conheceis...” (veja Jo 1,26-27).


Antes de proferir o seu testemunho, João vê Jesus vir na sua direção. Quando Jesus aparece pela primeira vez no Quarto Evangelho, ele é mostrado no ato de “vir”. Com isso, se realiza o anúncio de Isaías: “O Senhor vem” (Is 40,10). Ele não vem com o poder, mas com determinação: se Jesus vem para João (não se sabe de onde) é para dizer o Sim de Deus à Promessa. Ele vem para João, em quem se recapitulam a experiência e a espera de Israel.


Jesus continua vindo em nossa direção, como aconteceu com João Batista. Somos convidados a olhar para ele com fé. É o olhar da fé que descobre a realidade sob as aparências, e confere seu verdadeiro sentido a todo o mundo visível no qual Jesus aparece. João Batista passou pela escola do deserto, onde se exercitou na humilde docilidade interior. A sua figura é, no início do Evangelho, o símbolo de todos os crentes que se põem em seguimento do Verbo encarnado. Ele realiza as condições da busca e da descoberta. Não se deixa enganar por nenhuma autoridade, nem sequer a dos fariseus; procura a Deus só e, livre de todo o preconceito, reconhece-o tal como vem aos homens, na humildade da encarnação.


2. Ser Testemunha Do Cordeiro De Deus


Diante de Jesus que está vindo em sua direção, João reage em profundidade: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (v.29).  Palavras que se repetem seis vezes na celebração eucarística (2 na Glória, 3 depois da saudação da paz e a sexta vez, imediatamente antes da comunhão). Somente João está disposto a reconhecer Aquele que Deus envia, não obstante afirmar que não o conhecia(v.31.33). Não conhece de vista ou por contato, mas já conhece interiormente, pela ação do Espírito Santo que o envia e que ele não pára de interrogar. João Batista vê Jesus que vem. Mas não guarda para si como seu segredo, como propriedade privada, o que viu. Ele quer que todos vejam o que ele vê: “Eis...”, João diz, o que implica um convite a olhar. João Batista não chama a atenção para um messias ausente e vindouro, mas para um messias que está no meio de nós e que não o conhecemos.


A primeira condição de toda busca da fé é, certamente, o senso de observação das pessoas, das coisas e da vida em geral: “Quanto a ti, quem és tu? Quem dizes de ti mesmo?” (Jo 1,19.21). Uma vez levantada esta pergunta, sua resposta só nos é cabalmente dada ao término de uma lenta conversão do olhar, obtida graças ao auxílio divino. Tal é o itinerário da fé em João Batista que, de início, não crê (Jo 1,31.33), a seguir descobre a Jesus como o Cordeiro(Jo 1,29-32) e, enfim, o reconhece em sua personalidade humano-divina(Jo 1,34). E só conhece de verdade o Senhor que vem quem predispõe o próprio coração, sem nada reter para si, quem está preparado para a iluminação, sabendo, que para Deus, nada é impossível (cf. Lc 1,37).


Todo este encaminhamento não pode efetuar-se a não ser através do diálogo do homem com Deus e da abertura da alma à Sua influência. O evangelista João acentua, muitas vezes, o olhar de Jesus que transforma a vida dos discípulos. É este olhar que transforma Simão em Pedro (Jo 1,42), e faz com que Natanael passe de doutor da lei à condição de crente (Jo 1,47-48). Por conseguinte, o progresso na fé e na vocação só pode efetuar-se, quando se recebem os eventos/acontecimentos e as pessoas como dons de Deus. A vocação é algo que jorra do encontro e do acolhimento.


Além disso, como João Batista, é uma urgência de nossa fé dar testemunho da salvação de Deus tanto individualmente como comunitariamente. Ser cristão hoje é ser testemunha entre os homens que Jesus venceu o pecado em nossa vida, porque ele nos fez filhos de Deus e nós adotamos seus sentimentos e atitudes evangélicas, que vivemos os valores evangélicos do amor, da fraternidade humana, da justiça e da solidariedade com os mais necessitados. O provérbio latino nos relembra: “Verba movent, exempla trahunt” (As palavras movem, os exemplos arrastam). Só desta maneira convenceremos o mundo que somos verdadeiros cristãos, pois vivemos aquilo que Jesus vivia.


3. Jesus É O Cordeiro De Deus Que Tira O Pecado Do Mundo


Eis o Cordeiro de Deus...” Este é um dos 16 títulos cristológicos encontrados só no primeiro capítulo do Quarto Evangelho. O título “Cordeiro de Deus” é compreendido somente a partir da fé pascal. Os judeus costumavam oferecer, diariamente, no Templo, cordeiros para expiar os pecados (cf. Êx 29,38; Lv 16,21). Desde modo, alguém que reconcilia as pessoas com Deus pode ser comparado ao cordeiro do sacrifício. Jesus, como Servo de Is 53,4-12, carrega sobre si o pecado de toda a humanidade. Jesus Cristo é o Cordeiro pascal que, entregando-se voluntariamente à morte por todos e cada um dos homens, institui, antecipadamente na última ceia e “de uma vez por todas” na cruz (Jo 19,36), a Nova Aliança de Deus com a humanidade. Por haver sido selada com o sangue do seu Filho, a Nova Aliança de Deus com o seu Novo Povo é eterna, irreversível e indestrutível.


“...que tira o pecado do mundo” (v. 29). “Airein” (tirar) aparece na versão dos LXX de 1Sm 15,25;25,28, com o significado de perdoar o pecado ou apagar a culpa. Em 1Jo 3,5 aparece: “tirar os pecados” (plural). Este plural se refere aos atos pecaminosos. Enquanto que o singular alude à condição pecaminosa. Então, se for no singular, este termo (pecado)indica uma situação pecaminosa (Jo 1,29; 8,21; 9,41s; 15,22; 16,8s). O pecado como situação atribui-se a “o mundo”, a humanidade (Jo 1,29); aos dirigentes judeus na época, aos quais causará a morte (Jo 8,21); aos fariseus da época, por sua cegueira voluntária (Jo 9,41); aos representantes do “mundo”, como inescusável depois da atividade de Jesus (Jo 15,22.24), demonstrando na oposição a Jesus(Jo 16,9) e objeto da acusação do Espírito (Jo 16,8). O pecado fundamental para João é não aceitar o Filho de Deus entre nós, com todas as conseqüências que isso comporta. Em outras palavras, pecado é adesão a um sistema social que gera a morte do povo (mundo), já que a prática de Jesus é uma prática de libertação e de passagem da escravidão e morte para a liberdade e a vida.


Jesus veio para “tirar o pecado do mundo”. Esta expressão engloba não somente apagar todos os pecados numericamente, mas também e sobretudo a situação de pecado do mundo, a condição escravizada do homem pecador; supõe a destruição do mistério de iniqüidade que é o pecado (2Ts 2,7), é a vitória da luz sobre as trevas (Cl 1,13s) e sobre a negação do amor a Deus e aos irmãos em suas múltiplas manifestações pecaminosas, cujo resumo é egoísmo irredimido do “homem velho”. Somos todos chamados a tirar de nosso coração nossos pecados para depois ajudar os outros a tirar seus pecados.


4. Jesus É Simplesmente o Cordeiro de Deus


Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Jesus é o cordeiro num sentido novo, pois no Antigo Testamento, o cordeiro sacrificado num rito sacrifical por ocasião da páscoa nunca era tido como vítima de expiação pelos pecados. Jesus é simplesmente o Cordeiro de Deus. O rito da Eucaristia conserva este belíssimo aspecto. Somos o povo que se distingue por aquele Cordeiro que pertence realmente a Deus, e pelo qual Deus fez surgir uma nova era.


Ele tira o pecado do mundo”. Aqui está explicitado o aspecto novo. Aqui se concretiza de modo inaudito o feliz anúncio do Natal que Deus é Emanuel, Deus-Conosco, Deus-é-salvação. Com a presença do Cordeiro de Deus rasga-se o céu (veja a cena do Batismo de Jesus) que ainda esconde o futuro: “O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purificará de todo pecado” (1Jo1,7). “Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo” (1Jo 2,2). De fato, Ele é santo e é a causa de nossa santidade: “Jesus apareceu para tirar os pecados, e nele não há pecado” (‘Jo 3,5).


Ao dizer “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, o evangelista coloca nos lábios de João Batista como que uma antecipação dos acontecimentos pascais, na morte de Jesus. No dia em que se preparavam no templo os cordeiros para as inúmeras ceias nas famílias judias (Cf. Jo 18,28), Jesus é conduzido ao tribunal e daí à execução, no patíbulo da cruz. E na instituição do Eucaristia (Mt 26,28) declara-se explicitamente que “o sangue é derramado para a remissão dos pecados”. Somos valiosos, pois o preço de nosso resgate é o sangue do Cordeiro derramado por nós na Cruz. Ao olhar para Cruz do Senhor, percebemos o amor do Senhor do Senhor por nós e nos recordamos o valor incalculável de nossa vida. Temos que agradecer permanentemente a Jesus por seu ato amorosos sem medida por nós. “Eis o Cordeiro de Deus! Eis é o Jesus, Deus que salva e Deus que está conosco até o fim do mundo!”.


5. Somos Chamados A Levar Adiante A Obra De Salvação E De Libertação De Cristo


“Eis o Cordeiro que tira o pecado do mundo”! Dizer que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo equivale a destacar um dos aspectos mais fundamentais de sua missão: levar aos homens a verdadeira liberdade, não pelo caminho de força e do poder e sim pela via da paciência ativa contra o mal. Por isso, o símbolo do “Cordeiro” alude a um modo de ser de todos que se oferecem a si mesmos como serviço à causa da salvação universal, à causa do bem comum. Assim enquanto “cordeiro”, cada um se sente chamado por Deus para uma missão concreta e original que é a vida em abundância e salvação para todos. Enquanto “cordeiro” cada um não apela à violência, ao ódio nem à agressão para alcançar seus objetivos. Enquanto “cordeiro” cada um se sente solidário com toda a humanidade, e ainda que desempenhe seu papel num determinado lugar o faz como parte da grande família humana. Enquanto “cordeiro” cada um oferece livremente sua quota de sacrifício pelos demais seres humanos, ainda que nem sempre os resultados e o êxito redundam em próprio proveito. E atuar dessa maneira cada um não faz mais que continuar no tempo e no espaço a mesma missão de Jesus, o Cordeiro de Deus, morto na cruz para que todos tenham vida.


Eis o Cordeiro que tira o pecado do mundo”! Infelizmente, o pecado é uma realidade onipresente entre nós e dentro de cada um, ontem, hoje e sempre. Em qualquer lugar encontramos a exploração que gera a fome, a pobreza, a violência, marginalização. As pessoas são dominadas pela soberba, avareza, luxúria, inveja, ódio, rivalidade, vingança, rancor, falta de perdão e assim por diante. Nas famílias acontecem infidelidade, falta de amor, aborto, divórcio. “O mundo está quebrado”, dizia o filósofo Gabriel Marcel. Muitas pessoas perdem a noção do pecado pelo interesse que está em jogo. Até o pecado se torna uma “mercadoria” para muitos a fim de se enriquecerem materialmente. Apesar de sabermos que o pecado é a “mercadoria” global cuja produção nunca entra em crise e cuja demanda desconhece limites e que não temos balança em condição de calcular seu peso, nós acreditamos que pecado nenhum consegue esgotar a paciência de Deus em Jesus Cristo, cansar sua misericórdia, bloquear seu perdão e pôr limites a seu amor infinito. Por isso, Jesus é nossa vitória, nossa libertação e nossa paz. Por ele e com ele somos capazes, e é nosso dever de vencer o pecado cada dia, dentro de nós mesmos, dentro de casa, em nossa vida e no ambiente que nos cerca através da construção do Reino de Deus e Sua justiça na nossa vida. A Igreja, a comunidade cristã tem que continuar a obra de salvação e libertação de Cristo. No Batismo recebemos uma missão do Espírito para o testemunho como pessoas e como grupo de fiéis em Cristo Jesus. Ser cristão é ser testemunha da nossa fé em Jesus Cristo ressuscitado, salvador do mundo, o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Como testemunhas, temos que mostrar na nossa existência de batizados, de crentes e de redimidos que Jesus venceu o pecado na nossa vida, que o pecado não tem mais poder sobre nós se optarmos por Cristo, nosso Salvador, que Jesus torna o presente e o futuro possíveis para nós.


Mas o empenho de ser testemunho é impossível, se nos convertermos permanentemente. Acreditar que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo implica mudanças radicais na nossa vida. Se quisermos ajudar o Cordeiro manso na luta contra o pecado do mundo, só nos resta adotarmos a misericórdia no lugar da violência, o perdão no lugar do castigo, o amor no lugar do ódio. Jesus não confia em castigos, pois nem os castigos têm forças para salvar: só o amor. Se aposentarmos o Cordeiro manso e colocarmos uma fera bem equipada para reprimir e dominar, longe de tirarmos o pecado do mundo. Ao contrário, só conseguiremos multiplicá-lo.
P. Vitus Gustama,SVD

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