terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

21/02/2020
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PREÇO E CONSEQUÊNCIA DO SEGUIMENTO DE JESUS
Sexta-Feira Da VI Semana Comum


Primeira Leitura:Tg 2,14-24.26
14 Meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? 15 Imaginai que um irmão ou uma irmã não tem o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; 16 se então alguém de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos”, e: “Comei à vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso? 17 Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta. 18 Em compensação, alguém poderá dizer: “Tu tens a fé e eu tenho a prática! Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras! 19 Crês que há um só Deus? Fazes bem! Mas também os demônios creem isso, e estremecem. 20 Queres então saber, homem insensato, como a fé sem a prática é vã? 21 O nosso pai Abraão foi declarado justo: não será por causa de sua prática, até o ponto de oferecer seu filho Isaac sobre o altar? 22 Como estás vendo, a fé concorreu para as obras, e, graças às obras, a fé tornou-se completa. 23 Foi assim que se cumpriu a Escritura que diz: ‘Abraão teve fé em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justiça, e ele foi chamado amigo de Deus”’. 24 Estais vendo, pois, que o homem é justificado pelas obras e não simplesmente pela fé. 26 Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé, sem as obras, é morta.


Evangelho: Mc 8,34-9,1
Naquele tempo, 34chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la. 36Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? 37E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? 38Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”.9,1Disse-lhes Jesus: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.
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A Verdadeira Fé Em Deus Se Concretiza Em Boas Obras


A fé: se não se traduz em obras, por si só está morta. A fé sem a prática é vã. A fé concorreu para as obras, e, graças às obras, a fé tornou-se completa”. São algumas frases relacionadas à fé que lemos na Primeira Leitura de hoje.


Continuamos a acompanhar a leitura da Carta de São Tiago. O texto de hoje está em torno da fé-obras.


São Tiago começa o texto de hoje dizendo: “Meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo?”. Estas palavras nos recordam a conclusão do Sermão da Montanha em que Jesus disse: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,15).


Ninguém se engane! Deus não se contenta com belos sentimentos ou emoções. Deus quer nossa bondade praticada, nosso bem vivido, nossa caridade levada a sério. Ninguém crê impunemente. Essas palavras condenam aqueles que se gabam de ser "crentes" e não "praticantes".  A “crença”, a “religião”, a “fé” que não se expressa nunca com obras de caridade, de bondade, de solidariedade, de respeito mútuo, e assim por diante é uma fé morta, uma religião duvidosa, uma crença questionada. Deus está no ato de amar, no ato de ser solidário, no ato de perdoar mutuamente e assim por diante. O amor que não se expressa nunca está a ponto de morrer, pois já está morto. Amar a alguém de verdade equivale a lhe dizer “Tu nunca morrerás, pois Deus é amor”.


A verdadeira fé exige a eficácia no amor fraterno, na caridade fraterna. A prática da fé não consiste somente na participação da missa dominical ou diária, nas orações feitas regularmente, mas consiste também e antes de tudo na verdadeira caridade em nossa vida cotidiana. Neste sentido, pode se dizer que há “crentes não-praticantes” entre os habituais da missa dominical. Quem sabe sou eu ou você ou a maioria de nós. Basta fazer um exame sério de consciência! Nossa fé em Cristo Jesus e nossa pertença a sua comunidade cristã poderiam ficar-se também em puras palavras se não são acompanhadas por uma uma vida coerente. Se falamos muito sobre "amor", "democracia", "comunidade" e "direitos humanos"; Se estamos orgulhosos de ser "bons cristãos", «religiosos» e «crentes», mas, na prática, não nos comportamos como irmãos ou como cristãos, nossas palavras são vazias. Como se quem estivesse com frio tivesse a única coisa a dizer "aqueça, irmão" e não forneçamos nenhum cobertor.


Não é unicamente as obras que salvem. Quem salva é Deus. Porém, a salvação que Deus nos dá exige uma acolhida ativa. O Salmo Responsorial (Sl 111) faz um eco desta leitura: “Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!”, mas logo isso tem uma tradução prática: “Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente!”


A fé é uma amorosa fidelidade que transforma a vida do crente e que leva o mesmo a transformar a realidade que o rodeia, fazendo-a conforme à vontade de Deus. A fé se move por amor, nunca por interesse, e o amor é um motor que nos leva à ação, ao compromisso, à luta pelo Reino, pelo bem comum. “A fé não é uma simples formulação doutrinal, dogmática. Não se restringe nem se entende prioritariamente como adesão às verdades reveladas. Ela é a práxis do cristão no conjunto de toda a sua vida. Envolve espiritualidade, liturgia, prática pastoral, luta pela justiça, compromissos sociais, vida moral” (João Batista Libanio: Eu Creio, Nós Cremos).


Não se pode opor fé e ação, oração e obras. É necessária uma unidade na existência! É necessário encontrar um verdadeiro equilíbrio: o tempo passado com Deus na oração permite verificar a qualidade de nossos compromissos humanos...., e o tempo passado com nossos irmãos permite verificar a qualidade de nossa fé.


Para Crescer Na Vida e Na Fé É Preciso Aprender a Renunciar a Muitas Coisas


O texto do evangelho de hoje nos fala das exigências ou das condições no seguimento de Jesus. No texto Jesus coloca três exigências para segui-Lo: Negar-se a si mesmo, Carregar a cruz e Seguir a Jesus. O cristão é chamado à suprema dignidade e ser coerente até o fim. Vivendo tudo isto, ele terá a eficácia no trabalho e no testemunho como seguidor de Cristo.


1. Renunciar A Si Mesmo


“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo”.


“Renunciar a si mesmo” ou “negar-se a si mesmo” significa renunciar à própria segurança pessoal onde pendura a própria vida aqui neste mundo que inclui a segurança econômica, social, religiosa e assim por diante. A expressão “Renunciar a si mesmo” tem um sentido totalizante no sentido de que ela atinge todas as dimensões da pessoa. A condição para seguir Jesus exige um rompimento de tudo e de qualquer laço ou ligação que prenda a pessoa a si mesma. O centro da vida da pessoa que quer seguir a Jesus não é mais na própria pessoa, e sim fora dela. O seu “eu” não mais gira em torno de si próprio, de seus próprios interesses, dos próprios gostos individuais, dos projetos pessoais, e sim em torno de Jesus e seu projeto. Jesus se torna a razão de viver daquele que quer seguir a Jesus.


“Renunciar a si mesmo” é viver para Deus e Seu projeto que implica viver para os demais; é fazer da entrega e da solidariedade uma norma de vida de cada dia. Esta exigência recorda o mandamento de amor a Deus e ao próximo. Não há vida cristã sem renúncia de si mesmo. O sacrifício cristão não é o fim em si mesmo e sim o sacrifício para ganhar a vida de qualidade divinamente.


A renúncia pode ser negativa, mas no pensamento de Jesus é a conseqüência de um estilo de vida vivida conforme os valores cristãos reconhecidos universalmente. Por isso, trata-se de uma renúncia para ganhar a verdadeira vida. O que se busca não é o prestigio, e sim a solidariedade com a humanidade para salvá-la. É anular a busca dos próprios interesses. Quem alimenta ambições em função dos próprios interesses, não pode trabalhar para o bem da humanidade ou para o bem comum.


2. Carregar A Cruz


“Se alguém me quer seguir, tome a sua cruz...”


Depois que falou da cruz para si como fruto de sua seriedade em levar até o fim a vontade de Deus (Mc 8,31), Jesus fala imediatamente da cruz para todos os seus discípulos: “Se alguém me quer seguir, tome a sua cruz...”. Este “alguém” é qualquer pessoa. Isto significa que esta exigência não é somente para os Doze e sim para a multidão. Para Jesus não há categorias de cristãos. Todos são iguais no seu seguimento.


No Antigo Testamento e no judaísmo não existia o castigo da cruz, isto é, o culpado não era crucificado. Somente os romanos usavam a cruz (crucificação) para condenar escravos e revolucionários. Sem dúvida nenhuma de que Jesus e seus discípulos conheciam este tipo de condenação.


Jesus usa a expressão “tomar ou carregar a cruz” como símbolo do seguimento. Jesus quer dizer que o seguidor deve estar disposto a ir até as ultimas conseqüências do seguimento, mesmo até ao suplício da cruz. Lendo dentro do contexto da Paixão de Jesus “carregar a cruz” significa seguir a Jesus fielmente em todas as situações da própria vida a exemplo de Jesus. É estar disposto a aceitar todas as conseqüências para realizar a vontade de Deus que salva, pois “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida?”. “Tomar a cruz” é assumir com valentia as conseqüências que implica o seguimento.


“Se alguém me quer seguir, tome a sua cruz...” A cruz aqui evoca a perseguição por causa da vivência dos valores cristãos. Para os primeiros leitores de Marcos em Roma isto significava precisamente que um candidato ao batismo era, por sua vez, um candidato ao martírio: ser cristão, na época, implicava um certo perigo, e a decisão devia fazer-se com pleno conhecimento da causa.


3. Seguir a Jesus


“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”.


A expressão “Siga-me“ ou “seguir a Jesus” literalmente significa ir atrás de alguém. Seguir a Jesus não significa apenas aceitar sua doutrina (ensinamentos), mas também entregar-se incondicionalmente à sua pessoas, colaborar na sua missão, levar adiante sua causa, partilhar do seu destino que inclui a morte e glorificação.


A existência do cristão está definida pela existência de Jesus Cristo: seguir e imitar, reproduzir e estar em comunhão. Em outras palavras: vir a ser outro Cisto.


Para aprofundar mais o sentido das exigências Jesus usa as expressões sapienciais como esta: “Quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la. Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida?”.  Esta expressão faz o eco do refrão que diz: “Às vezes, perder é ganhar”. É preciso que estejamos atentos para que não vivamos preocupados em ter, em acumular, em nos enriquecer, que acaba empobrecendo nosso ser e perdendo assim a capacidade de dar e receber a vida. “A posse das riquezas tem malhas invisíveis em que, insensivelmente, o coração fica preso” (Bossuet). As coisas continuam sendo alheias a nós. Durante a nossa passagem neste mundo consumimos aquilo que podemos. 


Jesus põe paralelamente “o mundo inteiro” e “cada homem”: “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida?”. O homem não pode se esquecer de que ele é mais importante do que o mundo inteiro (Jo 3,16; Sl 8,4-5). No princípio Deus pediu para que o homem dominasse sobre todas as coisas do mundo e não para ser dominado por elas (cf. Gn 1,28). Ao renunciar ao mundo inteiro por causa do Evangelho ou por causa de Cristo o homem acabará ganhando o mundo inteiro, pois tudo isso pertence a Deus dado ao homem para a sua felicidade juntamente aos demais filhos de Deus. Nisto o homem chegará à sua plenitude. Também nisto o homem não envergonhará seu Criador nem a si próprio e também não será envergonhado pelo Criador, isto é, perder a salvação eternamente.


Seguir a Jesus comporta conseqüências. É uma opção radical. Crer em Jesus é algo muito mais que saber coisas ou responder às perguntas do catecismo ou da teologia. É segui-lo existencialmente. Jesus não nos promete êxitos nem segurança, mas a salvação: “Quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la”. Ele nos adverte que seu Reino exige um estilo de vida difícil, com renúncias, com cruz.


Cada cristão é chamado a ser livre. O cristão foi libertado para ser livre, mas muitas vezes ele não sabe lidar com a própria liberdade. O cristão é chamado à suprema dignidade e ser coerente até o fim. Vivendo tudo isto, ele terá a eficácia no trabalho e no testemunho como seguidor de Cristo.


Atrás destas exigências duras há uma suavidade das palavras de Jesus. Quando Jesus pede que saibamos nos renunciar é para nosso bem, para não sermos escravos de muita coisa. Para não vivermos uma vida vazia, sem sentido, pois a vida vazia pesa muito para quem a vive e para os que o rodeiam. Quando vivemos o Evangelho de Jesus de verdade, entre Ele e nós se dá um verdadeiro encontro de fé e de amor e nesse mesmo instante se inicia o processo de compromisso para toda a nossa vida. E se nos comprometermos de verdade com a defesa da justiça, da verdade, da paz, da solidariedade, do amor, cedo ou tarde este estilo de vida complicará a vida. Mas trata-se da cruz que terminará na ressurreição.
P. Vitus Gustama,svd

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