sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

24/02/2020
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FÉ E SABEDORIA SUSTENTADAS PELA ORAÇÃO SUPERAM DIFICULDADES
Segunda-Feira da VII Semana Comum

Primeira Leitura: Tg 3,13-18
Caríssimos, 13 quem dentre vós é sábio e inteligente? Que ele mostre, por seu reto modo de proceder, a sua prática em sábia mansidão. 14 Mas se fomentais, no coração, amargo ciúme e rivalidade, não vos glorieis nem procedais em contradição com a verdade. 15 Essa não é a sabedoria que vem do alto. Ao contrário, é terrena, materialista, diabólica! 16 Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. 17 Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. 18 O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz.

Evangelho: Mc 9,14-29
Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles. 15Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”. 19Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”.  23Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé”. 24O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”. 26O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé. 28Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?”  29Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.
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Continuamos a a acompanhar a leitura da Carta de São Tiago. Só para relembrarmos que o autor da Carta de Tiago é atribuído a Tiago, irmão do Senhor, embora falta muita fundamentação para defender esta tese. Porque a boa qualidade do grego nesta Carta é bastante difícil de entender se fosse escrita por uma pessoa de origem semítica, como Tiago. Além disso, o autor não se apresenta no início da Carta como “irmão do Senhor”. Também não se trata nesta Carta dos temas referentes a Jesus, especialmente da paixão e da ressurreição de Jesus Cristo. Por fim, o espirito de liberdade do autor não corresponde ao legalismo judaico que Tiago reflete em At 15,19-21; 21,25 (cf. Gl 2,12).


Literalmente os destinatários da Carta são as Doze tribos da diáspora (Tg 1,1), expressão que alude às Doze tribos de Israel, isto é, a todo o povo de Israel do Antigo Testamento que se encontra em várias regiões e culturas (na diáspora). Por isso, trata-se de uma carta de valor encíclica de Jerusalém para as várias comunidades judeu-cristãos dispersas. A dispersão judaica ou a diáspora aconteceu depois do ano 70 d.C (Tg 1,1). Por isso, a data da composição da Carta é posterior ao ano 70 d.C.


Nesta Carta encontramos mensagens didáticas e éticas vindas de um mestre da comunidade cristã. O autor pede a todos os cristãos que vivam no espirito cristão dentro e fora da comunidade.


A carta é composta à maneira de um "livro de sabedoria" do Antigo Testamento (Provérbios, Eclesiastes, livro da Sabedoria, Eclesiástico) e expõe uma série de advertências, instruções e normas, enfocadas para a vida prática cotidiana dos judeus-cristãos da diáspora. Utiliza o tesouro das ideias contidas no Antigo Testamento e tradições judaicas, que constituía a base do ensino éticoreligioso da época, mas também inspirou intencionalmente pela tradição cristã primitiva, tal como existia na Igreja primitiva e as Igrejas judaico-cristãs.


Portanto, mais do que uma Carta, é uma exortação homilética sobre o estilo de vida que os seguidores de Jesus devem seguir. Suas intruções ou orientações são muito concretas, sacodem a conformidade ou conformismo excessivo e são de uma evidente atualidade para nossas comunidades de hoje, como veremos: a fortaleza diante das provas ou provações, a relatividade das riquezas, a não ascepção de pessoas. Portanto, o autor da Carta é um cristão muito conhecedor e amante da espiritualidade judaica-cristã.


Viver Com Sabedoria Do Alto


Caríssimos, quem dentre vós é sábio e inteligente? Que ele mostre, por seu reto modo de proceder, a sua prática em sábia mansidão. Mas se fomentais, no coração, amargo ciúme e rivalidade, não vos glorieis nem procedais em contradição com a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto”.


A palavra “sabedoria” provém do latim “sapere” que quer dizer ter inteligência, ser compreendido. Mas propriamente significa ter gosto, exercer o sentido do gosto, ter este ou aquele sabor, capacidade desenvolvida de saborear. A sabedoria é reunir o gosto pela vida. A sabedoria é refinar o gosto pela vida. Com a sabedoria a existência se torna mais saborosa, pois a sabedoria se alimenta pelos valores.


Através da Primeira Leitura de hoje São Tiago descreve qual é a verdadeira sabedoria que vem de Deus e qual é a sabedoria que deve ser considerada falsa.


São Tiago enfatiza que o verdadeiro sábio demonstra que tem a sabedoria que vem de Deus com sua boa conduta e sua amabilidade para com todos. O sábio é uma pessoa que chegou à maturidade ou pelo menos se encaminha pressurosa para a maturidade. A sabedoria de Deus nos faz trabalharmos pela paz e vivermos amando, compreendendo e preocupando-nos do bem dos demais com a mesma pressa ou intensidade com que Deus fez por nós.


Quem se considera sábio conforme os critérios deste mundo e se deixa envolver por eles, viverá de um modo soberbo ou arrogante, esperando que os demais se inclinem para ele como se fosse um deus. Em vez de dar paz ao coração, ele o encherá de amarguras, de invejas e rivalidades, e fará com que a pessoa se torne presunçosa e tente enganar os outros à custa da verdade: “Se fomentais, no coração, amargo ciúme e rivalidade, não vos glorieis nem procedais em contradição com a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto. Ao contrário, é terrena, materialista, diabólica! Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más”.


Mas se somos filhos de Deus, viveremos como filhos seus amando-nos uns aos outros e buscando o bem de todos com simplicidade de coração: “A sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz”.


Portanto, para São Tiago, aquele que se julga sábio deve mostrá-lo com "boa conduta, com a bondade, própria da sabedoria" A sabedoria que vem do alto é pura, é amante da paz, compreensiva, dócil, cheia de misericórdia e boas obras, sincera.


Ao contrário, se alguém que se diz sábio tem atitudes de "coração amargurado pela inveja e pelo egoísmo", ele não é uma pessoa sábia, "é pura mentira". Sua sabedoria "humana, terrena e diabólica" ("diabo" significa "aquele que divide").


No final de cada dia é muito saudável para nós fazermos um pequeno exame de consciência e perguntar-nos, por exemplo, se temos sido verdadeiramente "sábios" no que fizemos e dissemos.


O Salmo Responsorial de hoje (Sl 18/19) nos afirma que a Lei do Senhor é perfeita, pois não foi elaborada nem promulgada pelos homens, falíveis como nós. Deus sabe quais são os caminhos que nos conduzem a um encontro pessoal com Ele para receber seu perdão, seu amor e sua salvação. Por isso, na Lei do Senhor está reflexa a Sabedoria de Deus e seus preceitos se convertem para nós em luz que ilumina nosso caminho. Cumprir amorosamente a Lei do Senhor nos faz sermos sinais de seu Amor e de sua Sabedoria para todos os povos.


No entanto, ao chegar a plenitude dos tempos, Aquele que é a Sabedoria eterna, gerada pelo Pai antes de todos os tempos, se fez um de nós e se converteu no único Caminho, no único Nome pelo qual podemos alcançar a salvação, a união plena com Deus.


Portamos, com o salmista digamos: A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz. E puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente. Que vos agrade o cantar dos meus lábios e a voz da minha alma; que ela chegue até vós, ó Senhor, meu Rochedo e Redentor!”.


É Preciso Termos Fé Forte Em Deus Acompanhada Pela Oração Firme


O relato do evangelho de hoje não é o dos mais fáceis. Mas mesmo assim captamos sua mensagem. Trata-se do relato sobre a lição da fé. A fé é muito importante para o seguidor para que ele possa estar em sintonia com Jesus e ser beneficiado de sua ação curadora e salvadora. A fé é onipotente porque nos une ao Onipotente.


O núcleo do relato do evangelho de hoje está nas seguintes frases: Primeiro: “Eles não conseguiram expulsar o espírito”. Esta frase é dita pelo pai do jovem epiléptico a Jesus. Segundo: “Por que não conseguimos expulsar o espírito?”. É a pergunta dos discípulos a Jesus. “Tudo é possível para quem tem fé”, é a resposta de Jesus que serve como frase central do relato. Tudo o mais serve para descrever a necessidade da fé. A escolha da fé é muito importante para estar em sintonia com Jesus e ser beneficiado de sua ação curadora e salvadora. Quem recorre a Jesus movido pela fé é sempre atendido.


Depois da transfiguração, momento glorioso embora momentâneo, Jesus desceu com seus prediletos discípulos para a planície. Ele está pronto para encarar a Cruz que ele vai carregar com honra e dignidade, pois trata-se de uma Cruz fruto de sua obediência à vontade do Pai. É preciso encararmos as crises de nossa vida com honra e dignidade apesar de nossas fraquezas.


Ao descer do monte da Transfiguração, Jesus cura um jovem epiléptico. Os discípulos não conseguiram curar o mesmo jovem de sua doença. Ao se questionar sobre o porquê dos discípulos não terem conseguido curar o jovem Jesus responde: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. Com suas palavras, Jesus sublinha, sobretudo, a necessidade da fé e da oração simultaneamente para poder vencer o mal. Por isso, no fim do relato Jesus acrescentou: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.  O exercício da missão recebida de Jesus requer muita fé. É preciso ter fé inabalável no poder de Jesus. Caso contrário, todos desistirão, pois não faltam cruzes nesse caminho. Quando a fé é pouca, a missão fica comprometida.


Ao curar o jovem, Jesus aparece novamente como o mais forte do que o mal, pois ele tem a força de Deus. Jesus está em Deus e Deus está nele. E Jesus sempre quer que seus discípulos reforcem sua fé. Neste sentido, a confissão do Pai: “Creio, Senhor! Mas aumenta minha fé!” serve de lição para os discípulos sobre a necessidade de fortificar a própria fé nos momentos difíceis de sua vida como aconteceu com o pai do jovem.


Nossa luta contra o mal, o mal que há dentro de nós, o mal que há dentro da comunidade e o mal dos demais, somente pode ser eficaz se cada um se apóia na força de Deus: “Confia teus negócios ao Senhor e teus planos terão bom êxito” (Provérbios 16,3). Somente pode suceder da fé e da oração, em união com Cristo é que se pode libertar o mundo de todo mal. Não se trata de fazer gestos mágicos ou de pronunciar palavras que tem eficácia por si só. Quem salva e quem liberta é Deus e nós, somente se permanecermos unidos em Deus pela oração. Esta é uma das lições que Jesus nos dá hoje.


O que acontece é que muitas vezes nossa fé é débil, como a fé do pai do menino epiléptico e a fé dos discípulos. Por isso, encontraram dificuldade em libertar os outros de seus males porque confiaram apenas em suas próprias forças. Muitas vezes nos fracassamos, como os discípulos de Jesus, porque confiamos somente nas nossas próprias forças e nos esquecemos de nos apoiar em Deus. O salmista nos convida a voltarmos a nos apoiar em Deus: “Em Vós, Senhor, eu me apoiei desde que nasci, desde o seio materno sois meu Protetor; em Vós eu sempre esperei” (Sl 71,6).


Jesus nos indica dois caminhos para que sejamos fortes diante de qualquer mal: a fé e a oração inseparáveis. A fé é onipotente porque nos une ao Onipotente. A fé nos dá um poder incrível, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como podemos verificar na vida de tantos homens e mulheres ao longo da história da Igreja. A fé nos permite rezar de modo eficaz. Segundo Jesus, a verdadeira fé faz desaparecer qualquer impossibilidade, faz qualquer um caminhar na vida com serenidade e paz, com alegria profunda como uma criança nas mãos de sua mãe. A verdadeira fé liberta qualquer um do desapego de todas as coisas. Além disso, é importante para nossa vida comunitária ter em conta que a fé em Deus nos abre muitas possibilidades e qualidades que estão escondidas e adormecidas. Ao assumir pessoalmente a fé, começaremos a ser conscientes de nossas grandes reservas humanas, as quais devem ser postas para o serviço aos demais.


A oração, por sua vez, consiste em pensar em Deus amando-o, eleva-nos para o mesmo Deus, a partir de qualquer circunstância. Um aspecto da Natureza ou na sua íntegra pode nos levar a apreciarmos a sabedoria do Criador em criar tudo mesmo que não saibamos do para quê de tudo isso. A natureza é também uma porta de entrada para conhecer Deus e agradecer a Deus, Criador do universo. Mas um sofrimento provocado por grave doença, qualquer crise que nos perturba física e psiquicamente, a traição de um amigo, um insucesso profissional também podem nos levar à Força Superior que é o próprio Deus. A oração nos humaniza e nos faz aceitarmos Deus como Deus. A oração nos coloca no nosso devido lugar como pó, mas um pó vivente, pois nele foi soprado o hálito de Deus que faz esse pó santo (cf. Gn 2,7; Jo 20,22; 1Cor 3,16-17). Nestas circunstâncias pode ser mais difícil elevar-nos para Deus, dar-nos conta do amor com que continua a nos envolver. Mas é possível, se tivermos a atitude do pai de que nos fala o evangelho. Em qualquer circunstância, cada um há que dirigir-se ao encontro do Senhor e falar-Lhe com humildade e confiança de nossa situação e falar-Lhe de nossa impotência diante de certas dificuldades encontradas na vida. É a oração que nos permite abrir o cofre dos favores divinos, pois nos põe em contato com o Deus vivo a quem, segundo o ensinamento de Jesus, dizemos: «Faça-se a tua vontade». Este abando a Deus é importante para nós, pois Ele sabe de tudo mais nos convém ou não nos convém. Rezar é, sobretudo, encontrar o acesso a Deus; é ligar a terra ao céu; é unir a força humana e a força divina que resulta no milagre da vida. Somente na oração é que podemos ter força maior para superar as dificuldades de nossa vida.
P. Vitus Gustama,svd

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