domingo, 31 de maio de 2020

03/06/2020
Meu Pão Do Céu - SÁBADO – SÃO TIMÓTEO E SÃO TITO, BISPOS... | FacebookÉ PRECISO CAMINHAREvangelho de hoje (Mc 12,18-27) - Egídio Serpa | Egídio Serpa ...
O DEUS DA VIDA NOS CAPACITA COM A FORTALEZA, A SOBRIEDADE E O AMOR
Quarta-Feira da IX Semana Comum


Primeira Leitura: 2Tm 1,1-3.6-12
1 Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo pelo desígnio de Deus referente à promessa de vida que temos em Cristo Jesus, 2 a Timóteo, meu querido filho: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor! 3 Dou graças a Deus – a quem sirvo com a consciência pura, como aprendi dos meus antepassados –, quando me lembro de ti, dia e noite, nas minhas orações. 6 Por este motivo, exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. 7 Pois Deus não nos deu um espírito de timidez mas de fortaleza, de amor e sobriedade. 8 Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. 9 Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus desde toda a eternidade. 10 Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho, 11 do qual fui constituído anunciador, apóstolo e mestre. 12 Esta é a causa pela qual estou sofrendo, mas não me envergonho, porque sei em quem pus a minha fé. E tenho a certeza de que ele é capaz de guardar aquilo que me foi confiado até o grande dia.

Evangelho: Mc 12,18-27
Naquele tempo, 18vieram ter com Jesus alguns saduceus, os quais afirmam que não existe ressurreição e lhe propuseram este caso: 19“Mestre, Moisés deu-nos esta prescrição: Se morrer o irmão de alguém, e deixar a esposa sem filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência de seu irmão”. 20Ora, havia sete irmãos: o mais velho casou-se, e morreu sem deixar descendência. 21O segundo casou-se com a viúva, e morreu sem deixar descendência. E a mesma coisa aconteceu com o terceiro. 22E nenhum dos sete deixou descendência. Por último, morreu também a mulher. 23Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de quem será ela mulher? Porque os sete se casaram com ela!” 24Jesus respondeu: “Acaso, vós não estais enganados, por não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? 25Com efeito, quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu. 26Quanto ao fato da ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’? 27Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos! Vós estais muito enganados”.
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Viver na Fortaleza, Na Sobriedade e No Amor


Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez mas de fortaleza, de amor e sobriedade”, escreveu São Paulo na Segunda Carta ao Timóteo que lemos na Primeira Leitura (2Tm 1,7).


Timóteo, para quem São Paulo dirigiu duas Cartas, era filho de mãe judia e pai grego (At 16,1-3). Desde pequeno ele aprendeu a Sagrada Escritura através da mãe, Eunice, e da avó, Lóide (2Tm 1,5). Ele aprendeu o Evangelho de São Paulo. Ele é companheiro inseparável de Paulo, a quem o apostolo Paulo confia missões importantes (1Ts 3,1ss; 1Cor 4,1.7; 16,10-11; At 19,22; Fl 2,19).  Uma vez evangelizado peo apostolo Paulo, Timóteo cumpre radicalmente a função de discípulo e missionário. Deixando seu pai e mãe, ele parte para a missão, com Paulo, nas terras da Macedônia e da Acaia superando dificuldades e perigos (At 17,13-14; 18,15). Na saudação dessa Segunda Carta, Timóteo é chamado “filho caríssimo” pelo Paulo. Como “filho caríssimo”, Timóteo é representante autorizado de Paulo (1Cor 4,17), e é a garantia de continuidade da missão evangelizadora herdada pelo Paulo.


Entre outras exortações, na Primeira Leitura de hoje, Paulo quer relembrar Timóteo sobre o espirito de fortaleza, de amor e de sobriedade dado por Deus: “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade”.


Aqui são Paulo recorda para Timóteo três virtudes que ele deve manter vivas: a fortaleza diante das dificuldades, o amor que impulsionará para uma entrega total a Cristo e ao bem dos homens e a sobriedade (prudência) necessária para o governo do rebanho. Mantendo tudo isso, Timóteo será uma valente testemunha de Cristo para o mundo.


“Fortaleza, Amor e Sobriedade”, contrapostas ao medo e à preguiça, são três qualidades ligadas ao dom do Espírito, que todo cristão deve ter, e Timóteo é o protótipo.


A fortaleza é uma das virtudes morais. No At não se fala propriamente da fortaleza como virtude moral e sim como força física, na qual, poré, não se pode confiar (Sl 33,16) nem gloriar-se, mas deve ser considerada dom de Deus (Is 10,13). Para o AT quem tem a fortaleza deve estar consciente de que essa força vem de Deus. Por isso, para receber a força de Deus (fortaleza) da parte do homem são exigidas fé e esperança, condições necessárias (Sl 19,2; 27,14; 28,7; 33,20; 31,25). Por isso, podemos entender que no NT, Jesus, que foi ungido com espírito e poder, não procura a sua própria glória (Mt 4,3-7) e sim a glória do Pai e o cumprimento da vontade dele (Jo 5,30; 17,4). Precisamente, essa obediência  e humildade são a fonte de seus poderes.


 A fortaleza é o dom que sustentou os mártires nas dificuldades e provações em prol da fidelidade a Cristo. A fortaleza é o dom que nos impele a enfrentarmos corajosamente os obstáculos que se opõem à prática do bem. Quem tem esse dom, vive as palavras de São Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13). A fortaleza apela ao testemunho corajoso que incluem o anúncio corajoso e a perseverança nas provações ou perseguições.


A sobriedade ou a temperança é a moderação pela qual permanecemos senhores de nossos prazeres, em vez de seus escravos. A sobriedade ou a temperança pertence à arte de desfrutar. A sobriedade ou a temperança é a prudência aplicada aos prazeres sem ultrapassar os limites. A sobriedade ou a temperança é um meio para a independência. Ao contrário, o intemperante é um escravo, um prisioneiro de seu corpo, de seus desejos ou de seus hábitos, prisioneiro de sua força ou de sua fraqueza. O sóbrio, o temperante sabe estabelecer limites para os desejos.


O amor não é uma virtude entre as outras virtudes. O amor é a virtude que ilumina, sustenta e dirige as demais virtudes. Sem o amor, todas as outras virtudes ficariam sem sentido: “Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira-lhes o amor e se tornarão vazias” (Santo Agostinho, Serm. 138,2). Não há virtude autentica sem amor, pois somente o amor é capaz de levar alguém a estar em comunhão plena com Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Mas quando o NT fala de amor é sempre no sentido de ágape, isto é, o amor de benevolência que não espera nada em troca, pois é dom de si mesmo. O amor basta por si mesmo. Dizia Santo Agostinho: “Ama e faze o que queres” (Dilige et quod vis fac). A prática do bem, da bondade, da solidariedade, do perdão, da compaixão faz com que o amor se torne fortalecido e consolidado no coração de cada cristão.


Portanto, “Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez mas de fortaleza, de amor e sobriedade


A esperança na ressurreição é a força capaz de ordenar as realidades humanas numa escala de valores


A discussão entre Jesus e autoridades passa agora do campo político-religioso para o campo puramente dogmático. Entram em cena os saduceus que Marcos cita somente na passagem do evangelho. O assunto é sobre a ressurreição.


Os saduceus são um grupo formado por pessoas ricas e por isso, são uma “classe separada”: fazendeiros e dominam os comércios da cidade. Eles pertencem às famílias sacerdotais dirigentes. Eles têm uma grande influência na política e na administração da justiça na Palestina. Eles são conservadores em termos da religião. Eles aceitam apenas a Tora (Pentateuco ou cinco primeiros Livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Eles não acreditam na vida depois da morte (ressurreição), pois não está escrita (explicitamente) no Pentateuco. Por isso, eles aplicam o ditado “Carpe diem” (aproveite o dia ou ser hedonista) ou salve-se quem puder. O divórcio entre eles é comum. Por não acreditar na vida após a morte, eles perguntam a Jesus a partir de um caso especial como conta o evangelho deste dia.


Jesus se baseia nas Escrituras (Mc 12,24) ainda que, depois, se limite a citar uma passagem do Pentateuco para se adaptar a seus interlocutores. A resposta de Jesus está contida nas duas frases praticamente idênticas: ”Vós estais enganados (Mc 12,24) e “Vós estais muito enganados” (Mc 12,27). Por dois motivos: Não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus (Mc 12,24). A passagem que Jesus cita é Ex 3,1-12 onde se narra como Deus apareceu a Moisés na sarça. Nessa cena Deus se define como o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó, isto é, o Deus qua atua na história e que quer continuar sendo, com o homem, protagonista da história. O Deus de Abraão é o Deus dos vivos, o Deus fonte de vida. O homem que atua com Deus não pode ter como meta o fracasso da morte. A comunidade ou cada pessoa que tem a experiência com Jesus ressuscitado é um povo que vai além da história e é destinado para uma vida sem fim com Deus.


Além disso, Jesus olha para toda a revelação divina, inclusive a que teve lugar depois de Moisés na qual o conceito de ressurreição é evidente. Por exemplo, no Livro de Sabedoria onde se diz: “Deus criou o homem para a imortalidade” (cf. Sb 1,12-3,9; etc.). Para Jesus a vida dos ressuscitados é eterna, é imortal, como a dos anjos e por isso, não necessita perpetuar-se por geração.


Uma das coisas que sempre preocupam o homem é o seu destino final. O que passa depois da morte? Nós nos encontramos hoje diante da Palavra de Deus que toca um dos pontos mais difíceis de entender em nossa vida: a realidade da morte e a proposta cristã da Ressurreição. Ainda não entendemos as propostas cristãs da Ressurreição porque constantemente vivemos aferrados a uma falsa corporalidade pelo medo que nos inculcaram diante da realidade da morte. Cada dia os homens e as mulheres de nosso tempo vivem em um pânico constante diante da morte. Pânico que nos faz viver a vida de forma escrupulosa e de falsos moralismos.


Para o cristão, a resposta de Jesus ilumina este mistério e o faz viver em paz, pois agora sabe que não existe a morte e sim simplesmente uma transformação para quem vive no Senhor e com o Senhor e que se traduz na convivência fraterna com os demais.


A esperança na ressurreição é a força capaz de ordenar as realidades humanas numa escala de valores posta na vida eterna. Por isso, Jesus ensina que a vida eterna será dada na gratuidade e a universalidade na relação entre os homens, não haverá domínio de uns sobre outros, a existência será uma grande festa de vida eterna e plena. A ressurreição não pode ser entendida na perspectiva dos valores temporais. Isso é o que no texto significam os anjos.


Por outro lado, devemos entender no texto que Deus é um Deus dos vivos e não dos mortos. Devemos aprofundar sobre o mistério de um Deus que dá a vida, que transforma nosso ser, que nos ressuscita. Desta forma, o evangelista Marcos antecipa o conteúdo da ressurreição de Jesus como vida depois da morte e nos convida a descobrirmos o verdadeiro poder de Deus que transforma as forças da morte em forças de vida. O Deus que Jesus dá a conhecer é um Deus doador de vida e que deseja que as pessoas voltem a nascer de dentro com novos valores de vida e de justiça.


Diante da morte temos que ter uma atitude de acolhida e uma grande capacidade de tratá-la como fez São Francisco de Assis que chamava a morte de “a irmã Morte”, e diante da Ressurreição nós temos que entender o conteúdo de justiça que ela esconde.


A morte é um mistério, também para nós. Mas fica iluminada pela afirmação de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá” (Jo 11,25). Não sabemos como, mas estamos destinados a viver, a viver com Deus, participando da vida pascal de Cristo, nosso irmão. A ressurreição é a morte de nossa morte para vivermos eternamente com Deus. Santo Agostinho nos dá o seguinte conselho: “Confia em Deus; Ele sempre dá o que promete. Sabe o que promete, porque é a verdade. Pode prometer porque é onipotente. Dispõe de tudo porque é a própria vida. Oferece todas as garantias porque é eterno” (In ps. 35,13). “Deus, de quem separar-se é morrer, a quem retornar é ressuscitar, com quem habitar é viver. Deus de quem fugir é cair, a quem voltar é levantar-se, em quem apoiar-se é estar seguro. Deus, a quem esquecer é morrer, a quem buscar é viver, a quem ver é possuir” (Solil. 1,1,3). “A perda (de nossos entes queridos) que sofremos oprime-nos o coração, mas a esperança nos consola; nossa fraqueza natural nos acabrunha, mas a fé nos ergue outra vez; nossa condição mortal nos faz derramarmos copiosas lagrimas, mas as promessas de Deus as enxugam, acrescentou Santo Agostinho.
 
P. Vitus Gustama,svd

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