segunda-feira, 29 de junho de 2020

Domingo,05/07/2020
BEM-VINDOS AO 14º DOMINGO DO TEMPO COMUM! - ppt carregarPALAVRA DE DEUS: A REVELAÇÃO AOS PEQUENOS - MATEUS 11,25-27 ...MCC - GED LEOPOLDINA - MG: Meditação: Só Deus pode tornar os ...
NOS SIMPLES DEUS PAI SE REVELA
XIV Domingo Comum “A”


I Leitura: Zacarias 9,9-10
Assim diz o Senhor: 9 “Exulta, cidade de Sião! Rejubila, cidade de Jerusalém! Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria da jumenta. 10 Eliminará os carros de Efraim, os cavalos de Jerusalém; ele quebrará o arco de guerreiro, anunciará a paz às nações. Seu domínio se estenderá de um mar a outro mar, e desde o rio até os confins da terra”.


II Leitura: Rm 8,9.11-13
Irmãos: 9Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 11E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós. 12Portanto, irmãos, temos uma dívida, mas não para com a carne, para vivermos segundo a carne. 13Pois, se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis.


Evangelho: Mt 11,25-30
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: 25 “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
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Um Olhar Geral Sobre As Leituras Deste Domingo


O profeta Zacarias, na Primeira Leitura de hoje, faz um anúncio gozoso para os habitantes de Jerusalém sobre a vinda ou volta de um rei humilde, mas vitorioso. E a entrada triunfal do rei, justo e vitorioso é humilde e pacífico (cavalgadura de um asno ou jumento) : “Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria da jumenta”. Ele virá para estabelecer a paz e a justiça nas nações, e condensa de maneira admirável toda a esperança de salvação do povo de Israel. O rei (Messias) que nos apresenta por este texto é humilde e justo e traz a paz para as nações. “Paz” é uma expressão hebraica “Shalom” que compreende o conjunto de todos os bens desejáveis pelo homem.


O profeta Zacarias nos apresenta, então, um canto messiânico no qual nos descreve a presença de um personagem que tem as carcateristicas de rei e pastor. O contexto político e social desse poema é a invasão de Alexandre, o Grande, em todo o mundo, que serviu de modelo para o autor descrever a grande vitória de Deus nos tempos messiânicos. Zacarias nos transmite o sentimento do povo de Israel após o retorno do exilio, que espera a chegada de um "príncipe da paz" que entrará em Jerusalém para restaurar as antigas fronteiras geográficas do grande reino de Davi.


A forma de atuar do rei messiânico não se parece nada como a forma de atuar dos grandes reis da terra que conquistam e dominam com a força e com o poder de suas armas, impondo a tirania, a escravidão e a morte. O profeta Zacarias está convencido de que o rei messiânico que virá não trará armas para nos conduzir à verdadeira e autêntica paz. Por isso, as descrições não são as de um militar ou de um grande guerreiro que cavalga sobre um cavalo e sim ele cavalga sobre um humilde e simples asno para sublinhar a paz. A missão do rei messiânico é restaurar a justiça e a paz em toda a terra construindo uma nova ordem social que não está construída sobre o poder ou o uso da força ou qualquer forma de violência.


O semelhante anúncio profético encontra seu perfeito cumprimento em Jesus manso e humilde de coração que vem trazer o alívio e o descanso para todos os que estão cansados e sobregarregados, consequência do jugo da lei antiga (Evangelho de hoje).


O evangelho que a liturgia nos propõe neste Domingo nos oferece uma das revelações de caráter cristológico mais profundas: Jesus é o Filho eterno do Pai, epifania do rosto do Pai. Jesus chama Deus com o termo preciso em hebraico que “Abbá”  que pode ser traduzido por “Paizinho”. Assim, se por um lado, Jesus nos manifesta a grandeza do Pai, sua senhoria e transcendência, pois é o “Senhor do céu e da terra”, por outro lado esse mesmo Pai e revelado como Paizinho para enfatizar sua proximidade e sua bondade. Por isso, o Deus que nos revela Jesus Cristo é um Deus Pai no sentido mais profundo e verdadeiro: Deus e Pai simultaneamente. Nesto sentido podemos entender a afirmação que se encontra no Novo Catecismo da Igreja Catolica no artigo 239: “Ao designar Deus com o nome de «Pai», a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é a origem primeira de tudo e a autoridade transcendente, e, ao mesmo tempo, que é bondade e solicitude amorosa para com todos os seus filhos. Esta ternura paternal de Deus também pode ser expressa pela imagem da maternidade, que indica melhor a imanência de Deus, a intimidade entre Deus e a sua criatura”.


Conhecendo o Pai intimamente, Jesus revela o verdadeiro rosto de Deus que éamor, paciência, e compaixão e é muito bom para com todos, pois sua ternura abraça toda criatura” (Salmo Responsorial).


Por sua parte, São Paulo (Segunda Leitura) nos recorda que o plano de salvação que este Rei veio instaurar no mundo inicia com a conversão do coração que implica não viver conforme à desordem egoísta do homem (“viver segundo a carne”) e sim conforme ao Espirito de Cristo (vida nova). A nova vida (Rm 6,4) que recebemos noa batismo é uma vida “no espírito”, isto é, segundo o homem renovado pela ação do Espirito de Deus que habita em nós (Cf.1Cor 3,16-17; 6,19).


São Pauo nos diz que já saímos do pecado pela ação de Deus através de seu Filho Jesus e da ação do Espirito Santo. Esta é a verdadeira libertação. A maior prova do amor de Deus para os homens é a entrega de seu próprio Filho à morte e morte de cruz e desta maneira vence o mal pelo amor. como o amor e o perdão, Deus construiu um mundo novo no qual não há rancor nem desejo de vingança nem remorsos. Estamos em paz com Deus quando estamos em paz com os demais. são Paulo nos diz que pela ação do Espirito Santo em nossa vida vamos experimentando e desejando livremente uma nova forma de vida, imitando o modo de viver do próprio Cristo Jesus.


Precisamos abrir espaço em nossa vida para o Espírito de Deus. Se nos deixarmos levar pelo Espírito, seremos efetivamente filhos de Deus. E se formos filhos, também seremos herdeiros daquela glória que Cristo, o Senhor, já possui, que é "o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8:29).


Nos dice Pablo que por la acción del Espíritu Santo en nuestra vida vamos experimentando y deseando libremente una nueva forma de vida a imitación de Cristo. Los deseos del espíritu animan nuestra vida y los sentimos como un llamado interior, porque si vivimos según la carne, vamos a la muerte, pero si con el Espíritu damos muerte a las obras del cuerpo, viviremos.


Um Olhar Específico  Sobre O Evangelho De Hoje


No texto do Evangelho deste Domingo, o evangelista Mt reuniu três sentenças de Jesus que provavelmente tiveram uma origem independente (fonte Q).


1ª. Uma oração de louvor ou de ação de graças (vv.25-26) que vem logo depois das ameaças de Jesus contra as cidades da Galileia (Mt 11,20-24).


2ª. Fala da revelação de caráter profundamente cristológica (v.27). Esta sentença explica em que consiste a revelação aos simples.


3ª. Na terceira sentença (vv.28-30) encontramos algo muito parecida ao convite a fazer-se discípulo da sabedoria que lemos nos livros sapienciais: vende a mim (Eclo 24,19;51,23); tomai meu jugo (Eclo 6,24s;51,26); encontrareis descanso (Eclo 6,28). Jesus apresenta-se aqui como a Sabedoria de Deus que convida os homens a virem a ele (v.28).


Oração De Louvor Ao Pai


Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado”. Jesus é homem de oração. No Evangelho de hoje encontramos Jesus rezando.


Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra...”.


Geralmente distinguimos na oração: o louvor, a petição e a ação de graças. Na realidade, na Bíblia se falam frequentemente o louvor e a ação de graças num mesmo movimento da alma e no plano literário, nos mesmos textos.


Deus se revela digno de louvor por todos os seus benefícios para com o homem. O louvor e a ação de graças suscitam as mesmas manifestações exteriores de gozo, sobretudo no culto, confessando as grandezas de Deus.


Os cânticos de louvor, nascidos em uma explosão de entusiasmo, multiplicam as palavras para tratar de descrever a Deus e suas grandezas: cantam a bondade de Deus, sua justiça (Sl 145,6s), sua salvação (Sl 71,15) seu auxilio (1Sm 2,1), seu amor e sua fidelidade (Sl 89,2; 117,2), sua glória (Ex 15,21), sua fortaleza (Sl 29,4), seu maravilhoso desígnio (Is 25,1) seus juízos libertadores (Sl 145,7), todas as suas obras (Sl 92,5s) e assim por diante.


Este louvor ou ação de graças ao Pai expressa uma experiência: já faz tempo que o Mestre evangeliza, e seus discípulos também tinham sido enviados para a missão evangelizadora e se encontraram com todo tipo de pessoas: os que os acolheram e os que os recusaram. Jesus agradece ao Pai, pois foram os pequenos, os simples que se abriram ao anúncio: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”.


O louvor de Jesus se dirige ao Pai como “Senhor do céu e da terra”. No texto do Evangelho de hoje Jesus pronuncia a palavra “Pai” cinco vezes. Jesus recusado percebe, apesar de tudo, a presença do Pai que se revela aos pequenos. O ato de Jesus chamar a Deus de Pai (Abba) reflete a confiança e proximidade que tem com ele. Na presença do Pai, Jesus se sente confiante e seguro. Os primeiros cristãos conservaram essa palavra: “Abba” (Mc 14,36; Gl 4,6s; Rm 8,15), que se encontram detrás de quase todas as orações de Jesus (Mc 14,36 e par.; Jo 12,27s;17; Lc 23,34.46). 


Jesus fala do Pai como “Senhor do céu e da terra”, isto é, Aquele que domina o universo porque Ele é o seu Criador, mas que não atua como “dono” prepotente. Porque o Pai é Aquele que se inclina para os pequenos, que se deleita na pequenez, que ama o simples, que defende os pobres, os oprimidos, que ouve e sente o grito do sofrimento dos injustiçados e dos excluídos que também são filhos Seus. Quando os pequenos olham para Ele, o Pai se revela a eles. A simplicidade é uma porta aberta para a revelação de Deus. A simplicidade-humildade é um terreno fértil onde a graça e a bênção do Pai se multiplicam.


Somente quem contemplar profundamente a grandeza do universo e da vida em si, somente quem viver na simplicidade e na humildade, fará o louvor a Deus e viverá em ação de graças permanentemente. O universo ou a natureza em si é uma das portas para chegar ao amor ilimitado de Deus pela humanidade. E somente quem se sente filho diante do Deus-Pai é capaz de viver confiante e seguro. Diante do pai presente, qualquer filho se sente seguro e tranquilo. É assim que Jesus quer que nos sintamos como filhos diante de Deus, nosso Pai.


Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”. Deus quer que os homens não se ocupem de si mesmos para que ele possa ter espaço neles para suas graças, pois aquele que se enche de si não sobra espaço nem para Deus nem para os outros. Em outras palavras, que os homens voltem a ser simples.


Jesus Personificação Da Sabedoria


Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.


Neste pequeno fragmento, Jesus aparece como a Sabedoria personificada: “Tudo me foi entregue por meu Pai”.  O Pai se revela por meio dele e Jesus realiza em si mesmo o que o AT dizia sobre a Sabedoria. Ele ilumina os simples e é sempre Ele, pois “A sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado” (Sb 1,4) e por isso, “escondeste estas coisas aos sábios e entendidos”.


“Os sábios e entendidos” alude a Is 29,14 em que Deus recrimina o povo por sua hipocrisia na relação com Ele, pois honra-O somente com os lábios, mas está longe seu coração. Os sábios e entendidos não captam o sentido das obras de Jesus por causa de sua autossuficiência. Os “simples” não têm esse obstáculo. Ao contrário, eles têm facilidade de entender a revelação de Deus na sua vida.


A simplicidade (grego, haplótes) designa a sinceridade, a franqueza, o falar sem segundas intenções, inequívoco, claro. Para o judaísmo, a vida do homem sábio tem uma orientação clara; obediente à lei e está isento da dualidade interior, com coração inteiro (não dividido). A bondade faz parte da simplicidade porque ela é uma qualidade do coração (coração não dividido).


Chamada Ao Seguimento


Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.


E a 3ª sentença (vv.28-30) é muito parecida ao convite a fazer-se discípulo da sabedoria que lemos nos livros sapienciais: vende a mim (Eclo 24,19;51,23); tomai meu jugo (Eclo 6,24s;51,26); encontrareis descanso (Eclo 6,28). Jesus apresenta-se aqui como a Sabedoria de Deus que convida os homens a virem a ele (v.28).


As chamadas de Jesus formuladas como exigência (o evangelho do XIII Domingo Comum “A”), encontram hoje um complemento importante. A chamada hoje tem tom de acolhida e de descanso. É uma chamada preparada pela Primeira Leitura que apresenta “rei justo e vitorioso, modesto e cavalgando num asno, que entra em Jerusalém.


O Jugo De Jesus É Leve


Tomai sobre vós o meu jugo..., pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (v.29), disse Jesus.


No seu sentido literal, o jugo é uma barra pesada feita de madeira que é posta e presa nos ombros (nucas) dos animais (boi: 1Sm 11,7; Jó 1,3; vaca: 1Sm 6,7; ou cavalos/burros: Is 21,7). Pôr o jugo sobre um boi significa usá-lo pela primeira vez, daí profaná-lo. Enquanto os bois destinados para o uso sagrado, por ex., para puxar a arca (1Sm 6,7) ou para expiar um homicídio (Dt 21,3ss) não podiam ter sido atrelados ao jugo.


No seu sentido figurado, o jugo é símbolo da submissão tanto no sentido positivo como no negativo. O jugo pode simbolizar a submissão a Javé, neste caso ele tem sentido positivo (Jr 2,20). O jugo pode ter um sentido negativo: opressão (Gn 27,40; Lv 26,13;1Rs 12; 2Cr 10; Is 9,3;14,25; Jr 30,8;10,27;Os 11,4); o jugo pode ser a dependência de um escravo no sentido literal (1Tm 6,1) ou religioso no sentido de escravo da Lei judaica (At 15,10;Gl 5,1); o jugo é também o símbolo da imposição de uma carga pesada, uma submissão forçada à tirania, mostrando soberania de quem manda (2Cr 10). Na LXX, “jugo” frequentemente assume o sentido de justiça. O vocábulo grego para “jugo”, zugos, também pode ser o contrapeso no prato da balança. Pode haver falsos “pesos” (zugoi), que permitam às pessoas enganarem ou roubarem no mercado ou no comércio. O livro de Provérbios fala de um peso justo (zugos) que tem o favor de Deus (Pr 11,1), e os pesos falsos desagradam a Deus (Mq 6,11; Ez 45,10).


Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo...Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” é o convite de Jesus. Trata-se aqui (cansados e fatigados sob o peso) da opressão moral e religiosa, provocada pelo formalismo de uma religião estéril. Os “cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos” aqui são os pobres e famintos, ignorantes e pequeninos, os míseros e os doentes. Além do peso de sua vida oprimida e trabalhosa, eles carregam também a carga de uma interpretação insuportável da Lei, uma carga insuportável de centenas de determinações detalhadas da Lei interpretadas pelos escribas e fariseus. Ninguém conseguia cumpri-las, nem os próprios escribas e fariseus (Mt 23,4). O legalismo judaico era sufocante, uma moral sem alegria. Assim, a religião fica longe de ser motivo de liberdade e alegria, pois ele é reduzida a uma carga pesada. O ser humano se torna animal, pois a quem se impõe “jugo” e “carga”, se não aos animais?


Pelo contrário, o jugo de Jesus é suave e a sua carga é leve. Os adjetivos “suave” e “leve” não invalidam os substantivos “jugo” e “carga”. Jugo suave e carga leve não falam do laxismo (doutrina que restringe excessivamente a obrigação moral, do latin “laxare” = tornar frouxo, relaxar), mas de prática possível. O cristianismo e a moral cristã não são uma imposição. A lei de Cristo é libertação, é lei de liberdade, lei do Espírito que dá vida, lei de relação filial com Deus, Pai Nosso e amigo da vida. Ao lado de Cristo, todas as fadigas se tornam amáveis e tudo o que poderia ser mais custoso no cumprimento da vontade de Deus se suaviza. Quem se aproxima de Jesus, encontrará repouso para suas aflições. Jesus veio, certamente, para libertar o ser humano de todo tipo de escravidão, mostrando-se manso e humilde de coração e recusando-se a multiplicar normas religiosas. Jesus reduziu tudo ao essencial: amor e misericórdia. A religião torna-se, assim, prazerosa por respeitar a liberdade e ser humanizadora.


Para tudo isso se tornar possível, há uma chave principal: o amor, tanto como um dom recebido de Deus, pois ele nos amou primeiro (1Jo 4,19), como uma responsabilidade (cf. Jo 15,12), como Cristo que se dá a si mesmo a Deus e aos irmãos (cf. Jo 15,13). Quem ama não sente a lei de Cristo como uma obrigação pesada. Pela experiência sabemos que quando se ama de verdade muitas coisas se tornam fáceis e suportáveis e que seriam difíceis e até insuportáveis sem o amor. O amor torna tudo leve. Por amor um pai ou uma mãe é capaz de fazer até o impossível.


Depois de ouvir o convite de Jesus “venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar suas cargas pesadas”, vem pergunta: como você está? Como tem passado ultimamente? Sente-se cansado, desanimado, abatido por qualquer negócio malfeito, por qualquer doença em casa, por falta de entusiasmo ou de objetivos? Talvez você não tenha experimentado ainda ser simples como Jesus pede. Não se sinta arrogante que acha que já sabe de tudo, por isso não precisa de ajuda de ninguém. É melhor parar para verificar seu barco que talvez esteja furado e pode afundar a qualquer momento. Jesus está oferecendo ajuda. Não tenha medo de recomeçar!
P. Vitus Gustama,SVD
04/07/2020
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CONFIAR EM DEUS EM TODOS OS MOMENTOS E VIVER NA NOVIDADE RADICAL DE JESUS
Sábado da XIII Semana Comum


Primeira Leitura: Am 9,11-15
Assim diz o Senhor: 11 Naquele dia, reerguerei a tenda de Davi, em ruínas, e consertarei seus estragos, levantando-a dos escombros, e reconstruindo tudo, como nos dias de outrora; 12 deste modo possuirão todos o resto de Edom e das outras nações, que são chamadas com o meu nome, diz o Senhor, que tudo isso realiza. 13 Eis que dias virão, diz o Senhor, em que se seguirão de perto quem ara e quem ceifa, o que pisa as uvas e o que lança a semente; os montes destilarão vinho e as colinas parecerão liquefazer-se. 14 Mudarei a sorte de Israel, meu povo, cativo; eles reconstruirão as cidades devastadas, e as habitarão, plantarão vinhas e tomarão o vinho, cultivarão pomares e comerão seus frutos. 15 Eu os plantarei sobre o seu solo e eles nunca mais serão arrancados de sua terra, que eu lhes dei”, diz o Senhor teu Deus.


Evangelho: Mt 9,14-17
Naquele tempo, 14 os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15 Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.


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É Preciso Manter Nossa Esperança e Confiança Em Deus Apesar De Tudo, Pois Ele É Misericordioso


Assim diz o Senhor: Naquele dia, reerguerei a tenda de Davi, em ruínas, e consertarei seus estragos, levantando-a dos escombros, e reconstruindo tudo, como nos dias de outrora...”, são palavras consoladoras de Deus através do profeta Amós.


No início da leitura do profeta Amos encontramos um profeta que para provocar a conversão do povo de Deus anuncia catástrofes, lança denúncias e acusações. Quanto maior for perigo, mais pesadas se tornarão as palavras para chamar atenção.


O final de nossa leitura do profeta Amós tem um tom de esperança. Este texto final, na verdade, é um acréscimo do redator posteriormente. Com este acréscimo o redator quer diminuir o fatalismo da mensagem do profeta Amós. Assim, Amós segue a linha dos outros profetas clássicos que querem monstrar ao povo que o juízo jamais será a última palavra do Senhor, pois Deus é misericordioso para quem se converte. Por isso, encontramos dois textos que compõem a conclusão do livro do profeta Amós: Am 9,11-12 e Am 9,13-15. Am 9,11-12: fala da restauração da “tenda arruinada de Davi”. Esta  expressão se refere, segundo algumas interpretações, à recuperação da unidade do reino como aconteceu na época de Davi, rei ideal. Am 9,13-15: se refere à restauração do povo. Por isso, usa-se a expressão clássica: “Mudarei a sorte de meu povo”.que se concretizam através da abundância das colheitas, a fecundidade da terra, a reconstrução das cidades e as plantações dos campos. E o povo será plantado para sempre na terra do Senhor, sem acontecer mais deportação.


Depois das denúncias, o profeta anuncia um futuro de felicidade. A última palavra dos profetas é sempre a esperança. O “dia do Senhor” é calamidade porque destrói o mal, mas é antes de tudo “salvação” porque “as ruinas serão restauradas e as cidades reconstruídas”. Que o juízo jamais será a última palavra do Senhor e sim a misericórdia.


A esperança nos dá a capacidade de resistir que chamamos de perseverança. a capacidade de resistir remete para as nossas forças interiores e para as nossas firmes decisões. A perseverança  por causa da esperança implica necessariamente a disponibilidade para a conversão e para a renovação permanente. Quando falamos da perseverança, estamos conscientes de que nossa fidelidade é continuamente posta à prova e às tentações para desistir. É precisamente no momento de prova ou de tentação que entra em ação a capacidade de resistir por causa da esperança prometida por Deus. Aquele que estiver aberto para a capacidade de resistir e rezar constantemente para alcançar sua meta, poderá dizer com o Apóstolo Paulo: “Tudo posso n’Aquele que me dá força” (Fl 4,13).


Por isso, o profeta convida o povo a ter confiança em Deus que, apesar de ser exigente no cumprimento de sua Aliança, Deus é compreensivo com nossa debilidade, pois este Deus é misericordioso. Como camponês, o profeta Amós usa imagens da vida do campo para falar da misericórdia de Deus: “Eis que dias virão, diz o Senhor, em que se seguirão de perto quem ara e quem ceifa, o que pisa as uvas e o que lança a semente; os montes destilarão vinho e as colinas parecerão liquefazer-se. Mudarei a sorte de Israel, meu povo, cativo; eles reconstruirão as cidades devastadas, e as habitarão, plantarão vinhas e tomarão o vinho, cultivarão pomares e comerão seus frutos. Eu os plantarei sobre o seu solo e eles nunca mais serão arrancados de sua terra, que eu lhes dei.


Deus sempre nos dá esperança quando tudo parece o fim de tudo. Deus sempre nos permite o caminho do retorno, como a volta do filho pródigo (Lc 15,11-32), assim também havia sucedido depois do crime de Caim, ou o crime do castigo de dilúvio ou da escravidão de Egito. Deus tem coração de Pai-Mãe. Ele mesmo curará nossas feridas. É preciso pormos nossa confiança n´Ele apesar de não vermos nenhuma solução. Deus corrige, mas corrige a partir do amor, como o pai que corrige o próprio filho. Nele encontramos o sentido da vida e a confiança para curar nossa debilidades e restaurar o que foi destruído na vida pessoal ou eclesial. Por isso, nunca podemos perder a esperança e confiança em Deus, pois “O Senhor nos dará tudo o que é bom, e nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus” (Salmo Responsorial).


É Preciso Colocar Deus Como Centro De Nossa Vida


O texto do Evangelho de hoje fala sobre o jejum. Mas, no contexto do evangelho deste dia, não deveríamos entender a polêmica sobre o jejum dentro do contexto da prática ascética, isto é, privar-se da comida e da bebida com uma finalidade de penitência ou de solidariedade com os necessitados, repartindo o que temos com eles. Jejuar consiste essencialmente em nos privar de alimento, pelo sentido da palavra, mas em geral é referido a qualquer tipo de privação. O jejum começa a reentrar na nossa cultura atual por razões de dieta e de estética, ou aconselhado por certas formas de religiosidade, com origem no Oriente.


É evidente que o jejum continua tendo sentido para os cristãos. Jejum é um melhor meio para expressar nossa humildade e nossa conversão aos valores essenciais diante de uma sociedade dominada pelo consumismo desenfreado. Até os judeus piedosos jejuavam duas vezes na semana (segunda-feira e quinta-feira), como também os seguidores de João. O próprio Jesus jejuou no deserto (cf. Mt 4,2). A Igreja, como sempre, também recomenda o jejum, particularmente na Quaresma e pelo menos, uma hora antes da comunhão eucarística, como está escrito no Código de Direito Canônico (CIC): “Quem vai receber a santíssima Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio no espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão” (Cân. 919). Fala-se de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão e não uma hora antes da missa.


Nós, cristãos, jejuamos porque ainda não nos deixamos invadir completamente pelo amor de Cristo Jesus. Jejuamos para Lhe dar lugar em nós, para que o Senhor possa ocupar toda a nossa existência a fim de que sejamos reflexos d’Ele neste mundo. Jejuamos para nos unirmos à sua Paixão-Ressurreição.


Mas podemos entender mal as motivações do jejum ou até cair no egoísmo e no orgulho. Por isso, a mesma Igreja, nos alerta para duas dimensões essenciais do jejum: a sua referência a Cristo e a sua dimensão de solidariedade. Além disso,  nós jejuamos para nos tornarmos sensíveis à fome e à sede de tantos irmãos, e para assumirmos a nossa responsabilidade na resolução dos problemas dos pobres e carentes. O verdadeiro jejum é dividir o que temos para oferecer a quem nada tem para viver. É dar nossas roupas para cobrir quem está sem nada para se vestir, comida para quem não a tem, bebida para quem não tem nada para saciar sua sede e assim por diante (cf. Mt 25,31-46). Sabemos que jamais podemos arrancar totalmente o sofrimento alheio, mas uma parte dele pode ser aliviada com nossa solidariedade e compaixão. Ninguém pode entrar no céu feliz deixando o irmão passando fome e outras necessidades básicas para um ser humano viver dignamente.


O jejum verdadeiro consiste em quebrar todas as cadeias injustas, em repartir o pão com o faminto. Segundo o profeta Isaias (Is 58,6-9), o culto deve estar unido à solidariedade com os necessitados. Caso contrário, não agrada a Deus e é estéril. As manifestações exteriores de conversão têm a sua prova real na caridade e na misericórdia com os necessitados, com os pobres, com os carentes do essencial como um ser humano para viver.


Tendo presentes estas dimensões, entendemos melhor o sentido do jejum que nos é recomendado e pedido pela Igreja, e mais facilmente evitamos cair na busca de uma perfeição individualista e fechada, sem nos preocuparmos com Cristo presentes nos outros (Mt 25,40.45).


Por isso, o jejum cristão não consiste apenas em abster-se de alimentos. Consiste, sobretudo, em desejar o encontro com Jesus salvador e o encontro com irmão, especialmente com irmão carente do básico para viver e sobreviver como um ser humano.


Mas no contexto do evangelho de hoje o jejum deve ser entendido como sinal da espera messiânica. É uma controvérsia que os discípulos de João provocam, e que essa polêmica se refere à aceitação ou não de Jesus Cristo como o enviado de Deus. Essa polêmica tem como fundo a queixa de Jesus. Os discípulos de João e os fariseus não reconhecem Jesus como o enviado de Deus e, por isso, não mudam de vida.


Por esta razão Jesus põe três comparações sobre si próprio: Primeiro, Jesus é o noivo ou esposo e, portanto, todos deveriam estar de festa e na festa e não de luto. Segundo, Jesus é o traje novo que não admite qualquer remendo ou algo de coisa velha posto no novo. Terceiro, Jesus é o vinho novo que não pode ser colocado nos odres velhos. Os discípulos de João deveriam aprender a lição porque João chama a si mesmo de “o amigo do noivo” (Jo 3,29). O código do mundo em desenvolvimento é a renovação e a transformação. Se não há nada que mude fora de nós é porque nada mudou dentro de nós. "Se procuras algo bom, procura-o em ti mesmo até que o encontres" (Epicteto). Para que possamos alcançar nossos objetivos em tempo recorde, precisamos ser pessoas que renovam sua mente e disciplinam sua vida e suas opções de cada dia. Renovar significa colocar algo novo na mente. Uma pessoa que alcança o sucesso dos seus sonhos renova continuamente os seus pensamentos e avalia permanentemente suas atividades.


O que Jesus quer ensinar através do texto do Evangelho de hoje é a atitude que os seus seguidores devem ter: a festa e a novidade radical. Estando com Cristo e sabendo que Cristo está com eles, os cristãos não devem viver tristes. O cristianismo é, sobretudo, festa porque se baseia no amor de Deus, na salvação que nos oferece em Cristo Jesus, na vida que não termina com a morte, pois Cristo Jesus venceu a morte através de sua ressurreição. Esse mesmo Cristo Jesus nos comunica sua vida e sua graça na Eucaristia que nos faz vivermos a vida na alegria e na graça apesar de suas dificuldades, pois nosso Deus é o Deus-Conosco.


Por isso, viver em Cristo e viver com Cristo significa viver na novidade radical. Crer em Jesus Cristo e segui-Lo não significa mudar apenas alguns pequenos detalhes, ou por uns remendos novos para um traje velho ou guardar o vinho novo da fé nas estruturas caducas do pecado. Seguir Jesus significa mudar o vestido inteiro, é mudar de mentalidade para enxergar além das aparências, para ampliar o horizonte. É ter um coração novo que prefere a misericórdia ao sacrifício (Mt 9,13) . Seguir Cristo significa que os seus ensinamentos devem afetar toda a nossa vida e não somente umas orações ou práticas piedosas. As práticas religiosas isoladas do compromisso com a vida e com os necessitados não nos levam para Deus.
P. Vitus Gustama,svd

sábado, 27 de junho de 2020

03/07/2020
Meu Senhor e meu Deus - Diocese de ValadaresCRER PARA VER – Paróquia São Luis – Faro

SÃO TOMÉ, APÓSTOLO
A FÉ EM DEUS NOS TORNA VERDADEIRAMENTE FELIZES

Primeira Leitura: Ef 2,19-22
Irmãos, 19já não sois mais estrangeiros nem migrantes, mas concidadãos dos santos. Sois da família de Deus. 20Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra principal. 21É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo Santo no Senhor. 22E vós também sois integrados nesta construção, para vos tornardes morada de Deus pelo Espírito.


Evangelho: Jo 20,24-29
24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. 26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. 27 Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
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Hoje, 03 de Julho, celebramos a festa do apóstolo Tomé, o cético, o incrédulo, o modelo dos realistas, dos pessimistas, dos que desconfiam quando as coisas saem bem. O Apóstolo Tomé é, como muitos homens modernos, um existencialista que não crê naquilo que não toca, porque não quer viver das ilusões. É aquele que pensa que o pior é sempre o mais seguro.


O quarto Evangelho, isto é, o Evangelho de João nos fornece dados sobre algumas características do Apostolo Tomé. Seu nome “Tomé” significa “gêmeo” (de origem hebraica “ta’am”, “gêmeo”). No entanto, não se dá razão deste nome.


Segundo o quarto Evangelho Tomé exorta aos demais sobre o perigo da ida de Jesus para Betânia para ressuscitar Lázaro, no momento crítico da vida de Jesus (cf. mc 10,32), pois Jesus é ameaçado de morte. ”Vamos todos morrer com ele!”, alerta Tomé (Jo 11,16). Mesmo assim Tomé mostra sua fidelidade a Jesus ao acompanhá-Lo para Betânia. A fidelidade de Tomé mostra sua adesão à vida de Jesus e à causa pela qual Jesus vive e exerce sua missão. Ele segue a Jesus apesar das dificuldades neste seguimento. Seguir Jesus significa viver junto, estar no coração de Jesus como Jesus está no nosso coração e morrer junto com ele para com ele ressuscitar junto.


O Evangelho de João nos fornece outra intervenção do Apostolo Tomé, desta vez, na Ultima Ceia. Na despedida Jesus disse aos Apóstolos: “Para onde eu vou, vós conheceis o caminho” (Jo 14,4), isto é para a casa do Pai, onde Jesus e os seus vão se encontrar um dia. Jesus vai preparar esse “lugar” para eles. No entanto, Tomé mostra seu pouco conhecimento sobre esse assunto: “Senhor, não sabemos para onde tu vais!” (Jo 14,5). O pouco conhecimento de Tomé sobre esse assunto é a grande oportunidade para Jesus se revelar através da famosa frase: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).


Não tenha medo de nosso pouco conhecimento sobre o mistério de Deus. Basta mantermos as conversas com Deus nas nossas orações e meditações para que o mesmo Deus possa se revelar para nós algo pelo qual nós ansiamos tanto para compreender seu sentido.


O quarto Evangelho nos apresenta também uma cena bastante marcante a respeito do Apostolo Tomé: sua incredulidade. Ele não acreditava que Jesus tinha sido ressuscitado: “Se não vir em suas mãos o sinal dos pregos e não colocar meu dedo no lugar dos pregos e não colocar minha mão no seu lado, eu não acreditarei” (Jo 20, 25). Os sinais da crucificação no corpo de Jesus continuam marcando a memória de Tomé. Ele quer agora reconhecer Jesus através desses sinais. Isso significa que Tomé não se esquece da razão pela qual Jesus foi crucificado. Como se ele quisesse dizer: “Eu quero ver Jesus crucificado ressuscitado”.


A decepção de Tomé pela morte de Jesus mostra, no fundo, sua grande fé no mesmo Jesus e seu amor forte por Jesus. A decepção será maior por quem amamos tanto e em quem depositamos nosso amor, quando ele sair de nossa vida sem nenhuma explicação.


Depositar nosso amor no Senhor nunca nos decepciona. O quarto Evangelho nos relatou que Jesus crucificado ressuscitado volta a aparecer no meio dos discípulos entre os quais está o Apostolo Tome. Desta vez o olhar de Jesus é dirigido, especialmente, para Tomé: “Aproxima aqui teu dedo, Tomé, e olha minhas mãos; traz tua mão e coloca-a em meu lado, e não sejas incrédulo, mas crente” (Jo 20, 27). Tomé nunca se sentiu completamente comovido, porque nunca havia imaginado que Cristo atendesse um desejo tão difícil e absurdo. O pior castigo que se pode dar a quem não crê é conceder-lhe aquilo que se põe como condição indispensável para chegar à fé.


Diante dessa atenção tão grande do Senhor, que é sinal de Seu amor pelo apostolo, Tomé professa sua fé tão curta, mas tão profunda e esplêndida em todo Novo testamento: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). A fé de Tomé passa de mão (queria tocar nas chagas) para o coração; passa da incredulidade para o extase da fé: “Meu Senhor e meu Deus”. Nesta confissão Tomé não só manifesta sua fé na ressurreição de Jesus (Senhor: título pós-pascal), mas também na sua divindade (meu Deus). Com esta confissão Tomé nos ensina que a conseqüência última da ressurreição do Messias é o reconhecimento de sua condição divina. Os que crêem em Jesus Cristo de todos os séculos sempre agradecem a São Tomé por este feliz e deslumbrante ato de fé: “Meu Senhor e meu Deus”.


Diante da profissão da fé de Tomé, Jesus pronuncia uma frase que nos eleva para a categoria dos felizes porque acreditamos no Senhor: “Porque me viste, acreditaste. Felizes os que não viram e creram” (Jo 20, 29). Jesus pronuncia a bem-aventurança, não tanto por Tomé como por nós. O itinerário é sempre o mesmo embora a situação histórica possa mudar. Chegamos à fé através de um ato de abandono total em Jesus morto e ressuscitado.


“Felizes os que não viram e creram”. Esta é a bem-aventurança do Ressuscitado. Crer, segundo o Evangelho deste dia, é renunciar a ver com os olhos da carne, a tocar com as mãos, a enfiar o dedo nas feridas do Ressuscitado para identificá-Lo. Crer é buscar e encontrar o Senhor, nosso Deus, na Assembléia dos que crêem que Jesus é o Salvador, na assembléia dos que encontram nos sacramentos a vida que brotou da cruz. Não conhecemos Jesus segundo a carne, não buscamos visões ou fatos extraordinários onde apoiar nossa fé. A felicidade que nos salva agora é a presença vivificante do Senhor que nos reúne pelo Espírito do Ressuscitado na Igreja onde não cessa de nos pregar o Evangelho e de partir para nós o Pão da vida. Em cada domingo somos felizes por este encontro com o Senhor que faz a morte morrer e nos dá a vida eterna e que nos alimenta com o Pão da Vida. “Fé é crer no que não vemos. O premio da fé é ver o que cremos”, dizia Santo Agostinho (Serm. 43,1,1). E acrescentou: “A fé abre a porta ao conhecimento. A incredulidade a fecha” (Epist. 136,4).


Nosso futuro em Deus é questão de fé, não de evidência. Por isso, é necessário superar um conceito tátil e comprovador de ter que colocar as mãos para estarmos seguros do que cremos. “A vida da vida mortal é a esperança da vida imortal”, dizia Santo Agostinho (In os.103,4,17). E “não há motivo para tristeza duradoura onde há certeza de felicidade eterna”, acrescentou Santo Agostinho (Epist. 263,4). “A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem”, diz a Carta aos Hebreus (Hb 11,1).


A partir do evangelho de hoje em que se narra a reunião dos apóstolos como uma comunidade cujo Cristo ressuscitado está no meio dela aprendemos que a comunidade pascal é uma comunidade de crentes que se reúnem pela fé em Cristo (At 2,42-47).


Nós somos irmãos de fé, como enfatiza a Primeira Leitura de hoje (Ef 2,19-22). Para São Paulo, o mistério de Cristo e o da Igreja estão intimamente conectados. Cristo é nossa paz: nele todos, tanto os distantes (os pagãos) como os próximos (os judeus) encontram o caminho da reconciliação e da unidade. Em Cristo já não há dois povos e sim um só; já não há separação entre gente diferente e sim unidade entre os semelhantes. Tudo isso é dom de Deus Pai, por meio de Cristo Senhor, no Espírito Santo. Neste contexto são Paulo imagina a Igreja como um grande edifício, um templo santo, a “morada de Deus”. Os “cimentos” deste edifício, no qual estão todos e vivem como “concidadãos dentro do povo de Deus”, como “família de Deus”, são os apóstolos e os profetas. No entanto, a “pedra angular” é Jesus Cristo: ele é a chave que consolida tudo e todos (o conjunto). A fé é que nos chama para formar uma comunidade onde somente há fraternidade e igualdade.


O Papa Bento XVI comentou: “O caso do apóstolo Tomé é importante para nós, ao menos por três motivos: primeiro, porque nos consola em nossas inseguranças; em segundo lugar, porque nos demonstra que toda dúvida pode ter um final luminoso, além de toda incerteza; e, por último, porque as palavras que Jesus lhe dirigiu nos recordam o autêntico sentido da fé madura e nos estimulam a continuar, apesar das dificuldades, pelo caminho de fidelidade a ele”.


Segundo uma antiga tradição, Tomé evangelizou em um primeiro momento a Síria e a Pérsia (assim afirma Orígenes, segundo refere Eusébio de Cesaréia, «Hist. Eccl. » 3, 1), e logo chegou até a Índia ocidental (cf. «Atos de Tomé» 1-2, 17 e seguintes), desde onde depois o cristianismo chegou também ao sul da Índia.


Para nós, o importante é obeservar a mudança da atitude de São Tomé. Ele tardou em compreender que sua postura diante da palavra dos companheiros não tinha sido razoável, pois, na verdade, ele tinha diante de si testemunhas fidedignas, por exemplo, Maria Madalena e os discípulos de Emaús. Mas o Senhor sempre tem paciência em esperar a resposta positivo dos seus seguiores. “Meu Senhor e meu Deus” é a mais alta e clara confissão de fé que aparece no quarto Evangelho (Evangelho de João).


Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio”. O comportamento de Tomé é a nossa tendência de pretender obter uma demonstração particular de Deus sem compromisso com os outros, com a comunidade sem integração e participação. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios e que não faz caso do testemunho da comunidade nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Uma comunidade pode não ser perfeita, mas ela nos faz mais nós mesmos, pois nenhuma pessoa pode ser ela mesma sem as outras pessoas: suas irmãs e seus irmãos da jornada nesta vida.

Inspirado na confissão do Apóstolo Tomé, são Nicolau de Flüe rezava, que serve também para nossa oração: “Meu Senhor e meu Deus, tira de mim tudo que me afasta de Ti; meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo aquilo que me aproxima de Ti; meu Senhor e meu Deus, tira-me de mim mesmo para dar-me inteiramente a Ti”.
P. Vitus Gustama,svd
02/07/2020
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SEJAMOS COLABORADORES DA MISERICÓRDIA DIVINA E DA VERDADE E NÃO DO PODER MUNDANO
Quinta-Feira Da XIII Semana Comum


Primeira Leitura: Am 7,10-17
Naqueles dias, 10 Amasias, sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: “Amós conspira contra ti, dentro da própria casa de Israel; o país não consegue evitar que se espalhem todas as suas palavras. 11 Ele anda dizendo: ‘Jeroboão morrerá pela espada, e Israel será deportado de sua própria pátria, como escravo’”. 12 Disse depois Amasias a Amós: “Vidente, sai e procura refúgio em Judá, onde possas ganhar teu pão e exercer a profecia; 13 mas em Betel não deverás insistir em profetizar, porque aí fica o santuário do rei e a corte do reino”.  14 Respondeu Amós a Amasias, dizendo: “Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. 15 O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’. 16 E agora ouve a Palavra do Senhor. Tu dizes: ‘Não profetizes contra Israel e não insinues palavras contra a casa de Isaac’. 17 Pois bem, isto diz o Senhor: ‘Tua mulher se prostituirá na cidade, teus filhos e filhas morrerão pela espada, tuas terras serão tomadas e loteadas; tu mesmo morrerás em terra poluída, e Israel será levado em cativeiro para longe de seu país’”.


Evangelho: Mt 9,1-8
Naquele tempo, 1 entrando em um barco, Jesus atravessou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. 2 Apresentaram-lhe, então, um paralítico deitado numa cama. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” 3 Então alguns mestres da Lei pensaram: “Esse homem está blasfemando!” 4 Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? 5 O que é mais fácil, dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? 6 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, — disse, então, ao paralítico — “Levanta-te, pega a tua cama e vai para a tua casa”. 7 O paralítico então se levantou, e foi para a sua casa. 8 Vendo isso, a multidão ficou com medo e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
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Ser Voz De Deus É Não Compactuar Com o Mal e Maldade De Qualquer Pessoa e Instituição


Disse Amasias a Amós: ´Vidente, sai e procura refúgio em Judá, onde possas ganhar teu pão e exercer a profecia; mas em Betel não deverás insistir em profetizar, porque aí fica o santuário do rei e a corte do reino´”, assim lemos na Primeira Leitura de hoje.


Amasias, o sacerdote de Betel, é um fiel servidor do culto. Ele está comprometido com o rei e a instituição. Pode-se dizer que Amasias era um teólogo dependente do rei e da instituição (teólogo da corte). Exatamente, essa dependência leva Amasias a uma situação emaranhada. Em outras palavras, como sacerdote, ele não serve ao Senhor e ao seu povo e sim à ordem do rei. O nome “Amasias” em hebraico significa “aquele que Deus conduz”. Infelizmente, em vez de se deixar conduzir pelo Senhor para salvar o povo, Amasias se deixa conduzir pela ordem do rei injusto.


Para agradar o rei, o sacerdote Amasias denuncia o profeta Amós como inimigo do estado e da religião. O que importa para Amasias não é a palavra da verdade e sim as palavras capazes de agradar os ouvidos do rei. “Vidente, sai e procura refúgio em Judá, onde possas ganhar teu pão e exercer a profecia; mas em Betel não deverás insistir em profetizar, porque aí fica o santuário do rei e a corte do reino”, disse Amasias para o profeta Amós. A voz do profeta Amós incomoda o rei Jeroboão e Amasias, sacerdote do Templo de Betel. Por isso, perseguem o profeta Amos.


Desde sempre, os verdadeiros profetas são perseguidos, porque dizem, não o que o povo ou os governantes querem escutar e sim, o que Deus quer que o profeta fale. Por isso, tanto no AT como n NT, na história antiga e na moderna, os que se dizem poderosos deste mundo querem calar ou excluir ou eliminar qualquer verdadeiro profeta, como Jesus Cristo, o profeta por excelência.


Paradoxalmente, o papel desempenhado pelo sacerdote Amasias é perverso, pois em vez de oferecer facilidade para a Palavra de Deus, expulsa o profeta de Deus. Amasias tem maior interesse em conservar a situação existente, da qual se aproveita, do que em colaborar na criação da situação que Deus quer surgir. Amasias se alinha com os poderosos e se coloca inteiramente a serviço da conservação de um poder edificado sobre a injustiça e a corrupção. Para o sacerdote Amasias, a participação na injustiça é mais importante do que se comprometer com o direito e com Deus que se coloca do lado dos pequenos, dos pobres e empobrecidos, dos justos e dos mansos e assim por diante. Como “sacerdote”, Amasias não se mostra como alguém preocupado com o futuro do povo. Ao contrário, ele procura garantir seus próprios privilégios, contra os interesses de sobrevivência do povo. Os interesses do sacerdote Amasias não coincidem com os do povo. A expulsão do profeta Amós do reino do Norte faz parte notória desse desinteresse “sacerdotal” pelo povo, uma vez que o povo é privado do que seria importante para o futuro: a palavra profética de Deus.


O profeta Amós não se deixa intimidar. A Palavra de Deus não está encarcerada, dizia são Paulo (2Tm 2,9). Apesar das ameaças, o profeta Amós é capaz de dizer aos poderosos deste mundo as palavras mais difíceis de dizer: “Tua mulher se prostituirá na cidade, teus filhos e filhas morrerão pela espada, tuas terras serão tomadas e loteadas; tu mesmo morrerás em terra poluída, e Israel será levado em cativeiro para longe de seu país” (Am 7,17).


Amós é uma pessoa de caráter firme, marcado pelo deserto e pelos campos áridos. Por isso, ele responde a Amasias: “Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo´”. O profeta Amós quer dizer com outras palavras: “Eu não sou um profeta da corte. Eu mesmo posso ganhar meu pão. Sei, porém, que aqui represento a causa de Deus e isso constitui para mim vocação e legitimidade suficientes”. O profeta Amós fala de Deus não num tom confortador de púlpito, mas com imagens inabituais de Deus: Deus que ruge como leão (Am 1,2). Amós acusa frontalmente os responsáveis por sua falta de preocupação pela vida e salvação do povo.


Temos diante de nós, então, a aliança de trono e altar. Betel é o santuário do rei. E nele, no templo real, Amós fala em nome de Deus contra a casa real. Isso coloca o sacerdote do rei, Amasias, em guarda e consequentemente, anuncia ao rei a inquietação desencadeada pelo discurso profético.


A relação entre o trono e o altar, a relação da Igreja com o poder estatal é importante para a práxis profética da Igreja. Se for muito íntima, o altar, o “sacerdote”, perde a força profética. O conflito entre tal “sacerdote” e o profeta é inevitável.  O conflito entre “sacerdotes” e profetas aconteceu e continua acontecendo em todos os tempos e em todas as Igrejas e religiões. Quantos sacerdotes, quantos pastores que vivem servindo aos interesses dos poderosos em nome dos interesses econômicos e outros interesses.


Na nossa Igreja ocorre essa relação carregada de tensão entre o profético e o sacerdotal, algumas vezes no próprio individuo, outras vezes dentro da instituição. Sacerdotes como Amasias existem muitos hoje em dia. São “sacerdotes” que se limitam à rotina profissional e convertem a vocação em profissão. O impulso do Espirito Santo enfraquece neles, pois se transformam em funcionários da instituição e, acima de tudo, preferem uma boa relação com os poderosos ao compromisso profético com os pobres e empobrecidos.


Não é de hoje também que os profetas, os oponentes políticos éticos, os religiosos em favor dos pobres e empobrecidos, os Martin Luther King, as Madres Teresa de Calcutá são expulsos, como o profeta Amós? Não é de hoje também que se quer também calar as vozes que embaraçam? Jesus também não era uma dessa vozes que os adversários procuraram calar com sua morte? Não é de hoje também que muitos, como Amasias que era sacerdote oficial, tratam de conservar a qualquer preço seus privilégios e interesses? Não me sinto tentado alguma vez de adoçar a Palavra de Deus para evitar desgosto e para defender meus privilégios? Será que eu me deixo “prender” por Deus como Amós? Será que eu me atrevo a dizer certas palavras ainda que corra o risco de perder certas vantagens e certos privilégios? Será que sou tentado abandonar compromissos sérios em função do bem comum para que eu possa viver em paz comigo mesmo?


Deus É Misericordioso Para Quem Se Converte


Depois da tempestade acalmada e a libertação dos dois possuídos relatadas nos textos anteriores da passagem do evangelho de hoje (Mt 8,5-34), agora Jesus nos mostra seu poder sobre o mal mais profundo: o pecado. A salvação que Jesus Cristo quer para a humanidade é integral, do homem todo: seu corpo e espírito. O sinal externo- a cura da paralisia- é o símbolo da cura interior, a libertação do pecado, como tantas outras vezes em seus milagres.


Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados!”, diz Jesus ao paralítico. Para Jesus a enfermidade mais grave e urgente do paralítico não é sua enfermidade física e sim seu pecado (enfermidade da alma). Para a cura das enfermidades espirituais é necessária a colaboração do próprio enfermo (conversão e fé em Deus) e o perdão de Deus (misericórdia).


“Os teus pecados te são perdoados!” É a primeira vez que o evangelista Mateus menciona este tipo de poder que Jesus tem: o poder de perdão. O poder que Jesus tem em relação ao pecado é um poder de reconciliação dos homens com Deus. “Os pecados” em Mateus significam o passado pecador do homem, antes de seu encontro com Jesus. A fé em Jesus, que é a adesão a ele e a sua mensagem, apaga o passado pecador do homem e dá-lhe oportunidade de um novo começo. O pecado é capaz de paralisar a vida do homem, mas a conversão e a fé em Deus libertam o homem de sua paralisia para viver na liberdade de um filho de Deus. Da parte de Jesus não há pecado que não possa ser perdoado. Basta o homem se arrepender e voltar para Deus, o Deus da misericórdia não quer saber mais o passado do homem. Mas através do profeta Isaias Deus nos dá o seguinte recado: “Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem”.


Mas o evangelista Mateus não somente se concentra no poder de Jesus de perdoar pecados. Mais adiante, no seu evangelho, ele vai nos dizer que a comunidade cristã é o lugar de reconciliação e do perdão mútuo. Jesus Cristo vai dar o dom do poder de perdoar à comunidade cristã: “Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu” (Mt 18,18). Assim a comunidade cristã ou a Igreja se transforma em lugar de libertação dos pecados e de liberdade dos reconciliados.


“Os teus pecados te são perdoados!” Como é bom viver com uma consciência limpa. Como é leve uma vida sem mancha moral ou ética. É uma liberdade que faz qualquer um viver a vida na alegria. Quando o coração estiver limpo podemos aplicar para nós as palavras de São Paulo aos filipenses: “Alegrai-vos no Senhor. Repito: alegrai-vos” (Fl 4,4). Há alegria disfarçada para calar ou abafar os gritos de um coração sujo, como escreveu um psicólogo argentino: “Há gargalhadas que se parecem mais com um soluço do que com uma risada” (René Juan Trassero). Mas a alegria no Senhor é uma alegria que liberta e salva: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”, prometeu-nos Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5,8).


Ao dizer “Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados!”, Jesus usa aqui a visibilidade da cura corporal, perfeitamente controlável, para provar outra cura espiritual, a cura da alma em estado de pecado. Jesus pronunciou formulas de absolvição: “teus pecados são te perdoados”, e depois, fez gestos exteriores de cura: “levanta-te e vai para tua casa”. Muitas doenças acontecem conosco porque causa dos problemas não solucionados. Trata-se de doenças psicossomáticas. É preciso que reorganizemos nossa vida no Senhor para que nossa alegria seja plena.


A Igreja é o prolongamento real da Encarnação de Jesus, como Ele próprio é o grande Sacramento, a presença visível de Deus. Assim a Igreja é o grande Sacramento visível de Cristo. Jesus comunicou seu poder de perdoar a seus apóstolos, isto é, para aqueles que, durante todo o tempo da Igreja, têm missão de fazê-la existir como Igreja exercendo o ministério que lhes foi confiado (cf. Mt 16,19). Quando os apóstolos ou seus sucessores perdoam em nome de Cristo é todo o povo de Deus que se encontra comprometido no mistério da cruz e no ato divino-humano de perdão que ali tomou corpo. Os sacramentos são sinais visíveis que manifestam a graça invisível. A Igreja inteira, pelo ministério apostólico, está constituída no ato de misericórdia em proveito de toda a humanidade. Neste sentido pode se dizer que o cristão é ministro da misericórdia divina no sentido de que ele é chamado para perdoar sempre porque Deus o perdoa sempre e por isso, ele vive por causa da misericórdia divina. Todos são chamados a participar da obra de misericórdia. A Igreja é a misericórdia de Deus para os homens.


Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico:Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados! ’”. A fé, que é o dom de Deus ao homem, se for autêntica é capaz de levar o homem à conversão, à orientação de sua vida e de sua caminhada para a felicidade e para a salvação. Deus valoriza o futuro do homem e perdoa seu passado desde que o homem se converta. Mas será que nossa fé é autêntica? A verdadeira fé em Deus mantém nossa vida em ordem que traz a paz. “A paz é a tranquilidade da ordem”, dizia Santo Agostinho. A fé é capaz de ordenar tudo na simplicidade de nossa vida, pois para Deus tudo é simples e para o simples tudo é divino.


Mas “alguns Mestres da Lei pensaram: ‘Esse homem (Jesus) está blasfemando’”. Com esta expressão se põe em evidência de que o Deus de Jesus não era o deus dos dirigentes de seu povo. Mais uma oposição contra o plano de Deus que o evangelista Mateus tem nos mostrado até agora.


Também nós corremos o perigo de fazermos um Deus à medida de um sistema ou de uma instituição que pode nos levar para um fanatismo fundamentalista que leva à autodestruição ou ao cataclismo de matar o outro por amor a suposto Deus em quem se acredita ou em nome de Deus e para servi-lo. Seria um Deus muito cruel, mas não é um Deus misericordioso revelado por Jesus. Temos que tomar cuidado para que nenhum sistema possa pensar por nós. Deste jeito criaremos ídolos e seremos idólatras, não mais filhos e filhas de Deus que precisam viver a fraternidade universal como consequência lógica e essencial da consciência de que Deus é o Pai de todos.
P. Vitus Gustama, SVD

22/04/2024-Segundaf Da IV Semana Da Páscoa

JESUS É A PORTA PELA QUAL ENTRARAMOS NA ETERNIDADE Segunda-Feira da IV Semana da Páscoa Primeira Leitura: At 11,1-18 Naqueles dias, 1 ...