terça-feira, 30 de setembro de 2025

04/10/2025- Sábado Da XXVI Semana Comum - Ano Ímpar

MANTER-SE LIGADO A DEUS PARA MANTER O NOME ESCRITO NO CÉU

Sábado Da XXVI Semana Comum

Primeira Leitura: Br 4,5-12.27-29

5 Coragem, meu povo, que sois a lembrança viva de Israel: 6 fostes vendidos às nações, mas não para serdes exterminados; por terdes provocado a ira de Deus é que fostes entregues aos inimigos. 7 Exasperastes aquele que vos criou, oferecendo sacrifícios aos demônios, e não a Deus. 8 Esquecestes o Deus que vos alimentou, o Deus eterno, e entristecestes aquela que vos nutriu, Jerusalém. 9 Ela viu desabar sobre vós a ira de Deus e disse: “Escutai, vizinhas de Sião: Deus fez cair sobre mim uma grande aflição. 10 Eu vi o cativeiro de meus filhos e filhas, que o eterno lhes infligiu. 11 Eu os havia criado com alegria; com lágrimas e luto os vi partir. 12 Ninguém se alegre por ver-me viúva e abandonada por muitos! Por causa dos pecados de meus filhos, fiquei deserta; eles se desviaram da lei de Deus. 27 Animai-vos, meus filhos, e clamai a Deus; ele, que vos fez sofrer, há de lembrar-se de vós. 28 Como por livre vontade vos desviastes de Deus, agora, voltando, buscai-o com zelo dez vezes maior; 29 aquele que trouxe sofrimento para vós, para vós trará, com a vossa salvação, eterna alegria.

Evangelho: Lc 10,17-24

Naquele tempo, 17 os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”. 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. 19 Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. 21 Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 23 Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! 24 Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”.

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Voltar Para Deus Para Voltar a Ser Feliz

Esquecestes o Deus que vos alimentou, o Deus eterno, e entristecestes aquela que vos nutriu, Jerusalém. ... Como por livre vontade vos desviastes de Deus, agora, voltando, buscai-o com zelo dez vezes maior”, escreveu o profeta Baruc.

O livro do profeta Baruc tem apenas cinco capítulos (para a maioria dos estudiosos o capitulo 6 é considerado como um escrito independente). O livro é atribuído a Baruc (Baruc significa o “Bendito”) conhecido pela traição judaica como o secretário do profeta Jeremias. Consequentemente, o livro de Baruc está bem vinculado aos escritos de inspiração do profeta Jeremias. Neste livro há a preocupação sobre a sorte dos judeus exilados. Porém, há esperança de que Deus fará uma aliança eterna com seu povo. A volta dos judeus da Babilônia para a terra natal aconteceu em 539 a.C através do Edito de Ciro, o persa, que derrotou a Babilônia. O livro reflete acontecimentos do fim do exílio

No texto de hoje, que lemos na Primeira leitura, o profeta Baruc anima o povo a voltar decididamente a Deus: “Esquecestes o Deus que vos alimentou, o Deus eterno, e entristecestes aquela que vos nutriu, Jerusalém. ... Como por livre vontade vos desviastes de Deus, agora, voltando, buscai-o com zelo dez vezes maior”.

Através desta afirmação se repete a ideia de que as desgraças estão bem merecidas. O próprio povo procurou a desgraça ao afastar-se do Deus que cuidava dele: “Por terdes provocado a ira de Deus é que fostes entregues aos inimigos”.

Mas o que prevalece é a esperança: “Animai-vos, meus filhos, e clamai a Deus; ele, que vos fez sofrer, há de lembrar-se de vós”. Para isso, o povo tem que se converter: “Como por livre vontade vos desviastes de Deus, agora, voltando, buscai-o com zelo dez vezes maior”. O desterro ajudou o povo judeu a amadurecer sua fé em Deus.

As provas da vida nos amaciam ou nos tornam moderados em tudo, vão nos instruindo e nos fazem revisarmos nossos caminhos e reorientarmos a direção de nossas vidas cotidianas. “A vida é uma batalha onde tombamos devido a ferimentos que recebemos ao fugir(William L. Sullivan). Nossas experiências nesta vida são um composto de muitas lições, lições que facilitam nosso crescimento espiritual, psicológico e social, e criam oportunidades nas quais somos incentivados a dar contribuições que somente nós podemos oferecer. Podemos ter certeza de que não há uma lição que não resulte em bem para nós se soubermos refletir sobre ele. Muitas vezes acontece que aquilo que precisamos vivenciar, aprender, compreender nos é apresentado repetidas vezes até que demos atenção a ele. A lição não será adiada por muito tempo. As experiências continuarão nos cercando, oferecendo-nos oportunidades para nosso crescimento. O processo de viver inclui muitas dimensões. Podemos alegremente antecipar períodos de euforia, mas também estejamos preparados para nossos sofrimentos. Todos os acontecimentos devem ser encarados como necessidades da vida e alguns deles só requerem a simples aceitação, por exemplo a morte de um ente-querido. Se eu entender que toda situação traz consigo um beneficio ou uma bênção, então não permanecerei na minha tristeza nem no meu desespero.

Para nós, os diversos acontecimentos da vida, tanto as desgraças como nossas falhas e pecados querem nos recordar que somos frágeis e nos urgem a adotarmos uma atitude diante de Deus e diante dos outros, não de arrogância e autossuficiência e sim de humildade. A partir da humildade aprendemos que não devemos aparentar mais do que somos. É na humildade e da humildade que germinam nossos autênticos valores. O humilde reverencia o sagrado, pois ele se reconhece “terra”, “pó”, mas é “pó” vivente por causa do hálito que é soprado nele pelo Criador (cf. Gn 2,7; Jo 20,22). É precisos mantermos a ligação com Deus. É preciso voltar sempre para Deus embora tenhamos desviado dos mandamentos do Senhor: “Como por livre vontade vos desviastes de Deus, agora, voltando, buscai-o com zelo dez vezes maior”.

Viver Em Ação De Graças Por Ter Nome Escrito No Céu

O texto do evangelho de hoje se encontra no contexto da volta dos setenta (e dois) discípulos da missão que o Senhor lhes tinha confiado anteriormente (Lc 10,1-12). Os discípulos voltaram da missão alegres, entusiasmados, empolgados por ter sido capazes de libertar os homens do mal, moral e físico pelo uso que fizeram do poder messiânico (o nome) de Jesus: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”, relataram os discípulos a Jesus.  Todas as forças do mal considerados como inimigos de Deus e dos seres humanos tinham sido desarticulados pelos discípulos através do uso do poder recebido de Jesus. Isto significa que o poder sobre o mal que os discípulos têm é o fruto de sua comunhão plena com Jesus. Estar em plena comunhão com Jesus significa estar em pleno poder de Jesus, poder que liberta e não escraviza. Somente a fé em Jesus, isto é, estar nele e com ele, é que se pode derrotar qualquer poder que escraviza.

E Jesus lhes explica que uma vitória semelhante é o sinal da derrota das forças do mal que dominavam os homens até então: “Eu vi satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10,18). Trata-se de uma queda brusca e rápida (relâmpago) e de uma grande altura (do céu). A altura de onde inicia a queda de uma coisa ou de uma pessoa determina o impacto sobre o que caiu ao chegar à terra. Cair do céu” significa que stanás não tem mais lugar para ele no céu (Ap 12,8.9). O seu cair do alto significa que satanás não tem mais poder superior ao homem. Cessa a nossa submissão. A força do inimigo pode permanecer, porém não causa dano a quem não lhe presta ouvidos. O mal, mesmo se existe, mas não pode danificar o discípulo que crê eem Jesus Cristo. O seu veneno não tem mais eficácia, pois não tem mais poder. O inimigo não é mais forte do que Deus.

Por que caiu do céu (satanás caiu do céu)? O tema da queda de satanás do céu pertence ao mito apocalíptico judaico, em que se alude à presença de satanás sobre o céu. Certamente, segundo esse mito, seu lugar e sua função se diferenciam do lugar e da função de Deus, porém pensa-se que satanás põe o trono nas esferas superiores e domina desde ali toda a marcha dos homens sobre o mundo. Mas a chegada de Jesus abole o estado de escravidão que permite o homem ter acesso à liberdade. A presença de Jesus é a derrota do poder do mal. Basta estar com Jesus e estar nele, o triunfo do poder do mal (satanás) termina seu reinado.

Mas para não cair na ilusão do poder e na idéia de domínio, para não ficar apenas na empolgação, Jesus alerta aos discípulos que o mais importante é ter os nomes escritos no céu. Ter nome escrito no céu é mais importante do que qualquer poder ou domínio na terra. Esta afirmação nos leva ao Livro do Êxodo onde encontramos uma explicação: somente são aqueles que participam do Reino de Deus e vivem conforme as suas exigências têm nome escrito no céu (cf. Ex 32,32). Não há nada que seja melhor para um ser humano do que ter seu nome escrito no céu, no livro da vida: “O vencedor será assim revestido de vestes brancas. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, e o proclamarei diante do meu Pai e dos seus anjos”, diz-nos o Livro de Apocalipse de São João (Ap 3,5). Esta é a grande mensagem do evangelho de hoje! Em outras palavras, os discípulos devem ficar alegres por pertencer a Deus ou participar da grande família do Reino (nome escrito no céu), por estar a serviço de Deus (libertar os homens da escravidão do mal), por gozar da proteção divina (nenhum mal consegue vencê-los), e por ter neles o germe da vida eterna que acaba com as forças da morte.

À luz desta experiência se situa a função dos discípulos missionários. Sua vitória sobre satanás se traduz no fato de que são capazes de vencer (superar) o mal do mundo (Lc 10,19) desde que mantinham sua pertença ao Reino e usem o poder conferido para libertar os outros e não para escravizá-los. Por isso, são declarados felizes: “Felizes os olhos que vêem o que vós vedes. Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo e não puderam ouvir” (Lc 10,23-24). Os discípulos são felizes porque estão experimentando aquela plenitude messiânica que os antigos profetas e os reis de Israel sonhavam experimentar. No entanto, mais uma vez, sua autentica grandeza está no fato de seu encontro pessoal com Deus: seus nomes pertencem ao Reino dos céus (Lc 10,20).

Quem mantiver sua pertença à Família de Deus não estará fadado a ser escravo do poder do mal, mas será revestido do poder de Deus para superar todo mal no mundo e libertar os outros escravizados pelo mal. E quem mantiver unido a Deus, mesmo que seja frágil, ele será um instrumento eficaz nas mãos de Deus para pôr fim ao reino do mal e fazer triunfar o amor fraterna, a solidariedade fraterna, a bondade, compaixão e assim por diante. O espaço totalmente ocupado pelo bem, o mal não tem vez. Quem se mantiver assim até o fim, seu nome estará escrito no céu.

Que seu nome e meu nome estejam escritos no livro da vida, no céu. Para isso, é preciso que aprendamos a ser pequenos e simples diante de Deus. Os pequenos e os simples se mantém abertos ao mistério de Deus e compreendem a verdade de Jesus Cristo: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21ª). A missão se estrutura como expansão do amor em que se unem Deus e o Cristo (Filho). Nesse amor, revelado aos pequenos e escondido para todos os grandes deste mundo, se fundamenta a derrota das forças destruidoras da história. “Com o amor não somente avanço, mas vôo. Um só ato de amor nos fará conhecer melhor Jesus. O amor nos aproximará dele durante toda a eternidade. Eu não conheço outro meio para chegar à perfeição a não ser o amor”, dizia Santa Tereza do Menino Jesus e da Sagrada Face.

P. Vitus Gustama,svd

04/10/2025-Sextaf Da XXVI Semana Comum- Ano Ímpar

SER CONVERTIDO DIARIEMANTE É SER FELIZ PERMANENTEMENTE

Sexta-Feira Da XXVI Semana Comum

Primeira Leitura: Baruc 1,15-22

15 Ao Senhor nosso Deus, cabe justiça; enquanto a nós, resta-nos corar de vergonha, como acontece no dia de hoje aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém, 16 aos nossos reis, nossos príncipes e sacerdotes, aos nossos profetas e nossos antepassados: 17 pois pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos 18 e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, que nos exortava a viver de acordo com os mandamentos que ele pôs sob os nossos olhos. 19 Desde o dia em que o Senhor tirou nossos pais do Egito, até hoje, temos sido desobedientes ao Senhor nosso Deus, procedemos inconsideradamente, deixando de ouvir sua voz; 20 por isso perseguem-nos as calamidades e a maldição, que o Senhor nos lançou por meio de Moisés, seu servo, no dia em que tirou nossos pais do Egito, para nos dar uma terra que mana leite e mel, como de fato é hoje. 21 Mas não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus, como vem nas palavras dos profetas que ele nos enviou, 22 e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus!

Evangelho: Lc 10,13-16

Naquele tempo, disse Jesus: 13 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14 Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15 Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16 Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.

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Onde Deus For Expulso e Seus Mandamentos Não Forem Obedecidos o Mal Destruirá a Vida Do Povo

Não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus... e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus! ... Ao Senhor nosso Deus, cabe justiça; enquanto a nós, resta-nos corar de vergonha, pois pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, que nos exortava a viver de acordo com os mandamentos que ele pôs sob os nossos olhos é a repreensão feita pelo profeta Baruc para o povo que desobedece aos mandamentos do Senhor que lemos no texto da Primeira Leitura.

Hoje lemos uma seleção do livro do profeta Baruc. Ele também é da época do desterro de Babilônia e da volta para Jerusalém.

Baruc é conhecido pela tradição judaica como o secretário do profeta Jeremias. Seu livro de cinco capítulos tem bastante inspiração do profeta Jeremias (o capítulo seis não faz parte do escrito do profeta Baruc, segundo os especialistas, denominado como Carta de Jeremias). Este livro e outros da mesma época falam dos sentimentos do povo judeu diante da destruição de Jerusalém e da época do pós-exílio. Os que padeciam o desterro longe da pátria eram consolados com a promessa da restauração.

No texto de hoje lemos a oração emocionada e humilde do profeta Baruc. Trata-se de uma oração patética na qual o povo reconhece sua responsabilidade pela situação de desastre e deportação que o povo está padecendo. Os orantes reconhecem sua culpabilidade por não ter escutado a Palavra de Deus. Destaca-se, nesta oração, a universalidade da culpa: todos os grupos do povo, começando pelos políticos e sacerdotes: Não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus... e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus!”.

Aqui o profeta Baruc faz um vínculo entre a desobediência aos mandamentos e os males que o povo padece no cativeiro de Babilônia.

Temos que aprender as lições que nos dá a história. Os períodos de decadência ética e moral de uma pessoas ou da Igreja ou de um país se deve seguramente a muitas causas. Uma delas é nossa própria negligência e nossa infidelidade aos valores humanos e cristãos.

Uma família, uma comunidade, um país que não tem lugar para Deus, prepara o terreno ou espaço para a corrupção, a injustiça, a desigualdade, a agressão, a violência, a briga, a desunião, discórdia etc. Uma família/comunidade feliz com Deus nada mais é que o paraíso antecipado. É hora de voltarmos a viver os valores humanos e cristãos para que a felicidade seja nossa rotina.

A Conversão É o Caminho Para Chegar à Felicidade

As cidades à beira do lago de Tiberíades: Corozaim/Corazim, Betsaida e Cafarnaum, tiveram mais ocasiões de ouvir Jesus e de presenciar os milagres operados por ele. Os milagres de Jesus são sinais que anunciam a chegada do Reino de Deus.  Os milagres são a assinatura de Deus sobre Sua existência. E a resposta do ser humano deve ser a conversão e a fé. No entanto, ninguém se converteu nessas três cidades. Continuavam a viver na injustiça e na arrogância.

A soberba humana construiu uma sociedade injusta que se resiste diante da mensagem libertadora de Deus. O soberbo ou o orgulhoso possui todos os vícios: egoísta, injusto, ingrato, imoral e fanfarrão. Como egoísta, ele sempre se coloca como centro de tudo. Como injusto, ele não quer reconhecer os direitos dos outros, somente seu próprio direito. Como ingrato, ele não permite compartilhar com os outros os seus merecimentos. Como imoral, ele não precisa respeitar moral alguma, mas ele impõe aos outros normas morais. Como fanfarrão, ele está sempre falando de si mesmo, atribuindo a si mesmo elogios por façanhas jamais realizadas. Santo Agostinho dizia: “A simulação de uma virtude é sacrilégio duplo: une à malícia a falsidade(In ps. 63,12). O soberbo ou o orgulhoso é prepotente, insolente e violento.

Jesus não agüentou mais a dureza do coração dos habitantes das cidades citadas (Corozaim/Corazim, Betsaida e Cafarnaum), e por isso, pronunciou as maldiçoes. O que tem por trás dessas maldições é o convite de Jesus para a conversão. Converter-se significa deixar de praticar a injustiça e começar uma vida baseada na justiça; deixar de se vestir de orgulho para viver na humildade e simplicidade. A verdadeira conversão deve mudar a qualidade das relações humanas. Não pratiquemos a justiça para que sejamos perfeitos, mas para que nosso irmão, nosso próximo não seja tratado injustamente. Não procuremos protestar contra as injustiças sociais, se ignorarmos nossas injustiças pessoais.

Às vezes a Palavra de Jesus é ameaçadora, porque a vida humana não é um “jogo”; é algo muito sério onde há lugar para o juízo de Deus: nossa vida cotidiana é uma correspondência a Deus ou é uma recusa a Deus. Em todo momento nossos atos são uma escolha pró ou contra Deus. Infelizmente nem sempre pensamos nisso. Em todo momento Deus quer algo de nós. E em todo momento podemos saber qual é a vontade de Deus sobre nós. Quando pensarmos realmente em Deus em todo momento, e não só em algum momento de nossa vida, poderemos viver com Ele em correspondência à Sua vontade e saberemos ser irmãos dos outros.

As maldições pronunciadas por Jesus no evangelho de hoje são as terríveis advertências para os que se gloriam de ser cristãos, mas não vivem os ensinamentos de Jesus. Basta substituir o nome das cidades amaldiçoadas por seu nome e ouvir estas palavras atentamente, creio que, logo você dá a vontade de fazer o sinal da cruz e se benzer. E você diria: “Deus me livre!”.

As ameaças pronunciadas por Jesus as três cidades devem ser escutadas hoje por todos nós. As riquezas espirituais, de nenhum modo constitui uma segurança para nós. Quanto mais abundantes são as graças recebidas, tanto mais há que fazê-las frutificar.

Hoje temos que avaliar nossa atitude diante do Reino de Deus. Também fomos eleitos pela graça de Deus. Não temos mérito algum para ser escolhidos. Porém temos que responder a este chamado de Deus com altura e com responsabilidade. É uma exigência e temos que cumpri-la. Não percamos o tempo nem as oportunidades que nos oferece a vida para que a soberania de Deus se torne uma realidade nos corações das pessoas. Quanto mais abundantes são as graças recebidas, tanto mais há que fazê-las frutificar. Não basta estender a mão para receber os dons de Deus. É necessário esforçar-se por viver conforme os dons recebidos para não nos tornarmos um terreno estéril neste mundo.

Em nossa vida Deus continua fazendo milagres e continua falando em nosso coração, mas às vezes nossa resposta é a indiferença e continuamos com o coração endurecido como as pessoas de Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Pode ser que Jesus no juízo final nos recuse porque nosso coração esteve sempre endurecido por nosso egoísmo e por nossa falta de amor (cf. Mt 7,21-23). Pior ainda, cremos que já temos solução, nos cremos salvos e convertidos definitivamente. A conversão é uma carreira inacabada. É um trabalho silencioso de cada dia.

Precisamos estar conscientes de que é bem verdade que os defeitos dos outros são os nossos enxergados nos outros. Por isso, não julguemos que a conversão seja somente para os grandes pecadores. A conversão é para todos, pois o “homem velho” dentro de nós sempre se opõe permanentemente ao “homem novo” libertado por Cristo. Nunca somos convertidos definitivamente, pois o amor cristão é para ser vivido diariamente. Que quiser amar continuamente, deve se converter diariamente, pois o egoísmo, a soberba, a agressividade, a violência, a hipocrisia, a luxuria etc. não estão mortos, mas apenas estão adormecidos. Estejamos vigilantes. Seria muito perigoso não se converter diariamente, pois o pecado pode fazer seu ninho dentro de nosso coração. Santo Agostinho dizia: “Quem não reconhecer seus pecados ata-os às costas como uma mochila e põe em evidência os pecados dos outros. Não por diligência, mas por inveja. Acusando o próximo, procura esquecer a si mesmo” (In ps. 100,3).

O Reino de Deus certamente começa em nós pela nossa conversão aos valores do Reino de Deus tais como à verdade, à veracidade, à honestidade, à justiça, à paz, à fraternidade, ao respeito pela vida e dignidade dos outros e assim por diante. No coração de cada cristão deve germinar a semente dos valores do Reino de Deus, porque do coração humano brota tudo o que é bom e mau que vemos no mundo. Temos que lutar contra a armadilha do velho egoísmo que quer perpetuar o desamor e a falta de respeito pela dignidade dos outros. Viver em estado permanente de conversão é a lei de crescimento.

P. Vitus Gustama,svd

sábado, 27 de setembro de 2025

Santos Anjos Da Guarda, 02 de Outubro de 2025

SANTOS ANJOS DA GUARDA

Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa me ilumina. Amém

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Primeira Leitura: Êx 23,20-23

Assim diz o Senhor: 20“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. 22Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. 23O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei”.

Evangelho: Mt 18,1-5.10

Naquela hora, 1os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos céus?” 2Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos céus. 4Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus. 5E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.

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Quem São Os Anjos?

Santo Agostinho respondeu: “Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espirito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espirito por aquilo que é, enquanto é anjo por aquilo que faz”. “Por isso todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam ‘constantemente a face de meu Pai que está nos céus’ [Mt 18,10], são ‘poderosos executores da sua Palavra, obedientes ao som da sua Palavra’ [Sl 103,20). Enquantu criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e de vontade: são criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória”(Novo Catecismo Da Igreja Católica, 330).

O nome dos anjos (hebraico, mal´ak, grego, angelos) não designa natureza, mas função; significa mensageiro. Os anjos são “espíritos destinados a servir, enviados em missão para o bem daqueles que devem herdar a salvação” (Hb 1,14). Inatingíveis para a nossa percepção, constituem um mundo misterioso.

No AT pode-se observar como Deus se serve de seus anjos para proteger os homens da ação do demônio, para ajudar o justo ou para libertá-lo do perigo, como quando o profeta Elias foi alimentado por um anjo do Senhor (1Rs 19,5).

No NT também podem-se observar muitos sucessos e exemplos por causa da ajuda dos anjos. Por exemplo, o anjo fala para são José para fugir ao Egito, a libertação de Pedro da prisão, os anjos que servem Jesus depois das tentações no deserto.

Por isso, o Novo Catecismo da Igreja Católica afirma: “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição(Novo Catecismo Da Igreja Católica, 328).

Quem São Os Anjos Da Guarda, Especificamente?

Deus designou a cada homem um anjo para protegê-lo e facilitar-lhe o caminho da salvação enquanto estiver neste mundo. A este respeito são Jerônimo afirma: “Grande é a dignidade das almas quando cada uma delas, desde o momento de nascer, tem um anjo destinado para sua custódia”. Isto quer dizer que qualquer um dos homens é grande, pois Deus coloca um anjo para cada um. Isto reflete a bondade de Deus em cuidar de cada um de nós.

A missão dos anjos da guarda é acompanhar cada homem no caminho pela vida, cuidar dele na terra dos perigos da alma e do corpo, protegê-lo do mal e guia-lo no difícil caminho para chegar ao céu. Pode-se dizer que o anjo da guarda é um companheiro de viagem que sempre está ao lado de cada homem, nas boas e nas más situações da vida e não se separa dele nem um só momento. O anjo da guarda está com cada homem enquanto trabalha, descansa, se diverte, reza quando pede ajuda ou quando nada pede. O anjo da guarda nem sequer se separa do homem mesmo quando ele pede a graça de Deus pelo pecado. E ele prestará auxílio para enfrentar as dificuldades da vida diária e as tentações que se apresentam na vida.

Por que se fala, especificamente de uns anjos que nos acompanham pessoalmente, que nos protegem na caminhada cotidiana? Poderíamos responder, em primeiro lugar, que trata-se de símbolos para falar do amor providente de Deus que cuida de sua criatura para que esta chegue à sua plena realização quando houver colaboração da própria criatura ou das circunstâncias na quais se encontra. Era normal expressar, através de recursos literários provenientes de um contexto, as realidades misteriosas usando uma linguagem figurativa.

Em segundo lugar, os anjos são um reflexo misterioso do rosto de Deus e de sua bondade em nossa realidade. De fato, quando alguém nos trata bem, nos ajuda sem reservas etc. logo lhe dizemos: “Você é um anjo!”. Isto significa que a bondade de Deus se reflete naqueles que fazem o bem, chamados de mensageiros de Deus ou anjos de Deus no nosso dia a dia.

Em terceiro lugar, Os anjos da guarda nos revelam a presença transcendente de Deus em cada pessoa, especialmente nos mais pobres. O maior no Reino de Deus é a criança e que se faz pequeno como criança, porque representa em forma paradigmática o despojamento de todo poder. O despojamento da soberba e da prepotência do poder é a condição para entrar no Reino de Deus. Alguém entra nele, quando descobre o poder de Deus: o poder de seu amor, o poder de sua Palavra e o poder de seu Espírito. Reino de Deus é Poder de amor de Deus. Esta presença de Deus nos mais pobres, que são os maiores no Reino, é o que dá aos pobres essa transcendência.

Cada pessoa, cada família, cada comunidade, cada povo, tem seu próprio anjo da guarda. O Livro de Êxodo nos mostra o Povo de Deus conduzido diretamente pelo anjo de Deus. O povo deve comportar-se bem na sua presença, escutar sua voz e não ficar rebelde. No anjo está o Nome de Deus. O Nome é o que Deus é. O anjo é essa presença de Deus no Povo de Deus.

Também cada um de nós deve descobrir nosso próprio anjo da guarda, sentir sua presença e escutar sua voz. Devemos viver conforme a esta presença transcendente em nós e refleti-la continuamente em nosso rosto. Para isso, é preciso ler, meditar e colocar em prática a Palavra de Deus. Estar em sintonia com a Palavra de Deus nos faz sensíveis para a presença de Deus na nossa vida cotidiana e nos torna conscientes de nossa tarefa como mensageiros de Deus na convivência com os demais.

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O capítulo 18 do evangelho de Mateus, de onde foi tirado o texto do evangelho deste dia, é o quarto dos cinco grandes discursos de Jesus neste evangelho. E este quarto discurso é conhecido como “discurso eclesiológico” (discurso sobre a Igreja) ou “discurso comunitário” onde se acentua a vida na fraternidade, isto é, cada membro da comunidade é considerado como irmão. Este capítulo (Mt 18,1-35) foi escrito para responder aos problemas internos das comunidades cristãs: Quem é o primeiro na comunidade? O que fazer se acontecem escândalos? E se um cristão se perde ou se afasta da comunidade, o que fazer? Como corrigir um irmão que erra? Quando é que uma oração pode ser chamada de comunitária e partilhada? E quantas vezes se deve perdoar?

Na comunidade de Mt (como também em qualquer comunidade cristã) cresce a ambição e se cultivam sonhos de grandeza dos membros que se acham mais importantes do resto. Há pouca consideração para com os pequenos, até são desconsiderados ou desprezados. Estes pequenos correm risco de se tornarem incrédulos e de afastar-se da atividade comunitária. Na comunidade de Mt suscitam também pecadores notórios, inclusive as ofensas e os ressentimentos que abalam a convivência fraterna.   

Nesse capítulo, são dadas diversas orientações e algumas normas que têm por objetivo desenvolver o amor e favorecer a harmonia entre os membros da comunidade. Para isso, Mt coloca em ordem o material transmitido pela tradição para regular as relações internas da comunidade. Contra os sonhos de grandeza e de orgulho, Mt coloca a atitude de humildade que agrada a Deus e aos outros (18,1-4). Para os pequenos, os fracos na fé, é necessário ter uma acolhida cheia de caridade e de desvelo (18,6-7). O desprezo é inadmissível para uma boa convivência. Para enfatizar mais este tema, Mt fala dos anjos que sempre estão do lado dos pequenos (18,10). Se um dos membros da comunidade afastar-se ou desviar-se do caminho reto, em vez de condená-lo, a comunidade toda deve esforçar-se para que esse irmão volte para a comunidade, pois Deus não quer que nenhum deles se perca (18,12-14). E para o irmão pecador, a comunidade inteira deve usar todos os meios para recuperá-lo (18,15-20). E para as ofensas, deve haver perdão, pois uma comunidade só pode sobreviver se existe o perdão mútuo (18,21-35).

Ser Irmão e Fazer-se Pequeno

“Quem é o maior no Reino dos céus?”. “Quem é o maior diante de Deus?”. “Quem vale mais diante de Deus?”. Assim inicia o quarto discurso de Jesus sobre a vida comunitária baseada na fraternidade. A pergunta é feita pelos discípulos para Jesus. Maior aqui significa proeminente, superior aos outros por força de uma qualidade ou de um poder.

Atrás desta pergunta se esconde a ambição ou a mania de grandeza dos discípulos. É a ambição de grandeza que pode ser encontrada em qualquer comunidade cristã. É admirável a ambição de alguém que deseja redimir sua humilde condição, valorizando todas as suas capacidades de inteligência e de luta, pois um dos sentidos lexicais da palavra ambição é anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão. A ambição só se transformará em vício quando a afirmação de si mesmo for exagerada e os meios adotados para atingir a glória forem desonestos. Uma pessoa de alma nobre não sai à procura das honras, e sim do bem. Ao contrário, o ambicioso se sente totalmente envolto pela espiral da glória que o transforma em vítima da própria tirania. O ambicioso, quando dominado pelo vício, não suporta competidores, nem admite rivais. Quem desejar ser a todo o custo o primeiro, dificilmente se preocupar com ser justo. “A soberba gera a divisão. A caridade, a comunhão” (Santo Agostinho. Serm. 46,18).

Como resposta para a pergunta dos seus discípulos Jesus faz um gesto muito simbólico: Ele chamou uma criança e a colocou no meio dos discípulos. Ao ser colocada no meio de todos, a criança chamada se torna um centro de atenção de todos. Imaginamos que todos os olhares são dirigidos a essa criança e os ouvidos prontos para ouvir a palavra sábia do Mestre Jesus. “Em verdade vos digo, se não vos con­ver­terdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe”, disse Jesus aos discípulos (Mt 18,3-5). Ser criança: frescor, beleza, inocência, não se basta a si mesma!

Esta é a primeira regra da vida comunitária: cuidar dos pequenos e tratá-los como irmãos. E fazer-se pequeno. Fazer-se pequeno, como exigência para viver a vida comunitária, significa renunciar a toda ambição pessoal e a todo desejo de colocar-se acima dos demais para estar em destaque e para oprimir os demais. Fazer-se pequeno é uma forma de “renegar-se a si mesmo” para colocar a vontade de Deus acima de tudo. A grandeza do Reino consiste no serviço humilde e gratuito ao próximo, na solidariedade para com os necessitados, na partilha do que se tem para com os carentes do básico para viver dignamente como ser humano e no esforço para construir uma convivência mais fraterna. Trata-se de viver a espiritualidade familiar onde cada membro se preocupa com o outro membro e sua salvação. Vivendo desta maneira estaremos testemunhando para o mundo que estamos no Reino de Deus já neste mundo.

P. Vitus Gustama,svd

01/10/2025- Quartaf Da XXVI Semana Comum- Ano Ímpar

SEGUIR A JESUS INCONDICIONALMENTE PARA ALCANÇAR A LIBERDADE

Quarta-Feira Da XXVI Semana Comum

Primeira Leitura: Ne 2,1-8

1 Era o mês de Nisã, no vigésimo ano do rei Artaxerxes. Como o vinho estivesse diante do rei, eu peguei no vinho e ofereci-o ao rei. Como em sua presença eu nunca podia estar triste, 2 o rei disse-me: “Por que estás com a fisionomia triste? Não estás doente. Isso só pode ser tristeza do coração”. Fiquei muito apreensivo e disse ao rei: 3 “Que o rei viva para sempre! Como o meu rosto poderia não estar triste, quando está em ruínas a cidade onde estão os túmulos de meus pais e suas portas foram consumidas pelo fogo?” 4 E o rei disse-me: “Que desejas?” Então, fazendo uma oração ao Deus do céu,5 eu disse ao rei: “Se for do agrado do rei e se o teu servo achar graça diante de ti, deixa-me ir para a Judeia, à cidade onde se encontram os túmulos de meus pais, a fim de que possa reconstruí-la”. 6 O rei, junto de quem a rainha se sentara, perguntou-me: “Quanto tempo vai durar a tua viagem e quando estarás de volta?” Eu indiquei-lhe a data do regresso e ele autorizou-me a partir. 7 Eu disse ainda ao rei: “Se parecer bem ao rei, sejam-me dadas cartas para os governadores de além do rio, para que me deixem passar, até que chegue à Judeia. 8 E também outra carta para Asaf, guarda da floresta do rei, para que me forneça madeira de construção para as portas da cidadela do templo, para as muralhas da cidade, e para a casa em que vou morar”. E o rei concedeu-me tudo, pois a bondosa mão de Deus me protegia.

Evangelho: Lc 9,57-62

Naquele tempo, 57 enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. 58 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59 Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixe-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60 Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61 Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62 Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.

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Eu Preciso Ajudar Minha Comunidade a Partir Do Meu Carisma

Se for do agrado do rei e se o teu servo achar graça diante de ti, deixa-me ir para a Judeia, à cidade onde se encontram os túmulos de meus pais, a fim de que possa reconstruí-la”. É o pedido de Neemias ao rei Artaxerxes.

Hoje e amanhã o texto da Primeira Leitura será tirado do livro de Neemias. Este judeu (Neemias) ficou na Babilônia quando as primeiras caravanas começaram a voltar para Jerusalém por decreto do rei Ciro. Neemias chegou a ocupar um cargo bastante importante na corte dos reis persas: era chefe dos copeiros. Este cargo nos recorda a história de José no Egito e também a de Ester na corte de Asuero.

Neemias ficou sabendo das notícias de Jerusalém que falam das dificuldades na reconstrução de Jerusalém postas pelos vizinhos, especialmente pelos samaritanos. Por ser solidários com seu povo, Neemias pede ao rei que lhe permita voltar a Jerusalém para ajudar seu povo na difícil tarefa. E o rei lhe dá facilidades, seguindo a linha de tolerância da disnastia persa.

É interessante observar que um leigo Neemias sente a preocupação em ajudar seu povo na sua reconstrução, não somente nos sentido matrual, mas também no social e religioso. Neemias é leigo, e Esdras é sacerdote. Mas os dois trabalham jjntos na grande obra da reconstrução do povo de Deus: o Templo de Jerusalém e o próprio povo. Os clérigos e os leigos puseram mãos à obra e reedificaram Sião em todos os sentidos. Eles se preocupam com a mesma causa: a reconstrução do povo e a reconstrução do Templo.

A mensagem desta leitura jamais perde sua atualidade. É preciso não somenter construir igrejas (prédios), mas também é urgente reconstruir a comunidade (povo) a partir da Palavra de Deus. A comunidade edificada sobre a Palavra de Deus é uma comunidade forte e resistente (cf. Mt 7,24-27). Para alcançar este objetivo é indispensável a colaboração de todos em geral e de cada um, particularente. A Igreja é um corpo em que cada membro deve desempenhar seu papel a partir de seu carisma para o funcionamento do corpo inteiro (cf. 1Cor 12,1-30; pode ler em seguida 1Cor 13,1-14,40). Se cada um ajudar a partir de seu carisma, não há dificuldade que não possa ser superada na Igreja/Comunidade. É preciso salvar os valores humanos e cristãos fundamentais para que as gerações futuras tenham uma comunidade melhor na fraternidade.

Disponibilidade, Radicalidade de entrega e Coerência No Seguimento De Cristo

O texto do evangelho lido neste dia se encontra no conjunto do texto que fala da ultima viagem de Jesus para Jerusalém, pois lá ele será crucificado e morto (Lc 9,51-19,28). Durante a viagem para Jerusalém Jesus vai dando suas ultimas lições para seus discípulos e para os cristãos de todos os tempos e lugares. Trata-se das Lições Do Caminho.

O texto começa com a seguinte frase: “Enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam...”. É o caminho do êxodo (Lc 9,31.51). é uma santa viagem (Sl 84,6) que tem como objetivo Jerusalem.

Em seguida, no texto do evangelho deste dia Jesus põe outras três exigências. O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se das preocupações materiais exageradamente: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material, pois tudo foi criado por Deus e por isso, Deus, como Criador de todas as coisas, se torna prioritário: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. As raposas são animais astuto, como as serpentes, e os pássaros são animais ingênuos, como as pombas (Mt 10,16). E o homem, em geral, coloca a sua segurança nos bens materiais necessários para viver e para viver bem. O homem religioso coloca a própria segurança em Deus. O homem aceita ser dependente de Deus e por isso, ele faz o “seu ninho” no céu como os pássaros (Sl 84,4). O homem religioso tem Deus como tesouro. “...mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. No início, nascido em uma estrebaria, não tendo para Jesus outro lugar, foi deitado no lenho da manjedoura. Ao terminar sua vida na Terra acabrá ser crucificado sobre o lenho da cruz, onde reclinará a cabeça (Jo 19,30). Jesus vive em absoluta pobreza (2Cor 8,9) contra todo o desejo da carne.

O segundo diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se dos deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância impedem uma resposta imediata e radical ao Reino: “Deixe-me primeiro ir enterrar meu pai”.  O pai é a primeira relação livre: representa o mundo dos afetos e dos deveres e da responsabilidade. Enterrar o pai é um dever de piedade filial (Ex 20,12; Lv 19,3). Mas colocado como prioritário é capaz de afastar o Reino. Queremos que Deus nos siga. Jesus como submisso a José e Maria, que angustiados O procuram, antepõe a eles a necessidade de ocupar-se das coisas do Pai (Lc 2,48s). Jesus disse: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. a realidade humana, mesmo a maior, não é absoluta. não se pode colocar a criatura antes do Criador. Muitas vezes puxamos Deus para a nossa vontade e, na prática, rejeitamos a obediência a Ele.

O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se de tudo para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Em outras palavras, seguir a Jesus exige disponibilidade, radicalidade de entrega e coerência: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”.  Quem quiser seguir a Jesus, não pode deter-se a pensar nas vantagens ou desvantagens materiais que isso lhe traz, nem nos interesses que deixou para trás, nem nas pessoas a quem tem de dizer adeus. Muitas vezes a exigência do “ter” não serve mais para encobrir e dissimular a pobreza do “ser”. O que se deve viver é ser pobre no espírito e não ser pobre do espírito. A pobreza no espírito tem o amor como ponto de partida e como ponto de chagada. Por isso, pode-se dizer que a pobreza no espírito é mais do que uma renúncia, é uma conquista.

Muitas das vezes temos tentação de estar dispostos a seguir a Jesus apenas durante umas horas de nossa vida, ou em uns aspectos de nossa vida. Muitas das vezes temos tentação de colocar condições a Jesus para segui-Lo, apresentando supostamente boas desculpas, como narra o evangelho de hoje: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai” ou “Deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”.  O que dizemos parece sensato, mas na verdade é um modo de não aceitar a radicalidade da exigência que nos arrancaria de nossa mediocridade. Não se pode perder o tempo em enterrar tantos mortos que estão dentro de nós mesmos e que nos aprisionam sutilmente: valores mundanos, práticas religiosas sem compromisso e assim por diante. Tudo isto tem que morrer em nós para que possa surgir o espírito de liberdade e de vida nova. Jesus não anula o que tem de bom e de verdadeiro no nosso passado ou do nosso passado, mas nos exige que aprendamos a olhar a vida a partir de um critério absoluto.

Segue-me” é o convite de Jesus hoje para cada um de nós. Vamos nos fazendo cristãos na medida em que nos atrevermos a seguir a Jesus. Vamos nos abrindo ao Espírito de Jesus para viver como ele viveu e passar por onde ele passou.  O cristão não é somente aquele que evita o mal e sim aquele que luta contra o mal e a injustiça como fez Jesus. O cristão não é somente aquele que faz o bem e sim aquele que luta por um mundo melhor adotando a postura de Jesus e tomando suas mesmas opções. “Segue-me” é o convite de Jesus para caminhar, para avançar e não para ficar parado e paralisado. Pessoas que tem coragem de caminhar são pessoas que fazem a diferença. “Pessoas que fazem diferença não desistem antes de começar, não dão moradia ao desânimo. Pessoas que fazem a diferença sabem que os problemas são relativos, transformam fracassos em aprendizados. Pessoas que fazem a diferença não se deixam amedrontar, alimentam sonhos possíveis. Pessoas que fazem a diferença começam cada dia com convicção, confiam que a vitória é dos persistentes no amor(Canísio Mayer). “Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis”, dizia Sêneca.

P. Vitus Gustama,svd

30/09/2025- Terçaf Da XXVI Da Semana Comum- Ano Ímpar

CAMINHAR COM JESUS PARA A GLÓRIA ETERNA

Terça-Feira da XXVI Semana Comum

Primeira Leitura: Zc 8,20-23

20 Isto diz o Senhor dos exércitos: Virão ainda povos e habitantes de cidades grandes, 21 dizendo os habitantes de uma para os de outra cidade: ‘Vamos orar na presença do Senhor, vamos visitar o Senhor dos exércitos; eu irei também’. 22 Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor. 23 Isto diz o Senhor dos exércitos: Naqueles dias, dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá, dizendo: ‘Nós iremos convosco; porque ouvimos dizer que Deus está convosco’. 

Evangelho: Lc 9, 51-56

51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53 Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55 Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.

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O Deus Salvador Da Humanidade Nos Chama A Salvar a Humanidade

Virão ainda povos e habitantes de cidades grandes... Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor... dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá” é a profecia do profeta Zacarias que lemos na Primeira Leitura.

Esta profecia nos afirma o caráter universal da salvação no plano de Deus. “Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor”. Ou seja, todos reconhecerão que a Palavra Salvadora, a Verdade plena está em Jerusalém. “Dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá”. Ou seja, pediriam insistentemente que o homem de Judá lhes diga se vai a Jerusalém e que lhe admita no grupo dos que rendem culto ao seu Deus.

Nós escutamos estas palavras e damos conta de que não se trata de Jerusalém em seu sentido geográfico. Os planos de Deus são “católicos”, universais. E este planos se realizam plenamente em Jesus, pois Ele é o Salvador do mundo e quer eunir todos numa fraternidade universal, pois o Deus que ele revelou é o Pai de todos. Esta é a nova Jerusalém.

A nova Jerusalém é a Igreja de Jesus. Jesus é o Deus-Conosco, o Emanuel (Mt 1,23; 18,20; 28,20). Se todos iam a Jerusalém a fim de consultar a Palavra de Deus, agora Jesus é a Palavra vivente de Deus que faz sua tenda no meio de nós (Cf. Jo 1,1-3.14).

Se temos uma convicção firme de que o Deus em Quem acreditamos é o Deus-Conosco, será que nós, que formamos a Igreja de Jesus, somos um sinal lúcido da presença de Deus para atrair os outros a ouvir a Palavra proclamada e vivida por nós? Nós que atuamos na Igreja atraem os que se encontram fora da Igreja para unir as forças para o bem comum? Será que lutamos pelo bem comum, para salvar “as almas” ou lutamos para nossas próprias vantagens egositas?

Se Jesus Cristo é o Salvador universal, da humanidade toda, logo todos os cristãos devem ser missionários do bem para toda a humanidade. Cada cristão/cristã deve ser irmão/irmã da humanidade, parceiro/parceira do bem. A busca de Deus da parte da humanidade nunca termina. Diante desta busca o cristão que está com o Deus-Conosco deve ser uma resposta.

Com o texto do evangelho de hoje Jesus começa seu caminho (êxodo) para Jerusalém. Durante o caminho para Jerusalém Jesus vai dando suas lições importantes para seus discípulos (Lc 9,51-19,28).

Quem Quer Chegar à Glória De Deus Deve Superar Todos Os Sentimentos Destrutivos

O texto do evangelho começa com a seguinte frase: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém...”. Com o texto de hoje Jesus começa a dar lições para seus discípulos durante a viagem para Jwrusalém. Tratam-se das Lições do Caminho (Lc 9,51-19,28). Jesus está saindo da Galileia indo para Jerusalém. Em Jerusalém Jesus será morto e de Jerusalém sairá o novo movimento de evangelização para o mundo inteiro (cf. Lc 24,47-48; At 1,8) que chegou até nós hoje. Jerusalém é o objetivo da vida de Jesus.

Todos os três evangelhos (Mt, Mc e Lucas) falam desta viagem. Mas somente Lucas usa esta viagem de Jesus com o motivo catequético básico, de que a vida de Jesus foi também um longo caminhar para uma meta: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. O “caminhar” de Jesus é um êxodo permanente até chegar à glória. Ele luta até chegar à meta: até à glória.

Durante esse caminho Jesus vai instruindo a comunidade de discípulos de acordo com o próprio caminhar de Jesus. Os discípulos de todos os tempos encontram, então aqui, a regra perene de sua atuação cristã. Neste texto encontramos maneira sobre como os cristãos devem se comportar e viver como seguidores de Cristo. Trata-se de uma “caminhada” interior, isto é, a caminhada que parte do que somos até o esvaziamento completo de nós e até a vivência na plenitude da vontade de Deus que é a salvação ou glorificação de nossa vida em Deus.

O fundo do relato do texto do Evangelho lido neste dia é a inimizade e o ódio entre samaritanos e judeus que originalmente é de tipo racial, e depois de tipo político e religioso. O caminho habitual da Galiléia para Jerusalém passa por Samaria. Um grupo galileu de discípulos vai adiante para preparar a hospedagem para Jesus em Samaria. Mas os samaritanos não aceitam a presença de Jesus em Samaria, pois ele está a caminho para Jerusalém. Os samaritanos interpretam o caminho para o Templo de Jerusalém como infra-valorização do templo Garizim construído sobre um monte onde os samaritanos fazem suas atividades religiosas e não em Jerusalém (em 129 a. C João Hircano o destruiu).

Por essa recusa os discípulos disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”. Esta frase nos lembra do episódio entre o profeta Elias, defensor do monoteísmo, contra os mensageiros do rei Ocozias que consultava outros deuses sobre como curar suas feridas. Por isso o profeta Elias pediu o fogo do céu e o fogo caiu sobre esses mensageiros e morreram todos (cf. 2Rs 1,1-18). A atitude de Tiago e de João põe em evidência de que os Apóstolos não entenderam plenamente Jesus. Eles, por sua intolerância, não encontraram outro caminho para tratar aos outros, especialmente aos samaritanos sem o caminho da violência. Jesus repreende energicamente os dois apóstolos.

Diante da proposta dos discípulos Jesus enfatiza que qualquer discípulo, qualquer cristão não pode se mover por sentimentos de vingança, de violência, de ódio, de desafronta, de intolerância ou de intransigência. Quem é tolerante não vê a diferença e a alteridade como ameaça, e sim como estímulo para se aproximar e aprender do outro numa atitude de diálogo.

A atitude de Tiago e João continua presente em muitas religiões ou crenças do mundo. Por todos os meios os seres humanos, ao longo da história, buscaram a forma de acabar com os que pensam, atuam ou vivem de forma diferente. Como cristãos temos que respeitar os demais e fazer possível a paz entre as religiões e crenças. Para isso, primeiramente, deve haver diálogo entre as religiões. Mas antes disso, deve haver um intra-diálogo em cada religião, em vez de radicalismo.

O radicalismo de nossas atitudes, muitas vezes, é uma expressão de nossa pouca bondade. Com esta pouca bondade tomamos atitudes que violentam a história de Deus com os homens. A violência sempre gera um processo desumanizador que perverte radicalmente as relações entre os homens, introduz na história novas injustiças e impede o caminho para a reconciliação.

O fogo que Cristo traz do céu não é aquele que queima e elimina as pessoas, e sim aquele que ilumina e purifica o mundo de suas impurezas. É o fogo do Espírito Santo. É o fogo de amor. O único fogo que nós cristão podemos usar é o fogo de amar aos demais até o fim como fez Jesus. Jesus nos libertou para sermos livres, como diz São Paulo (Gl 5,1). Liberdade em Cristo é para amar mais e melhor. Amar a Deus e ao irmão é condição para ser livre. A liberdade daquele que ama a Deus e ao irmão é a identificação total com a vontade de Deus, com o bem e com a verdade.

Por isso, o caminho que Jesus propõe para quem quiser segui-lo não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica. Implica uma adoção do espírito de Jesus que é o espírito de amor. Seguir Jesus não é uma viagem fácil; pode se converter em uma viagem sem retorno.

Para Refletir

No dia 30 celebramos a memória de São Jerônimo. Reflitamos sobre alguns frases deste santo:

·      Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder e a sabedoria de Deus. Portanto ignorar as Escrituras Sagradas é ignorar a Cristo.

·      Quando rezamos, falamos com Deus,
quando lemos a Bíblia é Deus que nos fala.

·      Jesus é ciumento: ele não quer nossas afeições colocadas em outras coisas, mas nele só.

·      Nós honramos os santos para adorar aquele de quem somos testemunhas; honramos os servos porque a honra deles recai sobre o Senhor.

·      Quanto mais forem importunas e perseverantes nossas orações, tanto mais serão agradáveis a Deus.

·      Trabalha em algo, para que o diabo te encontre sempre ocupado.

P. Vitus Gustama,svd

16/12/2025- Terçaf Da III Semana Do Advento

O DIZER E O FAZER DO CRISTÃO DEVEM ESTAR EM SINTONIA Terça-feira da III Semana do Advento   Primeira Leitura: Sf 3,1-2.9-13 Ass...