terça-feira, 16 de agosto de 2011

BONDADE DE DEUS E MINHA MESQUINHEZ
Quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Texto de leitura: Mt 20,1-16

O evangelho lido neste dia nos convida a colocarmo-nos diante da bondade e da generosidade sem fim de Deus para percebermos e reconhecermos melhor nossa mesquinhez que, muitas vezes, se expressa em forma de inveja, de ciúme, de ódio etc. Conhecer Deus ou estar na presença de Deus é uma necessidade vital, porque só através disto é que podemos compreender melhor nós mesmos, inclusive nossas misérias, ingratidões, invejas, etc. Diante da bondade e da generosidade sem limite de Deus deveríamos ficar envergonhados, porque muitas vezes, damos espaço, facilmente, à vanglória ou à vaidade por termos feito algo de bom pelos nossos semelhantes na comunidade. Estamos neste mundo com o objetivo único: fazer o bem.
         
A parábola do Evangelho de hoje justamente apresenta um Deus que age de forma muito diferente, contrária a qualquer lógica dos homens. Em sua intenção original esta parábola é escrita para responder às críticas dos fariseus porque eles não aceitam que Jesus se misture com os pecadores, com os publicanos e marginalizados.
         
Jesus quer nos mostrar que o Seu Deus é Aquele que dá espaço para todos em seu Reino. A igualdade se sublinha ou se destaca aqui a igualdade. E Deus não pode ser feliz, se o mais humilde dos homens não é feliz, pois todos são filhos e filhas de Deus. Por isso, Ele nunca se cansa de sair ao encontro do homem para salvá-lo.

Por isso, o Deus de Jesus Cristo, o Deus de bondade e de generosidade, vive surpreendendo as pessoas. Os que querem apropriar-se da generosidade de Deus acabam perdendo tudo. Em nossa vida cristã somos convidados a deixar sempre lugar para a surpresa da generosidade de Deus, de nossa generosidade e a do semelhante nosso. Ser generoso é ser livre de si, de seu pequeno eu, de suas pequenas covardias, de suas pequenas posses. A generosidade nos eleva em direção aos outros.
         
Outro aspecto que a parábola quer destacar é a inveja dos homens, manifestada nos operários das primeiras horas. Eles argumentam contra o dono da vinha porque suportaram o peso do trabalho durante o dia inteiro sob o calor do sol, por isso não julgavam justo serem igualados aos trabalhadores da última hora. O dono não se considera injusto, pois ele paga o salário combinado. A bondade do dono da vinha é ainda mais acentuada na pergunta final aos murmuradores: “...ou teu olho é mau porque eu sou bom?” (v.15b). A palavra “mau” (poneros, em grego) é termo que Mateus usa para a inveja provocada por coisas materiais. O vocábulo representa dinheiro e posição que atraem o olho da pessoa. O olho mau indica a falta de amor dos trabalhadores murmuradores da primeira hora que se deixavam levar pela inveja diante do bem que os seus companheiros experimentavam. Eles não souberam participar da alegria do bem experimentado.
         
Sabemos que o invejoso tem sempre os olhos fixos nos outros, sofrendo amargamente com a satisfação que neles tem, tendo sentimentos de aversão quando percebe que estão bem. Podemos dizer que a inveja é filha de uma soberba. O invejoso não tolera os sucessos dos outros, não admite que os outros possuam qualidades iguais ou superiores às suas. Ele sempre teme ser superado pelos outros. Ele sofre quando percebe que seu rival possui uma cota maior do que a sua.
        
 Será difícil encontrar uma alma tão generosa que não sinta um pequeno mal-estar com a boa sorte alheia. Mas precisamos reconhecer que magnânimo não é o que jamais sente inveja, mas o que imediatamente a supera. A nossa maior satisfação não provém de sermos considerados mais ou melhores do que os outros, mas da consciência de termos realizado todo o bem que nos era ou é possível. Quem deseja só seu bem-estar pessoal é egoísta e as coisas não poderão ir bem com ele.
         
No Reino de Deus o importante é a misericórdia de Deus, pois, para Deus na há privilégios baseados no prestigio, na quantidade de trabalho ou em qualquer outra vantagem. Deus é quem nos chama gratuitamente e nossa resposta deve ser igualmente gratuita. O importante é que Deus nos chama e que podemos participar na obra de Deus de salvar todos. O evangelho lido e meditado neste dia é uma advertência para todos os cristãos. Os seguidores de Cristo não se podem fixar em direitos de propriedade no Reino de Deus. Os “últimos” podem tornar-se “primeiros” do mesmo modo que os “primeiros podem tornar-se “últimos”. Eles serão passados para trás, se não souberem reconhecer a bondade gratuita de Deus, se não souberem alegrar-se de todo o coração com o pequenino que Deus chama a seu Reino, se não souberem viver o amor em comunidade.

Pensamos que ao desempenhar um ministério ou serviço na comunidade somos proprietários dele. Às vezes, também, excluímos os outros porque consideramos que não estão preparados ou porque cremos que chegaram tarde à comunidade. O evangelho nos pede uma mudança de mentalidade. Todos têm direito a participar na obra do Reino. E este direito não nasce de nossa generosidade e sim é algo que o próprio Deus nos deu. Se Deus chamou muitos para Sua obra, não podemos ser pessoas que fecham a porta. Devemos reconhecer a ação do Espírito Santo e permitir que na comunidade todos participem por igual.

Vitus Gustama, SVD

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