sexta-feira, 28 de abril de 2023

São Filipe e São Tiago, Apóstolos, 03 de Maio

SÃO FILIPE E SÃO TIAGO, APÓSTOLOS

03 de Maio

Primeira Leitura: 1Cor 15,1-8

1 Irmãos, quero lembrar-vos o evangelho que vos preguei e que rece­bestes, e no qual estais firmes. 2 Por ele sois salvos, se o estais guardando tal qual ele vos foi pregado por mim. De outro modo, teríeis abraçado a fé em vão. 3 Com efeito, transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; 4 que foi sepultado; que, ao terceiro dia, ressuscitou, segundo as Escrituras’; 5e que apareceu a Cefas e, depois, aos Doze. 6 Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma vez. Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. 7 Depois, apareceu a Tiago e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos. 8 Por último, apareceu também a mim, como a um abortivo.

Evangelho: Jo 14,6-14

Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6 “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. 7 Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”. 8 Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” 9 Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. 11 Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acre­ditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai, 13 e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei”.

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Celebramos hoje a festa dos Apóstolo Felipe e Tiago. A palavra “ápóstolo” deriva precisamente da palavra grega "apostéllein", que significa enviar. O envio apostólico como mostra o texto de Mt 28, 19s exige um serviço pastoral ("fazei discípulos de todas as nações..."), litúrgico ("baptizai-as...") e profético ("ensinando-lhes a cumprir tudo quanto vos tenho mandado"), garantido pela proximidade do Senhor até à consumação do tempo ("eis que Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo"). A Igreja se constituiu sobre a base dos apóstolos como comunidade de fé, de esperança e de caridade.

São Tiago, o Menor, chamado assim pela estatura e pela idade, é parente do Senhor segundo a carne (Mt 13,55). Ele faz parte das listas dos doze Apóstolos escolhidos pessoalmente por Jesus, e é sempre especificado como "filho de Alfeu" (cf. Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 5; Act 1, 13). Com frequência ele foi identificado com outro Tiago, chamado "o Menor" (cf. Mc 15, 40), filho de uma Maria (cf. ibid.) que poderia ser a "Maria de Cleofas" presente, segundo o Quarto Evangelho, aos pés da Cruz juntamente com a Mãe de Jesus (cf. Jo 19, 25). Também ele era originário de Nazaré e provavelmente parente de Jesus (cf. Mt 13, 55; Mc 6, 3), do qual à maneira semítica é considerado "irmão" (cf. Mc 6, 3; Gl 1, 19). 

Foi o líder da primeira comunidade de Jerusalém (At 12,17). No Concílio de Jerusalém, o primeiro Concílio da Igreja, Tiago propôs que os gentios não fossem sobrecarregados da Lei judaica para serem cristãos (At 15,13-23). A sua proposta foi aceita. O próprio São Paulo o denominou, juntamente com Pedro (Cefas) e João, “colunas da Igreja (Gl 2,9). Judeus e cristãos se inclinavam diante de Tiago pelo amor que tinha à ei e pela sua grande austeridade. Conforme uma tradição (testemunhada por Hegesipo e recolhida por Eusébio) os judeus e os cristãos em Jerusalém chamavam Tiago com o apelativo de “o justoporque levou uma vida sem mancha e austeridade. Tiago foi o primeiro apostolo a dar a vida pelo Reino de Deus. Foi martirizado no ano 62 d.C. 

A ele é atribuída a Carta de São Tiago dirigida às doze Tribos de diáspora (fora de Palestina). Nesta Carta São Tiago exorta a todos a terem a paciência nas provas e nas tentações pela qual conduz qualquer um à perfeição, a terem o amor fraterno sem acepção de pessoas. Ele instrui todos sobre a doutrina da e das obras: “A sem obras é morta”, diz São Tiago. Ele exorta a todos para que evitem os pecados da língua; ensina a discernir a verdadeira sabedoria da falsa sabedoria (da verdadeira humildade da falsa humildade). Nesta Carta a Igreja encontrou o fundamento do Sacramento da Unção dos Enfermos (na Quinta-Feira Santa o bispo abençoa o óleo para a unção dos enfermos) onde São Tiago escreveu: “Se um de vocês está enfermo, chame o presbítero da Igreja para ungi-lo em nome do Senhor; a oração da o salvará...” (Tg 5,14-15). E São Tiago terminou sua Carta com estas palavras: Meus irmãos, se alguém dentre vós se desviar da verdade e outro o reconduzir, saiba que aquele que reconduz o pecador desencaminhado salvará sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados(Tg 5,19). 

Filipe era natural de Betsaida de Galiléia, a cidade de André e Pedro, seus amigos (cf. Jo 1,44), uma pequena cidade pertencente à tetrarquia de um dos filhos de Herodes, o Grande, também ele chamado Filipe (cf.Lc3,1). Nas listas dos Doze, ele é sempre colocado no quinto lugar (assim em Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 6, 14; Act 1, 13), portanto substancialmente entre os primeiros. Apesar de Filipe ter origens hebraicas, o seu nome é grego, como o de André, e isto é um pequeno sinal de abertura cultural que não se deve subestimar. As notícias que temos sobre ele são-nos fornecidas pelo Evangelho de João. 

Segundo o evangelho de São João Jesus o chamou a ser seu discípulo com estas palavras: “Vem e segue-me”. Filipe respondeu esse convite com generosidade e admiração. Mas Filipe não ficou contente em ser discípulo de Jesus. Ele levou Natanael para se encontrar com Jesus. Ao se encontrar pessoalmente com Jesus, Natanael confessou sua em Jesus: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1,49). Filipe apareceu na multiplicação dos pães onde ele se mostrou pessimista em dar comida para uma grande multidão com pouco dinheiro que tinha, sem ter consciência de que ele estava com o Senhor dos milagres (Jo 6, 5-7). Diante dos seus olhos Filipe presenciou a multiplicação dos pães. Filipe apareceu também, em outra ocasião, como mediador daqueles prosélitos (recéns-convertidos) que se encontravam em Jerusalém com motivo da Páscoa e que queriam ver Jesus. Filipe e André se dirigiram ao Senhor para contar o desejo dos gregos em quererem ver o Senhor (Jo 12,20). A última intervenção de Filipe se encontra no evangelho deste dia (Jo 14,6-14). Para ele Jesus dirigiu estas palavras: “Quem me viu, viu o Pai”. Isto significa que conhecer Jesus, escutar suas palavras, viver seus mandamentos equivale a conhecer plenamente Deus, a contemplar seu rosto amoroso reflexo na bondade de Jesus Cristo, em sua misericórdia e amor para os pobres e simples. 

São três pontos dignos de menção aqui sobre Filipe. Primeiro, Filipe, assim como Pedro e André, é um bom exemplo daquelas pessoas que que “receberam” Jesus rápida e e entusiasticamente numa época em que a maioria dos “seus não O receberam” (Jo 1,11). Segundo, embora existam indicações de que ele era tímido e fraco na fé (Cf. Jo 14,8-11), imediatemente testemunhou de Jesus quando falou sobre Ele para Natanael. Esse tema do testemunho sobre Cristo que é um mandamento dirigido a todos os cristãos, é desenvolvido extensivamente no Evangelho de João (Cf. Por exemplo Jo 5,31-36). Terceiro, o conteúdo desse testemunho se torna evidente quando Filipe testemunhou não somente sobre um homem surpreendente e sim sobre o que estava escrito na Lei de Moisés a respeito de Jesus (Cf. Jo 1,45). 

Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”, disse Filipe a Jesus. “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai”, respondeu Jesus. O mistério de Deus somente pode entrar na mente humana através da fé: “Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acre­ditai, ao menos, por causa destas mesmas obras”. 

Para nós cristaos, seguidores de Cristo é incompreensível não termos fé em Deus. É realmente maravilhoso o constatar como as portas do mal não prevalecem contra a Igreja de Cristo (Cf. Mt 16,18). 

Se formos generosos ao chamamento do Senhor que nos sussurra: “Vem e segue-me”, seremos também, como Tiago e Filipe, instrumentos e reflexos do Senhor neste mundo para levar mais pessoas ao encontro do Senhor. Muitos continuam esperando palavras de esperança de cada um de nós. Esperar é crer que algo novo e melhor é possível através de cada um de nós e torcer para que aconteça. O Senhor não quer saber de nossas fraquezas nem de nossos limites. Os outros estão ai. Depende de você que se aproxime ou não para torná-los seus irmãos. 

Graças aos apóstolos chegou até nós a mensagem de Deus, a mensagem de salvação, a mensagem que nos garante que temos um futuro vitorioso com Deus. Por nossa vez, nós não devemos deixar morrer na nossa mão a semente da Palavra de Deus. Precisamos passar adiante todo bem que sabemos fazer e que devemos fazer. 

A festa dos santos apóstolos Filipe e Tiago, que hoje celebramos, dá-nos a oportunidade de meditarmos em nossa oração sobre o nosso conhecimento de Jesus Cristo. “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai”, o Senhor repreendeu Filipe. Não pretenderemos, no entanto, alcançar uma compreensão clara e muito profunda do mistério do Filho de Deus encarnado com base nessas considerações, pois é impossível para a inteligência humana ter uma visão completa de sua realidade divina e humana. Em vez disso, humildemente queremos invocar a Deus para que nos conceda um aumento na fé: que acreditemos muito firmemente, para que esta convicção se manifeste na vida cristã na medida de Jesus Cristo. A verdade de Jesus de Nazaré: Verbo eterno do Pai e homem perfeito, ao encarnar-se em Maria Santíssima, é o ideal para cada pessoa humana, homem ou mulher. Não somos ainda cristãos e sim, estamos cristãos. 

Jesus: Caminho, Verdade e Vida

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, disse Jesus no Evangelho deste dia. 

Para o Evangelho de João e para todos nós cristãos, o caminho não é mais a Lei como no AT, mas é uma Pessoa. Esta pessoa é Jesus Cristo. Jesus é o único Caminho, porque Sua vida e sua prática conduzem a humanidade ao encontro definitivo com Deus. Ele é o Caminho para o Pai porque na sua pessoa nos revela Deus, e no exemplo da sua vida e na luz da sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos de Deus e irmãos dos homens.          

Ele é a Verdade em virtude de nele residir plenamente a realidade divina e que realizou nele a plenitude da realidade humana. Com sua atividade em favor do homem (Jo 10,37s), que manifesta o amor de Deus, revela ao mesmo tempo a verdade sobre Deus e sobre o homem. A verdade é, por isso, a lealdade absoluta de Deus frente aos homens, de maneira que o homem pode confiar cegamente na sua palavra, na sua promessa, na sua lealdade. Jesus é a Verdade no meio da mentira do mundo, porque ele é a revelação exata do Pai.          

Eu sou a Vida. No evangelho de João este termo “Vida” tem um significado inesgotável.

·  Jesus, que recebe a plenitude do Espírito (Jo 1,32s), possui a plenitude da vida divina e dispõe dela, como o Pai (Jo 5,21.26;17,2).

·  A missão de Jesus é comunicar vida ao homem e vida em abundância (Jo 10,10), vida definitiva e indestrutível (Jo 10,28;17,2).

·  Por isso, Jesus é a Vida porque a possui em plenitude e pode comunicá-la para quem acredita nele. Ele é a Vida em plenitude e sem fim num mundo de morte e autodestruição, e, por isso, podemos entrar em comunhão com o Deus vivo através dele.        

A adesão a Jesus e à sua prática em favor da vida faz com que as pessoas se tornem filhas de Deus, formando só uma família com Jesus e o Pai. Para conhecer o Pai e para chegar até Ele faz-se necessário comprometer-se com a prática do Filho e viver de acoedo com seus ensinamentos

P. Vitus Gustama,svd

02/05/2023-Terçaf Da IV Semana Da Páscoa

SENHOR, DAÍ-NOS SEMPRE O PÃO DA VIDA PARA VIVERMOS NA VERDADE

Terça-Feira da III Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 7,51-8,1a

Naqueles dias, Estêvão disse ao povo, aos anciãos e aos doutores da lei: 51 “Homens de cabeça dura, insensíveis e incircuncisos de coração e ouvido! Vós sempre resististes ao Espírito Santo e como vossos pais agiram, assim fazeis vós! 52 A qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram aqueles que anunciavam a vinda do Justo, do qual, agora, vós vos tornastes traidores e assassinos. 53 Vós recebestes a Lei, por meio de anjos, e não a observastes!” 54 Ao ouvir essas palavras, eles ficaram enfurecidos e rangeram os dentes contra Estêvão. 55 Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para a céu e viu a glória de Deus e Jesus, de pé, à direita de Deus. 56 E disse: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”. 57 Mas eles, dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Estêvão; 58 arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem, chamado Saulo. 59 Enquanto o apedrejavam, Estêvão clamou dizendo: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. 60 Dobrando os joelhos, gritou com voz forte: “Senhor, não os condenes por este pecado”. E, ao dizer isto, morreu. 8,1ª Saulo era um dos que aprovavam a execução de Estêvão.

Evangelho: Jo 6, 30-35

Naquele tempo, a multidão perguntou a Jesus: 30 “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Que obras fazes? 31Nossos pais comeram o maná no deserto, como está na Escritura: ‘Pão do céu deu-lhes a comer’”. 32Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do céu. É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. 33Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”.  34Então pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. 35Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

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Somos Chamados a Ser Anunciadores Da Verdade a Exemplo de Estêvão e Os Profetas Antigos

Estêvão, o protagonista da leitura de ontem (do dia anterior), continua a sê-lo hoje, desta vez no seu testemunho final de martírio. Estevão não somente era um homem prático, hábil com a administração da Igreja e a obra social, mas também interessado na pregação do Evangelho aos outros. Sua mensagem era acompanhada de maravilhosas demonstrações do poder de Deus. através dele Deus operava “prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6,8). Isso dava à sua palavra uma notável credibilidade, mas ao mesmo tempo, suscitava oposição dos judeus conservadores, preocupads como o novo movimento cristão, e invejosos por causa da evidente popularidade de Estêvão e deu carisma. Determinados a atacar e a enfraquecer seu trabalho, os judeus começaram a fazer graves acusações contra Estêvão e alegar que blasfemava “contra Moisés e contra Deus” (At 6,11).

Diante de todo o Sinédrio, proferiu um longo discurso com firmeza, do qual só ouvimos o final aqui. O discurso de Estêvão diante do Sinédrio é uma memorável recapitulação da história judaica e uma defesa ousada da fé cristã diante de seus acusadores. É uma catequese altamente estruturada sobre a História da Salvação, partindo do AT, com seus grandes personagens Abraão, José, Moisés, Davi e Salomão, para chegar ao Messias esperado na plenitude da história. 

Homens de cabeça dura, insensíveis e incircuncisos de coração e ouvido! Vós sempre resististes ao Espírito Santo e como vossos pais agiram, assim fazeis vós”, disse Estevão num discurso mais longo do livro dos Atos dos Apóstolos (At 7,2-53). Essas frases contundentes, palavras duras de Estêvão, na verdade, nada mais são do que uma repetição do que Jesus disse e de todos os profetas (Êxodo 33,3; Jr 4,4). Jesus foi igualmente violento quando chamou seus ouvintes de "serpentes", uma "raça de víboras" e os acusou de "matar os profetas" (Mt 23,33). 

O tom com que Estevão usa no final do seu discurso, que citamos acima, nos leva ao tom dos antigos profetas. Estevão quer relembrar todos os homens em todos os tempos e lugares e em todas as religiões que toda vez que o homem ficar resistente à voz do Espirito de Deus, ele se tornará violento para o próximo e perseguidor dos justos e honestos. Onde Deus for expulso, entra a violência e a desordem. A infidelidade do homem aos valores universais como amor, fraternidade, solidariedade, justiça, honestidade, igualdade converte o homem em assassino e destruidor do seu próximo, especialmente dos inocentes. A religião nenhuma pode estar acima dos valores universais reconhecidos, valores que constroem a comunhão, a fraternidade, a compaixão, a solidariedade, valores que edificam todos os seres humanos como uma família em que um membro cuida do outro membro.

Nesse discurso, Estevão chama seus ouvintes judeus juntamente aos anciãos e doutores da Lei de “cabeça dura, insensíveis e incircuncisos de coração e ouvido”. As acusações de Estevão são tipicamente bíblicas. “Teimosos” traduz a expressão bíblica “duros de pescoço” (cf. Ex 33,3.5; 34,9; Dt 9,6.13; Ne 9,29). Pescoço duro não é flexível e incapaz de fazer movimentação para várias direções. Um teimoso é incapaz de ver outras possibilidades melhores. “Insensíveis” é na Bíblia “incircuncisos de ouvido e coração” (cf. Lv 46,41; Jr 6,10; Ez 44,7.9). A resistência ao Espirito Santo vem de Nm 27,14; Ne 9,30; Is 63,10. Paralelamente, nesse discurso de Estevão há uma continuidade entre os profetas, Jesus e agora Estevão. O passado ilumina Estevão para denunciar os que praticam a injustiça. Como qualquer profeta, Estevão se torna vítima da verdade anunciada. O assassino pode matar o anunciador da verdade, mas incapaz de enterrar a verdade. O homem pode tentar enterrar a verdade, o amor, a honestidade, a bondade, e assim por diante, mas eles não permanecem na terra, pois ressuscitam.

Estêvão é um homem fogoso, mas também ele é um homem de vida interior, contemplativo, um visionário que tira suas ideias, suas palavras, seus atos de seu oração contemplativa. Na sua oração contemplativa Estêvão disse: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”. Efetivamente, Jesus está vivo, ressuscitado e exaltado. E Estêvão vive com Ele, vive dele e vive como Ele (cf. Lc 23,34ª). É o tempo pascal para Estêvão, o tempo de passagem deste mundo para o mundo de Deus. Por isso, Estêvão, literalmente, repete as palavras de Jesus no Evangelho antes de sua morte: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito... (cf. Lc 23,46) Senhor, não os condenes por este pecado (cf. Lc 23,34ª)”. A morte de Estêvão é admirável. Como seu Mestre Jesus, Estêvão perdoa. É a vítima que ama seus carrascos e roga por eles como fez jesus. É assim que tenho que perdoar?

É admirável o exemplo de Estêvão, o jovem diácono. É em geral admirável a mudança da primeira comunidade cristã a partir da graça do Espirito em Pentecostes. Estêvão dá testemunho de Cristo Ressuscitado e Vitorioso. Celebramos sua festa no Natal, mas a leitura de hoje nos situa muito bem coerente no clima da Páscoa. 

O heroísmo e a coragem de Estêvão diante dos oponentes e sua atitude amorosa para com os inimigos, tudo isso faz dele um modelo digno de um discípulo fiel, e um nobre mártir. Somos chamados não somente a crer teoricamente na Ressurreição de Cristo, mas a viver essa mesma Páscoa, ou seja, a estar dispostos a experimentar em nós a perseguição e a imitar Cristo não somente nas coisas doces e serenas, mas também na entrega à morte e no perdão de nossos inimigos. É viver o duplo movimento da Páscoa que é morte e vida. As dificuldades vão chegar quando nossas palavras e nossas obras forem testemunhos da verdade que sempre incomoda alguém que não viver de acordo com a verdade. Estêvão é nosso espelho e nosso exemplo a ser seguido. 

Somos Chamados a Viver e Ir Além Do Pão Material 

Jesus acabou de realizar a multiplicação dos pães para saciar a multidão (Jo 6,1-15). As pessoas comeram um alimento perecível ou efêmero. Mas há outro alimento que serve para a vida eterna (Jo 6,26-27). A multidão buscou um realizador de “milagres”, mas a personalidade de Jesus é de outra ordem e por isso, Jesus se afastou da multidão que quis torná-lo rei. Jesus não caiu na armadilha do poder que mata a fraternidade e a igualdade. As obras que o povo realizou até esse momento não são as que vão merecê-lo a salvação. A única obra que conta é seguir Jesus Cristo (Jo 6,28-29) e viver seus ensinamentos. 

O “milagre” (= sinal) da multiplicação dos pães e dos peixes foi um acontecimento de tal profundidade que se constitui para o evangelista João num verdadeiro exemplo de uma leitura simbólica. Jesus convida a multidão a ir além do sinal da multiplicação dos pães e dos peixes para descobrir seu verdadeiro significado.

No Evangelho de hoje, as pessoas simples pedem a Jesus “sinais”: “Que sinais tu realizas para que possamos ver e crer em ti?”. O “milagre” de partilha generosa dos pães não foi suficiente para levá-las à verdadeira fé em Jesus. Elas não encontraram ainda o “milagre” da partilha, que faz todos saciados, e ninguém fica em necessidade. Ao contrário, o egoísmo deixa a maioria em necessidade, pois uns poucos agarram a maioria dos alimentos. E quase como provocando-lhe, elas disseram que Moisés havia feito sinais: o maná que proporcionou aos seus na travessia do deserto (cf. Ex 16,1-36). Elas não saem de seu horizonte habitual: trabalhar… comer… Mas, será que a vida consiste apenas em trabalhar e comer? Será que a verdadeira vida consiste em ganhar muito e muito mais materialmente? Quanto por cento conseguimos consumir de tudo que ganhamos? E o resto? 

O povo permanece no nível superficial da fé: quer uma solução fácil para seus problemas materiais; quer correr atrás de “milagres”. Por mais espetacular que sejam os “milagres”, as pessoas continuam na sua desconfiança sobre a identidade de Jesus como Filho de Deus apesar de estar diante do “milagre” do Pai que é seu Filho Jesus, prova de sua benevolência para a humanidade faminta de sentido. Jesus é o sinal permanente do amor do Pai que indica o caminho para chegar ao Pai: amor mútuo (cf. Jo 15,12). Quem acolhe Jesus com seus ensinamentos que se resumem no amor fraterno (ágape), coloca-se no caminho da salvação. Qualquer outro sinal (milagre) seria inútil, se este sinal fundamental não fosse percebido. 

Jesus busca despertar nas pessoas, a partir de suas necessidades materiais, aspirações mais altas, de ordem religiosa e espiritual, mas sempre com consequências ou aplicação na convivência humana diariamente. Jesus sacia a multidão a partir do ato generoso de um menino que representa todos os generosos para dizer que com a partilha há sempre alimento que sobra (cf. Jo 6,13). O egoísmo ou a ganância não deixa que os alimentos sejam partilhados ou distribuídos para todos. 

Literariamente o evangelista construiu a cena para dar lugar à continuação ao discurso de Jesus sobre o Pão verdadeiro. Todo o discurso seguinte vai ser como uma homilia em torno do tema do pão: o pão que Jesus multiplicou no dia anterior, o maná que Deus deu ao povo no deserto, e o Pão que Jesus quer anunciar. A frase crucial é uma citação do Sl 77,24: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. “Não nos deixe, Senhor, sem esse pão, diariamente, pois nossa fome do sentido da vida não se satisfaz somente com o pão material. Queremos nos alimentar com o Pão que nos dá calma, paz, serenidade. E este Pão é o Senhor”. 

Aqui se estabelece o paralelismo entre Moisés e Jesus, entre o pão que não sacia e o pão que dá vida eterna, entre o pão com minúscula e o Pão com maiúscula. A partir da experiência da multiplicação e da recordação histórica do maná, Jesus conduz seus ouvintes para a inteligência mais profunda do Pão que Deus lhes quer dar, que é ele mesmo, Jesus Cristo. Se no deserto o maná foi a prova da proximidade de Deus para com seu povo, sinal de que Deus não abandona seus fiéis, agora o mesmo Deus quer dar para a humanidade o Pão verdadeiro que é Jesus em quem devemos acreditar. Jesus é a encarnação do amor do Pai pela humanidade. Deus quer fazer sua moradia no meio de nós em Jesus Cristo (Jo 1,14).

“Senhor, dá-nos sempre desse pão!”. O homem de hoje está sedento, está faminto, mas o próprio homem não sabe de quê?  Ele quer satisfazer seus desejos e deixa seus anseios profundos gritarem permanentemente. Por isso, há uma busca sem trégua tratando de encontrar algo que possa o saciar verdadeiramente. Ele o busca no prazer, no poder, na fama, no dinheiro e assim por diante. Mas, infelizmente, quem vive somente em função do prazer é porque não tem prazer de viver. Afinal, o resultado é sempre o mesmo: vazio e solidão. Somente Jesus é o Pão que sacia. Somente a vida no amor de Deus pode dar sentido à vida: “Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). O Pão da Vida não somente satisfaz a fomente física do homem, e sim satisfaz sua vida ou sua existência. A única satisfação para a existência humana está em Cristo. Somente seu amor enche nossos vazios e nossas solidões. A vida em Cristo se transforma em plenitude. Por isso, quem tem Cristo tem tudo, quem não O tem, não tem nada. 

Enquanto não crermos plenamente em Jesus Cristo, nosso ser andará buscando saciar sua sede e sua fome em qualquer lugar. Por isso, nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Deus e enquanto não se nutrir do Pão da Vida que é seu Filho Jesus Cristo através de uma plena e verdadeira comunhão com Ele. Uma vez que crermos em Jesus de todo coração, uma vez que nascermos do Espírito Santo, “nascer do alto” então nos daremos conta de que não teremos sede jamais. Simplesmente viveremos na Presença do grande “Eu-Sou”. 

Quem se alimenta é porque quer continuar vivendo. Mas o alimento temporal somente prolonga nossa vida por um pouco tempo. O Senhor Jesus nos dá vida eterna. Quem O aceitar, terá essa vida. Mas ter a vida não significa somente usufruí-la de um modo egoísta ou passá-la bem. A vida é como um fruto que os demais devem usufruir, pois, junto com eles, estaremos trabalhando para que todos vivam com maior dignidade. Nós nos alimentamos de Cristo para poder alimentar o mundo, convertidos em pão de vida e deixando de ser, para o mundo, um pão venenoso, podre e deteriorado. 

Comungar o Pão Eucarístico, o próprio Corpo do Senhor significa ser pão para os demais. O cristão é chamado a ser pão, a ser alimento, a ser vida para os outros a exemplo de Cristo Jesus. Ser pão significa que já não posso mais viver para mim e sim para os demais. Significa que tenho que estar inteiramente disponível a tempo completo. Significa que eu devo cultivar a ternura e a bondade porque assim é o pão, terno e bom. Significa que devo estar sempre disposto ao sacrifício como o pão que se deixa triturar. Significa que devo viver sempre no amor capaz de morrer para dar vida aos demais, como o pão. Nisto se encontra o sentido da vida e a satisfação plena de nossa existência. Para isso, precisamos pedir ao Senhor, o Pão da Vida, por excelência: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Ao que Jesus nos responde: “Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

P. Vitus Gustama,svd

quinta-feira, 27 de abril de 2023

01/05/2023-Segundaf Da IV Semana Da Páscoa

EU NÃO SOU SOLITÁRIO, POIS EU SOU CONHECIDO PELO BOM PASTOR

Segunda-Feira Da IV Semana Da Páscoa

Primeira Leitura: At 11,1-18

Naqueles dias, 1 os apóstolos e os irmãos, que viviam na Judeia, souberam que também os pagãos haviam acolhido a Palavra de Deus. 2 Quando Pedro subiu a Jerusalém, os fiéis de origem judaica começaram a discutir com ele, dizendo: 3 “Tu entraste na casa de pagãos e comeste com eles!” 4 Então, Pedro começou a contar-lhes, ponto por ponto, o que havia acontecido: 5 “Eu estava na cidade de Jope e, ao fazer oração, entrei em êxtase e tive a seguinte visão: Vi uma coisa parecida com uma grande toalha que, sustentada pelas quatro pontas, descia do céu e chegava até junto de mim. 6 Olhei atentamente e vi dentro dela quadrúpedes da terra, animais selvagens, répteis e aves do céu. 7Depois ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro, mata e come’. 8 Eu respondi: ‘De modo nenhum, Senhor! Porque jamais entrou coisa profana e impura na minha boca’. 9 A voz me disse pela segunda vez: ‘Não chames impuro o que Deus purificou’.  10 Isso se repetiu por três vezes. Depois a coisa foi novamente levantada para o céu. 11 Nesse momento, três homens se apresentaram na casa em que nos encontrávamos. Tinham sido enviados de Cesaréia à minha procura. 12 O Espírito me disse que eu fosse com eles sem hesitar. Os seis irmãos que estão aqui me acompanharam e nós entramos na casa daquele homem. 13 Então ele nos contou que tinha visto um anjo apresentar-se em sua casa e dizer: ‘Manda alguém a Jope para chamar Simão, conhecido como Pedro. 14 Ele te falará de acontecimentos que trazem a salvação para ti e para toda a tua família’. 15 Logo que comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles, da mesma forma que desceu sobre nós no princípio. 16 Então eu me lembrei do que o Senhor havia dito: ‘João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo’. 17 Deus concedeu a eles o mesmo dom que deu a nós que acreditamos no Senhor Jesus Cristo. Quem seria eu para me opor à ação de Deus?” 18 Ao ouvirem isso, os fiéis de origem judaica se acalmaram e glorificaram a Deus, dizendo: “Também aos pagãos Deus concedeu a conversão que leva para a vida!”

Evangelho: Jo 10,11-18

Naquele tempo, disse Jesus: 11 “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12 O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13 Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15 assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16 Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. 17 É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. 18 Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; esta é a ordem que recebi de meu Pai”.

A Salvação De Deus É Para Todos Os Convertidos

Lucas, o autor dos Atos dos Apóstolos, dá muita importância ao episódio do pagão convertido, Cornélio, em seu livro. Para este assunto Lucas dedica os capítulos 10 e 11 dos Atos. Hoje lemos, como Primeira Leitura da missa, At 11,1-18, em que Pedro é obrigado a explicar todo o episódio, pois a comunidade de Jerusalém questiona sobre o comportamento de Pedro em deixar os pagãos se tornarem cristãos. 

Nestes textos (At 10 e 11) se fala de um assunto muito importante para Lucas: admitir ou não admitir os pagãos à fé cristã, e com que condição? A conversão de Cornélio (era pagão) e sua família à fé cristã é o protótipo para outros casos, como foi o episódio do eunuco Etíope convertido com o diácono Filipe.  

A exegese descobre neste relato duas tradições distintas referindo-se a dois problemas diferentes. Uma tradição admite a entrada dos pagãos na Igreja (At 10,1-18; 18,26; 11,1.11-18). Outra tradição, que se preocupa mais com a pureza ritual, trata das relações entre cristãos circuncidados (judeu-cristãos) e cristãos incurcindados (At 10,10-16; 11,2-10). Trata-se de uma tradição mais fechada e intransigente com as novidades. Essa tradição defende os costumes judeus. Posteriormente, os adeptos dessa tradição darão o que falar, pois deles saem os grupos judaizantes que criarão dificuldades sérias em algumas das comunidades evangelizadas por Paulo. As perspectivas das duas tradições permanecem bastante autônomas. 

Vemos o processo de mudança que se dá em Pedro. Por sua formação judaica, Pedro não podia admitir tão facilmente a abertura universal da Igreja ao mundo pagão simbolizada na visão da toalha e os alimentos que não se podiam comer: “De modo nenhum, Senhor! Porque jamais entrou coisa profana e impura na minha boca!”, reagiu Pedro. Recordamos a recusa de Pedro quando Jesus estava para lavar seus pés (Jo 13,6-11). Agora chegou a mudança. O argumento que convence Pedro, logo a comunidade também, é que Deus tomou a iniciativa: “Não chames impuro o que Deus purificou” (referente às comidas). “João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo. Deus concedeu a eles o mesmo dom que deu a nós que acreditamos no Senhor Jesus Cristo. Quem seria eu para me opor à ação de Deus?”, argumentou Pedro diante da comunidade judeu-cristã em Jerusalém (desta vez referido à admissão dos pagãos). O Espirito Santo vai guiando Pedro para a universalidade da fé cristã. Já que os Apóstolos não se decidiam, foi o próprio Espirito Santo que batizou a família de Cornélio, com o “novo Pentecostes” que agora sucede na casa de um pagão.

Outra dado admirável merece ser notado é que Pedro, autoridade máxima, aceita a interpelação crítica de alguns membros da comunidade de Jerusalém. Pedro não se precipita em tomar decisão. Ele dá explicações oportunas para a comunidade. E a comunidade as aceita, reconhecendo que “Também aos pagãos Deus concedeu a conversão que leva para a vida!”. 

A lição da abertura da comunidade apostólica, superando as dificuldades que surgiam por sua formação anterior, é sempre atual para a Igreja. Isto supõe que a Igreja em geral e cada membro da Igreja em particular sejam dóceis aos sinais com que o Espirito Santo nos quer conduzir para as fronteiras sempre além do habitual. A razão é simples, mas profunda: Deus quer salvar todos os seres humanos. Da parte de Deus há abertura permanente. A porta da salvação é aberta para quem decidir entrar. Ser pagão não é questão pertencer ou não pertencer a uma crença. Ser pagão é questão de modo de viver fraternalmente. Quando vir no rosto do outro meu próprio rosto e no seu coração, o meu próprio coração, logo pertenço a Deus mesmo que eu não faça parte de uma crença ou religião (leia Mt 25,31-46). 

Aprendemos também de Pedro e da comunidade de Jerusalém que o diálogo sincero resolve um momento de tensão causada pelos conflitos, que poderia se tornar muito grave. A palavra “conflito” provem do latim “conflictu” significa, “choque; embate; luta”. O conflito é uma situação que envolve um problema, uma dificuldade e pode resultar posteriormente em confrontos, geralmente entre duas partes ou mais, cujos interesses, valores e pensamentos observam posições absolutamente diferentes e opostas. Mas através de um diálogo sincero haverá o encontro em vez de confronto. Em cada diálogo há encontro. Mas em cada confronto há guerra. Numa guerra ninguém sai vitorioso, pois de dois lados há vítimas que não são poucos. Em tudo é preciso ficarmos dóceis ao Espirito Santo para que tudo seja resolvido na paz do Senhor. 

Fica para nós pergunta: será que somos dóceis aos sinais com que o Espirito Santo nos quer conduzir para além do habitual de acordo com o plano missionário e universal de Deus? Será que somos vítimas de ataduras de nossa formação anterior, como Pedro no seu caminho inicial para a abertura da Igreja para o mundo pagão? Será que praticamos discriminações que são contrárias ao amor universal de Deus e à vontade ecumênica de Seu Espirito? Como resolvemos os conflitos e as tensões inevitáveis que surgem numa comunidade ou simplesmente na comunidade da qual fazemos parte? Sabemos dialogar ou só queremos impor? Estamos no mundo atual em que tudo se acelera. A mudança do tempo nos leva ao tempo de mudança: nossos conceitos, nossa mentalidade, nossos hábitos e assim por diante. É preciso pedirmos a inspiração do Espirito de Deus para que tenhamos o discernimento diante dos acontecimentos.

Somos Ovelhas Do Bom Pastor Que Nos Dá Sua Vida por nós

Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas”. Esta afirmação de Jesus é dirigida a cada um de nós. Bom- bondade é a própria perfeição possuída por um ser. A bondade é sempre ativa, isto é, a capacidade que possui um ser de dar ao outro a perfeição que lhe falta. Jesus é bom porque ele dá o que é mais caro para si: sua própria vida para que os outros possam viver. Por isso, ser bom é muito mais do que ser educado, muito mais do que ser atencioso, muito mais do que ser gentil, muito mais do que ser pacífico, muito mais do que ser simples e humilde. Eu sou bom na medida em que dou o que é melhor de mim, o que é caro para mim para que o outro possa viver. Quem é bom de verdade nunca perguntará quem será beneficiado do meu ato bom. O bom simplesmente brilha como sol com seus raios para todos. Crer em Jesus, o Bom Pastor, aceitar Jesus como o Bom Pastor é um grande compromisso de ser bom na vida, de ser amoroso para com os outros, de ser vida para os demais. A bondade é o investimento que nunca falha, pois Deus é o bem absoluto. 

Jesus me resgatou sacrificando a própria vida na cruz. E Ele me alimenta renovando seu sacrifício na eucaristia: “Eu sou o pão vivo descido do céu... Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna. Pois a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida” (Jo 6,51.54-55).

Esta afirmação nos devolve a serenidade perdida, pois, de fato, somos ovelhas do Senhor. A verdadeira serenidade nos envolverá, se aceitarmos humildemente nossa pequenez e nos deixarmos guiar por Deus. Nossa serenidade somente é possível, se começarmos a pensar e a viver a partir de Deus. A partir de Deus saberemos julgar que neste mundo tudo é importante, mas nada é demasiado importante. O único importante é esse Deus em cujas mãos estamos e cuja vida sustenta a nossa vida. O importante é esse Pastor que nos guia ao Pai. A partir desse Pastor que nos guia, tudo será compreendido de uma maneira nova. Tudo tem saída. Não somos abandonados. Com ele sempre podemos ter esperança e renovar a esperança. 

Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem”, diz Jesus, o Bom Pastor (v.14). Aqui “conhecer” não se trata de uma atitude ou atividade intelectual, mas trata-se de uma comunidade de vida baseada no amor; trata-se de uma relação existencial. Pela origem da palavra, o verbo “conhecer” quer dizer “com-nascer, nascer com, fazer-se um com outro. Somente conhecemos o outro, entregando-nos a ele e aceitando que ele se entregue a nós. Trata-se de uma relação existencial. O verbo “conhecer” envolve o ver, o ouvir, o perceber, o experimentar.  

Jesus Cristo conhece pessoalmente cada um de nós. Ele não conhece como massa de pessoas. Ele conhece cada um em sua integridade. Jesus me conhece na minha integridade, no meu ser, na minha especificidade, na minha estrutura, na minha angústia, no meu medo, nos meus sonhos. O próprio Senhor Deus é a razão de ser mais profunda de minha existência. Se Deus me ama devo também me aceitar a mim mesmo. O Senhor me conhece verdadeiramente, tal como realmente sou, sem aplicar rótulos e categorias. Por isso, ele é a única garantia de que eu posso ser eu mesmo. Essa consciência da origem divina torna-me justamente mais precioso e mais seguro. Certamente nessa dependência reside uma profunda paz que o mundo nunca será capaz de me dar.         

Será que sou uma boa ovelha? Será que sou bom líder/bom pastor?Será que eu conheço Jesus como meu Bom Pastor? “O Senhor explica, para que o imitemos, em que consiste a bondade do pastor dizendo: O bom pastor expõe a sua vida pelas suas ovelhas. Fez o que aconselhou, mostoru o que ordenou: deu a sua vida por suas ovelhas, para fazer do seu Corpo e do seu Sangue um sacramento para nós e para saciar com o alimento da sua carne as ovelhas que redimiu” (São Gregória: Super Ezechielem, hom.14).

P. Vitus Gustama,svd

São José, Operário, 01 de Maio

SÃO JOSÉ OPERÁRIO

01 de Maio

Primeira Leitura: Gn 1,26–2,3

26 Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e segundo a nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra”.  27 E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra”. 29 E Deus disse: “Eis que vos entrego todas as plantas que dão semente sobre a terra, e todas as árvores que produzem fruto com sua semente, para vos servirem de alimento. 30 E a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou todos os vegetais para alimento”. E assim se fez. 31E Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. 2,1 E assim foram concluídos o céu e a terra com todo o seu exército. 2 No sétimo dia, Deus considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera. 3 Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nesse dia descansou de toda a obra da criação.

Evangelho: Mt 13,54-58

Naquele tempo, 54 dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? 55Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs não moram conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” 57 E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” 58E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.

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No discurso na praça de São Pedro no Vaticano no dia 1º de maio de 1955 o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário, quis oferecer ao trabalhador cristão um modelo e protetor. (http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt.html). Queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade do trabalho, a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição de direitos e deveres.” (Pp. Pio XII).

Na Carta Apostólica Patris Corde,n.6 (8 de dezembro de 2020), o Papa Francisco escreveu:  Um aspeto que carateriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho.

Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.

O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?

A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!

O Homem É a Imagem De Deus No Mundo

Façamos o homem à nossa imagem e segundo a nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra”.

O relato do Livro de Gênesis apresenta a criação do homem como o ponto alto de toda a criação. Depois que criou tudo, Deus, finalmente, criou o ser humano. No mar Deus deixou os peixes e outros semelhantes e na terra criou as plantas e os animais terrestres. Tudo foi feito para o bem do homem.

Entre as criaturas, o homem possui uma característica singular e única. Ele é o único ser, entre todas as criaturas, criado à “imagem de Deus”. O conceito bíblico de “imagem de Deus” leva a uma reciprocidade na relação Deus-homem. Deus é o tudo do homem. No âmago do humano está a abertura construtiva, inexorável para Deus. Dentro de si o homem tem algo de Deus, pois ele é o fruto do sopro de Deus. Por ter sido feito do barro da terra, à semelhança dos animais, é mortal. Mas por ser vida da vida de Deus é transcendente. O sopro divino é o que coloca o homem no âmbito humano e o distingue dos animais e de outras criaturas.

O homem é a imagem e a semelhança de Deus. Por isso, o homem é o tu de Deus. Quando olha para a criatura humana, o próprio Deus se vê refletido no homem. Deus não criou o homem como objeto qualquer, mas Ele o criou como um ser correspondente, capaz de responder ao “tu” divino. 

O homem é “imagem de Deus” por sua autoridade sobre o universo, por sua inteligência criadora com que foi posto em condições de dominar a natureza, desenvolvê-la e transformá-la. 

Como “Imagem de Deus” o destino terreno do homem não é viver por viver; trabalhar, amar, reproduzir-se ou dominar a criação e sim conviver, compartilhar a vida com Deus e caminhar juntos. O homem jamais perderia a consciência de ser “Imagem de Deus”. Tudo que o homem fizer, deve refletir o querer de Deus.

Por isso, vem a pergunta: será que minha maneira de viver revela ao mundo que sou imagem de Deus? Será que o mundo percebe que sou imagem de Deus? será que eu faço morrer a imagem de Deus em mim que leva o mundo a crer sobre a “morte” de Deus no mundo?

O Trabalho É Sagrado Porque Mantém a Vida Do Homem 

O livro de Gênesis nos relatou que Deus “trabalhou” seis dias. Quando o homem trabalha, ele reproduz a imagem de Deus que trabalhou seis dias e no sétimo dia descansou. Pelo trabalho o homem toca Deus. O trabalho enobrece o homem e ele pode consagrar a Deus qualquer atividade por simples que ela seja.

Para a Bíblia, o trabalho é uma função sagrada, é algo que de certa forma pertence ao mundo e ao próximo, é aquilo que deve ocupar o tempo do homem. O trabalho é sagrado porque mantém a vida do homem, e Deus é sensível ao sofrimento da vida e ao trabalho do homem. O trabalho é o meio de subsistência do homem. A Bíblia não tem uma única palavra de louvor para o preguiçoso e a pobreza, quando é consequência da preguiça. A preguiça nunca é considerada virtude. São Paulo nos recorda: “Quem não quer trabalhar, também não há de comer” (2Ts 3,10).

O trabalho é também um caminho de realização da pessoa, o meio pelo qual o homem atualiza suas possibilidades e exercita suas capacidades. O trabalho é um elemento de personificação e de humanização. O que importa na vida do homem é o esforço sempre renovado. É o amor que se coloca em tudo aquilo que faz.

Mas o homem precisa estar consciente de que o trabalho deve possibilitar viver e desfrutar a vida. Jamais podemos ser escravos do trabalho. O homem trabalha para viver e não viver somente para trabalhar. Todos condenam a preguiça, mas nem todos estão conscientes dos perigos do excesso de trabalho. 

Na Bíblia, Deus se manifesta como Aquele que trabalha, mas que depois descansa. Deus quer que o homem interrompa seus afazeres, recupere suas energias e encontre tempo para elevar seu olhar mais para o alto. O preceito sabático, na Bíblia, existe para libertar o homem de seu próprio trabalho. O significado profundo do preceito sabático está em romper a alienação do trabalho. O preceito sabático existe para impedir que o homem pense que ele somente vale aquilo que produz. O homem deve saber que o seu “ser” e aquilo que ele “faz” ou “produz” são coisas completamente distintas. Um mundo que valoriza somente segundo o critério de desempenho não pode ser considerado um mundo humano e sim um mundo mecanizado.

Paralelamente, o preceito cristão do descanso dominical existe para libertar o homem de seu próprio trabalho. É o homem que dá valor ao seu trabalho ou à função que desempenha, e não o contrário. O trabalho em excesso pode embotar a mente e oprimir o espirito, convertendo assim o trabalho numa espécie de ídolo. 

Em Nazaré Jesus Ajuda José No Trabalho Como Carpinteiro

De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro?”. Jesus começa o relato dos “fatos” da vida terrena de Jesus com a rejeição/recusa pelos nazarenos: “Acaso não é este filho do carpinteiro?”. 

A palavra “carpinteiro” (tékton) somente aparece em Mc 6,3 e Mt 13,55 em todo o Novo Testamento. Em grego “tékton” não significa somente uma pessoa que trabalha com madeira, mas também com ferro (serralheiro) e pedra (pedreiro). Jesus trabalhava com essas coisas acompanhando seu pai adotivo, José.

No texto de Marcos (Mc 6,3) o termo “carpinteiro” (tékton) se aplica a Jesus: é a única passagem bíblica em que se menciona o ofício de exercido por Jesus: “Não é este o carpinteiro?”. Em Mateus o termo se aplica a José: “Não é ele o filho do carpinteiro?”. 

José trabalha (carpinteiro) e Jesus (carpinteiro/filho do carpinteiro) também como sua Mãe, Maria, dona de casa. O trabalho é a expressão cotidiana do amor na vida da família de Nazaré. O tipo de trabalho para manter a família é carpintaria. A simples palavra “carpinteiro” abarca toda a vida de São José. 

Para Jesus, os anos em Nazaré (antes de sua vida pública) são os anos da vida escondida da qual fala o evangelista Lucas atrás do episódio no Templo: “Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso” (Lc 2,51ª). Esta “submissão” quer dizer, primeiramente, a obediência de Jesus na casa de Nazaré. Em segundo lugar, esta “submissão” é entendida também como participação no trabalho de José. O que era chamado o “filho de carpinteiro” aprendeu o trabalho de seu pai adotivo, José. 

O trabalho humano, especialmente o trabalho manual, tem no Evangelho um significado especial. Junto à humanidade do Filho de Deus, o trabalho faz parte do mistério da encarnação. Graças ao seu trabalho, sobre qual exerce sua profissão com Jesus, São José aproxima o trabalho humano ao mistério da redenção. No crescimento humano de Jesus “em sabedoria, idade e graça” representou uma parte notável a virtude da laboriosidade. O trabalho faz o homem, em certo sentido, mais homem. 

O trabalho humaniza o homem e através de seu trabalho honesto ele se diviniza e potencia sua humanidade. Trabalhando com Jesus, são José se diviniza, pois Jesus é o Deus-conosco. São José Operário, interceda por nós para que através de nosso trabalho possamos nos humanizar mais a fim de que consigamos ser divinizados. 

Os seres humanos já foram descritos como animais que falam, animais que riem, animais que usam ferramentos ou animais que brincam. No entanto, somos sobretudo animais que trabalham. As tarefas que executamos, o trabalho pelo qual somos remunerados, são profundamente importantes para nós. Neste sentido, o trabalho é uma bênção. Quando encontramos um trabalho que podemos amar e executar da melhor forma possível, conquistamos uma vitória na vida.

É preciso esforçar-se para aprender a fim de poder se virar em qualquer situação. Quando sabemos, precisamos ensinar os outros. Quando não sabemos, precisamos aprende dos outros. É preciso aprender a trabalhar, a perguntar, a pesquisar e assim por diante. Ninguém nasce como sábio. Através do trabalho o homem se distingue de outras criaturas. Com o trabalho o homem ganha seu pão de cada dia para sustentar a vida que é sagrado. Por isso, o trabalho é também sagrado. Também através do trabalho o homem mostra seu caráter social, pois entra em contato com os outros. O trabalho também é o lugar de encontro social. Através do trabalho o homem se transcende, pois o homem se esforça todos os dias para se superar. São Paulo sabe muito bem disso.

Oração a São José (São Pio X ) 

“Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; de trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações; de trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; de trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; de trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus! Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém” (Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-05/sao-jose-operario-padroeiro-dos-trabalhadores.html).

P. Vitus Gustama,svd

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTO, POIS ELE É A VERDADEIRA VIDEIRA V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B” Primeira Leitura: At 9,26-31...