segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

04/02/2023-Sábado Da IV Semana Comum

DESCANSO NECESSÁRIO COM JESUS PARA PODER LEVAR ADIANTE A MISSÃO RECEBIDA

Sábado Da IV Semana Comum

Primeira Leitura: Hb 13,15-17.20-21

Irmãos, 15 por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. 16 Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus. 17 Obedecei aos vossos líderes e segui suas orientações, porque eles cuidam de vós como quem há de prestar contas. Que possam fazê-lo com alegria, e não com queixas, que não seriam coisa boa para vós. 20 O Deus da paz, que fez subir dentre os mortos aquele que se tornou, pelo sangue de uma aliança eterna, o grande pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus, 21 vos torne aptos a todo bem, para fazerdes a sua vontade; que ele realize em nós o que lhe é agradável, por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Evangelho: Mc 6,30-34

Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a , e chegaram antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.

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O Verdadeiro Louvor Se Traduz No Serviço Aos Irmãos

Irmãos, por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus” (Hb 13,15-16). 

Terminamos hoje a leitura da Carta aos Hebreus que nos acompanhou durante quatro semanas como Primeira Leitura da missa semanal. 

No texto de hoje, o autor da Carta quer sublinhar a inseparabilidade entre o louvor a Deus e o serviço aos irmãos. O serviço aos irmãos é a tradução do verdadeiro louvor a Deus. Sem o serviço aos irmãos, o louvor a Deus carece de sentido. Na comunidade cristã precisamos nos colocar não a partir da superioridade, do poder e sim a partir da disponibilidade, do serviço, e da ajuda aos outros. Na Igreja de Jesus precisamos de cristãos sem ambições pessoais, que trabalhem de maneira silenciosa por um mundo mais humano, fraterno e por uma Igreja mais missionária. O nosso maior exemplo é o próprio Jesus que veio PARA servir e gastar a vida a fim de salvar a humanidade, e de criar a comunhão fraterna. 

O louvor consiste basicamente em unir-se a Cristo em sua proclamação do nome de Deus aos homens, em reconhecê-Lo como o único Nome sublime, declarar-se de acordo com Ele, aderir a Ele, confessá-Lo (cf. Hb 2,12). 

O culto específico dos cristãos é formulado por São Paulo com as seguintes palavras dirigidas aos Romanos: Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto” (Rm 12,1). Na mesma linha escreve agora o autor da Carta aos Hebreus. Aqueles cristãos para os quais a Carta é dirigida eram separados e excomungados da comunidade judaica por terem se convertidos ao cristianismo. Consequentemente, eles eram privados do solene culto judaico. Mas eles tinhan algo melhor para oferecer. A imitação de Cristo deviam oferecer-se a si mesmo, converter-se eles mesmos em um sacrifício de louvor. 

Nossa vida cristã deveria ser um culto agradável a Deus. O “sim” de Cristo ao Pai, no Espirito Santo, faz possível nosso “Sim”, “pois nele todas as promessas de Deus são um ‘sim’. Por isso, também, é por ele que dizemos ‘amém’ a Deus para sua glória” (2Cor 1,20). 

Este “sim” de Cristo encontra eco em todo coração que se faz transparente diante do olhar de Deus. Então, nossa pobreza se converte em oração e em missão, isto é, em abertura aos planos salvificos e universais de Deus. Deus não espera grandes coisas de nós e sim somente que tenhamos um coração aberto e que saibamos fazer nosso “sim” de Jesus Cristo ao Pai. Nossa verdadeira riqueza consiste nestaa capacidade de pronunciar continuamente o “sim” de Jesus ao Pai em meio de todas as circunstancias de nossa vida.           

A outra vertente do culto cristão é o serviço aos irmãos; é o exercício prático da caridade: “Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus”. O amor fraterno é o sacrifício que agrada a Deus. Este amor fraterno consiste em fazer o bem na solidariedade concreta com os necessitados (cf. Hb 6,10; 10,33). A prova mais clara de ter encontrado Deus é o amor fraterno. É o sinal de que nascemos para uma vida nova.

Viver Na Comunhão Faz Parte De Ser Cristão

Obedecei aos vossos líderes e segui suas orientações, porque eles cuidam de vós como quem há de prestar contas. Que possam fazê-lo com alegria, e não com queixas, que não seriam coisa boa para vós”, orientou o autor da Carta para os Hebreus.

A verdadeira "comunhão" da Igreja supõe o esvaziamento de si mesmo ou das próprias vantagens. A kenosis e a obediência de Cristo ao Pai eram assim (Fl 2,8). Os líderes/dirigentes da comunidade, especialmente ao nível da Igreja universal (o Papa) e ao nível da Igreja particular (o bispo), fazem presente o Cristo sacerdote. São sempre sinais pobres da Igreja, não poucas vezes ridicularizados e criticados, porém são o necessário fundamento da unidade e comunhão eclesial. Eles são fatores da unidade eclesial. Obedecer a Cristo, escondido sob estes sinais, supõe correr a mesma sorte de crucificação e de morte, sem nenhuma vantagem humana. É fazer o bem pelo bem, a bondade pela bondade. É amar simplesmente por amor. Basta-nos saber que o próprio Cristo que fala e atua na Igreja e pela Igreja.

Por fim, o autor da Carta deseja aos Hebreus: “O Deus da paz, que fez subir dentre os mortos aquele que se tornou, pelo sangue de uma aliança eterna, o grande pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus, vos torne aptos a todo bem, para fazerdes a sua vontade; que ele realize em nós o que lhe é agradável, por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém!”. 

Jesus fez de sua vida uma “Páscoa”, isto ém um “passo” para o Pai. Oferecendo-se a Si mesmo no Espirito Santo transformou sua vida em oblação. Com Cristo estamos também passando ao Pai. “Cristo padeceu a fim de nos conduzir ao Pai” (1Pd 3,18). E já começamos a passar deste mundo ao Pai (Jo 13,1). O “passar” do tempo já não é um simples esfumar-se das coisas e sim uma “Páscoa” ou passo para a vida definitiva. Conforme vai passando os dias e as coisas, devemos ir descobrindo o próprio Deus que nos espera no fim de nossa passagem. Mas com sua divina providencia, Deus sempre vem ao nosso encontro para nos ajudar, guiar e alertar. Estejamos atentos! 

A Vida Sem Silêncio Se Torna Estéril

Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco!”.

 1. Revisão Da Vida Apostólica

Anteriormente Jesus chamou os Doze para depois enviá-los à missão (Mc 6,7-13). Depois de sua primeiramissão”, os discípulos voltaram a se reunir com Jesus: “Naquele tempo, os apóstolos reuniram-se com Jesus...

Muitos cristãos compreendem hoje que sua se torna robusta quando decidem reunir-se, no espírito do Senhor, com outros irmãos para partilhar e dialogar sobre sua . Este é um dos sentidos da assembléia eucarística dominical: depois de sua missão durante a semana, os cristãos se reúnem junto a Jesus na companhia de outros irmãos da .

Os apóstolos contaram tudo (a Jesus) o que haviam feito e ensinado”. Trata-se de uma revisão da vida apostólica. Esta revisão de nossa vida com Jesus é uma das formas mais úteis de nossa oração. Cada noite nós deveríamos criar ocasião pararelatar” a Jesus “o que temos feito”. Se fizermos isso diariamente, a nossa participação na celebração eucarística dominical ficará mais rica e profunda. 

2. Descansar Com Jesus Uma Solicitude Pastoral

Depois de ouvir seu relato Jesus convidou os Apóstolos: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”.  Trata-se de uma necessidade de silêncio, de recolhimento, de solidão. É essencial para os homens de todas as épocas, especialmente é indispensável para o homem moderno na agitação de vida de hoje. 

A resposta de Jesus se concreta em levá-los com Ele para um lugar onde ninguém possa perturbá-los para descansar com Ele e n’Ele. Esse convite nos recorda aquilo que o próprio Jesus disse no evangelho de Mateus sobre a importância do descanso com o Senhor e no Senhor: “Vinde a Mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e Eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Jesus conjuga muito bem o trabalho e a oração. Dedica-se prioritariamente à evangelização, mas sabe buscar momentos de silêncio e oração para si e para os seus, mesmo que dure apenas pouco tempo como aconteceu no relato do evangelho de hoje. 

Convidar os discípulos para descansar na solidão também é um gesto muito humano de Jesus. Jesus sabe o que é a fatiga e busca, muitas vezes, a solidão (no monte, no campo ou de noite). O ativismo nos esgota e empobrece. Não é bom o “stress”, ainda que seja espiritual. Quando não há o equilíbrio interior, todos cairão no nervosismo e diminuirá a eficácia humana e evangelizadora. Necessitamos da paz e da serenidade. Todos os que trabalham, também pelo Reino, necessitam de uma certa serenidade e um certo equilíbrio mental e psíquico. As pessoas que trabalham pelo Reino têm que ser pessoas de paz e de serenidade.

O trabalho de um verdadeiro pastor ou de qualquer líder cristão não é fácil, pois ele tem que manter a unidade e a segurança do seu rebanho. Por isso, quem é enviado como pastor, e, quem é encarregado de ser líder dos outros numa comunidade necessita de descanso. Mas o descanso dos pastores e dos lideres cristãos é feito com e no grande Pastor. Eles fazem seu descanso no Pastor dos pastores. O descanso dos pastores consiste em saberestarcom Jesus: escutá-Lo, viver com Ele, aprofundar em sua comunhão de vida como pastor. É aprender do grande Pastor sobre como deve conduzir e rebanhar as ovelhas do qual ele próprio faz parte. As ovelhas são do Senhor (Jo 21,17) e não dos líderes. 

Esse convite para descansar com e no Senhor é a primeira solicitude de Jesus como Pastor para aqueles que são encarregados de alguma tarefa na comunidade de irmãos. Esse convite tem como característica a comunhão de ministério com Jesus. Essa comunhão ajudará os pastores e os demais líderes da comunidade a terem a mesma solicitude de Jesus para com todos e para com a multidão que, em cada momento da história vive “como ovelhas sem pastor”, pois o pastor é Jesus e somente Ele. Entender isso significa entender a grande missão dos que são enviados, em Seu nome, com o objetivo de conduzir a humanidade para o grande Pastor, Jesus Cristo. 

3. Somos Chamados a Ser Seguidores Compassivos como Jesus

Depois de um rápido descanso dos Doze com Jesus o evangelista Marcos nos relatou com as seguintes palavras: Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas. 

Esta frase reproduz a situação refletida em 1Rs 22,17: “Vejo todo o Israel espalhado pelas montanhas como um rebanho sem pastor” (cf. Nm 27,17). Trata-se de uma imagem clássica na literatura bíblica no contexto de acusação aos pastores que não cumprem sua missão de rebanhar (unir e reunir) suas ovelhas. E Jesus se apresenta como o verdadeiro Pastor, pois elesua vida pelo rebanho (Jo 10,14-15). 

Cristo é o Bom Pastor (Jo 10,11-15). EleSua vida em todo momento, também quando não lhe resta tempo nem para comer. Ali está Ele, buscando um tempo para descansar em companhia de seus discípulos, mas para os necessitados de Deus, Ele oferece Seu amor. É como o pai de uma família que, depois de uma jornada cansativa, volta para casa com o único desejo de descansar. Mas ao ver que seus filhos lhe pedem algo que lhe é impossível humanamente, tira suas últimas forças para brincar e fazer felizes seus filhos, dando-lhes o melhor de si, ainda que o corpo exija um descanso.

Os cristãos dentro da comunidade, de um modo ou de outro, participam do serviço pastoral para com os demais, imitando e representando Jesus Cristo, Pastor de todos. Onde estiver e para onde for, o cristão faz tudo em nome de Cristo. Ele representa Cristo em qualquer lugar. Ele é cristão para todos os momentos e lugares.           

Jesus teve compaixão da multidão que vivia sem nenhuma orientação e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Jesus teve tempo para a multidão necessitada. Ter tempo para os demais, especialmente para os necessitados é o ponto alto de uma vocação pastoral na Igreja de Jesus. Isso supõe a renúncia aos próprios planos, interesses e horários em função do bem de todos. O cristão existe para servir os demais. 

O mundo de hoje continua a estar desorientado comoovelhas sem pastor”, pois, no meio do avanço tecnológico, muitas pessoas morrem de fome. No meio da democracia ainda se encontram os ditadores que adormentam e sacrificam os pequenos e inocentes da sociedade. No meio de tanta facilidade tecnológica encontram-se os imprudentes que fazem tantas famílias chorarem pela perda de seus entes-queridos precocemente. No meio da luta pela solidariedade global encontram-se os gananciosos capazes de pisar sobre os outros em nome do prazer. O perigo e o prazer crescem no mesmo ramo. O fato de que em nossa civilização tão avançadatantos homens morrem de fome ou são vitimas de uma guerra ou de um poder desenfreado, ou de uma imprudência, demonstra que os chefes que dirigem atualmente o mundo não olham para o povo e sim para os próprios interesses ou para os interesses partidários. É preciso ter progresso na verdade, na justiça na caridade.

Cristo quer que todos os cristãos ajudem esta humanidade a encontrar os caminhos da verdade e da felicidade, da paz e do verdadeiro progresso. Ser seguidor de Cristo significa aprender a olhar para os outros com um coração cheio de carinho, ser responsável pelos outros irmãos e falar-lhes do sentido da vida. A maneira com que tratamos um ser humano é a forma com que tratamos a nosso Senhor. Isso não exige explicação e sim contemplação (cf. Mt 25,40.45). O dia mais desperdiçado de todos é aquele no qual não conseguimos fazer alguém sorrir ou deixamos de fazer o outro sorrir. Um sorriso não custa tanto quanto a eletricidade, no entanto, ilumina muito mais do que ela.

P. Vitus Gustama,svd

03/02/2023-Sextaf Da IV Semana Comum

SER DEFENSOR E TESTEMUNHA DA VERDADE

Sexta-Feira da IV Semana Comum

Primeira Leitura: Hb 13,1-8

Irmãos, 1 perseverai no amor fraterno. 2 Não esqueçais a hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. 3 Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo! 4 O matrimônio seja honrado por todos e o leito conjugal, sem mancha; porque Deus julgará os imorais e adúlteros. 5 Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes, porque ele próprio disse: “Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei”. 6 De modo que podemos dizer, com ousadia: “O Senhor é meu auxílio, jamais temerei; que poderá fazer-me o homem?” 7 Lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a palavra de Deus, e considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé. 8 Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade.

Evangelho: Mc 6,14-29

Naquele tempo, 14o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”. 16Ouvindo isto, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu te darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24Ela saiu e perguntou à mãe: “Que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram , levaram o cadáver e o sepultaram.

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Viver Como Autêntico Cristão

Perseverai no amor fraterno. Não esqueçais a hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. O matrimônio seja honrado por todos e o leito conjugal, sem mancha; porque Deus julgará os imorais e adúlteros. Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes. Lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a Palavra de Deus, e considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé. Assim lemos, na Primeira Leitura, algumas exortações para os Hebreus para quem a Carta se dirige. 

Estamos chegando ao final da Carta aos Hebreus. Depois da teologia, a Carta termina com recomendações muito concretas e variadas para a vida da comunidade cristã e de qualquer comunidade cristã.

Esta passagem, final da Carta, é uma espécie de poscriptum parenético sobre as condições de vida cristã na ordem social e comunitária. O tom é muito diferente dos primeiros capítulos. No entanto, não se pode colocar dúvida sobre a autenticidade deste capítulo 13 da Carta.

Neste capítulo, especialmente em Hb 6,1-6 são apresentadas algumas concretizações do culto agradável a Deus, que não consiste em ritos, cerimonias, práticas sacrificiais e sim no amor concreto e efetivo manifestado em obras.

A primeira manifestação do culto agradável a Deus é a da caridade fraterna (cf. Hb 6,10; 10,24) que se concretiza:

1.    No amor aos cristãos como autênticos irmãos em Cristo (cf. Hb 2,11.17). o cristão se reconhece pelo amor vivido na fraternidade: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). O amor é a experiência espiritual mais profunda, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Viver baseado no amor é uma questão de qualidade de vida, pois o Deus em quem acreditamos é Amor.

2.  Na hospitalidade, na acolhida dos peregrinos, estrangeiros ou transeuntes, nos quais se fazem presentes os anjos e até o próprio Deus: “Não esqueçais a hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber (Hb 13,2; cf. Gn 18-19; Tb 12,15-20; Jz 13,22). Com a hospitalidade nasce uma rede de amor entre as pessoas, derruba preconceitos e produz a alegria mútua. A hospitalidade possibilita o encontro e o diálogo e transforma o estrangeiro em amigo.

3.     Na solidariedade com os prisioneiros e perseguidos ou maltratados. A verdadeira solidariedade consiste em ajudar alguém sem receber nada em troca. Ser solidário é, na sua essência, ser desinteressado no sentido de que alguém ajuda o outro sem segundas intenções.

A razão desta atitude é muito simples: se todos compartirem a condição de transeuntes deste mundo (somos verdadeiros peregrinos neste mundo), teremos a probabilidade de ser objeto da perseguição e da política ou de alguma religião (lembremo-nos dos imigrantes no mundo atual!).

A segunda manifestação do culto agradável a Deus se refere ao matrimônio: “O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha; porque Deus julgará os imorais e adúlteros”. No matrimônio se realiza o culto agradável a Deus, e sua violação tem algo de idolatria (cf. Nm 25). O matrimonio deve ser honrado por todos que consiste em assumi-lo e não subtitui-lo mediante o adultério. Esta advertência também surge por causa de algumas tendências espiritualistas em que considera o casamento como algo indigno (cf. 1Tm 4,3). O leito nupcial é comparado a um verdadeiro templo, pois a expressão “sem mancha” ou “não manchado” era utilizada comumente pelos judeus para designar a pureza do Templo (2Mac 14,36; 15,34; veja Tg 1,27). O matrimônio é, portanto, para o cristçao um autêntico lugar de culto, e a castidade exigida para este estado substitui as leis antigas da pureza legal. 

A terceira manifestação do culto agradável a Deus é não deixar-se subjugar ou dominar pelos bens terrenos: “Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes”. Por que não deve se deixar dominar pelos benrs terrenos? A resposta de Deus é esta: “Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei”. A avareza está caminhando lado a lado com a impureza e tem um forte conotação de idolatria, isto é, adorar à criatura em vez de adorar ao Criador das coisas. No fundo, um avarento não confia em Deus, o Criador de todas as coisas, ao colocar sua confiança nas posses que ele jamais vai levar quando morrer (cf. Mt 6,24; Ef 5,3; 4,19; Cl 3,5). 

A última manifestação do culto agradável a Deus é a veneração dos líderes das comunidades, o apega a seus ensinamentos: “Lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a Palavra de Deus, e considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé”. O termo “guia” ou “dirigente” designativo destes líderes é o mesmo que se aplicava aos sumos sacerdotes judeus. Estes guias serão venerados como representantes de Cristo que sempre os assiste os Hebreus para quem a Carta é dirigida, incutindo-lhes coragem e inspirando-os em seu ensinamento. O termo grego para “dirigentes” expressa a ideia de conduzir, guiar, dirigir, presidir, como conotação de autoridade, de mando (Hb 13,17-18). De todos eles procede a Palavra de Deus que chegou à comunidade. São verdadeiramente promotores e modelos da fé para a comunidade. 

Entre os aspectos concretos da existência comunitária, o autor da Carta coloca em questão o próprio Cristo, fundamento único, definitivo, permanente, invariável da comunidade, de sua salvação: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8). Por isso, a fé em Jesus Cristo jamais pode ficar inabalável, acontça o que acontecer. Ele continua a ser o mesmo Salvador para nós! 

Todos os conselhos neste texto da Primeira Leitura são de atualidade para o cristão de hoje. A motivação para a caridade e a hospitalidade é que na pessoa do próximo vemos a própria pessoa de Jesus Cristo: “Foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40.45). A exortação para evitar o adultério e todo tipo de atentado contra a santidade da vida matromonial continua tendo plena atualidade. Vivemos em meio de um mundo de costumes não certamente inspirados no plano de Deus que espera dos esposos uma espiritualidade de autêntica santidade. É a mesma coisa sobre a recomendação para evitar a avareza, tentação que pode afetar a todos: leigos, religiosos e sacerdotes. E a respeito aos pastores da comunidade, com um olhar cheio de fé e desejos de prestar nossa ajuda e aprendamos deles. Tudo isto é motivado e expresso de nossa fé em Jesus Cristo, nosso Salvador para sempre. 

Procurar e Defender a Verdade 

Estamos numa seção nova do relato de Marcos. Trata-se da seção Jesus e seus discípulos (Mc 6,6b-8,30). Enviados por Jesus (Mc 6,7-13), os discípulos vão Lhe dizer que o povo se converteu e realizaram muitos milagres em Seu nome. Na sua volta da missão, os discípulos são convidados por Jesus para ir com Ele a um lugar solitário, a sós. Nunca chegará a realizar perfeitamente esse convite, mas este convite marca o tom da seção: tem que seguir estando com Jesus (cf. Mc 3,13), aprendendo, refletindo sobre seu ser com Jesus, e, sobretudo, penetrando no mistério de Jesus para educar-se na n’Ele, pois a missão de Jesus é a missão dos discípulos. Não se pode ser discípulos, continuadores de Sua obra sem entregar-se totalmente a Ele, sem crer n’Ele, pois sem a não se consegue dizer quem é Jesus.

A partir da experiência dos discípulos nós também necessitamos refletir sobre nosso estar com Jesus e deixar-nos guiar e ajudar por Ele para alcançar uma enraizada em convicções mais profundas. 

1. Jesus Incomoda Os Injustos, e Serena Os Justos 

Enquanto os Doze Apóstolos estão em missão (Mc 6,7-13), o evangelista Marcos volta a falar de seu tema principal: Quem é Jesus?  A grande preocupação do evangelista Marcos é desvendar a identidade de Jesus: em Jesus de Nazaré é preciso reconhecer o Messias de Deus. Suas ações em favor da dignidade das pessoas progressivamente levantando a pergunta por sua identidade. Agora Jesus é muito conhecido pela multidão e por isso, sua fama se espalha rapidamente ao redor. 

A fama de Jesus chegou também aos ouvidos de Herodes. O texto diz que Herodes ouviu falar de Jesus. O “ouvir” de Herodes não expressa a atitude de acolhimento do discípulo que é ouvir para ser fiel a Jesus até a morte. Herodes é obrigado a ouvir.  A multidão anda falando de Jesus e por isso, não tem como não ser ouvido por Herodes. E diante dos testemunhos e opiniões do povo simples sobre Jesus, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!”. O simples, por falar a verdade, incomoda a consciência dos grandes. O simples é a voz de Deus, pois para o simples tudo é divino e para Deus tudo é simples. A simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria dos santos.

 Herodes não está orgulhoso de sua conduta, pois ele mandou matar João Batista injustamente. Esta conduta o faz inquieto. A presença de Jesus desperta sua consciência adormecida de sua culpa. Mas ele não quer aceitar Jesus, o Príncipe da Paz, e por isso, continua inquieto. Agora é que ele escuta sua consciência. E como sua consciência o incomoda!

Será que eu ouço meu coração? Será que a presença de Jesus incomoda meu coração adormecido? Será que aceito a presença de Jesus para serenar meu coração inquieto? O que me incomoda ao lembrar-me dele? Como posso sair dele? “Meu coração continua inquieto enquanto não repousar no Senhor”, dizia Santo Agostinho. 

2. João Batista: Firme Na Defesa da Verdade e Valente Na Denúncia Do Mal 

Herodes apreciava João Batista apesar da denúncia, pois o Batista era um homem honrado, ético, íntegro, santo e de caráter. Mas a debilidade desse rei volúvel e as intrigas da mulher e de sua filha acabaram com a vida do ultimo profeta do AT, o Precursor do Messias: João Batista. 

Herodes é um rei orgulhoso no sentido de prepotente e arrogante. Ele se orgulha de seu poder e pode usá-lo para qualquer fim. Um orgulhoso, como Herodes, possui todos os vícios: egoísta, injusto, imoral. Como egoísta ele coloca sua pessoa no centro de tudo. Ele é a própria lei. Como injusto, ele não respeita os direitos dos outros. E como imoral, ele não respeita moral alguma. Ele quer entender somente seu Ego e “conversacom seu orgulho. Mas ele impõe moral para os demais e para ele próprio está livre de qualquer principio moral, pois ele se acha o próprio principio. 

Herodes é um misto de fraqueza e arrogância, de vilania e prepotência, de covardia e insolência. Ele é um velhaco. Um velhaco é covarde quando deveria ser corajoso, e torna-se impiedoso e cruel quando deveria ser clemente. Todo orgulhoso é fraco. Herodes, um rei débil, se converte em instrumento de vingança de uma mulher. Ele foi usado por uma mulher cheia de vingança e ódio no seu coração em nome da falsidade e de interesse pessoal. João Batista foi uma vitima de um poder. Herodes abusa da riqueza e do poder. Entregue totalmente aos prazeres, torna-se presunçoso e arrogante. O dominador se deixa enganar por uma bailarina e por sua vingativa mãe.  Age de maneira covarde e cruelmente, transformando-se em assassino de um inocente. 

O homem da verdade pode ser eliminado, mas a própria verdade não cabe em qualquer túmulo, pois ela habita na consciência do homem e ressuscita toda vez que for enterrada. 

A figura de João Batista é admirável por seu exemplo de interesse na defesa da verdade e sua valentia na denúncia do mal. Ele se torna conhecido pela sua firme defesa da verdade. Por causa da verdade vivida pelo João Batista, nem o rei feroz escapa de ser denunciado. Sua figura frágil não se intimida diante da fúria do rei Herodes e de sua concubina. Ele não teme pagar preço da verdade e de sua liberdade. Ele deve fidelidade a Deus, Suprema Verdade (Jo 14,6; cf. Jo 8,31-32). 

3. Somos Chamados a Ser Cristãos Coerentes A Exemplo De João Batista

De João Batista aprendemos, sobretudo, seu firme caráter e a coerência de sua vida com o que prega e fala. Ele sempre vive na verdade e pela verdade. Prepara os caminhos do Messias, pregando a conversão. Mostra claramente o Messias quando apareceu. Não quer usurpar nenhum papel que não lhe corresponde: “Que Jesus cresça e eu diminua”, humildemente confessa (Jo 3,30). Aprendemos também de João Batista que o serviço do Reino da verdade e do amor comporta também o testemunho da verdade e do amor capaz de ter risco de “perdernossa vida. O testemunho de João Batista, o profeta da verdade, inspira a quem se torna o homem da verdade. 

Haverá ocasiões em que também teremos que denunciar o mal onde existe. Faremos tudo isto com palavras valentes, mas, sobretudo, com uma vida coerente que por si mesma será um sinal profético no meio de um mundo que persegue os valores verdadeiramente humanos e cristãos. 

João Batista foi um grande defensor da verdade. A verdade é, às vezes, doce, às vezes, amarga. Porém, quando é amarga, possui propriedades que curam” (Sto. Agostinho. Epist.110). “Quem recusa a verdade é como um cego banhado pelo sol sem beneficiar-se de sua luz. Quem aceita a verdade e depois não a segue padece uma cegueira convencional” (idem. De doc. christ I, 9,9). Estejamos atentos de que como Deus não faz ouvir Sua voz para desmentir ninguém, encontramos muitos porta-vozes que se contradizem. Mas o próprio coração é o Supremo Tribunal para cada um de nós.

Para Refletir

Muitas vezes acontece que os defeitos dos outros são os nossos enxergados nos outros. Será que não existe um pequeno Herodes em mim, em você , em nós? Ou, pelo menos, será que ele está adormecido e que pode acordar e se levantar em qualquer hora com sua fúria incontrolável? Estejamos vigilantes! Pare e pense! Reflita e não reaja! Fazer sem pensar pode sacrificar muitos inocentes. 

“O homem, no que tem de animal, é violento, mas no que tem de espiritual, é não-violento. No momento em que ele se torna consciente do espírito interior, não pode permanecer violento. Jesus viveria e morreria em vão se não conseguisse nos ensinar a ordenarmos toda a nossa vida pela lei eterna do amor (Mahatma Gandhi).

P. Vitus Gustama,svd

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTO, POIS ELE É A VERDADEIRA VIDEIRA V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B” Primeira Leitura: At 9,26-31...