segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

21/01/2023-Sábado Da II Semana Comum

SEGUIR A JESUS, NOSSO SUMO SACERDOTE, PARA SER REFLEXO DE SEU AMOR PARA O PRÓXIMO

Sábado Da II Semana Comum

Primeira Leitura:  Hb 9,2-3.11-14

Irmãos, 2 foi construída uma primeira tenda, chamada o Santo, onde se encontravam o candelabro, a mesa e os pães da proposição. 3 Atrás da segunda cortina, havia outra tenda, chamada o Santo dos Santos. 11 Cristo, porém, veio como sumo sacerdote dos bens futuros. Através de uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não faz parte desta criação, 12 e não com o sangue de bodes e bezerros, mas com o seu próprio sangue, ele entrou no Santuário uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna. 13 De fato, se o sangue de bodes e touros, e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santificam e realizam a pureza ritual dos corpos, 14 quanto mais o Sangue de Cristo, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo, pois, em virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha.

Evangelho: Mc, 3, 20-21

Naquele tempo, 20Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.

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Jesus Cristo, Sumo Sacerdote Reconciliou O Homem Com Deus Para Sempre Através De Seu Sangue Derramado Na Cruz

O autor da Carta aos Hebreus continua a falar sobre o sacerdócio de Cristo, de seu poder de ser intermediário entre Deus e os homens e entre homens e Deus, em comparação ao sacerdócio da Antiga Aliança.

Esta leitura é retirada de um capítulo que deve ser lido na íntegra. Trata-se de provar a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre todas as outras formas de sacerdócio. Entre os argumentos expostos, o capítulo 9 traça uma comparação entre o sacrifício judaico do grande dia da expiação e o sacrifício de Cristo. 

A liturgia judaica do Dia da Expiação exprimia de maneira grandiosa a consciência de culpa do homem e o desejo de se libertar dela e conseguir a reconciliação com Deus. Para isso, o Sumo Sacerdote atravessava o véu do templo, entrava sozinho no "reduto santíssimo", em uma “tenda, chamada o Santo dos Santos”,  e oferecia o sangue de animais como sacrifício para expiar as suas faltas e as faltas do povo. O Sumo Sacerdote fazia isso uma vez por ano.  Depois saí para ter que começar mais um ano no mesmo ritmo. A culpa do homem era irreprimível. 

Jesus entrou, não mais no santuário material ou físico e sim no santuário do céu e de uma vez por todas, para entrar na presença de Deus. E Cristo o fez com o sacrifício da sua paixão, isto é, em virtude do seu próprio sangue e dos impulsos do eterno Espírito de Deus. O que se oferece a Deus para libertar os homens da culpa não é mais o sangue dos animais. Jesus derramou seu próprio Sangue na Cruz para libertar os homens dos seus pecados. A eficácia deste ato permanece para sempre. Trata-se do sangue da Nova e Eterna Aliança que a Igreja faz permanentemente em memória de Cristo: “Fazei isto em minha memória!”.  A esperança dos homens de alcançar o perdão dos seus pecados e a comunhão com Deus realiza-se verdadeira e definitivamente no mistério da morte e exaltação de Jesus Cristo, o Filho de Deus. E a libertação alcançada em virtude do sangue de Cristo permanece inesgotável. 

A diferença fundamental entre as duas alianças é que a antiga girava em torno de um santuário terrestre e, portanto, limitado e temporário; o novo está polarizado em torno do santuário celestial, é, portanto, uma realidade perene. 

De fato, se o sangue de bodes e touros, e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santificam e realizam a pureza ritual dos corpos,  quanto mais o Sangue de Cristo, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo, pois, em virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha” (Hb 9,13-14). 

No sofrimento e na morte de Jesus na Cruz encontram-se violentamente todas as grandes questões da vida humana. A principal pergunta que sai de nossa cabeça é a pergunta sobre o homem.  O salmista já lançou antecipadamente a seguinte pergunta: “Senhor nosso, Quando vejo o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, que é o homem, para dele te lembrares, e um filho de Adão, para vires visitá-lo?” (Sl 8,4-5). Por um lado, é a interrogação sobre o sentido e a razão de um amor de Deus que pode chegar a ser fiel até a morte e a morte na Cruz (cf. Jo 3,16). Por outro lado, a pergunta sobre o pecado do homem e a possibilidade de sua cruel mediaocridade. É a pergunta sobre a verdadeira salvação e o verdadeiro fracasso do homem que peca diante do amor infinito de Deus. No horizonte desta pergunta esconde-se, mas sempre viva, a pergunta sobre Deus, sobre o seu silêncio impenetrável diante dos grandes sofrimentos e diante das terríveis injustiças humanas, a pergunta sobre a sua providência, o sentido do seu amor, o absoluto valor da vida.  A cruz de Jesus dá a estas perguntas uma resposta inesperada, que se torna uma nova pergunta, talvez ainda mais incompreensível para a nossa sensibilidade: a pergunta sobre Jesus Cristo, sobre o desfecho inexplicável de sua vida e de sua obra, sobre o absurdo do fracasso como vitória, da morte como caminho da vida. Na cruz está o cerne ou o núcleo de Jesus e de todo o cristianismo. Olhando para a Cruz de Jesus, entedemos como é incondicional o amor de Deus por nós homens. 

Ao pé da Cruz, muitas considerações podem ser feitas: a perseguição injusta, o trágico acúmulo de interesses egoistas, o silêncio, a traição, o abandono dos amigos, a crueldade, a dor. Mas o NT, e especialmente a Carta aos Hebreus, tem uma visão única e reveladora: a razão de ser de todo o drama da cruz é a doação gratuita e pessoal de Jesus a Deus até a morte, a "oferta do seu próprio sangue" (Hb 7 ,27; 9,11-12; 25-26). 

Jesus conheceu o Pai e se entregou a ele desde o primeiro momento (10,5-10) – aquela entrega fiel o conduziu à cruz, onde confirmou a radicalidade de sua decisão. “Através de uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não faz parte desta criação, e não com o sangue de bodes e bezerros, mas com o seu próprio sangue, ele entrou no Santuário uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna” (Hb 9,11-12). Na cruz, o homem e Deus são revelados; o salvo, como o homem que se entrega a Deus, perde o que é mortal e encontra a vida (Hb 9,13-14; 10,19-24). E Deus como o Absoluto da vida e do amor que chama o homem à livre comunhão com ele, à paz, à vida eterna. Para esta comunhão, a conversão é indispensável. E a atitude cristã diante da cruz é a fé: aceitação da revelação do Deus vivo e cheio de amor e do homem salvo, purificando o coração de todos os males humanos por Cristo e prestando um culto vivo a Deus da parte do homem (Hb 9,13-14). 

Evangelho e Sua Mensagem Para Nós 

O relato de Mc começa com um dado surpreendente: os parentes de Jesus, ao saber que ele estava fora de si, ou estava louco, eles foram até Jesus para retirá-lo do seu lugar de missão. A loucura era considerada como sinal de possessão diabólica.  Qualificar alguém de louco era uma forma de excluí-lo, anulá-lo e condená-lo. Em relação a Jesus, seus inimigos  queriam aplicar também essa tática para anulá-lo, e os parentes de Jesus simplesmente acreditavam sem nenhuma verificação. 

Por que tudo isso? Porque Jesus quis construir uma comunidade cimentada nos valores do amor e da justiça. Viver de acordo com a igualdade, a solidariedade e a fraternidade universal significa romper com o modelo de família tradicional e com sistema vigente que oprime e discrimina. Para Jesus todos têm que se sentir irmãos daqueles que até então eram considerados excluídos, impuros, forasteiros, inimigos, pecadores. Para a mentalidade de então essas pessoas teriam que ser afastadas. Jesus fez o contrário: a casa onde ele se encontrava estava lotada de gente pobre e empobrecida que ele tratava com respeito. Por isso, Jesus não podia estar de acordo com seus parentes que, se deixando levar da qualificação de louco que lhe davam seus inimigos, tratavam de retirá-lo de sua missão. O Evangelista não exclui a mãe de Jesus deste episódio, pois ela se entrega totalmente à Palavra de Deus e sua vontade: “Eis aqui a Serva de Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Sempre sucede o mesmo. O plausível para os homens não é em todo momento o honesto para Deus. O politicamente correto não coincide em muitas ocasiões com eticamente justo. Um profeta diz a seu tempo e contra seu tempo o que Deus lhe manda dizer aos homens mesmo que os homens não concordem. Não é fácil ser profeta. Há que estar muito identificado com Jesus para sê-lo de verdade. Um profeta de verdade sempre termina sua vida como mártir. Ele é crucificado, mas ninguém consegue crucificar a verdade porque a verdade mora na própria consciência do homem. O próprio homem sabe disso e tem consciência disso. 

Os parentes de Jesus acreditaram nas fofocas ou comentários maldosos dos inimigos de que Jesus era louco. Por isso, eles foram até Jesus para levá-lo para casa sem perguntar até que ponto esse comentário tinha fundamento. Às vezes, acontece o contrário: aquele que acha que o outro seja louco é muito mais louco do que todos os loucos de verdade. Precisamos nos perguntar também tanto pessoalmente como comunitariamente: Quem é Jesus em quem acreditamos? Por que nos reunimos em Seu nome? Por que celebramos a Eucaristia? Só porque ele mandou fazer em sua memória? Mas que memória? Vale a pena continuar acreditando e esperando n’Ele?

Viver o Evangelho tem umas consequências e exige de nós que sejamos consequentes. Seguie a Jesus Cristo não é uma tarefa para uns instantes ao dia e sim é uma tarefa para toda a vida, para cada instante. Jesus é considerado como louco por ser próximo para todos, por ajudar quem está em necessidade; por integrar numa família quem era excluído, por salvar a vida no dia de preceito (Sábado), por lutar pela igualdade, pois todos são filhos e filhas de Deus. Nós que amamos Cristo, nós que escutamos Sua voz e nos comprometemos a viver conforme Seu evangelho também nós podemos ser considerados como loucos, sonhadores e ilusórios pelo mundo. Mas somente aquele que vive verdadeiramente unido a Deus e comprometido na salvação de todos, poderá fazer seu o caminho de Cristo e jamais vai usar o Evangelho para o proveito próprio. Ao contrario, ele saberá ir ao encontro dos que falharam na vida moral ou eticamente para fazer todos eles aproximarem-se do perdão e do amor de Deus; saberá ir ao encontro das pessoas que sofrem para manifestar-lhes a misericórdia divina não somente com palavras e sim com a própria entrega, com obras que lhes ajudam a viver uma vida digna. Sejamos essa Igreja do Senhor que vive não para servir-se do Evangelho e sim para estar a serviço do Evangelho até as ultimas conseqüências. Deus espera de nós uma vida de fé totalmente comprometida com o Evangelho.

P. Vitus Gustama,svd

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