sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

20/01/2023-Sextaf Da II Semana Comum

SER APÓSTOLO DO SENHOR QUE NOS AMA E PERDOA SEMPRE  

Sexta-Feira da II Semana Comum


Primeira Leitura: Hb 8,6-13

Irmãos, 6 agora, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é o mediador de uma aliança bem melhor, baseada em promessas melhores. 7 De fato, se a primeira aliança fosse sem defeito, não se procuraria estabelecer uma segunda. 8 Com efeito, Deus adverte: “Dias virão, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma nova aliança. 9 Não como a aliança que eu fiz com os seus pais, no dia em que os conduzi pela mão para fazê-los sair da terra do Egito. Pois eles não permaneceram fiéis à minha aliança; por isso, me desinteressei deles, diz o Senhor. 10 Eis a aliança que estabelecerei com o povo de Israel, depois daqueles dias – diz o Senhor: porei minhas leis na sua mente e as gravarei no seu coração, e serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 11 Ningué mais ensinará o seu próximo, e nem o seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor!’ Porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior. 12 Porque terei misericórdia das suas faltas, e não me lembrarei mais dos seus pecados”. 13 Assim, ao falar de nova aliança, declarou velha a primeira. Ora, o que envelhece e se torna antiquado está prestes a desaparecer.

Evangelho: Mc 3,13-19

Naquele tempo, 13Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios. 16Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “Filhos do trovão”; 18André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.

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Jesus Cristo Mediador Da Nova Aliança

Os capítulos 8 e 9 da Carta aos Hebreus evidentemente constituem sua parte principal. O autor da Carta aos Hebreus apresenta a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre os outros sacerdotes terrestres, tema que foi tratado no dia anterior (Hb 7,25–8,6). Essa superioridade já tem início na Primeira Leitura do dia anterior. 

O tema que se apresenta na Primeira Leitura de hoje é o da Nova Aliança, como continuação da superioridade do sacerdócio de Jesus Cristo em relação ao sacerdócio da Antiga Aliança. O "Novo Testamento", que significa "Nova Aliança", não é que tenha suprimido o Antigo, mas o trouxe à sua plenitude. Na Nova Aliança, como consequência, há novo sacerdócio. E um novo sacerdócio implica nova lei. E uma nova lei implica uma Aliança Nova, que substitui a Antiga Aliança. Segundo a Carta aos Hebreus, Jesus Cristo é o Mediador desta Nova Aliança. Jesus, mediador perfeito, sentiu-se totalmente solidário com Deus e totalmente solidário com os homens, porque, na própria intimidade do seu ser, era homem e Deus simultaneamente. Por isso, podemos entender a afirmação do Senhor na Última Ceia ao instituir a Eucaristia: “Este é o Cálice do Meu Sangue, o Sangue da Nova e Eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. ...” (cf. 1Cor 11,23-25;  Mt 26,27-28). Na Eucaristia recebemos "o Sangue da Nova e Eterna Aliança". Nós não apenas acreditamos em Cristo. Participamos da vida que ele nos comunica, primeiro na sua Palavra e depois no Sacramento do seu Corpo e Sangue. Consequentemente, ao longo da jornada, devemos viver pelo espírito desta Nova Aliança. Toda vez celebramos ou participamos da Eucaristia, especialmente no momento de epiclese ou no momento da consagração, revivemos a Nova e Eterna Aliança. É o momento comovente, pois o preço de nossa vida é o Sangue do Senhor derramado na Cruz. Fomos/somos purificados no Sangue da remissão dos pecados. Podemos entender, consequentemente, a ordem do Senhor para fazer esta memória: “Fazei isto em memória de Mim!”. 

O novo e excepcional sacerdócio de Cristo deu origem a uma nova lei e também a uma nova aliança. Uma aliança que substituiria a antiga. Já teria sido anunciado no AT para expor esse pensamento, o autor da carta aos Hebreus apresenta uma longa citação de Jeremias (Jr 31,31-34). O autor quer dizer: se os profetas olhassem para o futuro, para uma aliança ideal e perfeita -porque eles perceberam a insuficiência da antiga aliança- seria ilógico para nós continuarmos olhando para o passado -para o que é insuficiente e imperfeito - quando já a antiga promessa foi cumprida. 

A nova aliança fundamenta o relacionamento entre o homem e Deus em uma base completamente diferente. Uma nova base que não significa uma nova ética, pois os preceitos divinos são inalteráveis. A nova base consiste no novo princípio determinante da aliança, o princípio da presença operante de Deus no coração humano. A graça não é simplesmente “normativa” de fora, mas criadora da força necessária, dentro do próprio homem, e que, por isso, as exigências da Nova Aliança possam ser cumpridas e obedecidas com alegria, pois a nova lei é o amor (Jo 13,34-35). Princípio de intimidade, de amizade, graças ao qual as relações do homem com Deus e do homem com o homem se tornam possíveis, humanas, cordiais. É baseado em um conhecimento amoroso de Deus que consiste em crer no Deus da misericórdia. Ou seja, o fundamento último desta nova relação com Deus está na vontade de perdão, de misericórdia e de graça que Deus oferece generosa e gratuitamente ao homem (Cf Jo 3,16). O perdão faz parte da aliança de amor. 

E a vontade de perdão, misericórdia e graça da parte de Deus, o autor da carta aos Hebreus o vê de maneira mais concreta e tangível. Esta vontade de Deus de perdão, misericórdia e graça adquiriu no tempo, e de uma vez por todas, um rosto e um nome humanos. Tudo isso é e se chama Jesus. Jesus é essa aliança ideal, a última, a definitiva. Jesus Cristo é a encarnação do Deus misericordioso, capaz de derramr o próprio sangue para salvar os homens de seus pecados. E deve se tornar rosto em cada cristão: “Sede misericordiosos (compassivos), como vosso Pai é misericordioso(compassivo)” (Lc 6,36). Será que nós cristãos somos capazes de oferecer o essencial de nós (“derramar o sangue” como Jesus) para salvar o próximo? 

Agora, Cristo possui um ministério superior” (em O grego Leiturgia, liturgia). Jesus Cristo é, de fato, o verdadeiro Presidente de nossas liturgias. Em cada Santa Eucaristia, o sacerdote celebra “In Persona Christi”, na Pessoa de Jesus Cristo. O sacerdote faz ou celebra tudo, sacramentalmente, sempre na Pessoa de Cristo. A missa não pode ser um “Show”, pois o próprio Cristo é o principal Presidente da Celebração na pessoa do sacerdote. 

Em sintonia com esta “Nova Aliança” o evangelho nos apresenta a escolha dos Doze Apóstolos. Apóstolo, em grego, significa “enviado”. Esses doze vão morar com ele e ele os enviará para pregar a Boa Nova, com poder para expulsar demônios, como ele fez. Em outras palavras, eles compartilharão sua missão messiânica e serão a base da comunidade eclesial por todos os séculos.

O número doze não é acidental: seu simbolismo é evidente, que aponta para as doze tribos de Israel. A partir de agora a Igreja será o novo Israel, unificado em torno de Cristo Jesus. 

De acordo com essa lista dos doze, nós também estamos. Não somos sucessores dos Apóstolos - como os bispos - mas somos membros de uma comunidade que forma a Igreja "apostólica". 

Ele não nos escolhe por nossos méritos, porque somos os mais santos ou os mais sábios ou porque somos cheios de qualidades humanas. Provavelmente também entre nós existem pessoas fracas, como naqueles primeiros doze: um acabou por ser um traidor, outros o abandonaram no momento da crise, e aquele que ele colocou como chefe o negou covardemente. Certamente também temos momentos de fraqueza, covardia ou mesmo traição. Mas devemos sempre confiar no seu perdão e renovar a nossa dedicação e o nosso seguimento, aproveitando todos os meios que ele nos dá para amadurecermos na nossa fé e na nossa vida cristã. 

Como os doze, que "foram com ele" e depois "ele os enviou a pregar", também nós, quando celebramos a Eucaristia, "estamos com ele" e no final da Missa, quando nos dizem que "podemos ir na paz», na realidade «somos enviados» a testemunhar com a nossa vida a Boa Nova que acabámos de celebrar e comunicar. 

Outras Lições Do Evangelho De Hoje Para Nós 

Já conhecemos a chamada de Simão (Pedro), André, Tiago e João. Jesus os escolheu para convertê-los em pescadores de homens (cf. Mc 1,16-20). Em seguida, chamou Levi (Mc 2,13-14). No evangelho de hoje Marcos nos narra a instituição solene dos Doze. A eleição se faz entre os discípulos. Trata-se de um grupo que se distancia do grupo. Este grupo é chamado Apóstolos. São doze discípulos. Eles são testemunhas oculares de toda a vida de Jesus, são fundamento de nossa fé, pois estão unidos a Cristo pedra angular (Ef 2,20). E essa pedra angular faz visível no ministério de Pedro (cf. Mt 16,18-19). 

1. É Preciso Vivermos Os Valores Cristãos Para Ter Ampla Visão Sobre a Tudo Na Vida 

Para a instituição dos Doze, Jesus escolheu um monte, um lugar solitário. É mesma coisa que ele fez quando terminou a jornada entusiasta em Cafarnaum (Mc 1,35), e depois que ele curou muitas pessoas: se retirou. Mas agora, Jesus não está só. Seus discípulos estão com ele.

Jesus subiu ao monte”. Um monte é expressão da proximidade com Deus, e é cenário das grandes revelações divinas (cf. Ex 19,20; 24,12; Nm 27,12; Dt 1,6-18). Monte é o lugar das grandes decisões, um lugar solitário e silencioso propício para a oração, um lugar de amplos horizontes de onde se vê longe.

Jesus nos ensina a aprendermos a ampliar nosso horizonte. Para isso, temos que ter coragem de subir, de sair de nosso canto de sempre, sem medo. É aprender a ver a vida de maneira multiangular.  O conservador não tem futuro porque não aceita novidade e teme por aquilo que é novo. Mas o mundo continua mudando. O amor nos leva a termos uma visão ampla sobre o mundo, as pessoas, a vida e seus acontecimentos. Um coração que ama é capaz de penetrar até o âmago das coisas e chega até Deus. O amor nos assemelha com Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). “Quanto mais amas, mais alto tu sobes”, dizia Santo Agostinho. Quanto mais alto subimos, mais coisas nós veremos. O topo de uma montanha amplia nossa visão e vemos mais coisas. 

2. A Vocação Pertence Ao Senhor: Características Da Vocação Do Senhor 

Jesus chamou os que ele quis”. Esta frase mostra que uma das características da vocação é a vontade soberana do Senhor. Ele chama os que ele quer.  A vocação é a do Senhor. Alguém pode querer ser discípulo íntimo do Senhor, mas tem que reconhecer que a vocação está na soberania do Senhor. Alguém pode estudar o curso de direito, por exemplo, mas não adianta se não tem vocação para ser advogado. 

E eles foram até Jesus”. A segunda característica dessa vocação é a proximidade com Jesus. É viver na intimidade de Jesus, é pertencer a seu grupo. É refletir, rezar e trabalhar com Jesus. Quando Jesus estiver ausente fisicamente, um dia, eles terão que representá-Lo, fazê-Lo presente no mundo. O discípulo é o prolongamento do Senhor neste mundo. Jesus falará e agirá no mundo através de cada discípulo. Para isso, o discípulo precisa manter o contato com Jesus espiritualmente para que as mensagens não sejam manipuladas pelo interesse próprio. 

3. Para Ser Apóstolo É Preciso Estar, Primeiro, Com o Senhor 

O evangelista Marcos sublinha, no seu relato, a finalidade da chamada ou da vocação dos Doze: para estar com Jesus. “Jesus designou Doze, para que ficassem com ele”. Depois “para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios”. 

Isto quer nos dizer que aquele que quer ser discípulo ou aquele que quer ser enviado deve ter, primeiro, uma experiência pessoal com o Senhor, pois “Não existe discípulo superior ao mestre, nem servo superior ao seu senhor” (Mt 10,24). O enviado deve conviver com Aquele que o envia e saber quais são Seus planos, Seus projetos, isto é, conhecer o plano de salvação de Deus sobre a humanidade para depois o enviado levar o mesmo adiante. 

Não somente conhecer a vontade de Deus, mas reconhecer que ele mesmo é objeto dessa vontade salvífica. Conseqüentemente, ele não apenas desempenhará o papel como profeta (que anuncia e denuncia), mas também como testemunha do amor e da misericórdia de Deus. Quem vai em Nome de Jesus, não somente participa de Sua missão, mas também de Seu poder para vencer o mal. Assim, o enviado se converterá em prolongamento de Jesus na historia. Ele será o memorial do Senhor que continua salvando, libertando o homem de suas escravidões. 

Aquele que não entrar numa relação de intimidade com o Senhor não pode sentir-se autorizado a proclamar o Evangelho de salvação aos demais, pois não são os meios humanos ou recursos puramente humanos e sim o Espírito Santo é que dá a eficácia necessária ao anúncio do Evangelho para que se converta em Palavra de Salvação para o mundo. A partir de viver unidos a Jesus Cristo pela fé, poderemos ver com Seus olhos o mundo e sua história. 

Marcos resume em três pontos o discipulado: Estar com Jesus, Anunciar o Reino e Expulsar demônios. 

Em primeiro lugar, compartilhar a vida com Jesus significa aprender diretamente de seu comportamento o que há que fazer. Estar com Jesus não é simplesmente aprender o que ele fez para repeti-lo. Significa algo mais: adquirir seus critérios para ter a liberdade de fazer novas coisas, as que exigem cada tempo, cada lugar, cada cultura, cada nova história, porém sempre de acordo com o critério de Jesus.

Em segundo lugar, há que dizer que o seguimento de Jesus não está pensado somente da individualidade. Trata-se de um projeto de humanização que há que compartilhar com outros, que deve ser anunciado. Para isso, há que romper fronteiras e enfrentar novas circunstâncias histórico-culturais. A lista dos que “estiveram com Jesus” se abre com Pedro e se fecha com Judas. Pedro representa fidelidade apesar das fraquezas. Judas representa infidelidade. Pedro e Judas, símbolos de fidelidade e infidelidade, resumem a historia da Igreja e a historia pessoal de cada discípulo. O importante é que não cerremos nossa relação com Jesus com uma traição. 

Em terceiro lugar, Jesus dá aos discípulos o poder de expulsar demônios. Esta figura tem uma carga teológica - cultural. Demônio era o símbolo onde se acumulava o negativo da história: enfermidade, injustiça, pecado, o poder de expulsar demônios não deve ser visto tanto como poder de fazer milagres e exorcismos e sim como a capacidade de humanizar o ser humano para aproximá-lo ao desenho original de ser a imagem mais fiel de Deus Pai.                 

Os Doze já cumpriram sua missão. Por causa dos missionários conhecemos Jesus. Não podemos deixar morrer na nossa mão está missão. Precisamos ser discípulos-missionários do Senhor.              

P. Vitus Gustama,svd

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