quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

19/01/2023-Quintaf Da II Semana Comum

ESTAR COM JESUS NA LUTA CONTRA A FORÇA DESTRUIDORA DA HUMANIDADE

Quinta-Feira Da II Semana Comum

Primeira Leitura: Hb 7,25–8,6

Irmãos, 25 Jesus é capaz de salvar para sempre aqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus. Ele está sempre vivo para interceder por eles. 26 Tal é precisamente o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus. 27 Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios em cada dia, primeiro por seus próprios pecados e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo. 28 A Lei, com efeito, constituiu sumos sacerdotes sujeitos à fraqueza, enquanto a palavra do juramento, que veio depois da Lei, constituiu alguém que é Filho, perfeito para sempre. 8,1 O tema mais importante da nossa exposição é este: temos um sumo sacerdote tão grande, que se assentou à direita do trono da majestade, nos céus. 2 Ele é ministro do Santuário e da Tenda verdadeira, armada pelo Senhor, e não por mão humana. 3 Todo sumo sacerdote, com efeito, é constituído para oferecer dádivas e sacrifícios; portanto, é necessário que tenha algo a oferecer. 4 Na verdade, se Cristo estivesse na terra, não seria nem mesmo sacerdote, pois já existem os que oferecem dádivas de acordo com a Lei. 5 Estes celebram um culto que é cópia e sombra das realidades celestes, como foi dito a Moisés, quando estava para executar a construção da Tenda. “Vê, faze tudo segundo o modelo que te foi mostrado sobre a montanha”. 6 Agora, porém, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é o mediador de uma aliança bem melhor, baseada em promessas melhores.

Evangelho: Mc 3,7-12

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

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O Sacerdote Eterno, Jesus Cristo, Intercede Por Nós Permanentemente

Jesus é capaz de salvar para sempre aqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus. Ele está sempre vivo para interceder por eles. Tal é precisamente o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus. Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios em cada dia, primeiro por seus próprios pecados e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7,25-27).       

O texto da Primeira Leitura é muito denso teologicamente. O texto continua demonstrando a superioridade do sacerdócio de Cristo. A lista que apresenta dos contrastes com os sacerdotes levíticos é grande: estes eram muitos, homens imperfeitos, caducos, de sacerdócio efêmero, temporal, pecadores, obrigados antes a oferecer sacrifício por seus próprios pecados, com sacrifícios diários e repetidos, de matérias alheias, incapazes, portanto, de salvar. Aos sacerdotes da AT exigiam-se algumas qualidades morais e a observância de uma pureza cultual ou objetiva, pois deviam viver separados de tudo o que era “impuro” e inconveniente à santidade de Deus diante de quem apareciam para rezar por todo o povo (cf. Ex 30, 19-21; Lv 10, 9-11, 22, 2-9; etc.). No entanto, eles estavam cheios de fraquezas e tiveram que oferecer sacrifícios não apenas pelo povo, mas também por seus próprios pecados. A temporalidade e a multiplicidade são os sinais da imperfeição do sacerdócio do AT. 

Diante de tudo isto, está Jesus Cristo que é sacerdote único, Filho de Deus e perfeito, incontaminado (imaculado) e sem necessidade de oferecer algum sacrifício por seus pecados, mas que se oferece a si mesmo pelos demais, tem um sacerdócio perpétuo, está sempre vivo para interceder, e, portanto, capaz de salvar os que se aproximam de Deus por meio dele. O sacerdócio de Cristo é eterno. Dura para sempre. A morte impôs aos descendentes de Aarão a necessidade de se multiplicar. O que era uma imperfeição impossível de remediar. Em vez disso, como a morte não tem mais poder sobre Cristo, Ele permanece para sempre e exerce um sacerdócio "exclusivo". Ele pode salvar definitivamente e permanentemente os homens e uni-los a Deus. Ele vive para interceder por nós, e sua intercessão é eterna, porque deriva do sacrifício que consumiu de uma vez por todas no Calvário. Na plenitude do seu sacerdócio, Cristo é ao mesmo tempo sacerdote e vítima. Mas não pelos seus pecados, mas pelo pecado do mundo. Enquanto a Lei instituiu homens pecadores como sacerdotes e ordenou muitos sacrifícios, sempre insuficientes, a Promessa se cumpre em Jesus Cristo, o único sacerdote verdadeiro e perfeito. Jesus Cristo é o sacerdote eterno que oferece o sacrifício eterno, válido para sempre. 

A Primeira Leitura constitui, por isso, a parte final da demonstração da superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico. O texto sublinha que Jesus não depende de Levi, pois Ele pertence à ordem de Melquisedec (Sl 109/110). O sacerdócio de Jesus Cristo repousa sobre sua qualidade de Filho de Deus e de Senhor (Sl 2,7). E que seu sacerdócio corresponde a um “juramento de Deus” (Hb 7,20-22).

Esta ideia de juramento envolve toda a perícope litúrgica, especialmente esta ideia se encontra em Hb 7,20-22 que não estão incluídos na leitura e que na verdade são os versículos importantes dentro desta ideia. E este juramento não está mais nas promessas feitas a Abraão e sim na promessa do Salmo 109/110,4 citado pela quarta vez na Carta aos Hebreus. Com efeito, a ênfase não se coloca mais sobre este personagem sim sobre o juramento: o Senhor o jurou (Hb 7,21). 

A partir desta ideia, o autor da Carta argumenta que um sacerdócio garantido por um juramento divino é penhor de uma aliança melhor do que a antiga que não se fundamentava em nenhum juramento de Deus (Hb 7,20-22). Além disso, um sacerdócio proveniente do juramento divino é um sacerdócio eterno (Sl 109/110,4; Hb 7,23-25; retomada dos vv. 15-17). A duração perpétua do “Ressuscitado” garante a eternidade de seu sacerdócio (Hb 7,24) em face da caducidade do sacerdócio antigo. Consequentemente, sendo eterno, o sacerdócio de Cristo está sempre em ação intercedendo por nós sem cessar. Cristo faz a humanidade ter acesso a uma comunhão real com Deus. 

Portanto, o autor da Carta mostra a superioridade do sacerdócio de Cristo que está acima de qualquer outro, e em especial, do sacerdócio do AT. Os sacerdotes do AT se sucederam como homens mortais. Temporalidade e multiplicidade são os sinais da imperfeição deste sacerdócio. Somente o sacerdócio de Cristo é único e eterno. Sendo como imortal, Cristo intercede sempre diante do Pai em favor daqueles que se aproximam de Deus por meio d´Ele (cf. Hb 4,16; 1Jo 2,1). Ninguém como Cristo glorioso para interceder pelos homens com plena autoridade, porque ninguém como Ele é santo, com sua santidade interior, religiosa e moral consumadas. As palavras do juramento de Deus consagram o Filho “perfeito para sempre”.

Poderíamos ficar com o versículo 25 da Primeira Leitura: “Jesus é capaz de salvar para sempre aqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus. Ele está sempre vivo para interceder por eles”. É uma fórmula admirável que poderíamos saborear durante o dia. É ver a humanidade como uma imensa caravana que trata de avançar para Deus, mas que no fundo é incapaz de abrir caminho. Todos temos este desejo de descobrir Deus, de ver Deus. 

Mas como entrar onde Deus está? Constatamos que temos mais experiência de nosso pecado, de nossa incapacidade de amar a Deus, de não saber orar ou de orar muito pouco. 

Então Jesus nos abre a porta completamente, de maneira definitiva: “Ele está sempre vivo para interceder por nós”. Sua ressurreição é a garantia da eternidade de sua missão a respeito de nós. Jesus não deixa de orar, de suplicar a seu Pai por nós, por mim, por todos os homens. Eu estou na oração de Jesus. Estou incluído na oração de Jesus. 

E este mundo está sendo transformado, divinizado, porque Jesus é o sacerdote que mantém seu oferecimento eterno diante do Pai pela salvação de todo o mundo. 

Também os sacerdotes de hoje, por muito dignamente que presidam a Eucaristia, ou perdoam os pecados no sacramento da Reconciliação, são débeis e pecadores. Eles têm que rezar primeiro por seus próprios pecados e logo pelos pecados do povo. Se presidem e absolvem e bendizem, é em nome de Jesus Cristo. O Papa Francisco relembra todos os sacerdotes de que o sacerdócio é um dom: “O Senhor ungiu-nos em Cristo com óleo da alegria, e esta unção convida-nos a acolher e cuidar deste grande dom: a alegria, o júbilo sacerdotal. A alegria do sacerdote é um bem precioso tanto para si mesmo como para todo o povo fiel de Deus: do meio deste povo fiel é chamado o sacerdote para ser ungido e ao mesmo povo é enviado para ungir. Na nossa alegria sacerdotal, encontro três características significativas: uma alegria que nos unge (sem nos tornar untuosos, sumptuosos e presunçosos), uma alegria incorruptível e uma alegria missionária que irradia para todos e todos atrai a começar, inversamente, pelos mais distantes”.

O Bem Praticado Nos Protege Da Tentação Do Poder 

E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia” (Mc 3,8). 

Segundo Marcos muitas pessoas foram ao encontro de Jesus pela seguinte razão: “Ao ouvir o que ele fazia”. Não diz que “ao ouvir o que ele dizia” e sim “o que ele fazia”. O que Jesus fazia se fazia ouvir. Sua prática fazia ruído. Suas obras para o bem das pessoas são gritantes. Provavelmente o que dizia corria de boca em boca, porque sua palavra era concreta, referida à prática. Ele acolhe e procura o bem para todos, sem exceção. Seu dizer, seguramente, também era uma forma de fazer. Dizer e fazer, simultaneamente, como formas de práticas para Jesus. Seu fazer ultrapassa sempre seu dizer. 

No cristianismo, o mais importante são os fatos, os fatos de vida, as demonstrações práticas de que cremos em um Deus Pai e Amor. No cristianismo, o mais importante são os testemunhos vivos de que confiamos tanto em Deus que não temos medo de nada e de ninguém. O mais importante no cristianismo é a fraternidade vivida dia a dia, junto a cada homem e sua necessidade concreta, sua dor pessoal, sua necessidade básica e específica. 

Mesmo que se torne popular e bem conhecido por seu fazer, Jesus não se embriaga do fervor popular, de aplausos, de triunfalismos e de vanglorias. Por isso é que ele sempre se retira da multidão para manter contato com seu Pai para não cair na egolatria, no egoísmo e no egocentrismo. O Reino de Deus é sempre o centro de sua atividade.

momentos, na nossa vida, nos quais a única forma de dizer é fazer. E há também momentos, é verdade, queformas de dizer que são mais eficazes que muitas formas de fazer. Jesus, em todo caso, foi sempre orientado à prática, à construção do reino de Deus, à obra de dignificação de pessoas: com sua palavra, com testemunho pessoal e com ações concretas de libertação. Por isso, com Jesus tudo pode mudar para melhor. É como se nascesse de novo. Ele cura. Nas primeiras ginas do evangelho ele é chamado de “o Salvador”, o que dá a saúde de corpo e de alma. Jesus sente o sofrimento dos homens. A compaixão move seu coração. Em Jesus se um sentido para a dor.

Quando um cristão fizer mais o bem do que apenas falar do bem Jesus faz presente e o bem praticado faz ruído ao redor mesmo que aquele que o pratica não diga nada. O bem praticado e vivido proclama por si próprio. O bem praticado se torna pregador por aquele que o pratica. O bem praticado sempre atrai parceiros. Que nossa maneira de viver possa fazer ruído não pelo mal que cometemos, mas pelo bem que praticamos silenciosamente. 

Estamos neste mundo com o único objetivo: fazer o bem e por isso, nós não podemos deixar de fazer o bem em qualquer oportunidade. Mas é fácil ser pego na armadilha de pensar que o dia de hoje não importa muito, pois ainda temos outros dias pela frente. Mas uma grande vida não é nada mais que uma seqüência de dias bem vividos, amarrados juntos como um belo colar de pérolas. Cada dia é importante e contribui para a qualidade do resultado final. O passado se foi, o futuro existe na nossa imaginação e, portanto, o dia de hoje é tudo o que cada um tem. Precisamos usá-lo sabiamente para o bem. Nossa vida não é um ensaio. As oportunidades perdidas raramente voltam.

Mas precisamos superar permanentemente a tentação contra o poder, a egolatria, isto é, fazer as coisas em função do próprio ego e não em função do bem de todos. É preciso nos mantermos em contato com Deus, o Único que nos salva. Por isso, precisamos imitar e olhar para Jesus que sempre procura o contato com Deus toda vez que a multidão quer fazer dele um rei. O mundo, ao contrário, aproveita qualquer momento de popularidade para o benefício próprio a custo da maioria que vive em miséria.  Como seguidores de Cristo precisamos olhar para nossa vida ou nossa maneira de viver para saber onde estamos a fim de saber se estamos no caminho de Cristo ou não. 

A Humanidade Faz Caravana Ao Encontro De Deus 

Muita gente da Judéia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus...”, relatou evangelista Marcos. 

Santa Teresa de Ávila dizia: “Quero ver Deus”. Todos nós temos o mesmo desejo, como a multidão da Judéia, de Jerusalém, da Idumeia, de Tiro, de Sidônia e de outros territórios quis ir até Jesus.

A humanidade é uma imensa caravana que caminha para chegar até Deus, pois somente n’Ele se encontra o sentido de sua existência e a plenitude de sua vida. Mas no fundo ela, por si própria, é incapaz de abrir o caminho, pois a humanidade tem experiência de seus pecados, de suas dificuldades de amar e de rezar. Jesus, como o Caminho por excelência (cf. Jo 14,6), ao entrar no céu com sua humanidade (Mc 16,19; Lc 24,51; At 1,9-10) facilita a humanidade a entrar com Ele (cf. Jo 14,2-6). Jesus nos abre a porta do céu definitivamente. 

Com Jesus Venceremos A Força Destruidora 

Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!”.  Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era”. 

É interessante observar que não é a multidão que faz a exclamação de que Jesus é “Filho de Deus” e sim são os possessos, isto é, as forças do mal. Diante de Jesus que é mais forte do que qualquer força do mundo, por serFilho de Deus”, as forças do mal não aceitam ser reduzidas no seu poder, embora se trate de um poder destruidor do ser humano. Por isso, elas protestam contra Jesus, o Filho de Deus. A presença de Jesus desmascara as forças do mal que até então dominavam o ser humano, especialmente os mais fracos. Mas diante de Jesus e na Sua presença a força do mal perde seu poder e sua força. Não é por acaso que a multidão sempre vai atrás de Jesus, pois estar com Jesus significa estar com a força das forças. 

Vale a pena para nós também estarmos com Jesus, pois Ele é a força de nossas forças e a vida de nossas vidas. Através do evangelista João Jesus nos recorda com as seguintes palavras: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: Eu venci o mundo!” (Jo 16,33b).

Pedimos ao Senhor que nos a força ou capacidade para lutarmos contra o mal sob todas as suas formas: a enfermidade, a ignorância, a fome, o ódio, a indiferença, a desigualdade, a violência, a intolerância, a solidão, o pecado e outras forças destruidoras da humanidade.

P. Vitus Gustama,svd

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