sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

SÃO SEBASTIÃO, MÁRTIR-20 de Janeiro

FESTA DE SÃO SEBASTIÃO

(20 de Janeiro)

Texto: Mt 10,28-33

Neste domingo celebramos o martírio de São Sebastião. SÃO SEBASTIÃO nasceu no ano de 250 em Narbona, província no sul da Gália (hoje na França), durante a pontífice (papado) de São Marcelino (296-304). Nessa época quem governava o Império Romano era DIOCLECIANO (208-305). Diocleciano foi proclamado imperador em 17 de novembro de 284. Como era fiel ao tradicional culto romano, Diocleciano fazia a grande perseguição aos cristãos romanos. Com seu amigo, MAXIMIANO (286-305) que governava a parte ocidental do Império Romano, Diocleciano, que governava a parte oriental do Império, colocou em prática, no ano de 286, um plano para combater os inimigos, inclusive os cristãos, que o acometiam. O militar valente do governo de Diocleciano chamado GALÉRIO MÁXIMO foi indicado como César oriental. Este militar era inculto, fanático adorador dos ídolos e inimigo dos cristãos. Na parte ocidental, Diocleciano colocou outro César chamado CONSTÂNCIO CLORO, conhecido como um general bondoso e competente. Constância Cloro foi pai do futuro imperador CONSTANTINO.

Sob a influência de Galério, no ano 303, Diocleciano reuniu um conselho secreto, tendo como plano principal acabar com o cristianismo no império. Galério, fanático adorador dos ídolos e inimigo dos cristãos, conseguiu convencer Diocleciano sobre o perigo que os cristãos representavam para o Estado. Lembre-se de que a esposa e a filha do Diocleciano eram cristãs! Diocleciano fez, então, O primeiro edito geral no qual ordenava para todo império a DESTRUIÇÃO DAS IGREJAS e DOS LIVROS SAGRADOS e privava os cristãos de seus cargos e títulos e tiraram dos cristãos o direito diante dos tribunais civis.

Aqui o decreto:

ü  Eu, Caio Aurélio Diocleciano, imperador de Roma, ordeno que sejam demolidos todas as igrejas em todas as províncias do império. Que sejam cortadas as cabeças daqueles que participarem de quais quer reuniões secretas. Sejam confiscados todos os bens eclesiásticos e todas as comunidades sejam derrubadas. Aqueles que se recusarem a prestar as homenagens aos deuses de Roma, se forem cidadãos, que sejam excluídos de honras e empregos; se forem escravos, que percam a esperança de liberdade. Que sejam aceitas quaisquer acusações contra os cristãos e não se admitam ou permitam nenhum apelo ou desculpa a favor deles. (LOUREIRO, Caio. São Sebastião: Soldado, Cristão, Mártir e Santo. Joinville: Clube de Autores, 2014)

O martírio de são Sebastião, cuja festa celebramos no dia 20 de Janeiro, é registrado:

1.    No livro LEGENDA ÁUREA (história da vida dos santos escrita no século XIII pelo beato dominicano Jacoppo di Varazze),

2.    No MARTIROLÓCIO (de 354),

3.    Nas ACTA SANCTORUM e conta a história de um soldado nascido no ano de 250, em Narbona, cidade do Império Romano que pertencia à Província da Gália (hoje sul da França), e que tinha feito secretamente muitos atos de amor e caridade para com os irmãos cristãos.

Ao atingir a maioridade, Sebastião se alistou no exército romano. Sua fama de excelente soldado era muito grande. Consequentemente, Sebastião se tornou estimado pelos imperadores e foi indicado como chefe da primeira corte da legião de infantaria, a guarda pretoriana.

Na época de são Sebastião era proibido confessar ser cristão. Sebastião era cristão e manteve em segredo sua condição de cristão. Ele usava o uniforme militar com a única intenção de fortalecer o coração dos cristãos, que viviam amedrontados com tantas perseguições. Sebastião ajudou tanto aos cristãos que ficou posteriormente conhecido como Defensor da Igreja. São Sebastião confortava os cristãos perseguidos, especialmente os que padeciam no martírio. Por causa do seu testemunho como cristão, muitos soldados de altos postos se converteram ao cristianismo.  Um ditado diz: as palavras movem, mas os exemplos arrastam as pessoas.

No ano 283, no tempo de São Sebastião, quem governava a Igreja era o PAPA CAIO. O Papa Caio tinha seu parentesco com o imperador Diocleciano, mas recusou em ajudar Diocleciano, que pretendia receber a sobrinha dele como sua futura nora. A ira de Diocleciano foi tão grande que mandou matar todos os cristãos começando com seu parente. Por ordem de Diocleciano, O Papa Caio foi decapitado em 22 de abril de 296. O Papa Caio chegou a dar conselho tanto aos cristãos como, especialmente, para Sebastião a fim de que se retirassem de Roma. Porém, são Sebastião preferiu permanecer em Roma, mesmo que isso culminasse em seu martírio. O Papa Caio disse a Sebastião: “Pois bem, meu filho, fica na arena de luta, representando o defensor da Igreja de Cristo, sob o título de capitão imperial”.

Na época, em Roma o número dos cristão aumentou apesar das perseguições e torturas. Um número grande de presos e condenados se converteram. De todos os lados surgiam os delatores dos que seguiam e professavam a fé cristã. E em pouco tempo, o imperador Diocleciano ficou sabendo que Sebastião era cristão e prestava grandes serviços ao encarcerados. 

Diocleciano ordena, então, um de seus soldados para trazer Sebastião a sua presença imediatamente. E sem demora e sem saber de nada o que estava acontecendo, Sebastião se apresenta. 

Com muita serenidade diante da raiva de Diocleciano, Sebastião afirma: “Imperador, quanto aos deuses romanos, eu não temo, pois nunca lhes jurei fidelidade. Quanto às leis, sempre as cumpri desde que não contrariassem a minha fé e a minha consciência. Quanto à minha lealdade, imperador, será que todos os combates em campos de luta contra persas e mouros não bastaram para atestá-la? Quantos não foram os prisioneiros que fiz e submeti à sua obediência? Quantas vezes recebi coroas de louvor do imperador pelas vitórias conquistadas? Por isso, posso tranquilamente lhe afirmar que nenhum soldado foi mais leal e que essa lealdade não implicou ofensa nem aos seus deuses e nem ao meu Deus?”. 

Tenta se acalmar, Diocleciano fazia tudo para que Sebastião mudasse de ideia. “Pela última vez, Sebastião, pense bem no que está dizendo. Tenho certeza de que tudo isso é um grande equívoco. Mostre que são os meus deuses que você venera e não esse tal de Jesus Cristo. Acredito que tudo isso não passa de um mal-entendido”, diz Diocleciano.

Eu prefiro Jesus Cristo. Pode fazer de mim o que quiser, mas jamais venerarei um deus que não existiu. A morte será um momento de alegria e meu sangue derramado, uma vitória para meus irmãos cristãos”, responde Sebastião. 

Diocleciano, irritado, começou a gritar: “Chega! Fui generoso com você, Sebastião. Dei-lhe a chance de se redimir pelo seu erro e livrá-los da morte. Mas não perderei mais tempo com você. Se é assim que você quer, que seja!”. Diocleciano chama um de seus soldados e ordena: “Leve este traidor daqui e o entregue aos arqueiros. Quero que ele seja atado a uma árvore no jardim em honra ao deus Apolo e que seu corpo seja crivado de flechas. E, preste atenção, eu não quero que nenhum órgão vital seja atingido. Quero que este inflame morra lentamente”. 

E assim foi feito. Amarado ao tronco de uma árvore para que sangrasse até a morte, são Sebastião foi alvejado em quatro pontos vitais: bexiga, artéria braquial, artéria femoral e, finalmente, o coração. Com a perda de sangue e a quantidade de feridas, Sebastião desmaiou. Julgando-o morto, os flecheiros retiraram-se e se dirigiram ao palácio para contar ao imperador. Mas felizmente, Sebastião sobreviveu da primeira tortura. 

Era 20 de janeiro, data em que o imperador Diocleciano saiu em cortejo de seu palácio e se dirige ao templo do deus Hércules para fazer adorações e ofertas. Ele não podia sequer ouvir o nome de Sebastião. Mas acontece que no final da audiência pública um soldado se dirige ao imperador e diz que mais um homem solicitava falar com ele. Meio a contragosto o imperador Diocleciano autoriza a entrada desse homem. 

Entra, então, um homem vestido com roupas civis e com a cabeça coberta por um capuz dizendo:  “Diocleciano...!”, diz o homem. “Quem é você que ousa me chamar pelo nome?”, pergunta o imperador. Sebastião então abaixa o capuz, expondo o rosto. Diocleciano viu que era Sebastião. “Sebastião? Você não está morto!?”, exclama o imperador Diocleciano. “Incompetente! Você afirmou que este cristão maldito estava morto! Como ele aparece vivo, agora, para me afrontar?”, diz Sebastião. Diocleciano pergunta a Sebastião: “O que você quer aqui? Espero que as flechas tenham ao menos colocado um pouco de juízo em sua cabeça e que esteja aqui arrependido, pronto para pedir perdão por seus insultos e disposto a servir aos nossos deuses. Então, Sebastião, estou lhe dando uma chance…". 

Mas Sebastiao com um sorriso responde: “O fato de eu estar vivo não lhe diz nada, Diocleciano? Não o faz pensar um pouco em como é poderoso o Deus que eu adoro? Este que mandou Seu Filho, que vocês humilharam, agrediram e crucificaram. Por isso, eu peço que se converta e solte os cristãos inocentes! Você derramou o sangue de tantos cristãos, queimou igrejas, profanou altares e maltratou pobres. Saiba que seu orgulho e sua avareza já foram julgados pelo único e verdadeiro Deus, que há de dar a Roma um imperador de verdade, e o seu nome será malvisto pelo resto da eternidade”. “Chega! Basta! Minha paciência terminou! Acaba de assinar novamente sua sentença de morte, Sebastião, e desta vez não escapará, pois eu mesmo me certificarei de que está morto”, diz o imperador furioso. 

Retiram, então, as roupas de Sebastião e dão pancadas com duros golpes sobre Sebastião até a morte. O próprio Diocleciano se aproxima do corpo de Sebastião e confirma sua morte. 

São Sebastião não se arrependeu por ter chamado atenção do imperador Diocleciano pela sua idolatria, pela sua crueldade em matar os cristãos e por Sebastião não aceitar adorar aos deuses que são ídolos. São Sebastião não se cansa em levar as pessoas para Cristo mesmo derramando seu próprio sangue como mártir. 

No dia 20 de janeiro de 288, Sebastião foi martirizado e morto. O corpo de Sebastião foi lançado na CLOACA MÁXIMA (esgoto de Roma) para ser esquecido para sempre, segundo o pensamento do imperador Diocleciano. 

Mas diferentemente do que havia desejado Diocleciano, são Sebastião jamais seria esquecido. Os cristãos anterior a nós escolheram são Sebastião como padroeiro e muitos cristãos adotam o nome de Sebastião.

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Nesta festa todos nós somos convidados a celebrar o mistério da perseguição. Para os cristãos a perseguição não é incidente de percurso, mas é um fato inevitável. Por isso, ela não constitui novidade na história da Igreja. O autor da Segunda Carta ao Timóteo nos lembra: “Em verdade, todos aqueles que quiserem viver piedosamente em Cristo Jesus, serão perseguidos” (2Tm 3,12). Pode acontecer que numa ou na outra situação tenhamos que sofrer a calúnia ou a difamação por sermos verazes, por sermos fiéis à verdade; em outras, as nossas palavras ou as nossas ações serão, talvez, mal interpretadas. Em qualquer caso, o Senhor espera de nós, cristãos que falemos sempre a verdade com clareza. 

O que recomenda Jesus aos seus seguidores perseguidos? Antes de tudo, alerta-os contra o medo. O pior inimigo para quem deve anunciar o Evangelho e para quem deve dizer a verdade é o medo. Trata-se do medo de perder a própria posição social, o salário, a estima dos superiores, de perder os próprios bens, de ser castigados e até o medo de perder a própria vida. Quando uma pessoa tem medo, ela não é mais livre. A pior coisa é ter conhecido a verdade e depois trai-la. Essa culpa jamais nos deixará dormir. 

No Evangelho de hoje Jesus repete duas vezes: “Não tenhais medo” (vv.28.31) e cada vez apresenta um motivo para justificar a sua recomendação. 

O primeiro motivo: nenhuma violência tem o poder de privar os discípulos do verdadeiro bem que os mesmos possuem: a vida íntima que receberam de Deus. Diz muito bem São Paulo: “Sim. Eu estou certo, nem a perseguição...nem a espada...nada poderá nos separar do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,35-39). A pessoa é inviolável no seu nível mais profundo: “Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (v.28). Os tiranos esmagam a liberdade de expressão e de ação, inclusive a vida física; mas não podem destruir a pessoa e a sua liberdade interior. O único “medo” /temor saudável é o temor de Deus que determina nosso destino final. 

Quantas vezes, por medo de ficar sozinhos, cultivamos amizades duvidosas. Quantas vezes, por medo, fomos covardes, mentimos, praticamos violência e injustiça. Quem tem medo, fica bloqueado, não consegue fazer aquilo que o conduziria à plena realização da própria vida e portanto “perece”. Existem muitas pessoas, por exemplo, que têm medo de mudança, mesmo se esta mudança as abre para uma existência melhor e mais feliz. O abandono dos hábitos antigos, a perda do conhecido, cria em algumas pessoas um clima intolerável de insegurança. 

Num mundo em que a mentira e a dissimulação constituem tantas vezes o miolo do comportamento habitual, nós, cristãos, devemos ser homens verazes que fogem sempre até da mais pequena mentira. Devemos conhecidos pelos que convivem conosco como homens e mulheres que nunca mentem, mesmo nos assuntos de pouca importância. A nossa vida terá, então, uma grande fecundidade apostólica, pois sempre se pode confiar numa pessoa íntegra, que sabe dizer a verdade com caridade. Em outras palavras, não devemos ter medo da verdade, pois a verdade nos libertará (Jo 8,32). 

Os psicólogos dizem que o desejo e o medo estão ligados. Nãomedo sem um desejo escondido e nãodesejo que não traga consigo um medo. Temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo. Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo superado, o desejo não bloqueado, vão permitir a evolução. É o que Freud chama o jogo de Eros e Tanatos, do amor e da morte, o impulso de vida e o impulso de morte. Em outras palavras, há em nós um desejo de plenitude e o medo da destruição. E a nossa vida evolui assim, através do nosso desejo de plenitude e o nosso medo de destruição. 

O segundo motivo pelo qual a perseguição assusta consiste no fato de que freqüentemente não atinge somente uma pessoa, mas envolve também os seus familiares que podem vir a ser privados do apoio necessário para a substância (Mt 10,29-31). 

A esta objeção Jesus responde, lembrando a providência do Papai do céu. Jesus não promete aos seus seguidores que nada lhes acontecerá de mal, até milagrosamente, mas sim que Deus, de algum modo, providenciará o verdadeiro bem deles, se tiverem a coragem de permanecer fiéis até o fim. Deus conhece até os mínimos detalhes de nossa vida, nada escapa ao seu amor e à sua atenção. Deus se interessa por todas as criaturas, até a mais insignificante, muito mais ele acompanhará a causa de quem está se comprometendo pelo Seu Reino. Ser amados por Deus suscita alegria e devolução de amor; e este expulsa o temor e cria a liberdade e a alegria dos filhos de Deus. 

Jesus conclui sua exortação dizendo: “Todo aquele que se declare por mim diante dos homens, eu também me declararei diante de meu Pai do céu. E se alguém me nega diante dos homens, eu também o negarei diante de meu Pai do céu”(vv.32-33). Em justa correspondência, Jesus avalizará diante de Deus quem o confesse diante do mundo como Senhor da história e da vida humana. Quem se acovardar e negar Jesus, estará fadado à ruína, acabará em malogro. A fidelidade do discípulo a Jesus na perseguição (Mt 5,10-11) é que o salva através da morte.

Entre os múltiplos medos que nos invadem e acorrentam, um deles é o medo religioso. Frente a um ambiente social pouco favorável à cristã, uma das tentações mais freqüentes do crente/cristão é o medo que se disfarça de silêncio cauteloso e inibição, quando não de dissimulação do credo religioso nas relações de amizade e na sua vida laboral e cívica. Com o medo nos calcanhares não se pode servir a Deus nem confessar e testemunhar Cristo. O cristão verdadeiro não deve ter medo da verdade ainda que se percam amizades, popularidade, ganhos econômicos e posição vantajosa nos negócios. 

Hoje reconheçamos diante de Deus, nosso Pai que múltiplos medos e dúvidas nos invadem: medo da vida, medo do nosso destino, medo de perder emprego, medo de perder pessoa amada, medo de confessar a nossa diante das pessoas. É bom escutarmos com mais atenção as palavras consoladoras de Jesus que venceu a morte: “Não tenhas medo de ninguém; a vossa sorte foi a minha, e eu estou convosco”.

Por tudo isso, poderíamos rezar assim: Senhor Deus, dá também a nós a força da tua , a firmeza de sua esperança, o fogo de teu amor. E quando, perdidos nos trajetos da vida, pararmos sem saber para onde ir, concede-nos também a nós que vislumbremos nas trevas o Teu rosto. Em meio ao estridor e à balbúrdia da nossa era tecnológica, tão potente, mas ao mesmo tempo tão pobre e sem força, ensina-nos a distinguir o silêncio da eternidade, e dá-nos que nele reconheçamos a tua voz, e que ouçamos as Tuas palavras que ainda hoje nos devolvem a coragem: “Não tenhais medo. Eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo. Amém”.

Pe. Vitus Gustama,SVD

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