quarta-feira, 30 de setembro de 2020

03 de Outubro de 2020

TER NOME ESCRITO NO CÉU É A MAIOR RECOMPENSA PARA QUEM É FIEL A DEUS ATÉ O FIM

Sábado Da XXVI Semana Comum

Jó 6:1-22 - A PRIMEIRA RESPOSTA DE JÓ A SEUS AMIGOS ~ JAMAIS DESISTA!

Sábado da 26ª Semana do Tempo Comum... - Paróquia São Francisco de Borja |  Facebook

 

Primeira Leitura: Jó 42,1-3.5-6.12-16

1 Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 2 “Reconheço que podes tudo e que para ti nenhum pensamento é oculto. — 3 Quem é esse que ofusca a Providência, sem nada entender? — Falei, pois, de coisas que não entendia, de maravilhas que ultrapassam a minha compreensão. 5 Conhecia o Senhor apenas por ouvir falar, mas, agora, eu o vejo com meus olhos. 6 Por isso me retrato e faço penitência no pó e na cinza”. 12 O Senhor abençoou a Jó no fim de sua vida mais do que no princípio; ele possuía agora catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 13 Teve outros sete filhos e três filhas: 14 a primeira chamava-se “Rola”, a segunda “Cássia”, e a terceira “Azeviche”. 15 Não havia em toda a terra mulheres mais belas que as filhas de Jó. Seu pai lhes destinou uma parte da herança, entre os seus irmãos. 16 Depois desses acontecimentos, Jó viveu cento e quarenta anos, e viu seus filhos e os filhos de seus filhos até a quarta geração. E Jó morreu velho e repleto de anos.

 

Evangelho: Lc 10,17-24

Naquele tempo, 17 os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”. 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. 19 Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. 21 Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 23 Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! 24 Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”.

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Quem Está Com Deus Apesar Dos Sofrimentos Terá Uma Vida Feliz

 

O Senhor abençoou a Jó no fim de sua vida mais do que no princípio. Jó viveu cento e quarenta anos, e viu seus filhos e os filhos de seus filhos até a quarta geração. E Jó morreu velho e repleto de anos”.

 

Hoje terminamos a leitura do Livro de Jó, um dos livros sapienciais com o texto que lemos na Primeira Leitura. No desenrolar do Livro de Jó, o autor apresenta uma fé madura e forte, apesar dos pesares, no proganista Jó. Jó confia em Deus até o fim. Nessa fé madura e forte Jó reconhece a grandeza de Deus e se mostra disposto a aceitar os desígnios de Deus.

 

As tragédias que atingiram Jó justo e inocente não tinham explicação fácil e muito menos a partir das teorias tradicionais. Diante dos fracassos dos sábios e teóricos, incapazes de consolar e esclarecer a Jó em sua dor, como saída, o autor coloca Deus em seu devido lugar como Criador, e Jó no seu lugar como criatura. O autor consegue colocar Jó cara a cara com seu Deus. Essa experiência religiosa profunda com Deus supera toda a tradição teológica das escolas e dos discursos dos sábios: “Conhecia o Senhor apenas por ouvir falar, mas, agora, eu o vejo com meus olhos” (Jó 42,5). Da teoria para a prática, da notícia para a experiência: nem tanto falar de Deus como falar com Deus e trata-Lo diretamente, senti-Lo, experimentá-Lo. Falar de Deus é muito diferente do falar com Deus. Somente quem fala com Deus na oração e na contemplação, tem autoridade para falar de Deus. “Quantas vezes falando com Deus, desabafo e choro. E alívio pro meu coração eu a Ele imploro. E então sinto a Sua presença, Seu amor, Sua luz tão intensa. Que ilumina o meu rosto e me alegra em minha oração. Quanta paz, quanta luz! Deus nos ouve, nos mostra o caminho que a Ele conduz. Deus é Pai, Deus é luz. Deus nos fala que a Ele se chega seguindo Jesus” (Música de Roberto Carlos).

 

É evidente que o autor do livro de Jó não possui a ciência divina, mas sua teologia supera a teologia dos amigos de Jó. Quando Deus se digna responder, não o faz diretamente, e sim com uma interrogação (umas perguntas retóricas). E Deus abençoa Jó com bens inclusive superiores aos que tinha ao princípio. Por certo, as três filhas têm direitos iguais que os sete filhos, coisa não muito frequente em seu tempo.

 

O autor do livro de Jó quer mostrar que Jó é justo e Deus o recompensa e que Jó tem um conceito melhor de Deus do que seus amigos. O Deus de Jó é misterioso e desconcertante. A conclusão do livro de Jó é a seguinte: também o homem justo pode sofrer nesta vida, e talvez mais do que os outros. porém, nem o sofrimento é um castigo de Deus, nem Deus tem prazer de ver o homem sofrer. Agora sabemos que a recompensa para uma vida honesta é o próprio Deus, mais do que os bens materiais que pertencem ao próprio Deus.

 

O problema do mal não recebeu no livro de Jó uma resposta filosoficamente  convincente, mas ajudou os leitores a crescer. A vida nos educa e as experiências nos tornam maduros. E uma das coisas que mais influenciam em nosso fortalecimento de caráter e em aquilatar nossa fidelidade são as provas, os momentos de dor. Não sabemos o que é ter fé até que algo nos põe a prova. Quando experimentamos a dor em nossa própria carne, confessamos como Jó: “Conhecia o Senhor apenas por ouvir falar, mas, agora, eu o vejo com meus olhos”. Será verdade que somente vemos Deus no momento da dor?

 

Por fim, o epílogo do livro de Jó quer nos dizer que Jó tinha razão: era um homem íntegro e fiel a Deus. E que os sofrimentos não eram castigo pelo pecado. A doutrina e a postura dos amigos de Jó, intolerantes e sem caridade, não agradam a Deus. Mas mesmo assim Deus da bondade e da misericórdia perdoa-lhes através da intercessão de Jó que agora passa a ser o justo e não o condenado, segundo pensamentos dos seus amigos. No fim, Jó recupera suas riquezas em dobro e vive longa, como sinal de ser verdadeiro “servo” e amigo de Deus.

 

Somos Enviados Pelo Senhor Jesus Para Libertar Os Outros Do Mal

 

Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”.

 

Os símbolos de demônios, serpentes e escropiões  que nos apresenta o relato do Evangelho, nos indicam como o mal está enraizado no coração do ser humano. Os discípulos tem poder sobre esse mal, mas eles têm que ter uma conexão profunda com Deus, pela fé n´Ele. O relato de hoje deixa bem claro que o discípulo não tem razão para vangloriar-se pelas obras realizadas, pois todo o sucesso é obra de Deus através de cada discípulo.

 

O texto do evangelho de hoje se encontra no contexto da volta dos setenta (e dois) discípulos da missão que o Senhor lhes tinha confiado anteriormente (Lc 10,1-12). Os discípulos voltaram da missão alegres, entusiasmados, empolgados por ter sido capazes de libertar os homens do mal, moral e físico pelo uso que fizeram do poder messiânico (o nome) de Jesus: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”, relataram os discípulos a Jesus.  Todas as forças do mal considerados como inimigos de Deus e dos seres humanos tinham sido desarticulados pelos discípulos através do uso do poder recebido de Jesus. Isto significa que o poder sobre o mal que os discípulos têm é o fruto de sua comunhão plena com Jesus. Estar em plena comunhão com Jesus significa estar em pleno poder de Jesus, poder que liberta e não escraviza. Somente a fé em Jesus, isto é, estar nele e com ele, é que se pode derrotar qualquer poder que escraviza.

 

E Jesus lhes explica que uma vitória semelhante é o sinal da derrota das forças do mal que dominavam os homens até então: “Eu vi satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10,18). Trata-se de uma queda brusca e rápida (relâmpago) e de uma grande altura (do céu). Altura de onde inicia a queda de uma coisa ou de uma pessoa determina o impacto sobre o que caiu ao chegar à terra.

 

Por que caiu do céu (satanás caiu do céu)? O tema da queda de satanás do céu pertence ao mito apocalíptico judaico, em que se alude à presença de satanás sobre o céu. Certamente, segundo esse mito, seu lugar e sua função se diferenciam do lugar e da função de Deus, porém pensa-se que satanás põe o trono nas esferas superiores e domina desde ali toda a marcha dos homens sobre o mundo. Mas a chegada de Jesus abole o estado de escravidão que permite o homem ter acesso à liberdade. A presença de Jesus é a derrota do poder do mal. Basta estar com Jesus e estar nele, o triunfo do poder do mal (satanás) termina seu reinado.

 

Mas para não cair na ilusão do poder e na idéia de domínio, para não ficar apenas na empolgação, Jesus alerta aos discípulos que o mais importante é ter os nomes escritos no céu. Ter nome escrito no céu é mais importante do que qualquer poder ou domínio na terra. Esta afirmação nos leva ao Livro do Êxodo onde encontramos uma explicação: somente são aqueles que participam do Reino de Deus e vivem conforme as suas exigências têm nome escrito no céu (cf. Ex 32,32). Não há nada que seja melhor para um ser humano do que ter seu nome escrito no céu, no livro da vida: “O vencedor será assim revestido de vestes brancas. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, e o proclamarei diante do meu Pai e dos seus anjos”, diz-nos o Livro de Apocalipse de São João (Ap 3,5). Esta é a grande mensagem do evangelho de hoje. Em outras palavras, os discípulos devem ficar alegres por pertencer a Deus ou participar da grande família do Reino (nome escrito no céu), por estar a serviço de Deus (libertar os homens da escravidão do mal), por gozar da proteção divina (nenhum mal consegue vencê-los), e por ter neles o germe da vida eterna que acaba com as forças da morte.

 

À luz desta experiência se situa a função dos discípulos missionários. Sua vitória sobre satanás se traduz no fato de que são capazes de vencer (superar) o mal do mundo (Lc 10,19) desde que mantinham sua pertença ao Reino e usem o poder conferido para libertar os outros e não para escravizá-los. Por isso, são declarados felizes: “Felizes os olhos que vêem o que vós vedes. Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo e não puderam ouvir” (Lc 10,23-24). Os discípulos são felizes porque estão experimentando aquela plenitude messiânica que os antigos profetas e os reis de Israel sonhavam experimentar. No entanto, mais uma vez, sua autentica grandeza está no fato de seu encontro pessoal com Deus: seus nomes pertencem ao Reino dos céus (Lc 10,20).

 

Quem mantiver sua pertença à Família de Deus não estará fadado a ser escravo do poder do mal, mas será revestido do poder de Deus para superar todo mal no mundo e libertar os outros escravizados pelo mal. E quem mantiver unido a Deus, mesmo que seja frágil, ele será um instrumento eficaz nas mãos de Deus para pôr fim ao reino do mal e fazer triunfar o amor fraterna, a solidariedade fraterna, a bondade, compaixão e assim por diante. O espaço totalmente ocupado pelo bem, o mal não tem vez. Quem se mantiver assim até o fim, seu nome estará escrito no céu.

 

Que seu nome e meu nome estejam escritos no livro da vida, no céu. Para isso, é preciso que aprendamos a ser pequenos e simples diante de Deus. Os pequenos e os simples se mantém abertos ao mistério de Deus e compreendem a verdade de Jesus Cristo: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21ª). A missão se estrutura como expansão do amor em que se unem Deus e o Cristo (Filho). Nesse amor, revelado aos pequenos e escondido para todos os grandes deste mundo, se fundamenta a derrota das forças destruidoras da história. “Com o amor não somente avanço, mas vôo. Um só ato de amor nos fará conhecer melhor Jesus. O amor nos aproximará dele durante toda a eternidade. Eu não conheço outro meio para chegar à perfeição a não ser o amor”, dizia Santa Tereza do Menino Jesus e da Sagrada Face, cuja festa é celebrada no dia 01 de outubro.

P. Vitus Gustama,svd

ANJOS DA GUARDA

SANTOS ANJOS DA GUARDA

SER IRMÃO E FAZER-SE PEQUENO

 

Primeira Leitura: Êx 23,20-23

Assim diz o Senhor: 20“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. 22Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. 23O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei”.

 

Evangelho: Mt 18,1-5.10

Naquela hora, 1os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos céus?” 2Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos céus. 4Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus. 5E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.

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No dia 02 de Outubro a Igreja celebra a festa dos Santo Anjos da Guarda. “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição” (Novo Catecismo Da Igreja Católica, 328).

Por que se fala, especificamente de uns anjos que nos acompanham pessoalmente, que nos protegem na caminhada cotidiana?

 

Poderíamos responder, em primeiro lugar:  Trata-se de símbolos para falar do amor providente de Deus que cuida de sua criatura para que esta chegue à sua plena realização quando houver colaboração da própria criatura ou das circunstâncias na quais se encontra. Era normal expressar, através de recursos literários provenientes de um contexto, as realidades misteriosas usando uma linguagem figurativa. A vida em si está cheia de mistérios de Deus. Por isso, somos convidados a ir além do aspecto aparente do mundo ou ir além da história. A vida em si nos desperta a fazermos uma variedade de perguntas. A partir das perguntas comecçaremos a aventurar em busca das resposta. E cada resposta sempre causa novas perguntas. Por isso, a vida é uma busca permanente do sentido. No final, temos que confessar que somente n´Aquele que criou todas as coisas encontraremos a razão da existência de cada coisa.

 

Em segundo lugar, os anjos são um reflexo misterioso do rosto de Deus e de sua bondade em nossa realidade. Deus não nos abandona, pois pertencemos a Ele. Misteriosamente Deus está conosco permanentemente. A nossa existência fala por si de que não pertencemos a nós mesmos e sim Àquele que nos criou. E na vida cotidiana, encontramos o reflexo da bondade de Deus em várias pessoas que encontramos ou com quem vivemos eou trabalhamos. De fato, quando alguém nos trata bem, nos ajuda sem reservas etc. logo lhe dizemos: “Você é um anjo!”. Isto significa que a bondade de Deus se reflete naqueles que fazem o bem, chamados de mensageiros de Deus ou anjos de Deus no nosso dia a dia.

 

Em terceiro lugar, Os anjos da guarda nos revelam a presença transcendente de Deus em cada pessoa, especialmente nos mais pobres. Por pobre que seja uma pessoa, de ponto de vista econômico, ele pertence a Deus; ele é de Deus. O maior no Reino de Deus é a criança e quem se faz pequeno como criança, porque representa em forma paradigmática o despojamento de todo poder. O despojamento da soberba e da prepotência do poder é a condição para entrar no Reino de Deus. Alguém entra nele, quando descobre o poder de Deus: o poder de seu amor, o poder de sua Palavra e o poder de seu Espírito. Reino de Deus é Poder de amor de Deus. Esta presença de Deus nos mais pobres, que são os maiores no Reino, é o que dá aos pobres essa transcendência.

 

Cada pessoa, cada família, cada comunidade, cada povo, tem seu próprio anjo da guarda. O Livro de Êxodo ( cf. Ex 23, 20-23) nos ostra o Povo de Deus conduzido diretamente pelo anjo de Deus. O povo deve comportar-se bem na sua presença, escutar sua voz e não ficar rebelde. No anjo está o Nome de Deus. O Nome é o que Deus é. O anjo é essa presença de Deus no Povo de Deus.

 

Também cada um de nós deve descobrir nosso próprio anjo da guarda, sentir sua presença e escutar sua voz. Devemos viver conforme a esta presença transcendente em nós e refleti-la continuamente em nosso rosto. Para isso, é preciso ler, meditar e colocar em prática a Palavra de Deus. Estar em sintonia com a Palavra de Deus nos faz sensíveis para a presença de Deus na nossa vida cotidiana e nos torna conscientes de nossa tarefa como mensageiros de Deus na convivência com os demais.

 

Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa me ilumina. Amém

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O texto do evangelho lido neste dia é escolhido em função da festa dos santos anjos da guarda. É tirado de Mt 18.

 

O capítulo 18 do evangelho de Mateus é o quarto dos cinco grandes discursos de Jesus neste evangelho. E este quarto discurso é conhecido como “discurso eclesiológico” (discurso sobre a Igreja) ou “discurso comunitário” onde se acentua a vida na fraternidade, isto é, cada membro da comunidade é considerado como irmão. Este capítulo (Mt 18,1-35) foi escrito para responder aos problemas internos das comunidades cristãs: Quem é o primeiro na comunidade? O que fazer se acontecem escândalos? E se um cristão se perde ou se afasta da comunidade, o que fazer? Como corrigir um irmão que erra? Quando é que uma oração pode ser chamada de comunitária e partilhada? E quantas vezes se deve perdoar?

 

Na comunidade de Mt (como também em qualquer comunidade cristã) cresce a ambição e se cultivam sonhos de grandeza dos membros que se acham mais importantes do resto. Há pouca consideração para com os pequenos, até são desconsiderados ou desprezados. Estes pequenos correm risco de se tornarem incrédulos e de afastar-se da atividade comunitária. Na comunidade de Mt suscitam também pecadores notórios, inclusive as ofensas e os ressentimentos que abalam a convivência fraterna.

   

Nesse capítulo, são dadas diversas orientações e algumas normas que têm por objetivo desenvolver o amor e favorecer a harmonia entre os membros da comunidade. Para isso, Mt coloca em ordem o material transmitido pela tradição para regular as relações internas da comunidade. Contra os sonhos de grandeza e de orgulho, Mt coloca a atitude de humildade que agrada a Deus e aos outros (18,1-4). Para os pequenos, os fracos na fé, é necessário ter uma acolhida cheia de caridade e de desvelo (18,6-7). O desprezo é inadmissível para uma boa convivência. Para enfatizar mais este tema, Mt fala dos anjos que sempre estão do lado dos pequenos (18,10). Se um dos membros da comunidade afastar-se ou desviar-se do caminho reto, em vez de condená-lo, a comunidade toda deve esforçar-se para que esse irmão volte para a comunidade, pois Deus não quer que nenhum deles se perca (18,12-14). E para o irmão pecador, a comunidade inteira deve usar todos os meios para recuperá-lo (18,15-20). E para as ofensas, deve haver perdão, pois uma comunidade só pode sobreviver se existe o perdão mútuo (18,21-35).

 

Ser Irmão e Fazer-se Pequeno

 

“Quem é o maior no Reino dos céus?”. “Quem é o maior diante de Deus?”. “Quem vale mais diante de Deus?”. Assim inicia o quarto discurso de Jesus sobre a vida comunitária baseada na fraternidade. A pergunta é feita pelos discípulos para Jesus. Maior aqui significa proeminente, superior aos outros por força de uma qualidade ou de um poder.

 

Atrás desta pergunta se esconde a ambição ou a mania de grandeza dos discípulos. É a ambição de grandeza que pode ser encontrada em qualquer comunidade cristã. É admirável a ambição de alguém que deseja redimir sua humilde condição, valorizando todas as suas capacidades de inteligência e de luta, pois um dos sentidos lexicais da palavra ambição é anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão. A ambição só se transformará em vício quando a afirmação de si mesmo for exagerada e os meios adotados para atingir a glória forem desonestos. Uma pessoa de alma nobre não sai à procura das honras, e sim do bem. Ao contrário, o ambicioso se sente totalmente envolto pela espiral da glória que o transforma em vítima da própria tirania. O ambicioso, quando dominado pelo vício, não suporta competidores, nem admite rivais. Quem desejar ser a todo o custo o primeiro, dificilmente se preocupar com ser justo. “A soberba gera a divisão. A caridade, a comunhão” (Santo Agostinho. Serm. 46,18).

 

Como resposta para a pergunta dos seus discípulos Jesus faz um gesto muito simbólico: Ele chamou uma criança e a colocou no meio dos discípulos. Ao ser colocada no meio de todos, a criança chamada se torna um centro de atenção de todos. Imaginamos que todos os olhares são dirigidos a essa criança e os ouvidos prontos para ouvir a palavra sábia do Mestre Jesus. “Em verdade vos digo, se não vos con­ver­terdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe”, disse Jesus aos discípulos (Mt 18,3-5). Ser criança: frescor, beleza, inocência, não se basta a si mesma!

 

Esta é a primeira regra da vida comunitária: cuidar dos pequenos e tratá-los como irmãos. E fazer-se pequeno. Fazer-se pequeno, como exigência para viver a vida comunitária, significa renunciar a toda ambição pessoal e a todo desejo de colocar-se acima dos demais para estar em destaque e para oprimir os demais. Fazer-se pequeno é uma forma de “renegar-se a si mesmo” para colocar a vontade de Deus acima de tudo. A grandeza do Reino consiste no serviço humilde e gratuito ao próximo, na solidariedade para com os necessitados, na partilha do que se tem para com os carentes do básico para viver dignamente como ser humano e no esforço para construir uma convivência mais fraterna. Trata-se de viver a espiritualidade familiar onde cada membro se preocupa com o outro membro e sua salvação. Vivendo desta maneira estaremos testemunhando para o mundo que estamos no Reino de Deus já neste mundo.

P. Vitus Gustama,svd

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

SANTA TERESINHA, SANTA DO AMOR QUE SOFREU ENFERMIDADES

                        Santa Teresinha do Menino Jesus - Vida Cristã - Franciscanos Vida Cristã -  Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM    FORMAÇÃO CATÓLICA: SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE -  BIOGRAFIA   

Nasceu no dia 2 de Janeiro de 1873

 

A mãe morreu quando Teresinha tinha 4 anos e meio.

 

Aos 10 anos sofreu uma doença grave e estranha, mas ficou curada milagrosamente diante da aparição da Virgem Maria que sorriu docemente para Teresa.

 

Em julho de 1894 seu pai morreu depois de uma longa enfermidade mental.

 

Na noite de quinta-feira, no dia 2 de abril de 1896 Teresa teve vômito de sangue.

 

No dia 30 de Julho de 1897 recebeu a Unção dos Enfermos.

 

No dia 19 de agosto de 1897 recebeu pela última vez a sagrada comunhão. Morreu no dia 30 de setembro de 1897.

 

Papa Pio XI beatificou Teresa em 29 de março de 1923.

No dia 30 de Abril de 1923 o mesmo Papa nomeou Teresa como Protetora Universal das Missões.

No dia 17 de maio de 1925 foi canonizada.

 

No dia 19 de outubro de 1997 o Papa João Paulo II declarou-a Doutora da Igreja universal.

 

Marcas Positivas Desta Santa: A Primazia/superioridade do amor e a Confiança e Filial Abandono.

 

 

Para ela a caridade sobrenatural (ágape) está mil vezes acima do simples amor natural (eros). A virtude da caridade sobrenatural tem um triple objeto: Deus, próximo e nós mesmos. Se não pelo martírio de sangue, há de ser pelo martírio do amor”, dizia Sta. Teresinha.

 

VIVER DE AMOR.... (26/2/1895)

 

Viver de Amor é dar-se sem medidas. Viver de Amor é banir todo temor, qualquer lembrança das faltas do passado. Viver de Amor é guardar dentro de si um grande tesouro num vaso mortal. Viver de Amor é navegar sem cessar, semeando a paz e a alegria em todos os corações. Viver de Amor, quando Jesus dormita é o repouso em meio ao escarcéu. Viver de Amor é viver de tua vida, Rei glorioso, deleite dos eleitos. Viver de Amor é te custodiar, Verbo Incriado, Palavra de Meu Deus. Viver de Amor é enxugar-te a Face, aos pecadores, obter perdão. Viver de Amor é imitar Maria, banhando com lágrimas e perfumes preciosos os teus divinos pés. Morrer de Amor é um bem doce martírio, e é este que eu gostaria de sofrer. Chama de Amor consome-se sem tréguas. Divino Jesus, realiza meu sonho: Morrer de Amor. Morrer de Amor, eis ai minha esperança. Meu Deus será minha grande recompensa. Outros bens não quero possuir. Quero ser abrasada em seu Amor, quero vê-lo e a ele me unir para sempre. Eis ai o meu Céu, eis o meu destino: Viver de Amor!!!”.

 

“Quem tem Jesus tem tudo. É só teu amor que me arrasta. Jesus, és tu o Cordeiro que eu amo; Tu me bastas, oh, Bem supremo! Em ti, tenho tudo, a terra e o próprio Céu.  Junto de ti. Verei Maria... Os santos...Minha querida família... Depois do exílio desta vida, vou encontrar a Casa Paterna, No Céu” (28/4/1895).

 

Quanto a mim, não conheço outro meio para chegar à perfeição a não ser o amor. Façamos de nossa vida um sacrifício contínuo, um martírio de amor. Só o amor conta. O fogo do amor é mais santificante do que o fogo do purgatório. Eu não morro, entro na vida”.

 

“Permanecer pequeno diante de Deus é reconhecer seu nada, esperar tudo do bom Deus, como uma criancinha espera tudo de seu pai, é não se inquietar com nada, não fazer fortuna. Permaneci bem pequena, não tendo outra ocupação senão a de colher flores, as flores do amor e do sacrifício, e oferecê-las ao bom Deus para seu prazer. Ser pequeno é não atribuir a si mesmo as virtudes que se pratica, crendo-se incapaz de alguma coisa, mas reconhecer que o bom Deus coloca este tesouro nas mãos de seu filhinho, para que ele se sirva dele quando tiver necessidade, mas é sempre o tesouro do bom Deus... Aquele que sobre a terra quis mais pobre, o mais esquecido pelo amor de Jesus, este era o primeiro, o mais nobre e o mais rico”.

 

Cada dia em vossa oração, falando ao Autor de todo bem, repetis: “Pai nosso! Dai-nos o pão cotidiano!”. Este Deus que se fez vosso irmão, como vós, fome padece. Escutai sua humilde oração; um pouco de pão ele vos pede. Oh, minha Irmã! Estai bem segura: Jesus só quer o vosso amor. Ele se nutre da alma pura. Eis aí o seu pão de cada dia.

 

“Divino Salvador, no fim de minha vida, vem me buscar, sem sombra de atraso. Ah! Mostra-me a tua infinita ternura e do teu divino olhar, a doçura. Com amor, oh, que tua voz me chame, dizendo-me: vem, tudo está perdoado. Fica tranquila, minha fiel esposa. Vem ao meu coração; tu muito me amaste”.

 

Quando recebeu o retrato de Santa Teresinha de um bispo missionário, o Papa Pio X escreveu-lhe essa frase: “Ela é a maior santa dos tempos modernos”. 

 

Que Santa Teresinha interceda por nós para que possamos viver no amor e na simplicidade para que possamos alcançar o céu que é o próprio Deus de amor.

P. Vitus Gustama,SVD

01 de Outubro de 2020

SOMOS TODOS MISSIONÁRIOS DO SENHOR E CONFIEMOS NELE INCONDICIONALMENTE APESAR DOS OBSTÁCULOS DA VIDA

Quinta-feira da XXVI Semana Comum

Jó e as tribulações da vidaAmigos de JóA Messe é grande mas os operários são poucos - YouTube

 

Primeira Leitura: Jó 19,21-27

Disse Jó: 21 “Piedade, piedade de mim, meus amigos, pois a mão de Deus me feriu! 22 Por que me perseguis como Deus, e não vos cansais de me torturar? 23 Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição 24 com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! 25 Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26 e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27 Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros. Dentro de mim consomem-se os meus rins”.

 

Evangelho: Lc 10,1-12

Naquele tempo, 1 o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3 Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa nem sacola nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7 Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9 curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’. 10 Mas, quando entrardes nu­ma cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11 ‘Até a poeira de vossa cidade que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!’ 12 Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade”.

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Deus Está Acima De Nossos Argumentos

 

Piedade, piedade de mim, meus amigos, pois a mão de Deus me feriu! Por que me perseguis como Deus, e não vos cansais de me torturar? Eu sei que o meu Redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”, disse Jó aos seus amigos que querem convencê-lo de que os males que lhe afligem se devem a seus pecados.

 

Vimos na leitura do dia anterior (Cf. Jó 9,1-12.14-16) que a resposta de Jó à pergunta: “Por que existe o mal, o sofrimento e a morte?” era : “o mal é incompreensível, mas sou demasiado débil para compreender, e quero confiar em Deus que fez coisas tão boas e tão esplêndidas”. No texto de hoje, o pensamento de Jó progrediu a ponto de crer que nada é impossível para Deus, inclusive, a morte não pode ser um obstáculo para Deus. Todavia, se todas as aparências terrenas me dizem o contrário, eu continuo crendo em Deus. A fé é uma aposta, um salto no desconhecido total, mas confiando também totalmente n´Aquele em Quem confio.

 

No fundo, Jó tem fé em Deus. Ainda que no Antigo Testamento não tenha ideia clara da outra vida (vida após a morte), Jó confia em Deus, e, de alguma maneira, parece intuir já o que nos revelará mais plenamente o Novo Testamento: “Eu sei que o meu Redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”. Este “redentor” é a figura do “Goel” em Lv 25,25 que é o parente mais próximo que sai em defesa de uma viúva ou de um órfão que foi tratado injustamente.

 

No Lecionário das exéquias cristãs aparece a leitura de hoje. Nós, sim, podemos dizer com razão: “Eu sei que o meu Redentor está vivo”. Para nós, nossa vida e nossa morte têm seu sentido mais profundo em nossa solidariedade com Cristo Jesus, em nossa comunhão de destino com o Senhor Jesus. Pelo nosso Batismo já fomos incorporados na sua Páscoa: na sua morte e ressurreição. Não só a dor, mas também a vida. Não somente a vida, mas também o mistério da dor. Tudo isso ilumina a vivência dos momentos difíceis e nos ajuda a poder comunicar aos outros nossa fé e esperança.

 

Há dois raios de luz que saltam da Palavra de Deus hoje. O primeiro, vem do livro de Jó. É um grito de esperança em meio da prova que vive: “Depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”. Como é possível manter este grito quando se bebe do cálice do sofrimento? As palavras de Jó são como uma antecipação das palavras finais de Jesus: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Para se salvar e para salvar os demais homens temos que aprender a viver segundo a vontade de Deus e a entregar nossa vontade à vontade de Deus. É submeter-se à vontade de Deus.

 

O segundo raio de luz é uma mensagem de Jesus dirigido aos discípulos de todos os tempos: “Põe-os em caminho!”. São convidados a ir caminhando. Quem caminha vê mais coisas e experimenta mais acontecimentos. Com isso, ele enriquece sua reflexão sobre a própria vida. No caminho sempre encontramos surpresas da vida, pois sempre encontramos coisas inéditas. Às vezes sonhamos em ter tudo claro para tomar um decisão. Mas esperar para ver com claridade nos paralisa. A luz se faz caminhando. Porque toda vez que nos pomos em caminho, o Senhor, como nos recorda o relato de Emaús (Lc 24,13-35), se põe a caminhar conosco. E Ele é o próprio Caminho, a Verdade das verdades e a Vida de todas as vida (Jo 14,6). Ponhamos em caminho sabendo que o Senhor vai conosco, sempre disposto a levar a cabo, por meio de nós, Sua obra de amor e de salvação entre nós, para que nos vejamos livres de tudo aquilo que nos oprime e destrói. Acudamos ao Senhor, pois Ele quem nos assinala o caminho por onde temos que ir até nos encontrarmos com Ele, não somente em Seu templo, mas também na vida diária e na Via eterna.

 

O Salmo Responsorial de hoje (Sl 26/27), mais uma vez, quer nos infundir sentimentos de fé e de confiança em Deus. Não entendemos o mistério do mal ou o mistério da morte, mas sim sabemos confiar em Deus, que é sempre Pai: “Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!”.

 

É Preciso Colaborar Na Missão Deixada Por Jesus a Partir De Nossas Carismas

 

O evangelista Lucas, como Mateus, fala duas vezes sobre a missão. Logo se strata de um tema importante para a Igreja. No capítulo anterior do evangelho lido neste dia, lemos que a missão antes foi confiada aos Doze (Lc 9,1-6). Mas a obra de Jesus não está encerrada e não se restringe para um grupo pequeno. Realiza-se e expande-se através dos setenta (e dois). Com o número setenta (e dois) Lucas quer nos dizer que a missão não é apenas exercida por um pequeno grupo de pessoas, mas todos os que seguem a Jesus, todos os batizados têm a mesma missão de continuar a obra de Jesus. Todos os cristãos têm a mesma missão. Missão significa que alguém é enviado. Jesus envia todos os cristãos ao mundo para serem testemunhas de tudo o que Jesus fez e disse, especialmente de sua morte e ressurreição por amor à humanidade. Por isso, a missão dos discípulos tem como primeiro princípio ser testemunho do amor, do perdão, da justiça e da verdade, dentro e fora da comunidade.

 

São enviados como cordeiros entre os lobos. O lobo é o símbolo da violência e da arrogância, da vontade de dominar e de corromper os outros. O cordeiro simboliza a mansidão, a fraqueza, a fragilidade. O cordeiro só consegue se salvar da agressão do lobo se o pastor intervém na sua defesa. Os discípulos não podem contar com a força, o poder e a violência. Devem estar sempre desarmados. Para isso, é necessário que os discípulos estejam vigilantes para que eles não sejam conduzidos a cumprir as ações dos lobos como o abuso de poder, as agressões, as violências etc..  Jesus salvou o mundo, comportando-se como cordeiro, e não como lobo.

 

Ao enviar 70 (e dois) discípulos para a missão Jesus dá as seguintes recomendações:

 

Primeiro, Deus quer que mudem as relações entre os seres humanos; que todos se vejam como iguais e se tratem como irmãos, pois todos são filhos e filhas do mesmo Pai do céu. Por isso, eles têm que viver como uma família, sem competições e sem ambições. O Reino não é tarefa para gente solitária. Por isso, Jesus envia os 70 (e dois) de dois em dois para que se ajudem, se confrontem e se complementem. Quando se compartilhar o que se tem, haverá sobra. Esta é a experiência do grupo de Jesus e daqueles que querem ser discípulos de Jesus.

 

Segundo, o Reino de Deus que eles anunciarão vai vencer o mal e a morte, porque o Reino de Deus vai ter a última palavra e não o mal. Por isso, o mal não tem futuro. Deus quer que todos tenham vida (Jo 10,10). Por isso, todos têm que optar pela vida e não pela morte eterna, e pelo bem e não pelo mal.

 

Terceiro, todos devem pôr toda sua confiança no Pai celeste, mas nos meios humanos. Isso é condição fundamental para quem quer colaborar com o Reino de Deus. É a pobreza no espírito. Essa pobreza no espírito lhes dará liberdade e será um testemunho maior do que mil palavras de que o Reino não se impõe pela força e sim que se oferece como amor e por isso, livre de todo poder. E devem aprender a reconstruir as relações de confiança formando uma comunidade de irmãos como o próprio Deus quer. Devemos abandonar nossos egoísmos, deixar a auto-suficiência e nos entregar nas mãos de Deus para que o Reino de Deus aconteça aqui e agora.

 

O fundamental que os discípulos devem ter em conta é que eles estão trabalhando na construção do Reino de Deus e não por seu próprio reino. Se cada um se preocupar em construir o próprio reino, haverá guerra permanente e disputa permanente, pois cada um quer defender o próprio reino e não o Reino de Deus. Quem tem consciência de que trabalha pelo Reino de Deus, também acredita na providência divina. Quem acredita somente na própria força e técnica, um dia vai se cansar quando as próprias forças se esgotarem. As ovelhas são do Senhor, temos tarefa de apascentá-los. A vinha é do Senhor, somos apenas colaboradores para essa vinha.

 

O envio dos 70 (e dois) tem, então, como horizonte fundamental o Reino de Deus. Este constitui o conteúdo de toda pregação cristã e o horizonte que jamais devemos perder de vista quando referimos à ação da Igreja no mundo. A Igreja existe em função do Reino. A Igreja existe a serviço do Reino de Deus. A Igreja não é o Reino de Deus.

 

A missão serve tanto para formar missionários como para despertar os que são visitados para serem também missionários. Todos são enviados para fazer missão e para tornar o outro missionário.

 

É bom cada um perguntar-se: “O que é que tenho contribuído na missão do Reino de Deus? O que é que tenho feito até agora na evangelização? Qual é o lugar da Palavra de Deus na minha vida? Será que faço parte daqueles que criticam muito, mas nada colaboram?”.

 

Quando  levantamos os olhos e vemos um mundo consumido pelo egoísmo, pela corrupção, pela injustiça social, pela exploração dos inocentes, um mundo que se destrói  a si mesmo com guerras e vícios, enfim, quando vemos que a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo não penetra nossos corações e as estruturas do mundo, podemos compreender que efetivamente a messe é grande e os trabalhadores são poucos. Não é que o Senhor não tenha atendido a oração da Igreja e sim porque poucos que responderam o convite do Senhor. Não pensemos somente nas vocações religiosos (sacerdotes e religiosas), pensemos em que cada um de nós, pelo Batismo, somos convertidos em discípulos do Senhor, em homens e mulheres comprometidos a testemunhar nossa fé. Se cada um dos batizadaos tomasse a sério seu papel na Igreja, as mãos se multiplicariam e o trabalho seria muito mais fácil. Jesus chama cada um de nós, seja casado, seja solteiro ou religioso consagrado, a participar ativamente na evangelização a partir dos dons que cada um recebeu do Senhor. tomemos com zelo esta chamado e a partir de nossa vocação particular, façamos nossa contribuição na evangelização para que Cristo seja verdadeiramente o Senhor de todos os corações. Você pode fazer algo. Decida-se! Não demore, pois o tempo passa sem parar.

 

Para Refletir:

 

  • “A Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Ela não pode fechar-se frente àqueles que só vêem confusão, perigos e ameaças ou àqueles que pretendem cobrir a variedade e complexidade das situações com uma capa de ideologias gastas ou de agressões irresponsáveis. Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários. Isso não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos que encarnem essa tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu Reino, protagonistas de uma vida nova para uma América Latina que deseja reconhecer-se com a luz e a força do Espírito” (Documento Aparecida da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, no. 11).

  • “Cada comunidade é interpelada e convidada a assumir o mandato, confiado por Jesus aos Apóstolos, de ser suas «testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (At 1, 8); e isso, não como um aspecto secundário da vida cristã, mas um aspecto essencial: todos somos enviados pelas estradas do mundo para caminhar com os irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo e fazendo-nos arautos do seu Evangelho. Convido os bispos, os presbíteros, os conselhos presbiterais e pastorais, cada pessoa e grupo responsável na Igreja a porem em relevo a dimensão missionária nos programas pastorais e formativos, sentindo que o próprio compromisso apostólico não é completo, se não incluir o propósito de «dar também testemunho perante as nações», perante todos os povos. Mas a missionariedade não é apenas uma dimensão programática na vida cristã; é também uma dimensão paradigmática, que diz respeito a todos os aspectos da vida cristã (Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2013).

    P. Vitus Gustama,svd

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

30 de Setembro de 2020: SEGUIMENTO

SEGUIR A JESUS INCONDICIONALMENTE, APESAR DAS CRUZES, PARA ALCANÇAR A LIBERDADE PLENA

Quarta-Feira Da XXVI Semana Comum

Lucas 9, 57-62 - ParroquiaWeb | Evangelio del dia, El hijo del hombre,  Jesus y sus discipulosEvangelho de hoje (Lc 9,57-62) - Egídio Serpa | Egídio Serpa - Diário do  Nordeste

 

Primeira Leitura: Jó 9,1-12.14-16

1 Jó respondeu a seus amigos e disse: 2 “Sei muito bem que é assim: como poderia o homem ser justo diante de Deus? 3 Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. 4 Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso? 5 Ele desloca as montanhas, sem que elas percebam e as derruba em sua cólera. 6 Ele abala a terra em suas bases e suas colunas vacilam. 7 Ele manda ao sol que não brilhe e guarda escondidas as estrelas. 8 Sozinho desdobra os céus, e caminha sobre as ondas do mar. 9 Criou a Ursa e o Órion, as Plêiades e as constelações do Sul. 10 Faz prodígios insondáveis, maravilhas sem conta. 11 Se passa junto de mim, não o vejo, e quando se afasta, não o percebo. 12 Se ele apanha uma presa, quem ousa impedi-lo? Quem pode dizer-lhe: — ‘Que está fazendo?’ 14 Quem sou eu para replicar-lhe, e contra ele escolher meus argumentos? 15 Ainda que eu tivesse razão, não poderia replicar, e deveria pedir misericórdia ao meu juiz. 16 Se eu clamasse e ele me respondesse, não creio que daria atenção à minha voz”.

 

Evangelho: Lc 9,57-62

Naquele tempo, 57 enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. 58 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59 Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixe-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60 Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61 Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62 Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.

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O Bem e a Bondade Se Encontram Em Deus, e o Mal Se Encontra No Homem

 

Sei muito bem que é assim: como poderia o homem ser justo diante de Deus? Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso?”, disse Jó aos seus amigos.

 

Por que a dor? Por que a dor e o sofrimento do justo e do inocente? O Deus Todo-poderoso não pode impedir o desamparo dos pequenos e as torturas que atingem os inocentes? Jó e seus amigos buscam resposta à pergunta sobre o mal que atinge os inocentes e justos. Jó, sendo justo, fica assustado diante de Deus. Porém, continua sua busca pela resposta de Deus.

 

Dois amigos foram dar “sermão” a Jó, mas não lhe ajudam muito. Esta é também uma experiência  humana corrente: uns “bons amigos” se aproximam de nosso leito de dor e tratam de nos dizer alguma palavra boa e consoladora. Mas como é fácil falar da dor quando não se sofre a dor!

 

Mas o próprio Jó volta a tomar palavra e não se atreve a pleitear contra Deus : “Como poderia o homem ser justo diante de Deus? Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso?”. As buscas de Jó são muito humanas. Em sua imperfeição, suas respostas são admiráveis. A primeira impressão é que a Deus não se pedem contas. Esta é a verdade essencial. Mas o homem deve prestar contas diante de Deus. Para Jó Deus é Todo-poderoso que sabe tudo e pode fazer tudo. Como podemos encontrar argumentos contra Deus ou pedir contas a Ele? Não sabemos de nada de qualquer resposta exata. Somente em Deus se encontra nossas resposta! Nem sempre no momento entendemos o sentido de nossas experiências sejam boas ou dolorosas. No momento exato Deus vai nos revelar o sentido de nossas experiências.

 

Mas o mal existe. É inútil fugir! É inútil não querer vê-lo. É inútil refugiar-se na droga, no sexo e em outros tipos de fuga. Há que olhar o mal de frente para saber o porquê de sua existência. Nada na vida deve ser temido. É só para ser compreendido a partir da luz divina. Sem dúvida nenhuma que o mal não se encontra em Deus e sim no homem. No próprio homem é que tem que procurar a razão da existência do mal. Tudo o que Deus criou era bom. A bondade e o bem se encontram em Deus e podem ser encontrados no homem de boa vontade. Não podemos perguntar a Deus algo cuja resposta se encontra no próprio homem. “Não é a carne corruptível que torna o homem pecador. É a alma pecadora que o torna corruptível. Não é por ser de carne, mas por viver de acordo com os próprios instintos que o homem se tronou como o Demônio” (Santo Agostinho: De cic.Dei 14,3). E não podemos pedir a Deus aquilo que o próprio homem pode e deve fazer. O homem pratica o mal contra outro homem. Deus somente quer nosso bem e nossa salvação (Cf. Jo 3,16).

 

A situação de Jó pode acontecer com qualquer um de nós ou com nossos conhecidos tão justos, no entanto sofrem alguma injustiça. Por que acontece isso comigo? Por que o inocente sofre? Por que Deus permite tudo isso, se Ele é Todo-poderoso? São perguntas habituais que ouvimos de muitas pessoas.

 

O Papa João Paulo II escreveu na sua Carta Apostólica: Salvifici Doloris (11/2/1984): “No fundo de cada sofrimento experimentado pelo homem, como também na base de todo o mundo dos sofrimentos, aparece inevitavelmente a pergunta: porquê? É uma pergunta acerca da causa, da razão e também acerca da finalidade (para quê?); trata-se sempre, afinal, de uma pergunta acerca do sentido. Esta não só acompanha o sofrimento humano, mas parece até determinar o seu conteúdo humano, o que faz com que o sofrimento seja propriamente sofrimento humano. A dor, como é óbvio, em especial a dor física, encontra-se amplamente difundida no mundo dos animais. Mas só o homem, ao sofrer, sabe que sofre e se pergunta o porquê; e sofre de um modo humanamente ainda mais profundo se não encontra uma resposta satisfatória. Trata-se de uma pergunta difícil, como é também difícil uma outra muito afim, ou seja, a que diz respeito ao mal. Por que o mal? Por que o mal no mundo? Quando fazemos a pergunta desta maneira fazemos sempre também, ao menos em certa medida, uma pergunta sobre o sofrimento” (n.9). “O homem pode dirigir tal pergunta a Deus, com toda a comoção do seu coração e com a mente cheia de assombro e de inquietude; e Deus espera por essa pergunta e escuta-a, como vemos na Revelação do Antigo Testamento. A pergunta encontrou a sua expressão mais viva no Livro de Job (Jó)” (n.10).

 

Será , como dizem seus amigos a Jó, que essas desgraças são necessariamente castigo de seus pecados? Será uma pedagogia divina, pelo valor educativo que têm as provas e a dor?

 

João Paulo II escreveu na mesma Carta Apostólica: “Job, no entanto, contesta a verdade do princípio que identifica o sofrimento com o castigo do pecado; e faz isso baseando-se na própria situação pessoal. Ele, efetivamente, tem consciência de não ter merecido semelhante castigo; e, por outro lado, vai expondo o bem que praticou durante a sua vida. Por fim, o próprio Deus desaprova os amigos de Job pelas suas acusações e reconhece que Job não é culpado. O seu sofrimento é o de um inocente: deve ser aceite como um mistério, que o homem não está em condições de entender totalmente com a sua inteligência” (n.10).

 

Onde se encontra o sentido do sofrimento e da dor? O Papa João Paulo II na mesma Carta Apostólica escreveu: “Para descobrir o sentido profundo do sofrimento, seguindo a Palavra de Deus revelada, é preciso abrir-se amplamente ao sujeito humano com as suas múltiplas potencialidades. É preciso, sobretudo, acolher a luz da Revelação, não só porque ela exprime a ordem transcendente da justiça, mas também porque ilumina esta ordem com o amor, qual fonte definitiva de tudo o que existe. O Amor é ainda a fonte mais plena para a resposta à pergunta acerca do sentido do sofrimento. Esta resposta foi dada por Deus ao homem na Cruz de Jesus Cristo” (n.13b).

 

Temos a resposta em Cristo, em sua dor assumida, em sua solidariedade total conosco, em sua morte inocente e em sua ressurreição. Deus quis nos salvar assumindo Ele nossa dor, entrando até o fundo no mundo de nosso sofrimento e dando-lhe assim um sentido redentor, de amor, a partir da profundidade do sacrifício pascal de Cristo, o Servo de Javé, que se entrega pelos demais voluntariamente apesar de ser inocente. Deus nos ama, em Cristo Jesus, até quando nós sofremos como uma mãe que ama ama seu filho doente mais do que os filhos saudáveis, que não precisam de tantos cuidados. Deus nos mostrou seu amor precisamente através de sua dor solidária de nossa dor. Nossa dor, então, se converte em solidário da do Cristo. com a mesma finalidade: salvar o mundo. Jesus nos deu o exemplo, entregando-se nas mãos de Deus e caminhando para seu sacrifício: “Não se faça minha vontade e sim a tua vontade. Em tuas mãos entrego meu espirito”.

 

O Salmo Responsorial (Sl 87/88) não nos dá resposta e sim forças para viver o mistério: “Clamo a Vós, ó Senhor, sem cessar, todo o dia, minhas mãos para Vós se levantam em prece. Quanto a mim, ó Senhor, clamo a Vós na aflição. Minha prece se eleva até Vós desde a aurora”. É a confissão de nossa impotência radical a compreender tudo que se passa na nossa vida e tudo que existe no universo.

 

Disponibilidade, Radicalidade de entrega e Coerência No Seguimento De Cristo

 

O texto do evangelho lido neste dia se encontra no conjunto do texto que fala da ultima viagem de Jesus para Jerusalém, pois lá ele será crucificado e morto. Durante a viagem para Jerusalém Jesus vai dando suas ultimas lições para seus discípulos e para os cristãos de todos os tempos e lugares. Trata-se das lições do caminho.

 

No evangelho deste dia Jesus põe outras três exigências. O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se das preocupações materiais exageradamente: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material. O segundo diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se dos deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância impedem uma resposta imediata e radical ao Reino. O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se de tudo para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Em outras palavras, seguir a Jesus exige disponibilidade, radicalidade de entrega e coerência. Quem quiser seguir a Jesus, não pode deter-se a pensar nas vantagens ou desvantagens materiais que isso lhe traz, nem nos interesses que deixou para trás, nem nas pessoas a quem tem de dizer adeus. Muitas vezes a exigência do “ter” não serve mais para encobrir e dissimular a pobreza do “ser”. O que se deve viver é ser pobre no espírito e não ser pobre do espírito. A pobreza no espírito tem o amor como ponto de partida e como ponto de chagada. Por isso, pode-se dizer que a pobreza no espírito é mais do que uma renúncia, é uma conquista.

 

Muitas das vezes temos tentação de estar dispostos a seguir a Jesus apenas durante umas horas de nossa vida, ou em uns aspectos de nossa vida. Muitas das vezes temos tentação de colocar condições a Jesus para segui-Lo, apresentando supostamente boas desculpas, como narra o evangelho de hoje: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai” ou “Deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”.  O que dizemos parece sensato, mas na verdade é um modo de não aceitar a radicalidade da exigência que nos arrancaria de nossa mediocridade. Não se pode perder o tempo em enterrar tantos mortos que estão dentro de nós mesmos e que nos aprisionam sutilmente: valores mundanos, práticas religiosas sem compromisso e assim por diante. Tudo isto tem que morrer em nós para que possa surgir o espírito de liberdade e de vida nova. Jesus não anula o que tem de bom e de verdadeiro no nosso passado ou do nosso passado, mas nos exige que aprendamos a olhar a vida a partir de um critério absoluto.

 

“Segue-me” é o convite de Jesus hoje para cada um de nós. Vamos nos fazendo cristãos na medida em que nos atrevermos a seguir a Jesus. Vamos nos abrindo ao Espírito de Jesus para viver como ele viveu e passar por onde ele passou.  O cristão não é somente aquele que evita o mal e sim aquele que luta contra o mal e a injustiça como fez Jesus. O cristão não é somente aquele que faz o bem e sim aquele que luta por um mundo melhor adotando a postura de Jesus e tomando suas mesmas opções. “Segue-me” é o convite de Jesus para caminhar, para avançar e não para ficar parado e paralisado. Pessoas que tem coragem de caminhar são pessoas que fazem a diferença. Pessoas que fazem diferença não desistem antes de começar, não dão moradia ao desânimo. Pessoas que fazem a diferença sabem que os problemas são relativos, transformam fracassos em aprendizados. Pessoas que fazem a diferença não se deixam amedrontar, alimentam sonhos possíveis. Pessoas que fazem a diferença começam cada dia com convicção, confiam que a vitória é dos persistentes no amor” (Canísio Mayer). “Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis”, dizia Sêneca.

P. Vitus Gustama,svd

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTO, POIS ELE É A VERDADEIRA VIDEIRA V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B” Primeira Leitura: At 9,26-31...