08/09/20
Primeira Leitura: Mq 5,1-4a
Assim diz o Senhor: 1Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade. 2Deus deixará seu povo ao abandono, até ao tempo em que uma mãe der à luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel. 3Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até aos confins da terra, 4e ele mesmo será a Paz.
"Tu formaste os meus rins, tu me teceste no
seio materno. Eu te celebro por tanto prodígio, e me maravilho com as tuas
maravilhas. ... Meus ossos não te foram escondidos quando eu era modelado, em
segredo, tecido na terra mais profunda. Teus olhos viam o meu embrião. No teu
livro estao todos inscritos os dias que foram fixados e cada um deles nele
figura”
(Sl
139/138,13-16)
Este Salmo nos mostra que nascemos para este mundo por desígnio de Deus. Somente em Deus podemos encontrar a razão de nosso ser e existir neste mundo. É assim também o nascimento de Maria.
No
Em outras palavras, a natividade de Maria é celebrada por causa do nascimento de Cristo. Através de Maria é cumprido o desígnio de salvação de Deus que atravessou tantas gerações desde Abrão-Davi, como relatou o texto da genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus que antece o texto proclamado nesta festa (Mt 1,18-23). Através da genealogia (Mt 1,1-16), Maria-Mãe é inserida no mistério do Filho-Deus-Conosco. Consequentemente, a natividade de Maria é, de certa forma, um “mistério” que deve ser celebrada, pois pertence ao “mistério do Filho”. Nisto podemos entender o oráculo do profeta Miqueias que lemos na Primeira Leitura (Mq 5,1-4ª).
Maria,
Esforcemo-nos a
A
Esta
A
A
Mas Mt não pára na identidade de Jesus como “Filho de Davi”. Através deste capítulo primeiro do seu evangelho Mt quer realmente nos mostrar que Jesus é o Filho de Deus, o Emanuel, que ele explicará nos vv. 18-24. Para explicar que Jesus é o Filho de Deus, Mt usa na genealogia a palavra “GERAR”: “Abraão gerou... Jacó gerou... Judá gerou... e assim por diante”.
A palavra “gerar” na linguagem bíblica significa transmitir não apenas o próprio ser, mas também a própria maneira de ser e de comportar-se. O filho é a imagem do pai. Por esta razão, a genealogia se interrompe bruscamente no versículo 16 para dizer que José não é o pai natural de Jesus, mas apenas é o pai legal: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo”. (Nos vv 18-24 Mateus vai explicar detalhadamente esta questão). Isto quer nos dizer que a Jesus pertence toda a tradição anterior, mas ele não é imagem de José. Seu único pai será Deus; seu ser e sua ação vão refletir os do próprio Deus.
A lista de pessoas nesta genealogia contém alguns dos mais significativos nomes como também alguns nomes que têm má fama; contém tanto pecadores como santos.
Dos 14 reis judeus que Mateus elenca entre Davi e a deportação somente dois (Ezequias e Josias) poderiam ser considerados fiéis aos padrões de Deus. O resto não passou de um estranho bando de idólatras, assassinos, incompetentes e adoradores de poder e prodígios. O próprio Davi foi uma surpreendente combinação de santo e pecador. Houve naturalmente o assassínio premeditado do marido de Betsabé (Urias) de modo que Davi pudesse possuir legalmente a viúva.
Mas Deus é aquele que cumpre seus propósitos através daqueles que outros considerariam como não importantes e facilmente esquecíveis. Deus se serve tanto de instrumentos fracos como de instrumentos saudáveis, pois o agente principal da salvação é o próprio Deus.
Além dos reis fracos e pecadores, a escolha
de mulheres mencionadas na genealogia é surpreendente. Nada ouvimos ou lemos a
respeito das santas esposas patriarcais como Sara, Rebeca ou Raquel. Mt coloca
na genealogia quatro mulheres de má fama:
·
Tamar: Uma cananéia, estrangeira que teve caso com o sogro,
Judá.
·
Raab: Era uma verdadeira prostituta, mas que protegeu os
espiões israelitas que tornou possível a conquista de Jericó (Josué 2).
·
Rute: Foi outra estrangeira, uma moabita que se relacionou
com Booz cujo resultado foi o nascimento de uma criança que seria o avô do Rei
Davi.
·
Betsabé: É uma vítima da luxúria de Davi, de quem
nasceu Salomão, sucederia Davi na monarquia.
Todas estas mulheres tinham, então, uma história conjugal com elementos de escândalo e desespero humano. No entanto, eram instrumentos ativos do Espírito de Deus na continuação da sagrada linha do Messias.
Mateus quer nos relembrar e transmitir um Deus que não hesitou em usar a torpeza tanto quanto a nobreza, a impureza tanto quanto a pureza, homens a quem o mundo ouviu atentamente e mulheres que o mundo censurou. Este Deus continua a trabalhar com a mesma mistura e continua a nos surpreender. Tudo isso mostra que Deus está no comando da história. Ele é o agente principal e o homem é apenas um colaborador.
Deus pode nos usar como Seus instrumentos apesar de sermos pecadores, fracos, incapacitados e assim por diante. Mas que tenhamos uma disponibilidade de Maria para servir esse Deus que nos compreende profundamente nossos defeitos. Servir é uma adoração em ação, é uma continuação da minha adoração. Servir é prestar ajuda sem esperar recompensa e reconhecimento, pois servir significa ser servo e o servo está sempre à disposição de seu senhor. Quem serve com o Espírito de Deus jamais murmura, pois o tempo é precioso para ele. Quem não vive para servir não serve para viver tanto para si próprio como para os demais.
Nesta festa e na Eucaristia o Senhor se dirige a nós através de Sua Palavra pela qual nos convida a nos convertermos em fieis discípulos Seus, conhecendo, escutando Sua Palavra e pondo-a em prática. Ele nos mostrou que a vida da fé não pode limitar-se à oração. Cristo, o Senhor, entrega sua vida por toda a humanidade sem ter em conta classes sociais, etnias nem culturas. Se, nesta celebração do Mistério Pascal de Cristo, nós entramos em comunhão de vida com o Senhor, deixemos que Seu Espírito transforme nossa vida e faça de nós um sinal do amor de Deus nos diversos ambientes em que se desenvolve nossa existência. Deus nos chama a dar a vida para que todos tenham vida e a tenham em abundância a exemplo de Jesus (cf. Jo 10,10). Deus quer que em nosso coração tenha espaço para todos como o coração de Maria que cabe para toda a humanidade que Deus quer salvar.
A oração “Ave Maria” e “Salve Rainha” há um laço muito misterioso que une a Santa Virgem com os pecadores: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”. A Igreja sempre viu em Maria, Mãe da Igreja, a grande intercessora pelos pecadores. No Salve Rainha, Maria é chamada “Mãe de Misericórdia” para que também nós clamemos e suspiremos. Maria é chamada de “nossa Advogada” e por isso, pedimos que Ela lance seu olhar de ternura sobre nós e nos mostre Jesus, bendito fruto do seu ventre. Sobre este laço misterioso entre Maria e os pecadores, o Papa Francisco comentou: “Maria é Mãe de todos os pecadores, do mais ao menos santo. É Mãe. Maria acompanha a estrada de nós pecadores, cada um com seus pecados. ‘Rogai por nós pecadores’ significa dizer: Sou pecador, mas a Senhora cuida de mim. Maria é Aquela que nos protege” (Ave Maria, Ed. Planeta, 2019, p.88).
Além disso, dirigimos a Maria, nossa Mãe, a
seguinte oração: “Á vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis
as nossas súplicas, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem
gloriosa e bendita”. Nesta oração encontra-se a noção de “refúgio”, isto é, de
um lugar espiritual, lugar onde o Espírito de Deus domina (ela ficou grávida
pela ação do Espírito Santo) e por isso, qualquer pecador arrependido pode se
abrigar contra todos os ataques do adversário.
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Desejamos, neste dia 08 de setembro, muitas felicidades e muitas bênçãos para todos os verbitas no mundo inteiro. Hoje a Congregação do Verbo Divino, SVD faz o aniversário de sua fundação (08/09/1875).
Sobre Maria, Mãe de Jesus, a quem tinha muito amor e devoção, Santo Arnaldo Janssen, fundador da SVD, Societas Verbi Divini (e mais duas congregações femininas: SSpS e SSpS da Adoração Perpétua) dizia: “A relação de Maria com a Santíssima Trindade é a de filha, mãe e esposa. De todas as filhas da terra ela foi a escolhida do Pai celeste. O Filho Eterno a elegeu como mãe para que pudesse assumir a carne humana. O Espírito Santo a amou como esposa e fez dela um vaso santo e eleito das divinas graças. A humildade da Rainha dos Anjos foi uma virtude marcante. Ela que disse: "Eis aqui a escrava do Senhor”. Temos de aprender de Maria, de quem a escritura fala: ”Ela guardava todas estas palavras em seu coração”(Lc 2,19)”.
Santo Arnaldo Janssen levava a sério a vontade de Deus, como Maria que se entregou totalmente à vontade de Deus através do seu Fiat, “Faça-se!”: “Que a santa vontade de Deus seja bendita para sempre! Temos que adorar esta vontade e abraçá-la com amor, se queremos agradar a Deus. Peço ao bom Deus que nos permita reconhecer sua santa vontade e nos conceda uma alegre serenidade em cumpri-la”.
” Não são as longas orações e sim as ações generosas que comovem o coração de Deus” (Santo Arnaldo Janssen). “A confiança é a chave do incomensurável tesouro de Deus. A confiança em Deus é a virtude da qual o missionário deve haurir toda força e todo auxílio. O missionário deve ser um autêntico herói da confiança em Deus. A amabilidade é a palavra que anima, levanta, consola e fortalece. Assim como o orvalho refresca e embeleza as plantas que murcham”.
“Quem vive sempre unido a Deus, o mundo lhe pertence e cada dia é um milagre. Quem reza, prende a Terra ao Céu”. (Idem)
“A vontade de Deus é sempre salutar, mesmo quando não corresponde aos nossos desejos” (idem).
” Sempre é necessário rezar muito. A vida sem oração é o caminho certo para o inferno. E A língua que todos entendem é a linguagem do amor” (São José Freinademetz, um dos dois primeiros missionários da SVD enviados para a China aos 02 de março de 1879).
ORAÇÃO
AOS NOSSOS SANTOS: ARNALDO JANSSEN E JOSÉ FREINADEMETZ
Deus, Pai de amor, Vós chamastes Arnaldo e José a seguir o Vosso Filho, o Verbo Divino, para proclamar o Evangelho a todos os povos. Ardentes de amor por Ele e repletos de seu espirito, dedicaram-se totalmente à obra da propagação do Vosso Reino de amor e de paz. Que o testemunho desses santos continue inspirando-nos hoje assim como inspirou tantas gerações de missionários e missionarias em muitos lugares no mundo. Como a eles, inflamai nossos corações de amor ardente a Jesus, que nos chamou a mesma missão. Ensinai-nos a construir comunidades onde se aprenda o diálogo e se criem relacionamentos geradores de vida. Que a total doação de Vosso Filho na Eucaristia seja exemplo para a nossa vida em comunidade, para que nos tornemos sinais do amor infinito que tendes pelo mundo. Ensinai-nos a experimentar a alegria na diversidade dos povos e transformai o nosso mundo em um só coração vivificado pelo Espirito de Jesus. Amém
Viva Deus Uno e Trino em nosso corações e nos corações de todas as pessoas. Amém!
P. Vitus Gustama,svd
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