quinta-feira, 25 de julho de 2019

27/07/2019
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ESPIRITUALIDADE VIVIDA NA PRÁTICA DA JUSTIÇA SOCIAL FAZ PARTE DE NOSSA ALIANÇA COM JESUS CRISTO
Sábado da XVI Semana Comum


Primeira Leitura: Êx 24,3-8
Naqueles dias, 3 Moisés veio e transmitiu ao povo todas as palavras do Senhor e todos os decretos. O povo respondeu em coro: “Faremos tudo o que o Senhor nos disse”. 4 Então Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. Levantando-se na manhã seguinte, ergueu ao pé da montanha um altar e doze marcos de pedra pelas doze tribos de Israel. 5 Em seguida, mandou alguns jovens israelitas oferecer holocaustos e imolar novilhos como sacrifícios pacíficos ao Senhor. 6 Moisés tomou metade do sangue e o pôs em vasilhas, e derramou a outra metade sobre o altar. 7 Tomou depois o livro da aliança e o leu em voz alta ao povo, que respondeu: “Faremos tudo o que o Senhor disse e lhe obedeceremos”. 8 Moisés, então, com o sangue separado, aspergiu o povo, dizendo: “Este é o sangue da aliança, que o Senhor fez convosco, segundo todas estas palavras”.


Evangelho: Mt 13,24-30
Naquele tempo, 24 Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25 Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. 26 Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27 Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28 O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos ar­rancar o joio?’ 29 O dono respondeu: ‘Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30 Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro’”.
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Deus Da Aliança e o Povo Da Aliança


Moisés, então, com o sangue separado, aspergiu o povo, dizendo: ‘Este é o sangue da aliança, que o Senhor fez convosco, segundo todas estas palavras’”.


Dentro da profunda experiência que o povo eleito faz da manifestação de Deus no Sinai, a celebração da aliança ocupa um lugar privilegiado. Todo o povo participa neste mistério que afeta realmente o futuro de todos. Deus (Javé) por meio de Moisés, propõe a aliança: Javé será o Deus de Israel, isto é, seu Libertador, seu Defensor, seu Realizador. E o povo será o povo de Javé: Faremos tudo o que o Senhor disse e lhe obedeceremos”. Com toda liberdade o povo construirá sua personalidade de acordo com a vontade de Deus. E esta aliança tem como testemunho doze pedras que recordam as doze tribos que presenciaram o compromisso de todo o povo de Javé.


E essa alianaça é selada com sangue como era costume na antiguidade (Ex 24,5-6.8). Por isso, são sacrificadas vítimas: umas são oferecidas em holocausto, isto é, são queimadas completamente; outras são imoladas como vítimas pacificas ou de comunhão, dando lugar ao banquete ritual, que significava a comunhão do povo com Deus.


O sangue na mentalidade bíblica está estreitamente relacionado com a vida e por isso, não pode ser comido. Derramar o sangue sobre o altar é entregar a vida a Deus. Asperger com este sangue o povo significa que participa desta mesma vida. Deus e o povo são, de alguma maneira, “irmãos de sangue”. O sangue fica ligado à aliança. No Novo Testamento é o sangue de Cristo, vítima inocente ao que sela o pacto de amor entre Deus e o Israel da Nova Aliança (cf. Mc 14,24 e paralelos). A Carta aos Hebreus (Hb 9,18-20) se refere diretamente a esta passagem do Êxodo, e o aplica a Cristo. Somos salvos por Cristo, e a Nova Aliança que Ele estabeleceu entre nós e Deus foi ratificada com seu Sangue.


A frase de Moisés no Sinai e a frase que Jesus nos diz na Ùltima Ceia, quando somos encarregados que celebremos a Eucaristia como memorial de sua morte, são quase idênticas:Este é o sangue da aliança, que o Senhor fez convosco”, disse Moisés. “Este é meu sangue da aliança que faz o Senhor convosco”, afirma Jesus. Jesus acrescentou uma palavra: “meu”. Agora já não é o sangue de animais. É o sangue de Jesus, derramdo na Cruz. O vinho da Eucaristia, nos diz Ele, será sempre seu Sangue salvador com que selou a Aliança e da qual participamos toda vez que celebramos seu memorial eucarístico. A Eucaristia não é somente um ato de culto e sim que nos compromete a vivermos o mesmo estilo de vida de Cristo, ou seja, a Nova Aliança.


A aliança é uma relação de vida que compromete cada instante e toda a existência dos indivíduos e do povo da aliança. No tempo de crise, especialmente no tempo da monarquia, os profetas dirão que a aliança é uma relação de amor. Vida e amor sempre novos, sempre renovados, sempre abertos a todos os caminhos da comunhão e da busca constante. Vida e amor de todos os tempos, mas especialmente do agora, já que tanto uma como outro são realidades presentes que fluem do passado para o futuro, mas sempre atuais. Dai é que são exigidas uma dinâmica constante de conversão, de abertura à renovação. Desde modo, o sangue das vítimas derramado sobre o altar e sobre o povo cobra todo o significado de selo vital da aliança contraída.  Participar do mesmo sangue é estabelecer o vínculo familiar ou entrar em comunhão de vida. Na celebração da aliança, o sangue das vítimas é vínculo de união entre Deus (o altar representa Javé) e o povo, os quais a partir de agora, serão os grandes aliados, partícipes de uma mesma vida e amor.


Este texto é paralelo aos textos que narram a instituição da Eucaristia. Desde modo, contemplamos a antiga aliança e a nova. No entanto, a primeira aliança, apesar de sua realidade histórica eficaz, não é mais que uma imagem da segunda aliança, a nova e definitiva aliança de Deus em Jesus Cristo com toda a humanidade. Na Eucaristia descobrimos em uma única pessoa as características de mediador, sacerdote, vítima e altar, que fazem da ação de Jesus, oferecendo-se em oblação ao Pai, selar aliança definitiva e universal de toda a humanidade com Deus para sempre. Em cada Eucaristia da qual participamos ouvimos a seguinte frase: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados”. E o Carta aos Hebreus nos recorda que Jesus Cristo “é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele redimiu as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. Assim, aqueles que são chamados recebem a herança eterna prometida” (Hb 9,15).


Ser Parceiro Do Bem É Uma Forma Mais Eficaz Para Conter e Acabar Com o Avanço Do Mal


Estamos no discurso de Jesus sobre o Reino de Deus em parábolas. Desta vez Jesus nos conta a parábola sobre o joio no meio de trigo. O joio é uma planta da família das gramíneas (lolium temulentum) que cresce no meio do trigo que dificilmente se distingue do bom trigo durante o seu crescimento; só se vê a diferença nas espigas. As espigas do trigo alimentam o homem (animal), enquanto que o joio produz uma espiga de grãos escuros de efeito altamente tóxico. Mas, na verdade, não há necessidade saber da espécie de erva parasita que Jesus fala nessa parábola; basta saber que se trata de uma planta nociva.


Esta parábola conta uma cena da vida cotidiana: o dono do campo que semeia a boa semente, o inimigo que prejudica o campo de trigo ao semear o joio, as relações entre o patrão e os empregados. Tudo parece normal, exceto a surpreendente reação do dono do campo: deixar que ambos (joio e trigo) cresçam juntos. A atitude do dono, evidentemente, chama a atenção dos ouvintes, porque a atitude normal é arrancar logo o joio para que o trigo possa crescer saudavelmente a fim de produzir boas espigas. O dono sabe que o joio pode impedir ou dificultar o crescimento do trigo, mas os dois parecem muito ao princípio e é possível que ao arrancar o joio, arranquem também o trigo. O dono quer que se espere o tempo da colheita para separar o trigo do joio.


Evidentemente a parábola do joio orienta-se para o fim dos tempos, pois ela trata do juízo final, que introduz o Reino de Deus. Nesta parábola rejeita-se expressamente a ideia duma separação antes do tempo ou uma precipitação e exorta-se à paciência até chegar o tempo da colheita. Os homens não estão absolutamente em condição de fazer esta separação (v.29), pois ao fazer separação que é a competência de Deus, os homens cairiam em erros de julgamento e os dois (joio e trigo) acabam morrendo juntos, pois quem julga o outro, cai também no julgamento (Mt 7,1).


Infelizmente a tendência espontânea dos homens é a de repartir a humanidade em duas categorias: os bons e os maus. E os maus sempre são os outros e os bons sempre somos nós. Por isso, somos intolerantes para as faltas alheias, mas muito amigos de nos auto-justificarmos e muito ligeiros a desculpar-nos. Que as bênçãos de Deus caiam sobre nós e nossa família, e as maldições sobre os maus, sobre os inimigos. Com isso, somos maus do mesmo jeito. Com esta atitude os homens, no fundo até inconsciente, tem uma tendência espontaneamente sectária e intolerante. O outro o amedronta enquanto não se tornou seu “semelhante”. O mal e o bem não estão só fora de nós, mas dentro do nosso coração. Ao esquecermos isto, nos constituímos juízes dos outros. Ninguém pode ter a presunção de ser trigo limpo, porque ninguém é tão bom que não tenha algum joio. Somente Deus é bom plenamente (Mc 10,18).


Através desta parábola Jesus quer revelar também a paciência de um Deus que adia o julgamento (vv.28-30) a fim de deixar ao pecador o tempo para se converter. Apesar de ter na sua mão todo o poder, Deus se mostra tolerante e paciente para com a sua criatura, o homem, que é débil, limitado e pecador. Ele não exclui ninguém do Reino: todos são convocados até o último minuto, todos podem entrar nele. A cólera não é a última palavra da manifestação divina. O perdão sempre prevalece. A paciência divina está aberta para todos aqueles se convertem.


Por sua atitude durante toda a sua vida, Jesus encarna a paciência de Deus em relação aos pecadores. Não existe pecado que não possa ser perdoado por Deus, se o pecador se converter; nenhum pecado arranca o homem do poder misericordioso de Deus.


O segredo desta paciência de Jesus é o amor. Jesus ama o Pai com o mesmo amor com que é amado, pois é o Filho. Jesus ama os homens com o mesmo amor com que o Pai os ama. Talvez a expressão joanina seja melhor para descrever o amor de Jesus: “... amou-os até o fim” (Jo 13,1). Jesus ama os homens até em seu pecado. Foi o pecado dos homens que conduziu Jesus à cruz. No momento supremo em que o desígnio divino parece comprometido pela atitude dos homens, o amor se faz totalmente misericordioso: ”Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Jesus, realmente, amou os homens até o fim.


Por ser membro do Corpo de Cristo, todos nós temos a missão de encarnar a paciência de Jesus. É na paciência que se conquista a vida (Lc 21,19). A paciência não é passividade. Por isso, ela é uma virtude dos fortes e prudentes.


Nossa tarefa neste mundo não é a de repartir os homens entre os bons e os maus, mas a de revelar o amor misericordioso de Deus. Ninguém por si tem o direito de se constituir critério para o seu irmão. Não o irmão justo é o nosso critério, mas o Deus santo e misericordioso. Aqui na terra, o trigo está sempre misturado com o joio, e a linha de demarcação entre um e outro passa em todo homem. O cristão e a cristã são chamados a exercer sua função como pedra insubstituível na construção do Corpo de Cristo (Igreja) e a cooperar de modo original na realização da história da salvação. Quando o cristão não se tornar mais o sinal do amor de Deus, a missão automaticamente degrada-se em propaganda ou em tentativa de autopromoção. Para isso, temos que nos renovar sem cessar por dentro através do alimento da Palavra de Deus e da Palavra que se faz carne na Eucaristia.


Além disso, essa parábola serve de exortação para todos os cristãos. Deus deixa conviver os bons com os maus, sem pressa de fazer juízo. E nessas circunstâncias não sabemos se fazemos parte do grupo dos bons ou do dos maus; se somos do trigo ou do joio. Mas como Deus tem paciência, sempre é tempo de tentarmos produzir alguma coisa positiva, e rendermos para a vida presente para vivermos na vida eterna.


Portanto, precisamos estar conscientes de que o bem e o mal são duas realidades que aparecem juntos em nossa vida porque brotam da mesma fonte: o coração. Da abundância do coração fala a boca, o que sai de dentro é o que faz boa ou má à pessoa. Isto nos faz viver verdadeiramente em constante contradição interna como reconhece Paulo: “Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto” (Rm 7,15). Não há ninguém tão bom que não tenha algo de mau, e não há ninguém tão mau que não tenha algo de bom. Quem opta por fazer o bem sabe que tem que enfrentar o mal em todas suas formas.
P. Vitus Gustama,svd

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