segunda-feira, 11 de setembro de 2017

18/09/2017

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O CRISTÃO É AQUELE QUE AMA TODOS OS HOMENS E REZA POR TODOS
Segunda-Feira da XXIV Semana Comum


Primeira Leitura: 1Tm 2,1-8
Caríssimo, 1 antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; 2 pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda a piedade e dignidade. 3 Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; 4 ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5 Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6 que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, 7 e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo e – falo a verdade, não minto –, mestre das nações pagãs na fé e na verdade. 8 Quero, portanto, que em todo o lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões.


Evangelho: Lc 7,1-10
Naquele tempo, 1 quando acabou de falar ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum. 2 Havia lá um oficial romano que tinha um empregado a quem estimava muito, e que estava doente, à beira da morte. 3 O oficial ouviu falar de Jesus e enviou alguns anciãos dos judeus, para pedirem que Jesus viesse salvar seu empregado. 4 Chegando onde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: “O oficial merece que lhe faças este favor, 5 porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga”. 6 Então Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizerem a Jesus: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. 7 Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente a teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado. 8 Eu também estou debaixo de autoridade, mas tenho soldados que obedecem às minhas ordens. Se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a outro: ‘Vem!’, ele vem; e ao meu empregado ‘Faze isto!’, e ele o faz’”. 9 Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Virou-se para a multidão que o seguia, e disse: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. 10 Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e encontraram o empregado em perfeita saúde.
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O Cristão Tem Uma Missão De Rezar Por Todos


“Caríssimo, antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens”, escreveu São Paulo ao Timóteo.


Cada cristão é o cidadão do mundo e ao mesmo tempo é o cidadão do céu. Cada cristão é católico, isto é, ele existe para o bem de todos. Cada cristão é o irmão de todos os homens. Os cristãos reunidos representam a humanidade diante de Deus e são solidários de todos. O cristão não vai participar da missa e de outras celebrações litúrgicas com o intuito de rezar somente para si ou pelo círculo estreito dos seus, e sim pela multidão de pessoas para as quais Jesus deu sua vida. Se Jesus deu sua vida para a humanidade, logo o cristão deve viver em função do bem de todos.


Não somente dentro do espaço e do tempo litúrgicos, o cristão deve rezar também em qualquer lugar e em qualquer momento por todos os que ele encontra em qualquer lugar. A vida em si chama o cristão a rezar. Ao passar diante de um hospital, o cristão é chamado a rezar por todos os que estão internados e por todos os que trabalham em função de todos os doentes e seus familiares. Ao ver uma mulher grávida em qualquer lugar, o cristão é chamado a rezar por ela e por seu bebê para que a gravidez possa correr bem e que tenha um parto abençoado, e assim por diante. Somente faremos isso, quando vivermos interconectados aos demais e vivermos profundamente e conscientemente cada momento de nossa vida; acima de tudo, quando vivermos conectados permanentemente com a vida de Jesus Cristo.


Na oração universal que o cristão deve fazer inclui também os reis e os que têm autoridade. Não nos esquecemos que na época de São Paulo em que esta carta foi escrita, nem o imperador, nem as demais autoridades eram favoráveis aos cristãos.


A oração pelos governantes, ainda que pudessem ser hostis para a comunidade cristã, se encontra pelnamente na linha traçada na Carta aos romanos (Rm 13,1-7) sobre a obediência à autoridade. O sábio chinês, Confúcio, dizia “Um homem que respeita seus pais e os mais velhos seria pouco propenso a desafiar seus superiores. Um homem que não é propenso a desafiar seus superiores nunca fomentará uma rebelião”. (Os Analectos de Confúcio). Tem a autoridade somente quem faz o outro crescer. A comunidade cristã não se pode situar à margem de ou contra a sociedade, pois não é uma seita. Ainda que seja uma minoria, sua perspectica deve ter um sentido universal.


Esta obrigação de rezar pelas autoridades que a comunidade cristã tem é independente da situação momentânea do cristão e da autoridade estatal. Este preceito de orar pelas autoridades continua sendo válido ainda que uma autoridade seja um ímpio, pois como São Paulo afirmará em seguida que a salvação de Deus se estende também aos ímpios.


O motivo pelo qual os cristãos devem rezar por todos os homens é um plano de salvação universal de Deus: “Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6 que se entregou em resgate por todos”. A salvação aparece assim em íntima relação com o conhecimento da verdade. Saber que há um só Deus e que Jesus Cristo é o único Mediador, é o fundamento da salvação oferecida a todos os homens: Deus é seu Criador e todos foram representados por Cristo diante dele. A própria morte de Jesus por todos os homens foi o testemunhi mais patente desta verdade. A vontade de salvação para todos nasce do fato de que Deus é um só: criou todos os homens e por isso, quer para todos a salvação.


A oração universal que se estende a todos os homens sem exeçao nem barreiras, é igual ao amor cristão que se estende a todos os homens, sem conhecer fronteiras nem limites. Todos os homens são filhos de Deus e portanto, são os irmãos dos cristãos. Consequentemente devem ser amados e colocados na oração dos cristãos.


Um “Pagão” Que Ama E Se Comporta Como o Verdadeiro Seguidor De Cristo


O texto do evangelho deste dia nos contou um centurião “pagão” que pediu a Jesus, através de alguns anciãos do povo de Deus, que curasse seu empregado enfermo. O centurião era um daqueles “pagãos” que não encontraram mais a satisfação nos ritos politeístas, cuja fome religiosa não se saciava com a sabedoria dos filósofos e que, por conseguinte, simpatizava com o monoteísmo judaico e com a moral que dele derivava. Era temeroso de Deus, professava a fé no Deus único através do seu modo de viver e de tratar os demais respeitosamente, mas não havia passado definitivamente ao judaísmo. Ele buscava a salvação de Deus. Sua fé no Deus único, seu amor e seu temor de Deus ele manifestava no amor ao povo de Deus e na solicitude pela sinagoga que ele mesmo ajudou a construir. Seus sentimentos se expressavam em obras. E as obras proclamam e revelam quem as pratica. “Cada árvore é conhecida por seus frutos”, disse Jesus.


Um Centurião Com Idéias Amplas e Abertas


Apesar de ser considerado “pagão” pelo fato de não pertencer oficialmente ao povo de Deus, o centurião tinha idéias amplas e abertas: do próprio bolso ele tirou seu dinheiro para ajudar o Povo de Deus na construção de uma de suas sinagogas.


A verdadeira bondade não tem religião. O bem é universal e por isso, pode ser encontrado em qualquer lugar e em qualquer povo ou crença. Os homens do bem podem ser amados ou odiados, mas sempre despertam nossa admiração. O amor não faz diferença onde é aplicado e sempre traz ótimos rendimentos. A insegurança geralmente não tolera a diferença e o diferente. Se um único homem atinge o tipo mais elevado de amor, como o centurião, ele será suficiente para neutralizar o ódio de milhões. A única grandeza é amor altruísta, o amor que sempre quer o bem do outro e dos outros. Os próprios anciãos do povo de Deus chegaram a afirmar diante de Jesus sobre a bondade do centurião: “O centurião merece que lhe faças esse favor (curar seu empregado), porque ele ama nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga” (Lc 7,4-5).


A Maior Fé Que Se Encontra Fora Do Povo De Deus


Além de suas amplas e abertas idéias, apesar de ser considerado “pagão” por não pertencer à religião oficial do povo, esse centurião se mostra como uma pessoa com muita fé a ponto de Jesus considerá-lo como pessoa que tem muito mais fé do que qualquer membro do próprio povo de Deus: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Depois de tantas recusas entre os seus, é confortante Jesus encontrar uma fé assim.


Quando Lucas escreveu o evangelho, na comunidade eclesial já houve a admissão dos pagãos convertidos à fé cristã, por exemplo, na pessoa de outro centurião romano, Cornélio, que se converteu com toda sua família (cf. At 10,24-48), pois “Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo” (At 10,34-35).


Será que Jesus já pode encontrar tamanha fé, igual à fé do centurião, na nossa comunidade, em geral, e em cada um de nós, em particular? Para receber o elogio do Senhor é preciso que cada um de nós tenha a fé do tamanho da fé do centurião. Ou será que “todos nós somos mais ateus do que acreditamos e mais crentes do que pensamos?” (René Juan Trossero).


Um Homem Que Respeita o Costume Do Povo e Acredita No Poder da eficácia da Palavra de Jesus


O centurião não deixa Jesus entrar em sua casa, pois um judeu era proibido de entrar na casa de um pagão.


Para respeitar a proibição feita aos judeus de entrar na casa de um pagão, Jesus é levado a fazer um milagre à distancia, realizado somente pela Palavra. No curso de sua vida de taumaturgo somente realizará dois milagres deste tipo (Lc 7,1-10 e Mt 15,22-28). Normalmente Jesus cura através de um contato físico e silencioso, como se seu corpo possuísse certa força vital especial que Ele nem sempre podia controlar (cf. Mc 5,30; 6,65).


Na cura do empregado do centurião Jesus se contenta com a palavra e elogia a fé do centurião: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”.


É preciso recordar que ao receber o Pão eucarístico (na comunhão) pronunciamos as mesmas palavras do centurião: “Senhor, eu não sou digno (a) de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra serei salvo (a)”.


A liturgia cristã é baseada unicamente em “uma só Palavra”: a palavra que ressoou no coração de Jesus em sua Páscoa, a Palavra que nos acompanha durante nossa vida cristã, a palavra que nos transforma.


No entanto, o mundo de hoje nos pergunta se existe uma palavra do Senhor para ele a partir de nós. Se o mundo pode recorrer a Palavra de Deus depois do fracasso das palavras humanas? Será que realmente como cristãos nós somos aquilo que São Paulo diz: “Vós sois uma carta de Cristo... escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, em vossos corações” (2Cor 3,3)?

P.Vitus Gustama,svd

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