AMOR
A DEUS QUE SE EXPRESSA NO AMOR AO PRÓXIMO É O CRITÉRIO PARA ENTRAR NA VIDA
ETERNA
Primeira Leitura: Lv 19,1-2.11-18
1 O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2 “Fala a toda a Comunidade dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. 11 Não furteis, não digais mentiras, nem vos enganeis uns aos outros. 12 Não jureis falso por meu nome, profanando o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor. 13 Não explores o teu próximo nem pratiques extorsão contra ele. Não retenhas contigo a diária do assalariado até o dia seguinte. 14 Não amaldiçoes o surdo, nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. 15 Não cometas injustiças no exercício da justiça; não favoreças o pobre nem prestigieis o poderoso. Julga teu próximo conforme a justiça. 16 Não sejas um maldizente entre o teu povo. Não conspires, caluniando-o, contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. 17 Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18 Não procures vingança, nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
Evangelho: Mt 25,31-46
Naquele
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Ser Santo Como Deus e Ser Protetor Do Próximo
“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, Sou santo”, assim diz o Senhor para o povo de Israel através do legislador Moisés que lemos na Primeira Leitura de hoje.
O capítulo 19 do Levítico faz parte de um conjunto homogêneo de leis, designado, com o título de “Código de Santidade” (Lv 19-26). Todo este código é como um texto constitutivo que contém os mais essenciais princípios que devem informar a vida cotidiana de Israel em sua relação com Deus e com o próximo. O capitulo 19, concretamente, contém uma série de leis sociais.
No livro de Levítico, Moisés apresenta ao povo de Israel um código de santidade para que o povo possa estar à altura de Deus que é o todo Santo. Há mandamentos que se referem a Deus: Não faça juramento falso. Mas, sobretudo, se insiste na caridade e na justiça com os demais. A enumeração é vasta e afeta até os aspectos da vida que não perde jamais sua atualidade: não furtar, não enganar, não oprimir, não cometer injustiças nos juízos ou no exercício de justiça (para os tribunais), não odiar, não guardar rancor. Há dois detalhes concretos muito significativos: não maldizer ao surdo (aproveitando que não pode ouvir) e não pôr tropeço diante do cego (que não pode ver).
A consignação final é bem positiva: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Tudo isso tem uma motivação: “Eu sou o Senhor”, frase que se repete no conjunto da lei da santidade. Deus quer que sejamos santos como Ele, que O honremos mais com as obras do que com os cantos e as palavras. O primeiro dom e mais necessário para a santidade é a CARIDADE com a qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor a Deus.
“Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (Papa Francisco: Exortação Apostólica Gaudete Et Exsultate n.14).
O Salmo Responsorial (Sl 18) nos faz aprofundarmos nesta chave: “Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz”.
“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, Sou santo”. A “lei de santidade, seção central e mais compacta do Levítico (Lv 17-26) se trata de modelar a ordem humana a partir da santidade de Deus. Santidade é aqui um conceito que não fala tanto de Deus em si, quanto de Deus como fundamento do mundo ou da humanidade. Daí que seja uma exigência radical para a própria humanidade para ser verdadeiramente o que é ou é chamada a ser. A lei se dirige ao povo de Deus no mundo para ensinar-lhe o caminho de acesso à santidade de Deus ou à plena realização de si mesmo. O caminho para a santidade é o homem-irmão, o próximo. Dentro deste código de santidade, o próximo se chama também parente, concidadão, irmão. É o homem da comunidade humana, na qual todos têm direitos e deveres. O cumprimento dos deveres faz que o próximo obtenha seus direitos. Dentro deste contexto é que podemos entender o mandamento do amor fraterno: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O homem não está nunca tão próximo da santidade de Deus como quando ama a seu próximo.
Por isso, depois do princípio da santidade de Deus, o legislador faz a enumeração dos preceitos morais. Em primeiro lugar, justiça com o próximo. O legislador proíbe o furto, cortando de raiz suas ocasiões ao proibir todo tipo de engano e falsidade com o próximo: “Não furteis, não digais mentiras, nem vos enganeis uns aos outros”. Também é condenada toda opressão violenta contra o próximo: “Não explores o teu próximo nem pratiques extorsão contra ele”. Em nome de Deus que sejam protegidos os pobres e débeis e por isso, é proibido maldizer o surdo e pôr obstáculos ao cego porque estes não podem contestar a sua conduta: “Não amaldiçoes o surdo, nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor”. Nem pode profanar o Nome de Deus através de um juramento falso: “Não jureis falso por meu nome, profanando o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor”.
Em segundo lugar, a retidão e a caridade para o próximo. Contra toda acepção de pessoas é ordenado que pode favorecer a ninguém nem ao pobre, nem ao rico: “Não cometas injustiças no exercício da justiça; não favoreças o pobre nem prestigieis o poderoso. Julga teu próximo conforme a justiça”. A justiça é a base da ordem social, e por isso é inculcada a objetividade nas causas judiciais. Quem ama pratica a justiça social. O legislador acrescenta que não se deve difamar ninguém com vistas ao derramamento de sangue: “Não sejas um maldizente entre o teu povo. Não conspires, caluniando-o, contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor”. E como base do sentido de justiça são proibidos os desejos adversos internos contra o próximo e é recomendada a correção fraterna: “Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele”. Os ódios reconcentrados no coração podem se transformar em explosões violentas contra o próximo. E por fim, o grande mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. Mas aqui “próximo” se refere ao israelita ou compatriota. No comentário rabínico se diz que “o próximo não é o samaritano, nem o estrangeiro, nem o prosélito”. É a interpretação que davam os judeus no tempo de Jesus. Na mensagem evangélica, o amor ao próximo é uma consequência e projeção do amor ao Deus-Pai celeste que faz nascer o sol para os bons e maus e faz cair a chuva para os justos e injustos (Mt 5,43-48).
É interessante observar que se repete a frase como refrão: “Eu sou o Senhor”. Aqui Deus se faz como garantia, o Guardião, o Juiz da qualidade de nossas relações humanas. O fato de o homem explorar o outro homem, seu próximo, Deus fica indiferente, mas se encoleriza.
“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, Sou santo”. Entre homem e Deus há um certo laço. Deus não se desinteressa da conduta do homem. E Jesus dirá: “Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito” (Mt 5,48).
“Roubo/Furto”, “Mentira”, “Exploração/Extorsão/Injustiça”, “Difamação/Calúnia”, “Maldição”, “Pedra de tropeço/Escândalo”, “Vingança/Guardar rancor”. Devo me deter em cada uma destas palavras. Qual é a minha forma de tratar o outro? Ajude-me, Senhor a amar sem cessar a todos.
O Amor Será o Critério De Deus Para Nos Julgar No Julgamento Final
O texto do evangelho lido neste dia se encontra no quinto e o último discurso de Jesus no evangelho de Mateus chamado o Julgamento final (Mt 23-25). O evangelista Mateus quer nos recordar que o homem jamais se esquece de que um dia sua vida na história terminará. Um poeta espanhol escreveu: “Partimos, quando nascemos, caminhamos enquanto vivemos, e chegamos no momento em que morremos”. São Paulo nos adverte: “Todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal” (2Cor 5,10; cf. Hb 9,27). Segundo São Paulo nós seremos julgados por Deus por aquilo que fizemos ou deixamos de fazer aqui neste mundo, durante a nossa história. E o critério de avaliação vai ser nosso amor para com os irmãos, para com todas as pessoas, principalmente para os necessitados (cf. 1Cor 13,1-13).
Sabendo do término de nossa caminhada um dia
aqui neste mundo, o
No julgamento final, Jesus nos revela um Deus que não se pode medir com os nossos cálculos matemáticos, legais ou rituais, um Deus que, apesar de ser o mais próximo de nós, também é o mais afastado porque Ele é o “diferente”, o “diverso”, o “outro”.
O critério usado no julgamento final é o AMOR ao próximo, de modo especial o bem feito aos pobres e marginalizados, pois o cerne da religião bíblica é a prática ou a vivência do amor. Todo o mais, por mais belo e importante que ele seja, como o conhecimento e a fé em Deus parecem ter valores apenas “parciais”. Mesmo o testemunho do sangue não significa nada em comparação com o amor ao próximo (cf. 1 Cor 13,1-13). Mas não se trata do bem, feito para atrair sobre si a bênção de Deus, ou com a esperança duma recompensa, servindo-se do próximo como instrumento da benevolência divina, mas trata-se do bem, feito ao homem pelo homem: o amor pelo amor. O ateu pode percorrer as ruas do mundo sem encontrar Deus, mas não pode deixar de cruzar-se com o seu próximo e com o próximo mais pobre, menos livre, mais oprimido, mais só. Jesus se identifica com eles.
No
As
Na
Muitas
Se decidirmos
A
Lembremo-nos que Deus
P.
Vitus Gustama,svd
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