Santo Anjo do Senhor, meu
zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me
guarda, me governa me ilumina. Amém
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Primeira Leitura: Êx 23,20-23
Assim diz o Senhor: 20“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. 22Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. 23O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei”.
Evangelho: Mt 18,1-5.10
Naquela hora, 1os
discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos
céus?” 2Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse: “Em verdade
vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não
entrareis no Reino dos céus. 4Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o
maior no Reino dos céus. 5E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a
mim que recebe. 10Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que
os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.
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Quem São Os Anjos?
Santo Agostinho respondeu: “Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espirito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espirito por aquilo que é, enquanto é anjo por aquilo que faz”. “Por isso todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam ‘constantemente a face de meu Pai que está nos céus’ [Mt 18,10], são ‘poderosos executores da sua Palavra, obedientes ao som da sua Palavra’ [Sl 103,20). Enquantu criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e de vontade: são criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória”(Novo Catecismo Da Igreja Católica, 330).
O nome dos anjos (hebraico, mal´ak, grego, angelos) não designa natureza, mas função; significa mensageiro. Os anjos são “espíritos destinados a servir, enviados em missão para o bem daqueles que devem herdar a salvação” (Hb 1,14). Inatingíveis para a nossa percepção, constituem um mundo misterioso.
No AT pode-se observar como Deus se serve de seus anjos para proteger os homens da ação do demônio, para ajudar o justo ou para libertá-lo do perigo, como quando o profeta Elias foi alimentado por um anjo do Senhor (1Rs 19,5).
No NT também podem-se observar muitos sucessos e exemplos por causa da ajuda dos anjos. Por exemplo, o anjo fala para são José para fugir ao Egito, a libertação de Pedro da prisão, os anjos que servem Jesus depois das tentações no deserto.
Por isso, o Novo Catecismo da Igreja Católica afirma: “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição” (Novo Catecismo Da Igreja Católica, 328).
Quem São Os Anjos Da Guarda, Especificamente?
Deus designou a cada homem um anjo para protegê-lo e facilitar-lhe o caminho da salvação enquanto estiver neste mundo. A este respeito são Jerônimo afirma: “Grande é a dignidade das almas quando cada uma delas, desde o momento de nascer, tem um anjo destinado para sua custódia”. Isto quer dizer que qualquer um dos homens é grande, pois Deus coloca um anjo para cada um. Isto reflete a bondade de Deus em cuidar de cada um de nós.
A missão dos anjos da guarda é acompanhar cada homem no caminho pela vida, cuidar dele na terra dos perigos da alma e do corpo, protegê-lo do mal e guia-lo no difícil caminho para chegar ao céu. Pode-se dizer que o anjo da guarda é um companheiro de viagem que sempre está ao lado de cada homem, nas boas e nas más situações da vida e não se separa dele nem um só momento. O anjo da guarda está com cada homem enquanto trabalha, descansa, se diverte, reza quando pede ajuda ou quando nada pede. O anjo da guarda nem sequer se separa do homem mesmo quando ele pede a graça de Deus pelo pecado. E ele prestará auxílio para enfrentar as dificuldades da vida diária e as tentações que se apresentam na vida.
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O capítulo 18 do evangelho de Mateus, de onde foi tirado o texto do evangelho deste dia, é o quarto dos cinco grandes discursos de Jesus neste evangelho. E este quarto discurso é conhecido como “discurso eclesiológico” (discurso sobre a Igreja) ou “discurso comunitário” onde se acentua a vida na fraternidade, isto é, cada membro da comunidade é considerado como irmão. Este capítulo (Mt 18,1-35) foi escrito para responder aos problemas internos das comunidades cristãs: Quem é o primeiro na comunidade? O que fazer se acontecem escândalos? E se um cristão se perde ou se afasta da comunidade, o que fazer? Como corrigir um irmão que erra? Quando é que uma oração pode ser chamada de comunitária e partilhada? E quantas vezes se deve perdoar?
Na comunidade de Mt (como também em qualquer comunidade cristã) cresce a ambição e se cultivam sonhos de grandeza dos membros que se acham mais importantes do resto. Há pouca consideração para com os pequenos, até são desconsiderados ou desprezados. Estes pequenos correm risco de se tornarem incrédulos e de afastar-se da atividade comunitária. Na comunidade de Mt suscitam também pecadores notórios, inclusive as ofensas e os ressentimentos que abalam a convivência fraterna.
Nesse capítulo, são dadas diversas orientações e algumas normas que têm por objetivo desenvolver o amor e favorecer a harmonia entre os membros da comunidade. Para isso, Mt coloca em ordem o material transmitido pela tradição para regular as relações internas da comunidade. Contra os sonhos de grandeza e de orgulho, Mt coloca a atitude de humildade que agrada a Deus e aos outros (18,1-4). Para os pequenos, os fracos na fé, é necessário ter uma acolhida cheia de caridade e de desvelo (18,6-7). O desprezo é inadmissível para uma boa convivência. Para enfatizar mais este tema, Mt fala dos anjos que sempre estão do lado dos pequenos (18,10). Se um dos membros da comunidade afastar-se ou desviar-se do caminho reto, em vez de condená-lo, a comunidade toda deve esforçar-se para que esse irmão volte para a comunidade, pois Deus não quer que nenhum deles se perca (18,12-14). E para o irmão pecador, a comunidade inteira deve usar todos os meios para recuperá-lo (18,15-20). E para as ofensas, deve haver perdão, pois uma comunidade só pode sobreviver se existe o perdão mútuo (18,21-35).
Ser Irmão e Fazer-se Pequeno
“Quem é o maior no Reino dos céus?”. “Quem é o maior diante de Deus?”. “Quem vale mais diante de Deus?”. Assim inicia o quarto discurso de Jesus sobre a vida comunitária baseada na fraternidade. A pergunta é feita pelos discípulos para Jesus. Maior aqui significa proeminente, superior aos outros por força de uma qualidade ou de um poder.
Atrás desta pergunta se esconde a ambição ou a mania de grandeza dos discípulos. É a ambição de grandeza que pode ser encontrada em qualquer comunidade cristã. É admirável a ambição de alguém que deseja redimir sua humilde condição, valorizando todas as suas capacidades de inteligência e de luta, pois um dos sentidos lexicais da palavra ambição é anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão. A ambição só se transformará em vício quando a afirmação de si mesmo for exagerada e os meios adotados para atingir a glória forem desonestos. Uma pessoa de alma nobre não sai à procura das honras, e sim do bem. Ao contrário, o ambicioso se sente totalmente envolto pela espiral da glória que o transforma em vítima da própria tirania. O ambicioso, quando dominado pelo vício, não suporta competidores, nem admite rivais. Quem desejar ser a todo o custo o primeiro, dificilmente se preocupar com ser justo. “A soberba gera a divisão. A caridade, a comunhão” (Santo Agostinho. Serm. 46,18).
Como resposta para a pergunta dos seus discípulos Jesus faz um gesto muito simbólico: Ele chamou uma criança e a colocou no meio dos discípulos. Ao ser colocada no meio de todos, a criança chamada se torna um centro de atenção de todos. Imaginamos que todos os olhares são dirigidos a essa criança e os ouvidos prontos para ouvir a palavra sábia do Mestre Jesus. “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe”, disse Jesus aos discípulos (Mt 18,3-5). Ser criança: frescor, beleza, inocência, não se basta a si mesma!
Esta é a primeira regra da vida comunitária: cuidar dos pequenos e tratá-los como irmãos. E fazer-se pequeno. Fazer-se pequeno, como exigência para viver a vida comunitária, significa renunciar a toda ambição pessoal e a todo desejo de colocar-se acima dos demais para estar em destaque e para oprimir os demais. Fazer-se pequeno é uma forma de “renegar-se a si mesmo” para colocar a vontade de Deus acima de tudo. A grandeza do Reino consiste no serviço humilde e gratuito ao próximo, na solidariedade para com os necessitados, na partilha do que se tem para com os carentes do básico para viver dignamente como ser humano e no esforço para construir uma convivência mais fraterna. Trata-se de viver a espiritualidade familiar onde cada membro se preocupa com o outro membro e sua salvação. Vivendo desta maneira estaremos testemunhando para o mundo que estamos no Reino de Deus já neste mundo.
P. Vitus Gustama,svd
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