quinta-feira, 13 de junho de 2019

Domingo,16/06/2019
Imagem relacionadaImagem relacionadaResultado de imagem para Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.
VIVER EM COMUNHÃO COM A SANTÍSSIMA TRINDADE
ANO C


Primeira Leitura: Pr 8,22-31
Assim fala a Sabedoria de Deus: 22 “O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; 23 desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra. 24 Fui gerada quando não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, 25 antes que fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada. 26 Ele ainda não havia feito as terras e os campos, nem os primeiros vestígios de terra do mundo. 27 Quando preparava os céus, ali estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, 28 quando firmava as nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, 29 quando fixava ao mar os seus limites — de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas — e lançava os fundamentos da terra, 30 eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, 31 brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.


Segunda Leitura: Rm 5,1-5
Irmãos: 1 Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 2 Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 3 E não só isso, pois nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, 4 a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; 5 e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.


Evangelho: Jo 16,12-15
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 12 “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. 13 Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. 14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15 Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.
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No Domingo depois do Domingo de Pentecostes celebramos a festa da Santíssima Trindade. A Santíssima Trindade é um mistério, mas um mistério no qual estamos imersos. O que adoramos é o Deus vivo, o Deus em que vivemos, nos movemos e existimos (Cf. At 17,28).


As pessoas divinas da Trindade não são estranhas para nossa fé cristã. Ainda nos braços da mamãe aprendemos a fazer o sinal da cruz e é nossa primeira oração: “Em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo”.  Depois decoramos a doxologia: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santo”.


Pelo Batismo participamos na vida de Deus; entramos em relação pessoal com o Deus uno e trino. A graça batismal nos incorpora a Cristo, nos enche com seu Espirito e nos faz filhos e filhas de Deus. Em uma meditação sobre a Trindade, santo Tomás de Aquino afirma que pela graça não somente o Filho, mas também o Pai e o Espírito Santo vem morar na mente e no coração. O Pai vem nos fortalecendo com seu poder; o Filho nos iluminando com sua sabedoria; o Espirito Santo com sua bondade enche de amor nossos orações.


Os nossos pecados são perdoados no sacramento da confissão em nome da Santíssima Trindade: “Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.


E por ser central para a nossa vida, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia e em todas as nossas orações. E ao começarmos e terminarmos a missa e muitas orações nossas diariamente, inclusive as orações presidenciais da missa, nós invocamos a presença da Santíssima Trindade. Nossa vida diária é realmente cercada pela Santíssima Trindade. A nossa vida é uma liturgia: ao iniciarmos a vida, fomos batizados em nome da Santíssima Trindade e ao terminarmos a nossa caminhada terrena, mais uma vez, a presença da Santíssima Trindade é convocada: a nossa vida se entrega de volta para a comunhão eterna com a Santíssima Trindade.


A presença da Santíssima Trindade em todos os momentos de nossa vida nos leva a uma vida serena pois, na verdade, há alguém que nos envolve, nos abraça e nos cerca por todos os lados e nos ama de verdade. Ninguém nos conhece melhor como ele nos conhece, pois ele nos conhece e penetra lá no fundo de nosso coração. Não só isso, também ele conhece todos os segredos, todos os mistérios e todos os caminhos. Nele encontramos respostas para todas as nossas interrogações. Ele é realmente um útero infinito e a última ternura onde todos nós podemos nos refugiar. Com ele ninguém se sente só, pois ele é eternamente aberto para nós.


Cremos em um Deus, mas nosso Deus não é solitário nem isolado. É um Deus que deseja compartilhar sua vida; é pura bondade, e a propriedade da bondade é comunicar-se.


Não é um Deus distante ou remoto. Na Primeira Leitura tirada do Livro dos Provérbios (Ciclo C), a sabedoria personificada grita: “Eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Pr 8,30-31). Deus está tão perto de nós, por seu Espírito que nos capacita a gritar: “Abbá, Paizinho” (Rm 8,15). Seu amor foi derramado em nossos corações por esse mesmo Espírito: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).


Para entender melhor a fé no Deus uno e trino, temos que unir dois elementos fundamentai de nossa fé que são objeto da revelação de Deus sobre Si mesmo. Primeiro, professamos e cremos na existência de um só Deus e único Deus (Monoteísmo). Recebemos esta convicção do Antigo Testamento, e tem em comum com o judaísmo e o islamismo. Segundo, a partir de nossa fé que recebemos da revelação no Novo Testamento acreditamos que este único Deus subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espirito Santo, fé que especifica a originalidade cristã e a distingue de todas as outras religiões, monoteístas e politeístas.


Um conceito-chave na teologia trinitária para compreender este mistério é o de PERICÓRESE, já utilizado desde os primeiros tempos do cristianismo. É um termo empregado pela teologia em sua forma original grega, pois não se encontra um termo técnico nas línguas modernas para traduzir o termo. Em relação à Trindade, PERICÓRESE significa “a mútua inclusão, o recíproco estar-um-dentro-do-outro, a presença ou compenetração que se dá reciprocamente entre as Pessoas divinas, que se unem distinguindo-se e se distinguem unindo-se” (Enrique Cambón). “Unidas sem confusão e separadas sem divisão”, dizia são João Damasceno. Na vida trinitária, cada pessoa é ela mesma ao dar-se às outras, é ela mesma por meio das outras.


Mas não basta crer em um e único Deus. Devemos perguntar de que jeito vive Deus, para podermos questionar a nós mesmos, de que jeito também nós vivemos e convivemos? Deus vive do jeito trinitário. Cremos que Deus é único mas não é solidão ou solitário, é comunhão.


Crer na Santíssima Trindade significa que a verdade está do lado da comunhão e não da exclusão; a verdade está na solidariedade, na compaixão, na ajuda mútua. Isto implica que tudo se relaciona com tudo. É uma inclusão no relacionamento e na convivência.


A Trindade nos afirma que Deus é Comunhão. O que significa quando dizemos que Deus é comunhão? O que isso implica? Implica uma estar em presença da outra, distinta da outra, mas aberta, numa radical reciprocidade. Para que haja verdadeira comunhão, devem existir relações diretas e imediatas: olho a olho, rosto a rosto, coração a coração. O resultado da mútua entrega e da comunhão recíproca é a comunidade. A comunidade resulta de relações pessoais, onde cada um é aceito como é, cada um se abre ao outro e dá o melhor de si mesmo.


Crer na Santíssima Trindade é crer e viver na comunhão e não na divisão nem no isolamento. A comunhão é a realidade mais profunda e fundadora que existe. É por causa da comunhão que existem o amor, a amizade, a benquerença e a doação entre as pessoas humanas e divinas. A comunhão da Santíssima Trindade não é fechada sobre si mesmo. Ela se abre para fora. Todas as criaturas, de modo especial os homens e as mulheres são convidados para também entrarem no jogo da comunhão entre si e com as Pessoas divinas. A comunhão é sempre a inclusão. A comunhão transforma o estrangeiro em pessoa de casa para sentir-se em casa. O espirito da comunhão nos torna acolhedores (espírito de acolhimento).


A fé viva na Santíssima Trindade tem como consequência necessária, para nós, a busca de relações novas e até mesmo a criação de novos tipos de sociedade, animados pela procura da igualdade e da fraternidade. Por isso, o egoísmo, a exclusão, o isolamento, a opressão e a exploração são uma negação ao Deus como comunhão. A comunhão, que é a natureza da Santíssima Trindade, significa crítica a todas as formas de exclusão e não participação que existem e persistem na sociedade e também nas comunidades eclesiais ou nas Igrejas. A Santíssima Trindade também incentiva as necessárias transformações para que haja comunhão e participação em todas as esferas da vida social e religiosa. Ela também incentiva cada família, que é o símbolo perfeito e a imagem mais rica da Santíssima Trindade, a buscar sua perfeição na comunhão e no amor, no mútuo comunhão e reconhecimento.


Toda a Trindade é um diálogo de amor sobre a salvação e a vida que o Filho derrama sobre o mundo, criado por amor. O Pai envia o Filho, o Espírito fecunda e faz possível esta missão audaz: o Filho se faz homem e entra em nossa história como primogênito de muitos irmãos (Rm 8,29), para reunir os filhos e as filhas de Deus dispersos pelo pecado e pela divisão (Jo 11,51-52), para superar a divisão de Babel (Gn 11).


Quem revela a Santíssima Trindade para nós? É Jesus Cristo. Jesus Cristo é o revelador do mistério da Santíssima Trindade em Deus, como relata o texto do Evangelho de hoje (Pai, Filho e Paráclito). Ele é o verdadeiro autor de uma primeira teologia trinitária. Por meio dele o Pai revelou o que necessitamos saber para nossa salvação; e não haverá outra revelação pública.


No pequeno trecho tirado do Evangelho de João que serve como o evangelho desta Santa Missa, encontramos a Santíssima Trindade revelada por Jesus Cristo. Nele ele fala do Pai, de si e do Espírito Santo. Jesus ensina tudo que recebe do Pai (Jo 15,15) para os discípulos. Neste texto, Jesus diz: “Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas não sois capazes de compreender agora”. Ele quer lhes dizer que não dá para explicar tudo de uma vez para sempre. É impossível entender o sentido das coisas antes que aconteçam.


Mas como, então, eles poderão entender sem a presença de Jesus? Aí é que vem a promessa de Jesus: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá na verdade plena”. A verdade na qual o Espírito da Verdade nos conduz não é coisa feita e acabada, mas a compreensão certa de cada novo momento. O Espírito da Verdade nos guia na plenificação da verdade porque Jesus viveu num determinado momento e lugar (Palestina), mas o Espírito Santo que ele envia é para todos os momentos. O Espírito da Verdade participa ativamente do “anúncio” que está sendo levado pela comunidade.


O papel do Espírito da Verdade não é dar-nos nova revelação, acrescentada à de Jesus, pois o ensinamento do Espírito Santo tem a mesma natureza, qualidade e importância que o ensinamento de Jesus durante sua vida terrestre. O papel do Espírito Santo é iluminar, guiar, estimular a Igreja, todos nós, a interpretar sempre mais a fundo a Palavra de Deus. Ele é atualizador da memória de Jesus. Ele nunca deixa que as palavras de Jesus permaneçam mortas, mas que sempre sejam relidas, ganhem novas significações e implementem novas práticas. Com efeito, a Palavra de Deus não é um depósito de proposições cristalizadas, mas é uma palavra viva. A Palavra de Deus é uma força dinâmica que continua a revelar-se seu significado na história que se enriquece pela reflexão, pela experiência e vicissitudes históricas da Igreja com a ajuda do Espírito Santo. E o Espírito Santo foi e continua sendo derramado sobre todos nós. Ele habita os corações das pessoas, dando-lhes entusiasmo, coragem e determinação. Ele é uma Pessoa divina junto com o Filho e o Pai, emergindo simultaneamente com Eles e estando essencialmente unidos a Eles pelo amor, pela comunhão e pela mesma vida divina.


A solenidade da Santíssima Trindade nos remonta à intimidade de Deus a partir da história da salvação. A oração da coleta descreve assim o itinerário da salvação: “Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito Santificador, revelastes o vosso inefável mistério”. A petição é esta: “Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente”.


O Deus Trindade se revela para comunicar-se. Deus nos introduz em sua própria vida de comunhão. O amor é a razão essencial e o cumprimento total de nossa existência humana. Assim é a salvação.


A exclamação de quem viveu a Páscoa passo a passo somente pode ser esta: “Bendito seja Deus Pai, e seu Filho Unigênito, e o Espírito Santo, porque tem misericórdia de nós”. A partir dessa realidade da misericórdia de Deus é que necessitamos dizer cordialmente (com coração): “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém!”.
P. Vitus Gustama,SVD



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