QUEM É JESUS PARA MIM EM TODOS OS
MOMENTOS DA MINHA VIDA?
Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012
Texto de Leitura: Lc 9,18-22
“Para ser um bom orador é necessário ser um
bom orante”
(Santo Agostinho. De doc. christ. 4,15,32)
O evangelista Lucas volta ao tema do
evangelho do dia anterior sobre a identidade de Jesus (cf. Lc 9,7-9). No texto
do evangelho do dia anterior o interessado por saber quem era Jesus foi Herodes
Antipas, filho do rei Herodes, o Grande. No texto do evangelho de hoje é o
próprio Jesus quem dirige a pergunta a seus discípulos. Quem é Jesus para as
pessoas em geral e quem é Jesus para os próprios discípulos?
A resposta do povo é múltipla: Elias, João
Batista, um profeta que ressuscitou. Segundo os discípulos Jesus é o Messias.
“Messias” é palavra hebraica que é em grego “Christos” que significa “Ungido”.
Jesus é o Ungido de Deus, ou seja, Aquele sobre quem Deus derramou seu
Espírito, ungindo-o com Sua força para que leve a cabo uma missão.
Mas que tipo de Messias Jesus é? Estamos
aqui no centro da fé: crer em um Messias que será crucificado. A cruz de Jesus
não é um incidente e sim uma conseqüência. A presença de Deus se manifesta no
caminho da cruz, isto é, na entrega de si mesmo, na recusa de toda imposição,
no amor que aceita ser contradito e aparentemente derrotado: “É necessário o
Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e
escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar”.
Mas a cruz de Jesus é saborosa, pois
trata-se de uma vida vivida até o fim por amor aos homens (cf. Jo 3,16). Por
isso, na sua cruz vemos com clareza o amor de Deus por cada um de nós. Deus
encarnado é capaz de tudo, até o impossível, pois cada um tem um valor
incalculável diante de Deus. Por você e por mim Deus se encarnou em Jesus e por
amor a nós todos aceitou ser crucificado (cf. Mt 8,17; Jo 3,16). O caminho do
amor é o caminho que nos leva à salvação. Por este caminho não há outro caminho
para chegar até Deus que é Amor por
excelência (1Jo 4,8.16).
O amor transforma tudo. Com amor levamos a
carga sem carga, pois o amor torna tudo leve. O amor faz doce e saboroso o que
é amargo. O amor nobre de Jesus nos impulsiona a desejar sempre o mais perfeito
e a fazer o bem para todos. O amor não é detido por qualquer coisa deste mundo.
O amor quer ser livre. Não há nada que seja mais doce, mais forte, mais alto,
mais alegre, mais humano e mais divino do que o amor, pois o amor nasce de
Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). O amor sempre vela, e dormindo não se
dorme; fatigado, não se cansa; angustiado, não se angustia; espantado, não se
espanta; é forte na sua fraqueza.
A pergunta de Jesus é repetida para nós em
todos os momentos: “Quem é Jesus para nós?”. Não se trata de uma pergunta
supérflua. É claro que “sabemos” já quem é Jesus. Não somente cremos em Jesus
como o Filho de Deus e Salvador da humanidade, mas queremos segui-Lo com
fidelidade na vida de cada dia. Mas temos que refrescar ou renovar com
freqüência esta convicção, pensando se realmente nossa vida está orientada para
Ele, se nossas opções de cada dia estão de acordo com seus critérios. Quem é
Jesus para mim agora, nesta etapa concreta da vida que estou vivendo? Não
podemos responder a esta pergunta com palavras magistrais nascidas do estudo.
Nossa resposta deve ser muito simples, nascida da vida de cada dia com o
próprio Senhor.
O segundo ponto que Lucas quer nos transmitir
através do texto do evangelho de hoje é a importância da oração. Lucas nos
mostra Cristo em oração toda vez que ele toma uma decisão importante ou quando
se compromete em uma etapa de sua missão (Lc 3,21; 6,12; 9,29; 11,1; 22,31-39).
Lucas é o único evangelista que menciona a oração de Cristo antes de obter a
profissão de fé nos seus e de anunciar-lhes sua Paixão. Assim cabe pensar, como
em cada uma das demais circunstâncias mencionadas por Lucas, que Jesus reza
pelo cumprimento de sua missão cujos contornos ele não vê mais que na
obscuridade. Através da oração vemos a realidade de sua humanidade.
Se a oração de Jesus demonstra a realidade
de sua humanidade, não deixa de ser um sinal de sua divindade. Que Jesus pode
reunir em sua oração a profundidade de sua pessoa, onde se estabelece sua
vocação como o Ungido de Deus, é o indício de que dispõe do Espírito do Pai.
Com feito, a oração não é um discurso que se dirige a Deus como um objeto. Tem
Deus por sujeito que conhece a profundidade de nosso ser. Não podemos alcançar
esta profundidade sem a ajuda do Santo Espírito (cf. Rm 8,26-27). Do ponto de
vista humano podemos dizer que somente aquele que reza profundamente é que
reconhece os próprios limites e fraquezas, pois diante de Deus tudo fica iluminado.
A história de nossa oração é a história de nossa vida, pois na oração contamos
para Deus tudo o que acontece na nossa vida embora Ele saiba de tudo. Erraremos
o caminho se pararmos de orar, pois Deus é a Luz de nossa vida (Jo 8,12).
P. Vitus Gustama,svd
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