ARCANJOS: MIGUEL, GABRIEL E RAFAEL
Sábado, 29 de Setembro de 2012
Texto de Leitura: Jo 1, 47-51
No evangelho lido neste dia Jesus descreve
Natanael como modelo de israelita: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há
fraude” (Jo 1,47). Natanael representa precisamente Israel eleito que conservou
a fidelidade a Deus. E Jesus renova a eleição.
“Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando
estavas de baixo da figueira”, disse Jesus a Natanael. A menção da figueira
alude ao Livro do profeta Oseías 9,10: “Encontrei Israel como cachos de uvas no
deserto; vi os vossos pais como os primeiros frutos da figueira”.
Natanael reage com entusiasmo e diz a Jesus:
“Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Natanael chama Jesus de
“Rabi”, isto é, Mestre fiel à tradição e “Rei”, interpretado como rei de
Israel, o Ungido, o prometido sucessor de Davi (Sl 2,26s; 2Sam 7,14; Sl
89,4s.27) que restaurará a grandeza do povo.
Diante da reação de Natanael Jesus disse aos
discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os
anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1,51). A
obra do Messias não se limita à eleição de Israel (figueira). Jesus faz a
primeira declaração sobre si mesmo e alude à visão de Jacó em Betel (Gn
28,11-27) fazendo uma promessa (“vereis”): a comunicação permanente com Deus em
Jesus (“o céu aberto”). A promessa se realizará na cruz na qual a glória ou o
amor brilhará (cf. Jo 19,34).
“Em verdade, em verdade vos digo:
vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
Homem”, disse Jesus (Jo 1,51). Neste dia celebramos a festa dos
Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael.
Na Bíblia se evita apresentar Deus atuando
em forma direta na história, pois isto ameaçaria a transcendência de Deus. Por
isso, aparece um anjo (=mensageiro) que na verdade é Deus mesmo que atua na
história. E a história não é somente o que se vê e se toca. Há uma dimensão
transcendente, oculta e invisível da história. A revelação é um desocultamento
dessa realidade, que é o fundamento de nossa esperança. Os anjos (mensageiros)
são os que nos recordam e os que nos fazem visível essa dimensão transcendente.
Por isso, o mundo dos anjos não é outro mundo e sim a dimensão transcendente de
nossa história. Crer nos anjos significa crer na presença transcendente de Deus
na história. Atrás de cada pessoa e de cada sucesso libertador há sempre um
anjo, isto é, há sempre uma realidade divina transcendente.
Os Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael são
símbolos dessa comunicação entre Deus e os homens, um Deus que em Jesus infunde
força (Gabriel significa Deus é forte), cura (Rafael significa Deus cura) e se
mostra totalmente diferente (Miguel significa quem como Deus?), como Pai de
todos.
1.
São Miguel (hebraico “mikael”
significa “Quem é como Deus?”).
Na
bíblia ele é mencionado somente em Dn, em Epístola de Judas (Jd 9) e em
Apocalipse. No AT o nome encontra-se apenas em Dn 10,13.21;12,1 onde Miguel é
chamado “um dos primeiros príncipes” e “o grande príncipe” representante e
defensor de Israel. Miguel é concebido como um espírito celeste que vela pelos
judeus. Em Ap 12,7 Miguel é o chefe dos Anjos na batalha contra o Dragão e seus
anjos. Na liturgia cristã, Miguel é o protetor da Igreja e o Anjo que acompanha
as almas dos mortos ao céu.
Miguel
sempre foi considerado como o Anjo que luta por nós. Ele derrota o Dragão. É
corajoso lutador de Deus. Por isso, Miguel não é nenhum anjo bonitinho, e sim
um Anjo de muita força. E esta força de Deus envia a cada pessoa para que não
seja vencida pelos poderes deste mundo. Ao nosso lado está um anjo que luta por
nós. Ele nos defende quando pessoas lutam contra nós.
2.
Gabriel (hebraico “gabriel”
significa “homem de Deus” ou “Deus é forte”).
“Gabriel”
é nome próprio de um anjo, não arcanjo. Só na literatura posterior é chamado
arcanjo. No AT ele aparece pela primeira vez em Dn, explicando a Daniel a visão
do carneiro e do bode (Dn 8,16-26), e o sentido dos setenta anos de Jr
25,11;29,10 (Dn 9,21-27). No NT Gabriel aparece a Zacarias, anunciando-lhe o
nascimento de João Batista (Lc 1,11-20). Ele chama-se a si mesmo Gabriel, que
está diante da face de Deus (cf. Tb 12,15). Ele é quem leva a Boa Nova a Maria
(Lc 1,26-38). A figura de Gabriel é a de embaixador de Deus.
Como
aconteceu com Daniel, Gabriel nos interpreta as nossas visões. Ele nos faz
compreender o que já intuímos em nosso coração. Mas precisamos compreender
também o que Deus deseja operar em nós. Gabriel nos faz compreender o que Deus
realiza em nós.
3.
Rafael (hebraico “refael”
significa “Deus cura/curou”)
Segundo
o livro de Tobias (Tb 12,15) Rafael é um dos sete anjos ou arcanjos que estão
diante do Senhor. Ele desempenha papel importante na história de Tobias. Rafael
é o companheiro de viagem (Tb 5-6), aquele que cura (Tb 6; 11,1-15),
aquele que expulsa demônios (Tb 6,15-17;8,1-13). É um dos sete anjos que
oferecem as orações do povo de Deus e são admitidos na presença do Senhor (Tb
12,15). Peçamos a ele que cure nossas doenças e males que fazem ninhos em nosso
coração.
Rafael
não é somente o Anjo que cura as feridas nossas ou aquele que expulsa os
demônios ou o companheiro, mas também é o Anjo que possibilita as relações
sadias. Através de Rafael Tobias torna-se capaz de amar sua mulher sem ser
morto por ela. E aprende a amar seu pai sem ser determinado por ele.
Tudo
isso quer nos dizer que Deus está sempre ao nosso lado. Ele é providente para
quem se abre a ele. Deus nunca abandona os seus nesta terra (Mt 28,20) desde
que sejamos fiéis a Ele eternamente. E somos chamados a ser “anjos” para os
outros, isto é, ser mensageiros de Deus que leva somente coisas boas (evangelizar).
P. Vitus Gustama,svd
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