Domingo, 03/07/2016
SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO
I Leitura: At 12,1-11
Naqueles dias, 1o rei Herodes prendeu alguns membros
da Igreja, para torturá-los. 2Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. 3E,
vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender a Pedro. Eram os dias
dos Pães ázimos. 4“Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão,
guardado por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes
tinha a intenção de apresentá-lo ao povo, depois da festa da Páscoa. 5Enquanto
Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele.
6Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois
soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam a porta da prisão.
7Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o
ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes
caíram-lhe das mãos. 8O anjo continuou: “Coloca o cinto e calça tuas
sandálias!” Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: “Põe tua capa e vem comigo!”
9Pedro acompanhou-o, e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por
meio do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão. 10Depois de passarem pela
primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade.
O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o
anjo o deixou. 11Então Pedro caiu em si e disse: “Agora sei, de fato, que o
Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o
povo judeu esperava!”
II Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Caríssimo, 6quanto a mim, eu já estou para ser
derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. 7Combati o bom
combate, completei a corrida, guardei a fé. 8Agora está reservada para mim a
coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente
a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.
17Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem
fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui
libertado da boca do leão. 18O Senhor me libertará de todo mal e me salvará
para o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.
Evangelho: Mt 16,13-19
Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de
Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho
do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é
Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes
perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o
Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu,
Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o
meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.
19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será
ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.
Jesus É o Messias, Filho de Deus Vivo
O texto do
Evangelho na solenidade de São Pedro e são Paulo relata a confissão de Pedro
que é conhecida como a profissão de fé petrina.
Jesus procede em
dois tempos, fazendo sucessivamente a pergunta: quem é Jesus na opinião dos
homens (povo) e na opinião dos próprios discípulos de Jesus. Há,
portanto, duas maneiras de compreender Jesus, uma que fica do lado de fora e
a outra que atinge a realidade profunda.
“Quem dizem os
homens ser o Filho do Homem (Filho do Homem = Eu)?”. Para o povo (os homens),
Jesus não tem personalidade própria. O povo simplesmente assimila Jesus a
personagens conhecidos do AT como Elias que era muito venerado pelo povo e foi
arrebatado até Deus de maneira milagrosa (2Rs 2,11) e cujo retorno estava esperado como precursor do Messias (Ml
3,23-24; Eclo 48,10); como João Batista
(Herodes Antipas considerou Jesus como João Batista ressuscitado dentre os
mortos. cf. Mt 14,2); e como Jeremias que era associado a uma renovação do
culto no Templo. Jesus, então, é visto em continuidade com o passado. O povo
não consegue descobrir a novidade trazida por Jesus. Por isso também o povo não
é capaz de saber a originalidade de Jesus. A resposta do povo fica na
superfície e na margem da realidade verdadeira e profunda.
Jesus continua a
perguntar para os mais íntimos, os seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu
sou?”. Esta pergunta tem um sentido entre dois seres que se amam e que
descobrem o que são no olhar e no coração do outro. Tem um sentido para aquele
que assume uma responsabilidade para com os outros e que tem necessidade de que
ela seja reconhecida. Nesta pergunta coincidem completamente o ser e a função.
Ser o Messias significa existir exclusivamente para todos os homens e ser Jesus
significa ser aquele que salva todos os homens (Mt 1,21). Por isso, é preciso
que a resposta seja real, que exprima uma experiência autêntica. Uma resposta
puramente escolar ou a repetição duma fórmula cuidadosamente registrada,
criaria um equívoco total. Por isso, a pergunta de Jesus obriga o homem a
colocar-se de todo perante esse personagem misterioso, a encontrar a resposta
exclusivamente na contemplação da sua pessoa e a empenhar todo o seu ser na
resposta.
Em nome dos
discípulos, Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. A resposta
de Pedro atinge a verdadeira personalidade de Jesus, a sua relação com Deus,
diferente de tudo quanto conheceram os profetas e o povo, e a sua missão no
mundo, a qual interessa diretamente a todos os filhos de Israel e, através
deles, à humanidade inteira. A resposta de Pedro à pergunta de Jesus é a mais comprometida.
É uma profissão de fé messiânica que adquire dimensão teológica. Estes dois
títulos “Messias”
(a profissão de fé pré-pascal) e “Filho de Deus vivo” (a profissão de fé pós-pascal)
resumem a fé da Igreja de Mateus.
O Messias” (“Mashiah”, hebraico
= “Ungido”) é uma expressão mais importante das esperanças de salvação no AT e
no judaísmo subsequente. No contexto da teologia bíblica, a questão do Messias
tem especial relevância, porque este título, em sua tradução grega “christos”,
além de ser título (Jesus, o Cristo), tornou-se praticamente o nome de Jesus (Jesus
Cristo). No NT este termo “Christos” é atribuído 530 vezes a Jesus de Nazaré.
Quando Pedro
reconhece em Jesus o Messias, não renuncia à sua esperança de judeu, mas dá a
essa esperança o rosto que tem diante de si. É aquele que o seu povo espera,
aquele que vai mudar o destino das nações, que Pedro descobre sob os traços de
Jesus.
Se Jesus é o
Messias, então, é preciso procurá-lo e é mister segui-lo. Mas, certamente,
acontece o contrário. Mt sublinha também o fato de Israel desprezar o Messias
que lhe foi enviado, principalmente foi desprezado pelas autoridades (Mt
2,1-12;9,33s;12,23s;21,45s;26,4s etc...).
Pedro também
professa que Jesus é o “Filho de Deus vivo”. “Filho de Deus” é o título mais importante
de Jesus, mas, sobretudo, é o mistério íntimo de sua pessoa. Este segundo
título, nesta profissão petrina, indica que Jesus tem relação especial com
Deus, como seu Filho. “Filho de Deus” é título tradicional para líderes
judaicos com aprovação divina. A autoridade e o poder de Jesus vêm de Deus que
o legitima em seu batismo (Mt 3,17) e na sua transfiguração (Mt 17,5) e no
reconhecimento da parte dos próprios discípulos como tal quando Jesus anda sobre as águas (Mt 14,33). Até
na cruz, Jesus é tentado três vezes na sua qualidade de Filho de Deus (Mt
27,39-43). Estas três tentações no final afirmam uma clara relação com três
tentações do início do relato (Mt 4,1-11). Ali, também, Jesus recém-proclamado
Filho de Deus no batismo, é tentado por Satanás para que use desta filiação
numa demonstração de poder em benefício próprio. Mas Jesus não é o Filho de
Deus pela demonstração de seu poder, e sim na aceitação da condição humana e na
plena fidelidade à vontade de Deus, seu Pai, na aceitação da cruz como consequência
de sua fidelidade ao projeto do Pai onde se manifesta a sua filiação divina.
Neste segundo
título, Mt acrescenta também o adjetivo “vivo”: “Filho de Deus vivo”. Jesus como o
“Filho de Deus vivo” equivale à fórmula “Deus Conosco/Emanuel” (Mt
1,23;18,20;28,20). Se Deus sempre está conosco porque Ele é vivo. “Vivo” (cf.
2Rs 19,4.16;Is 37,4.17;Os 2,1;Dn 6,21) opõe o Deus verdadeiro aos ídolos
mortos; significa o que possui a vida e a comunica para quem acredita nele (cf.
Jo 10,10). O Deus de Jesus é vivo e vivificante. Jesus é o Filho de Deus vivo,
portanto também é doador de vida e vencedor da morte (cf. Jo 11,25).
Consequentemente,
quem crê em Jesus deve proteger a vida em todos os instantes de sua existência,
tanto a própria vida como a vida dos demais homens. O Livro de Gênesis apresenta
o homem como obra de Deus (Gn 2,7). O sopro divino coloca o homem no âmbito humano
e o distingue dos animais. A vida de Deus é que sustenta a vida do homem.
Nenhum outro vivente possui o hálito divino. A vida do homem é divina. O homem
pertence a Deus porque é obra de Suas mãos. É o próprio do homem não pertencer
a si mesmo. Ele é propriedade de Deus. Por ser divina, a vida do homem jamais
pode ser sacrificada, mal tratada, agredida, vendida ou comprada. Jesus em quem
acreditamos é “o Filho de Deus vivo”.
Pedro É Rocha de Deus Sobre a Qual Se Edifica a Igreja de Cristo
“Eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha Igreja...”.
Jesus chama Simão
de “Petros” (Pedro). “Petros” é tradução grega do aramaico “Kepha” que significa “rocha”, e não pedra, pois
pedra pode ser arrancada ou ser jogada. A “rocha”, ao contrário, é símbolo da
firmeza incomovível/intransponível. Rocha é um termo que AT, especialmente nos
Salmos (por ex. Sl 18,3;31,4;71,3), se emprega ao próprio Deus. Deus é a rocha
de Israel, a guarita segura, o fundamento perene, o penhor da fidelidade e
perseverança. A segurança duradoura de um fundamento feito de rocha será
doravante representado por um homem chamado Simão. Ao ser chamado de “Petros”,
Simão não está recebendo um nome novo. Mas que o “ser rocha” será sua função e
sua missão. Ser “rocha” descreve plasticamente a tarefa que Jesus lhe confia:
ser rocha firme para que a Igreja não sucumba diante das dificuldades ou
problemas (cf. Mt 7,24-27).
“Edificarei a minha
Igreja”. A Palavra “Igreja” vem do grego “ekklesía” ( de “ek-kaléin” =
chamar de fora) e significava no princípio “convocação”. No texto grego do AT (também
chamado “Setenta”) “ekklesia” é um termo frequentemente usado para designar a assembleia
do povo eleito na presença de Deus (qahal, em hebraico, indica a comunidade de
Deus reunida em assembleia para o culto), sobretudo quando se tratava da
congregação no Sinai, onde Israel recebera a Lei e fora constituído por Deus como
seu povo santo.
Nos Evangelhos, o
vocabulário “ekklesía” ocorre apenas duas vezes, ambas em Mt (Mt 16,18;18,17).
Mas nas Cartas paulinas se encontra 65 vezes, em At 23 vezes e em Ap 20 vezes.
Quando a oposição entre judeus e os cristãos se tornou viva e os discípulos de
Cristo foram excluídos das sinagogas, eles constituíram comunidades cristãs
independentes com a designação genérica “ekklesía”. A palavra grega, de fato,
nunca foi traduzida, apenas adaptada.
Com um adjetivo
possessivo “minha”
em “minha
Igreja” Mt sublinha assim o novo povo de Deus criado por Cristo, a
comunidade messiânica dos últimos tempos. Portanto, não a antiga comunidade de
Javé, mas a nova comunidade do Messias. Esta se diferenciará pela profissão de
fé em Jesus , o Messias (Cristo) e estar unida em virtude dessa profissão.
A esta fundação
Jesus promete duração perene: “...e o
poder do inferno nunca poderá vencê-la” (v.18b). É a consequência da
solidez do edifício que se edifica sobre a rocha. Além da Igreja ir ser poupada da morte e ter
uma duração perpétua, também e sobretudo que, nela, haverá refúgio diante das
forças adversas da perdição. Esta explicação se baseia sobre a parábola de duas
casas, uma construída sobre a rocha e a outra sobre a areia, na conclusão do
Sermão da Montanha (Mt 7,24-27). Jesus constrói o novo povo de Deus, pondo
Simão como fundamento. Pedro torna-se rocha enquanto professa a sua fé em Jesus
Messias e Filho de Deus e os crentes do novo povo não cairão na perdição. E a fé entra, então, como fator
qualitativo do fundamento.
Poder De Desligar e De Ligar
O texto deste
domingo termina com a entrega da chave do Reino a Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus:
tudo o que tu ligares na terra, será ligado nos céus; tudo o que tu desligares
na terra, será desligado nos céus” (v.19).
A simbologia da
chave refere-se ao fato de que ela tanto abre como fecha. Na Bíblia, a chave
significa a plenitude de poder dada ao seu dono (cf. Is 22,22;Ap 1,18;3,7). O
Reino de Deus, aqui, parece se comparar a uma cidade, guarnecida por portas, ou
a uma casa na qual se entra pela porta. Para abrir e fechar precisa-se de
chave. E Pedro recebe as chaves de Jesus Cristo para ligar e desligar.
Os termos “ligar” e
“desligar” são a linguagem técnica usada
pelos rabinos que têm duplo significado: o poder de declarar que uma doutrina
está certa ou errada (no nível doutrinal), e o poder de excluir alguém da
comunidade de Israel temporária ou definitivamente ou de recebê-lo nela (no
plano disciplinar). Isso quer dizer que Jesus confere a Pedro o poder que
abrange o nível disciplinar de admitir
na comunidade ou excluir da sua comunhão, e o nível doutrinal de
declarar autoritativamente, proibição ou permissão de uma doutrina cujo
fundamento são exigências divinas expressas nas Sagradas Escrituras.
A decisão do
Apóstolo tem valor que se indica através do uso dos termos “terra” e “céu” (o
ambiente humano e divino). Mt usa duas vezes esse par de palavras de
autoridade: aqui e em Mt 18,18. Em Mt 16,19, essa autoridade é concedida a
Pedro e, em Mt 18,18 (cf. Jo 20,23), é concedida à comunidade. Isto quer dizer
que Pedro é o primeiro, mas sempre entre os outros (primus inter pares).
A Igreja na qual o
evangelista Mateus vivia, tinha a convicção de ser Igreja “de Pedro”. Mateus se
esforça em demonstrar que esta Igreja concreta tem sua origem numa ordem
expressa do Senhor. Ao dar “chave” a Pedro, Jesus faz no fundo uma afirmação
inaudita: alguém nesta terra tem, de fato, uma influência sobre o acesso das
pessoas ao Reino de Deus. A Igreja toda ficará irrevogavelmente ligada ao múnus
de Pedro, pois a ordem de Jesus é dada para Simão Pedro. Não somente pela sua
confissão de fé, mas por sua função de Kefa/Rocha,
isto é, pedra fundamental. Pedro tem a missão divina de representar, no seu múnus
singular, o grupo todo dos apóstolos na sua comum tarefa dada por Jesus.
O individualismo espiritualista
hoje em dia, onde cada um quer regular por si mesmo a relação com Deus, onde
cada um quer fundar sua própria Igreja sem ordem de Cristo, terá grande
dificuldade de entender o enunciado do Evangelho e a ordem de Jesus a Simão Pedro.
Por isso, a pergunta fundamental que cada seguidor de Jesus deve fazer é esta:
Será que estamos sobre o fundamento? Será que Pedro é rocha também para nós?
Hoje, o Papa é esse Pedro.
“E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Sem esta
pergunta dirigida realmente a cada um de nós, a leitura do evangelho de hoje
poderá ser em vão. Não há Igreja a não ser onde houver definição a respeito da
pessoa de Jesus. Esta definição é essencialmente uma opção. Dizer com Pedro que
Jesus é o Messias significa não ter mais a quem ir, senão a Jesus Cristo. É confessar
sem a ajuda dos outros, pois é uma opção. Significa que não há nenhuma salvação
a não ser me Jesus. Significa que não podemos voltar para trás, pois aquele que
nos traz a salvação está nos chamando para segui-Lo. Significa que tudo em mim,
o mais íntimo e o mais secreto, e o mais visível é julgado somente por Jesus
que me conhece até lá no fundo do meu coração. Significa que a opção por Jesus
deve relativizar toda nossa existência e deve pôr em questão tudo o que por nós
construímos.
São Pedro e são
Paulo são fundamento de nossa Igreja. são os dois homens com um passado não precisamente
brilhante.
Pedro é um
predileto de Jesus desde o primeiro momento. Vive com o Senhor os
acontecimentos mais importantes de sua vida. Fogoso e temperamental, fala que é
capaz de seguir a Jesus até a morte. Basta uma insinuação de uma mulher durante
a Paixão do Senhor para negar-se discípulo do Senhor. no entanto, foi escolhido
para ser o primeiro entre as partes da Igreja.
Paulo também é um
homem com tristes passados. Fiel à lei é muito dogmático, duro e intransigente.
Perseguia os cristãos pensando em fazer algum favor para Deus. Mas no encontro
com Jesus, Filho do Deus vivo, uma luz nova penetrou seu interior e rompeu
completamente com aquele estilo que tão contrário com o estilo do Senhor. A
partir de então, para Paulo será o amor de Cristo que cimentará sua vida para
sempre: “Ainda que eu falasse as línguas
dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como
o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me
aproveitaria... Agora, pois, permanecem
a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor” (1Cor
13,1-3.13).
Pedro e Paulo são as
“pedras” fundamentais de nossa Igreja. Umas pedras que têm suas gretas e suas
rachadas, pois a única Pedra fundamental é o Cristo e somente n´Ele não há fissura
nem rachadura. Somente Cristo não tem mácula e apresenta o verdadeiro e
autentico rosto de Deus sem nenhuma deficiência.
As duas figuras,
Pedro e Paulo, nos trazem uma mensagem de esperança. Na vida podemos ter muitos
defeitos e fraquezas a ponto de não conseguirmos sair deles, mas ninguém pode
escapar do amor de Deus desde que acolhamos este amor com muita humildade.
Pedro e Paulo são testemunhas de tudo isto. Como se os dois quisessem nos
dizer: “Não desista! Tudo tem seu tempo e sua solução, pois Deus te ama”. É provável que, em momentos difíceis de nossa
vida, cheguemos a ouvir como Pedro: “Homem
de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31). E veremos Jesus ao nosso lado,
estendendo-nos a mão para nos ajudar. Temos de saber
perguntar a Jesus na intimidade da oração, como São Paulo: “Que devo fazer,
Senhor? Que queres que eu deixe por Ti? Em que desejas que eu melhore? Neste
momento da minha vida, que posso fazer por Ti?
Pedimos hoje a São
Pedro e ao Apóstolo dos pagãos, Paulo, um coração como o deles, para sabermos
passar por cima das pequenas humilhações ou dos aparentes fracassos que
acompanham necessariamente a ação apostólica, ou a nossa vida em geral. E
dizemos a Jesus que estamos dispostos a conviver com todos, a oferecer a todos
a possibilidade de conhecê-lo e amá-lo, sem nos importarmos com os sacrifícios
nem pretendermos êxitos imediatos. Assim seja!
P. Vitus Gustama,svd
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