26/07/2016
SÃO
JOAQUIM E SANTA ANA
Pais de Nossa Senhora
SER
JUSTO PERSEVERANTE
Primeira Leitura: Eclo
44,1.10-15
1 Vamos
fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 10
Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos.
11 Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são sua melhor
herança. 12 A descendência deles mantém-se fiel às alianças, 13 e, graças a
eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua
glória jamais se apagará. 14 Seus corpos serão sepultados na paz e seu nome
dura através das gerações. 15 Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a
assembleia vai celebrar o seu louvor.
Evangelho: Mt 13,16-17
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
16 “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em
verdade vos digo, muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não
viram, desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram”.
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É inútil procurar na Bíblia os pais de Nossa
Senhora. Os quatro evangelhos canônicos guardam absoluto silêncio sobre os pais
de Maria. Nem sequer seus nomes foram transmitidos. Mt e Lc escreveram sobre a
genealogia de Jesus, Maria é citada, mas seus pais não são citados.
Para saber sobre os pais de Maria temos que
recorrer aos evangelhos apócrifos, ingênuos relatos pela imaginação fervorosa
dos primeiros cristãos para completar com isso os silêncios dos evangelhos
canônicos. Dificilmente saber até que ponto esses relatos são verdadeiros. Por
isso são chamados de apócrifos, isto é, não é de uso publico.
Mas em cada história ou historinha sempre tem
alguma lição. Segundo o evangelho apócrifo de São Tiago, os dois, Joaquim e
Ana, eram da mesma tribo: Tribo de Judá. Quando tinha 20 anos, Joaquim casou-se
com Ana. Durante os 20 anos de matrimônio os dois não geraram nenhum
descendente. Não ter descendência, na época, era sinal da maldição de Deus e
por isso, era uma vergonha pública. Por outro lado, os dois eram pessoas
honradas, temerosas de Deus, generosas em suas ofertas para o Templo.
Joaquim e Ana eram justos e limpos de toda
mancha de pecado. Levavam uma vida pidedosa diante de Deus e diante dos homens.
Tinham uma conduta inocente, isto é, livre de qualquer maldade. Imunes de calúnia
e cheios de piedade. Zelosos em oração, em jejum e abstinência, cheios de
caridade. Formavam uma família assídua ao Templo. No entanto, não tinham filho
até então que tanto desejavam. Mesmo assim continuavam apostar na misericórdia de
Deus.
Um dia, quando Joaquim estava para fazer sua
oferta no Templo, um escriba chamado Ruben parou os passos de Joaquim e lhe
disse: “Não és digno de apresentar tuas oferendas enquanto não tiver tua
descendência”. Aflito e humilhado, Joaquim se retirou ao deserto para
orar a fim de que Deus pudesse dar de presente um descendente. Ana, a esposa,
também começou a se vestir de saco e cilício para pedir a mesma graça. Ana rezou
assim: “Ó Deus de nossos pais! Escutai-me e bendizei-me à maneira que
bendissestes o seio de Sara, dando-lhe como filho Isaac”.
A humilde suplica de Ana obteve uma resposta
de Deus. Um anjo do Senhor anunciou-lhe que eles teriam descendente. Ao mesmo
tempo Joaquim, encontrado no deserto, recebeu a mesma mensagem e imediatamente
voltou para sua casa com grande alegria para estar com sua esposa, Ana.
“Felizes
sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo,
muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram, desejavam
ouvir o que ouvis, e não ouviram”, assim lemos no Evangelho.
O cumprimento das promessas da salvação é a
visão. A visão de Deus é o desejo dos profetas e dos justos no AT. Mas não
tiveram privilégios de ver Deus. Mesmo assim, eles creram e apostaram sua vida
pela Palavra da Aliança. O hoje dos discípulos tem a unicidade da bem-aventurança
privilegiada de ver e escutar a própria Vida por excelência, a Salvação em ato,
a Palavra encanada: Jesus, Deus-conosco, o Emanuel.
De certa forma, podemos dizer que Joaquim e
Ana têm privilégio de ver o fruto da salvação: o nascimento da filha deles,
Maria, que se esperava por tanto tempo. A graça de Deus pode tardar, mas nunca
falha, porque Deus é cheio de misericórdia.
Não importa se você está num lugar bem
deserto ou simplesmente em sua casa, se você fizer uma humilde súplica ao
Senhor por uma causa nobre, cedo ou tarde, o Senhor vai atender. Tenha
paciência porque “o relógio” de Deus é diferente de nosso relógio. Simplesmente
vamos nos abandonar nas mãos de Deus mesmo que tenhamos que enfrentar todo tipo
de humilhação e dificuldade. Se lutarmos por uma causa nobre, cedo ou tarde o
tempo vai nos revelar quem está com razão. No casal Joaquim e Santana,
encontramos um grande paradoxo: um casa justo, mas estéril. A esterilidade, de
acordo com o costume na época, é uma negação para a condição de ser justo. “Se
os dois fossem justos, teriam que ter filhos. Não tendo filhos é porque não são
justos”. Essa era a lógica da época. Mas, no fim da história, Deus sempre tem a
ultima palavra. Mesmo que tenha sido tarde, o justo casal, Joaquim e Ana, foi
premiado por Deus uma filha chamada Maria, Mãe de nosso Salvador, Jesus Cristo.
Segundo o evangelho apócrifo, depois que
entregou Maria para Deus no Templo, Ana se afastou silenciosamente e sumiu para
sempre. Sua missão terminou. Com esta marca heróica de desprendimento os
apócrifos encerraram o capitulo dedicado aos pais da Virgem Maria.
Ana é uma mulher paciente e humilde. Durante
20 anos ela sofreu sem queixa a tremenda humilhação da esterilidade. Mas suas
orações são tão suaves e humildes que fazem o Senhor inclinar para ouvi-las.
Sua longa provação não endureceu seu coração, pois ela acredita fielmente no
poder de Deus.
Ana é uma mulher generosa, pois ela pede para
ter descendente e o gozo de dar com alegria sua filha para o Senhor. E sua
filha Maria será capaz de entregar-se à vontade de Deus totalmente: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim
segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38). Ana é uma mulher abnegada, disposta a
desprender-se de sua filha para dá-la aos outros.
Pedimos aos pais de Nossa Senhora que todos
nós tenhamos o espírito de perseverança no bem que devemos fazer, na oração que
devemos fazer, na pratica de caridade, em ser justo em tudo apesar dos
obstáculos encontrados no caminho. Mas a graça de Deus nos potencia para
ultrapassar os obstáculos a exemplo do justo casal, Joaquim e Ana.
P. Vitus Gustama,svd
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