terça-feira, 28 de novembro de 2017

30/11/2017
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SANTO ANDRÉ, APÓSTOLO,
O PROTÓKLITOS
30 de novembro


Primeira Leitura: Rm 10,9-18
Irmãos, 9 se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. 10 É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. 11 Pois a Escritura diz: “Todo aquele que nele crer não ficará confundido”. 12 Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam. 13 De fato, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo. 14 Mas como invocá-lo, sem antes crer nele? E como crer, sem antes ter ouvido falar dele? E como ouvir, sem alguém que pregue? 15 E como pregar, sem ser enviado para isso? Assim é que está escrito: “Quão belos são os pés dos que anunciam o bem”. 16 Mas nem todos obedeceram à Boa Nova. Pois Isaías diz: “Senhor, quem acreditou em nossa pregação?” 17 Logo, a fé vem da pregação e a pregação se faz pela palavra de Cristo. 18 Então, eu pergunto: Será que eles não ouviram? Certamente que ouviram, pois “a voz deles se espalhou por toda a terra, e as suas palavras chegaram aos confins do mundo”.


Evangelho: Mt 4,18-22
Naquele tempo, 18quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. 19Jesus disse a eles: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. 20Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram. 21Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Jesus os chamou. 22Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram.
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Hoje celebramos a festa do apostolo André. A primeira característica que em André chama a atenção é o nome: não é hebraico, mas grego, “André” (viril, robusto) sinal de que sua família tem uma certa abertura cultural. Estamos na Galileia, onde a língua e a cultura gregas estão bastante presentes. Nas listas dos Doze, André ocupa o segundo lugar, como em Mateus (10, 1-4) e em Lucas (6, 13-16), ou o quarto lugar como em Marcos (3, 13-18) e nos Atos (1, 13-14). Contudo, ele gozava certamente de grande prestígio nas primeiras comunidades cristãs.


A liturgia grega distingue Santo André com o título de “protóklitos”, “o primeiro chamado”. Mas, em rigor, este título há de compartilhá-lo com o apóstolo João. Os dois foram os primeiros que em uma tarde inesquecível, escutaram as palavras de Jesus, novas para o mundo. Esta recordação, que sempre fresca na memória de João, ficou esculpida em seu Evangelho (cf. Jo 1,35-42)


Segundo as fontes bíblicas André é irmão de Pedro. Os evangelhos mostram explicitamente o laço de sangue entre Pedro e Andre (Mt 4, 18-19; Mc 1, 16-17). E no evangelho de João lemos outro pormenor: num primeiro momento, André era discípulo de João Batista; e isto nos mostra que era um homem que procurava, que partilhava a esperança de Israel, que queria conhecer mais de perto a palavra do Senhor, a realidade do Senhor presente. Era verdadeiramente um homem de e de esperança; e certa vez, de João Batista ouviu proclamar Jesus como "o Cordeiro de Deus" (Jo 1, 36); então ele voltou-se e, juntamente com outro discípulo que não é nomeado, seguiu Jesus, Aquele que era chamado por João o "Cordeiro de Deus". O evangelista narra: eles "viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia" (Jo 1, 37-39). Portanto, André viveu momentos preciosos de familiaridade com Jesus.


Podemos imaginar o diálogo comovente naquela tarde entre Jesus e os dois discípulos de João Batista. Aquelas palavras de Jesus, que inicia sua vida pública de uma forma tão simples que servem como o caminho para a fonte que mata para sempre a sede de Deus e o sentido da vida. As palavras de Jesus estavam penetrando os corações daqueles simples pescadores, já preparados pela pregação de João Batista. Essa alegria espiritual, essa descoberta insuspeitada encheu o coração de André com um entusiasmo sem hesitação.


Ao chegar em casa com a impressão da entrevista, ele contou ao irmão Pedro: "Encontramos o Messias". E Pedro, influenciado pela fé de seu irmão, corre para Jesus, e nEle encontrou a hora inicial de uma grandeza singular que o futuro vai preparar para Pedro, pois sobre ele Jesus vai edificar sua Igreja (Mt 16,17-19). André apresntou Pedro, seu irmão, a Jesus. O que é bom e precioso não é guardado apenas no coração de Andre. Ele tem um espírito apostólico extraordinário ao partilhar a preciosidade do encontro com seu irmão Pedro e o levou para Jesus.


O evangelho de João relatou que foi André quem avisou a Jesus que alguns gregos queriam vê-Lo. E Jesus deu a seguinte resposta, bastante enigmática: "Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele ; mas, se morrer, dá muito fruto" (12, 23-24). Com estas palavras Jesus profetiza a Igreja dos gregos, a Igreja dos pagãos, a Igreja do mundo como fruto da sua Páscoa.


Segundo as tradições muito antigas ele foi anunciador e intérprete de Jesus para o mundo grego. Uma tradição sucessiva narra a morte de André em Patrasso, onde também ele sofreu o suplício da crucifixão. Mas, naquele momento supremo, de modo análogo ao do irmão Pedro, ele pediu para ser posto numa cruz diferente da cruz de Jesus. Em seu caso, tratou-se de uma cruz em forma de letra “X”, ou seja, com os dois madeiros cruzados diagonalmente, que por este motivo é chamada «cruz de Santo André» para distinguir este apóstolo. Jesus e os dois irmãos - Pedro e André - foram crucificados, embora cada um deles de uma maneira diferente. Cristo lhes reservou uma morte semelhante, como um vínculo que os une na vida e na morte, na fidelidade à missão evangelizadora, no último testemunho do sangue. Conectar-se a Jesus também na morte é uma graça que Deus concedeu aos dois pescadores da Galiléia.


O apóstolo André ensina-nos a seguir Jesus com prontidão (cf. Mt 4, 20; Mc 1, 18), a falar com entusiasmo d'Ele a quantos encontramos na nossa vida cotidiana, e sobretudo a cultivar com Ele um relacionamento de verdadeira familiaridade, bem conscientes de que n'Ele podemos encontrar o sentido último da nossa vida e da nossa morte. Todas as etapas anteriores servem como uma preparação para o verdadeiro encontro com Aquele que é o autor da vida: Jesus Cristo.


Santo André aparece como um homem de natureza calma e serena, oposto à impetuosidade característica de seu irmão Pedro. Com um coração nobre e aberto, inspirou simpatia e confiança. De natureza sensível, foi fácil entusiasmo simples quando uma ótima idéia o dominava. Embora tenha participado das pequenas rivalidades dos apóstolos sobre quem seria o maior e poderia apresentar o título de "primeiro chamado", não parece, no entanto, desejar grandes coisas. Os filhos do Zebedeu, e especialmente o seu irmão Pedro, o dominaram com ousadia e ousadia. André é mais sensato e prudente; mais pago de si mesmo, e, portanto, sujeito a mais imprudência é o seu irmão, Pedro.


O apóstolo é o enviado por Jesus, e aqui está a grandeza dele e não em seus dons pessoais, em seus valores humanos, em sua atividade, em sua influência. A magnitude de sua personalidade reside naquele dia em que Jesus colocou seus olhos nele, entendeu o olhar penetrante, aceitou a missão que lhe foi confiada e foi fiel à morte pela mensagem recebida de Jesus, sem se assustar com a morte ou com os poderes humanos. Ser apóstolo é orientar a vida e trabalhar para Jesus e para os homens: receber da palavra e da vida de Jesus e dar aos homens, sem adulterar, sem mudar, a vida e a palavra. O dom do apostolado leva a dar vida, a selar a palavra recebida com a morte se assim o desejar. E isso com fé, com alegria e amor. Ser apóstolo é dar testemunho de Jesus até o final.


Entre as virtudes de Santo André destacam-se a mansidão e a humildade, a simplicidade e a ingenuidade de sua alma, o entusiasmo sincero por Jesus que conheceu numa tarde inesquecível, perto das águas do Jordão. O "primeiro chamado" mostrou uma grande constância na pregação e uma inquebrável paciência na dor, diz o breviario gótico. Que ele interceda por nós para que sejamos perseverantes no testemunho de Jesus e de seus ensinamentos mesmo que encaremos a cruz na qual somos crucificados com Jesus e os irmãos André e Pedro. Assim seja!


P. Vitus Gustama,SVD

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