quarta-feira, 24 de abril de 2024

26/04/2024-Sextaf Da IV Semana Da Páscoa

A FÉ PROFUNDA TORNA NOSSO CORAÇÃO SERENO

Sexta-Feira da IV Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 13,26-33

Naqueles dias, tendo chegado a Antioquia da Pisídia, Paulo disse na sinagoga: 26 “Irmãos, descendentes de Abraão, e todos vós que temeis a Deus, a nós foi enviada esta mensagem de salvação. 27 Os habitantes de Jerusalém e seus chefes não reconheceram a Jesus e, ao condená-lo, cumpriram as profecias que se leem todos os sábados. 28 Embora não encontrassem nenhum motivo para a sua condenação, pediram a Pilatos que fosse morto. 29 Depois de realizarem tudo o que a Escritura diz a respeito de Jesus, eles o tiraram da cruz e o puseram num túmulo. 30 Mas Deus o ressuscitou dos mortos 31 e, durante muitos dias, ele foi visto por aqueles que o acompanharam desde a Galileia até Jerusalém. Agora eles são testemunhas de Jesus diante do povo. 32 Por isso, nós vos anunciamos este Evangelho: a promessa que Deus fez aos antepassados, 33 ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus, como está escrito no salmo segundo: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei”.

Evangelho: Jo 14,1-6

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1 “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé em mim também. 2Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, 3e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 4E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. 5Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

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Deus É Soberano No Cumprimento De Seu Plano Para Salvar a Humanidade

Nós vos anunciamos este Evangelho: a promessa que Deus fez aos antepassados, ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus, como está escrito no salmo segundo: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei”. 

O texto da Primeira Leitura é a continuação do discurso/pregação de Paulo em Antioquia de Pisídia numa Sinagoga num dia de Sábado ou  asegunda parte da pregação de Paulo na sinagoga em Antioquia de Pisídia. Nessa pregação (discurso) Paulo mostra para os ouvintes que Jesus é o descendente de Davi prometido  e isto se comprova na sua morte, na sua ressurreição e na sua exaltação como Messias prometido.

Neste discurso Paulo coloca a culpabilidade sobre os habitantes de Jerusalém e os seus chefes sobre a morte cruel de Jesus na cruz. Eles quiseram a morte de Jesus mesmo sendo inocente, e usaram Pilatos como instrumento para realizar sua maldade de eliminar (matar) Jesus da vida. A covardia de Pilatos em libertar o inocente Jesus cede à pressão da população e dos chefes para acabar com a vida de Jesus.  Mas por incrível que pareça, em vez de impedir o plano de Deus em constituir Jesus como o verdadeiro Messias, eles contribuíram para realizar o plano de Deus. Se eles mataram o Messias Jesus, o Inocente, Deus restituiu a vida a Jesus. Jesus foi ressuscitado. 

No seu discurso, Paulo não somente enfatiza a ressurreição de Jesus, mas ele também fala das aparições de Jesus para os apóstolos. Essas aparições são base do testemunho dos Apóstolos. Os apóstolos são as testemunhas tanto de tudo que Jesus fez e disse na Galileia durante sua vida pública como da sua ressurreição pelas aparições. Os apóstolos são testemunhas do Cristo ressuscitado. Tudo isso motiva os Apóstolos a dar testemunho para o resto do mundo sem medo da prisão e da morte como consequência. 

A coragem dos Apóstolos em testemunhar Jesus Ressuscitado que garante o futuro da humanidade, e do cristianismo, isto é, que os homens fieis à Palavra de Deus não estão caminhando para o nada e sim para o futuro de Deus que já começou no presente na vivencia da Palavra de Deus, nos faz pensarmos na responsabilidade de cada cristão, seja praticante, seja menos praticante. 

Em geral, os cristãos se reúnem na assembleia para se alimentar da Palavra de Deus e do Corpo e Sangue do Senhor na Eucaristia para que possam começar a viver uma vida ressuscitada. Mas será que a vida dos cristãos traz alguma coisa boa para o bem do mundo ao seu redor a exemplo de Jesus que passou a vida fazendo o bem? Os que leem e decoram, ouvem e meditam a Palavra de Deus contribuíram alguma coisa para melhorar o mundo ao seu redor onde moram e trabalham? Será que usamos os outros como instrumentos para eliminar alguém de uma função, de uma missão, de um trabalho porque ele está nos impedindo de ceder o lugar que queremos ocupar? 

Através da Primeira Leitura de hoje Deus quer nos deixar um recado muito forte: um inocente, um justo, um honesto pode ser eliminado pela mão humana em nome dos interesse egoístas, em nome do poder, em nome do dinheiro, mas com os braços abertos Deus o acolhe e o glorifica (ressuscitar). Alguém pode enterrar a  verdade, a bondade, o bem, o amor, a honestidade, a justiça, porém eles não permanecem na terra, pois ressuscitam como Jesus ressuscitou. Não tenhamos medo de ser justos, amorosos, honestos, bondosos e assim por diante, pois estes valores são valores humanos e divinos que serão reconhecidos por Deus. Um maldoso, um injusto, um desonesto, um corrupto da vida alheia, se não se converter, acabará não vendo Deus (fica fora da salvação), pois Deus é o Bem Superior, por excelência. São Paulo nos relembra que um dia “teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo” (2Cor 5,10).

Não é por acaso que no texto do Evangelho de hoje Jesus se apresenta para todos nós como o único Caminho que leva à verdadeira vida. Diante de um mundo desconcertado e perdido, diante das religiões que se brigam entre si em nome do próprio interesse e não em nome do bem comum, diante de um mundo que está em busca de ideologias e messias e felicidades, Jesus é a resposta de Deus, pois Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). 

A Fé Em Jesus Nos Traz Uma Paz Profunda Que Vem Do Alto

Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. 

Os capítulos 13 a 17 do evangelho de João constituem um “Discurso de despedida” de Jesus. Como os patriarcas do AT e outros grandes personagens ao saber de sua morte iminente se despedem de sua família fazendo recomendações importantes para eles (cf. Gn 49,1-28; 50,24-25; Dt 33; 1Rs 2,-9 etc.), assim também Jesus faz a mesma coisa para seus discípulos. Nestes capítulos encontramos vários ensinamentos de Jesus para quem quiser segui-lo.

Na última Ceia os discípulos estavam tristes e desorientados ao saber da despedida do seu Mestre que iria morrer. Por isso, antes de passar deste mundo ao Pai Jesus diz no texto do evangelho deste dia: “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Segundo a concepção do AT, a fé é um apoiar-se do homem no fundamento vital divino que lhe confere vida e existência; um entregar-se sem reservas, e confiado na promessa, bondade e lealdade de Deus. Justamente neste sentido não é possível crer em tudo. Ou o homem crê em Deus ou crê em nada que terminará no nada. Evidentemente não é possível crer em nada do mundo, e sim somente em Deus, pois só Deus, o Criador do universo, é capaz de responder aos anseios profundos do homem.       

Qual é a maior mensagem de consolo ou de esperança que Jesus oferece aos discípulos e a todos nós através do evangelho de hoje? É o convite para viver a fé: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus e tende fé em mim também” (v.1). “Ter fé em Deus” e “ter fé em Jesus” não se trata de dois tipos de fé. Mas trata-se de uma só e única fé. No capítulo anterior Jesus já disse: “Quem crê em mim, não é em mim que crê, mas em quem me enviou...” (Jo 12,44). E na primeira carta de São João temos esta ideia expressa negativamente: “Todo aquele que nega o Filho também não possui o Pai. O que confessa o Filho também possui o Pai” (1Jo 2,23).          

Em segundo lugar, a exortação que Jesus dirige aos discípulos para que tenham fé nele é algo mais que uma petição de um voto de confiança. A fé é a força que supera tudo, pois a fé é um dom que vem do Alto. A fé é capaz de vencer o mundo: “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4). “Mundo” aqui significa tudo que se opõe ao plano ou à vontade de Deus. A verdadeira fé em Deus é capaz de vencer as influências nefastas do mundo, pois quem se mantém na profissão da verdadeira fé vive no mundo de Deus, e Deus está por cima do mundo. Por isso, mais tarde Jesus dirá aos discípulos: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33). Para que possamos vencer o mundo como Jesus o venceu, temos que nos unir a Jesus, ou temos que ter fé nele. O mundo pode seduzir qualquer cristão, mas não tem poder de decidir sobre a vida do cristão. Quem pode decidir é o próprio cristão para aceitar ou recusar tal sedução. “Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças. Mas, com a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força para suportar” (1Cor 10,13b). Basta permanecer unido a Jesus Cristo.          

Em terceiro lugar, ao dizer “não se perturbe o vosso coração, mas tendes fé em Deus e em mim também”, Jesus quer nos mostrar outra função ou outro efeito da fé é o coração sereno, coração cheio de paz. Quanto mais profunda for nossa fé em Deus, mais sereno se tornará nosso coração. Enquanto nosso coração não estiver em paz, nossa mente se tornará perturbadora para nosso cotidiano.          

Hoje como em qualquer momento Jesus diz a cada um de nós: “Não perca sua calma. Acredite em Deus. Acredite em mim. Eu estou perto de você, dentro de você, em teu coração. Feche seus olhos, entre dentro de tua alma, tome minha mão, eu estou com você”. Jesus é o nosso bom companheiro que nos acompanha mesmo que estejamos rodeados pelas dificuldades. “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Precisamos ouvir estas palavras permanentemente. Ao dizer isso Jesus quer nos dizer que nosso Deus não é indiferente nem frio, e sim um Deus sensível aos nossos anseios e aos nossos sofrimentos. Mas Jesus pede um ato de fé em sua pessoa, uma fé sem reserva. A paz profunda que supera toda perturbação vem da fé. 

Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. A verdadeira fé em Deus sempre resulta em ter um coração sereno e pacífico, porque a fé é participação na vida divina, adesão a Deus como único Senhor, o apoiar-se total e exclusivamente em Deus. A fé consiste em nos alicerçamos unicamente em Deus, no seu poder infinito e no seu infinito amor. O poder de Deus e seu amor não estão sujeitos a qualquer manipulação humana. Não há outro caminho para alcançar a paz e a serenidade do coração senão o caminho do pleno abandono à vontade de Deus, isto é, ao seu amor infinito. A palavra “abandono” significa a renúncia aos planos e idéias próprios. Santa Teresa do Menino Jesus dizia: “Tem que ser como uma criança e não se preocupar com nada” (Conselhos e Lembranças). Nesta curta frase está contido todo um programa. Abandonar-se significa não se preocupar com nada, porque Deus nos ama e de tudo se ocupa. Somente quando isso acontecer, o nosso coração poderá começar a se impregnado da verdadeira paz. Não podemos nos desfazer dos perigos que geram o medo, mas é muito importante eliminar esse medo através de um ato consciente de abandono ao Senhor.         

Quando São Paulo suplicou a Jesus que afastasse da sua vida uma grande dificuldade, algo que contrariava os seus planos, o Senhor respondeu-lhe: “Basta-te a Minha graça porque é na fraqueza que a Minha força se revela totalmente” (cf. 2Cor 12,9). E Santa Teresa escreveu: “A confiança e a fé se aperfeiçoam na angústia”. E Para a Santa Margarida Maria Alacoque, a grande apóstola do coração de Jesus, o Senhor disse com grande ardor: “Deixa-Me agir”. Uma abertura de nosso coração permite ao Senhor viver em nós em toda a Sua plenitude. Quando assim for, poderá Ele fazer de nós a Sua obra-prima. O abandono a Deus é a suprema forma de confiança e de apoio no Senhor.           

A ausência desta fé suscita a angústia e o pavor. Quando confiarmos apenas nas nossas forças, quando contarmos apenas com as nossas capacidades, com aquilo que possuímos ou somente com as relações que mantemos com as pessoas com as quais estamos ligados, mais cedo ou mais tarde ficaremos desiludidos. A confiança total em Deus nascida da nossa fé na Sua Palavra é a única resposta adequada ao Seu insondável amor por nós. 

Para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. O caminho para o Pai é a prática do amor fraterno. Jesus é o Filho, mas os que o seguem serão também filhos, irmãos de Jesus. Para isso, os que seguem a Jesus precisam praticar o amor fraterno para fazer parte da família de Deus. 

Todo homem, em sua vida, segue um caminho ou outro. Todo homem busca, em sua vida, encontrar a verdade. Todo homem deseja, que sua vida não termine para sempre. Para estes três anseios profundos do homem é que o próprio Jesus é uma resposta precisa, pois Ele próprio é o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele e em viver a vida como Ele a viveu está a resposta para as interrogações e buscas do homem. O Caminho a seguir, a Verdade a defender, a Vida que não se perde estão ao alcance de nossa vida. Aceitar Jesus ou recusá-Lo é coisa nossa com suas consequências para nossa vida e salvação. 

JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

Neste texto Jesus se autorevela como “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (v.6). Como e onde é que Jesus se torna para nós o Caminho para irmos ao Pai, a Verdade que ilumina o sentido da nossa vida, a própria vida do nosso viver, e a Vida em plenitude? 

1. JESUS É O CAMINHO          

De acordo com o Antigo Testamento, a Lei era o caminho, a verdade e a vida para o povo. Praticando a Lei, as pessoas acreditavam poder chegar a Deus (Caminho), pois sentiam que nela Deus comunicava seu projeto e caminhava fielmente com o povo aliado (Verdade), conduzindo-o à posse da promessa (Vida).          

Para o Evangelho de João e para todos nós cristãos, o caminho não é mais a Lei, mas é uma Pessoa: Jesus Cristo. Jesus é o único Caminho; existindo desde sempre em Deus (Jo1,1), ele se tornou um de nós (Jo 1,14). Sua vida e sua prática conduzem a humanidade ao encontro definitivo com Deus. Ele é o Caminho para o Pai porque na sua pessoa nos revela Deus, e no exemplo da sua vida e na luz da sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos de Deus e irmãos dos homens. Para conhecer o caminho e encontrar sua trajetória certa que conduz à vida basta olhar para Jesus e sua prática.          

Jesus é o Caminho, verdadeiro caminho que conduz à vida, caminho vivo que nos abra à verdade. Ele é o Caminho para o Pai porque na Sua pessoa nos revela Deus e no exemplo da sua vida e na luz da Sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos e filhas de Deus e irmãos dos homens. Ele é o Caminho que caminha conosco.

Para conhecer o caminho e divisar sua trajetória que conduz à vida, basta olhar para Jesus Cristo. O que se vê nele é o caminho. Jesus é o nosso Caminho a trilhar.          

“Caminho” na Bíblia, significa muitas vezes o modo de proceder, a prática de vida, o modo de ser. Jesus é o Caminho. Ao aceitar Jesus como o Caminho devemos pautar a nossa vida à dele, devemos viver a prática dele que é o serviço de amor. Fora do amor, não há salvação.

2. JESUS É A VERDADE          

Filosoficamente a verdade se define como conformidade da inteligência com seu objeto (adaequatio intellectus ad rem) ou conformidade da coisa com a inteligência (adaequatio rei ad intellectum).          

Para a Bíblia a verdade é o termo que designa a fidelidade e a confiança em alguém. A verdade é, então, uma relação interpessoal que se experimenta ao longo de uma história. O contrário da verdade é a ruptura de um vínculo de confiança que perdurava no tempo.          

Designando Jesus como a Verdade, a fé pascal pretende indicar que em Jesus apareceu a fidelidade de Deus, de uma vez para sempre e que esta fidelidade será estendida a todos os momentos do tempo pelo poder do “Espírito da Verdade”.          

Jesus é a Verdade em virtude de nele residir plenamente a realidade divina e que realizou nele a plenitude da realidade humana. Com sua atividade em favor do homem (Jo 10,37s), que manifesta o amor de Deus, revela ao mesmo tempo a verdade sobre Deus e sobre o homem. A verdade é, por isso, a lealdade absoluta de Deus frente aos homens, de maneira que o homem pode confiar cegamente na sua palavra, na sua promessa, na sua lealdade. 

O homem que confia na palavra e na revelação divina e que conta com ela na vida prática, vivendo segundo a verdade com fé, torna-se participante da verdade de Deus. Jesus é a Verdade no meio da mentira do mundo, porque ele é a revelação exata do Pai. 

3. JESUS É A VIDA          

No que se trata do termo “Vida” (Eu sou a Vida), no evangelho de João este termo tem um significado inesgotável. Jesus, que recebe a plenitude do Espírito (Jo 1,32s), possui a plenitude da vida divina e dispõe dela, como o Pai (Jo 5,21.26; 17,2). A missão de Jesus é comunicar vida ao homem e vida em abundância (Jo 10,10), vida definitiva e indestrutível (Jo 10,28;17,2). Por isso, Jesus é a Vida porque a possui em plenitude e pode comunicá-la para quem acredita nele. Ele é a Vida em plenitude e sem fim num mundo de morte e autodestruição, e, por isso, podemos entrar em comunhão com o Deus vivo através dele.          

A condição para receber a vida definitiva e indestrutível e possui-la definitivamente é a adesão a Jesus em sua condição de Homem levantado ao alto (Jo 3,14s) e de Filho único de Deus (Jo 13,16). O Homem levantado ao alto é o modelo de homem que dá sua vida a fim de salvar os homens da morte (Jo 3,14). E Jesus é o Filho único de Deus, o dom que prova o amor de Deus para com a humanidade (Jo 3,16). A condição para receber a vida é, por isso, reconhecer o amor de Deus manifestado na morte de Jesus e, vendo nele o modelo de Homem, o Filho único de Deus, tomar este amor por norma da própria vida (Jo 13,34). A adesão a Jesus e à sua prática em favor da vida faz com quem as pessoas se tornem filhas de Deus, formando só uma família com Jesus e o Pai. Para conhecer o Pai e para chegar até Ele faz-se necessário comprometer-se com a prática do Filho.          

Aceitar Jesus Cristo como a Vida nos leva a defendermos e protegermos a vida em todas as suas dimensões e seus setores, inclusive em algo tão relativo como a saúde. Por isso, a salvação se chama também “Salus” o que exige previamente uma cura. Não somente acreditamos em Deus, mas a questão fundamental é crer no Deus da vida. Por isso, muito mais que um problema moral, a salvação é um problema vital que tem a ver com a vida. Aceitar Jesus como a Vida nos leva a não desvalorizarmos a própria vida e a vida alheia. Neste sentido o cristão é o defensor da vida em todas as suas dimensões, pois ele acredita no Deus da vida. Somente assim poderemos dizer e acreditar que Jesus é a Vida.          

Esta aceitação e adesão encontra-se no evangelho de João com várias expressões: escutar a voz do Filho de Deus(Jo 5,25), aproximar-se dele(Jo 6,37ss), aceitar as suas exigências(Jo 6,63.68), comer o pão da vida(Jo 6,35,53s), comer a sua carne e bebe o seu sangue(Jo 6,45), viver seu mandamento(Jo 15,12) etc..          

Por isso, a esta altura, o Evangelho já aponta para a missão de cada cristão, aquele que segue Jesus Cristo: estar a serviço da vida, doando-se totalmente para que a vida aconteça. A prova de que amamos Jesus é amar os outros e dar a vida pela vida dos homens.

P. Vitus Gustama,svd

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