SÁBADO SANTO DA VIGÍLIA PASCAL ANO “C”
Oitava Leitura: Rm 6,3-11
Irmãos: 3 Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? 4 Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova. 5 Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição. 6Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo de pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado. 7 Com efeito, aquele que morreu está livre do pecado. 8 Se, pois, morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. 9 Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. 10 Pois aquele que morreu, morreu para o pecado uma vez por todas; mas aquele que vive, é para Deus que vive. 11 Assim, vós também considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo.
Evangelho: Lc 24,1-12
1No primeiro dia da semana, bem de
madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam
preparado. 2Elas encontraram a pedra do túmulo removida. 3Mas, ao entrar, não
encontraram o corpo do Senhor Jesus 4e ficaram sem saber o que estava
acontecendo. Nisso, dois homens com roupas brilhantes pararam perto delas.
5Tomadas de medo, elas olhavam para o chão, mas os dois homens disseram: “Por
que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? 6Ele não está aqui.
Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou, quando ainda estava na Galileia:
7‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e
ressuscitar ao terceiro dia’”. 8Então as mulheres se lembraram das palavras de
Jesus. 9Voltaram do túmulo e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros.
10Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres
que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos. 11Mas eles acharam
que tudo isso era desvario, e não acreditaram. 12Pedro, no entanto, levantou-se
e correu ao túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou
para casa, admirado com o que havia acontecido.
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Alguns Elementos Simbólicos Da Vigília Pascal
A liturgia da Vigília pascal nos oferece uma visão global da passagem e da jornada da Primeira Criação para a Nova Criação em Jesus Cristo. Para nós são apresentadas umas perspectivas da salvação desde a criação do mundo até a plenitude. Com a Encarnação e a Ressurreição de Jesus Cristo o mundo todo sofre uma revolução e, ao mesmo tempo, a humanidade é capacitada para tomar parte da plenitude e da soberania de Jesus Cristo Ressuscitado com uma nova e melhor forma de existência. O bem, mesmo sofrendo, sempre vence o mal. Cristo é o primeiro fruto da nova criação. Sua vida, que culmina com sua ressurreição e glorificação pelo Pai, é como uma antecipação que permite vislumbrarmos nosso futuro vitorioso em todas as dimensões de nossa existência.
Com a ressurreição de Jesus começa o futuro escatológico, isto é, a plenitude e perfeição de paz, de bem, de amor, de vida, de justiça que serão o Reino de Deus já realizado com a chegada de Jesus Cristo; que já agora vivemos como início e em crescimento, e que chegará ao término definitivo e perfeito. Este término definitivo e perfeito não se realizará plenamente até que chegue “o Dia do Senhor”. Para chegar à plenitude, como Cristo para chegar à ressurreição é necessária uma vida de luta permanentemente pelo bem. São Paulo nos recorda que é necessária a fé, mas depois desaparecerá quando chegarmos à plenitude. É necessária a esperança, enquanto estivermos na luta de cada dia, que, na plenitude será desnecessária. É necessário o amor, que então chegará à sua plenitude, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).
Por isso, a Vigília pascal é, segundo o Missal Romano, “a Mãe de todas as vigílias”, e celebra o acontecimento culminante da história da salvação que é a ressurreição do Senhor.
A Vigília Pascal à noite de sábado celebra, de modo solene e festivo, a ressurreição de Cristo. É o ponto central do Ano Litúrgico. Esta celebração inicia com a bênção do fogo e a celebração da luz.
Bênção Do Fogo
No AT, no monte Sinai, o Senhor desceu “ao monte em meio ao fogo” (Ex 19,18). O fogo converteu-se no símbolo da presença divina. Em nossas celebrações, a fogo aparece continuamente, antes de tudo, em forma de lâmpadas e círios acesos durante a celebração ou diante do sacrário. O sentido do fogo sobre o altar é claro: nessa mesa (altar) vai se realizar o memorial do Sacrifício de Cristo. Como os sacrifícios do AT se consumiam pelo fogo, invoca-se aqui, de algum modo, a força santificadora de Deus sobre nosso sacrifício. A chama que vai se consumindo lentamente enquanto ilumina, embleza, aquece, dando sentido poético e familiar para a celebração. A vida de um justo vai se consumindo lentamente a fim de iluminar a vida do próximo. Porém, é na Noite de Páscoa, na Vigília Solene, que a celebração fica enriquecida de modo mais explícito com o simbolismo do fogo. Todo o triunfo da luz sobre as trevas, do calor sobre o frio, da vida sobre a morte, mistério que as leituras e as ações sacramentais da grande noite irão proclamar solenemente. Em torno do fogo novo a comunidade se reúne.
Círio Pascal
O Círio Pascal está intimamente ligado ao símbolo da luz e do fogo. Na Vigília Pascal, o povo reunido na escuridão olha como nasce um novo fogo. Com o fogo novo se acende o Círio Pascal, símbolo de Cristo, Luz do mundo (Jo 8,12). Cristo ressuscitado ilumina a assembleia, ilumina a Igreja, ilumina a noite escura da humanidade. Cristo como Luz do mundo brota da oferta de sua vida, ao doar-se alimenta a chama luminosa na vida das pessoas que se aproximam d´Ele. A luz do mundo, que é Cristo, nasce da imolação de Jesus Cristo na cruz, Ele que é o Princípio (Alfa) e o Fim (Ômega) da história ilumina a humanidade. Por isso, a data do ano aplicada no Círio está em forma de cruz. Se no AT na travessia do deserto rumo à Terra prometida o povo eleito era iluminado, à noite, pela coluna de fogo, no NT Cristo se apresenta com Luz do mundo cujo símbolo é o Círio Pascal (o círio tem forma de uma coluna).
A luz do Círio Pascal brota da pedra. Era tradição acender o fogo novo lascando a pedra, ou através da fricção de pedras. A origem do fogo e da luz da pedra virgem simboliza a luz que brota do Cristo morto e sepultado num túmulo escavado na pedra e fechado também por uma pedra, onde ressurgiu a Luz do mundo, o Cristo ressuscitado e glorioso.
A partir da Noite da Vigília Pascal da Ressurreição do Senhor o Círio Pascal iluminará todas as celebrações da comunidade cristã, inclusive as Liturgia das Horas, durante os cinquenta dias. Não só até o dia da Ascensão, como se fazia antes, mas até a tarde de Pentecostes, quando se completam essa sete semanas, o Tempo Pascal, que celbramos como um grande dia de festa. Em cada missa/celebração no domingo de Pentecostes há um rito em que se apaga Círio Pascal e logo depois, é guardado na Sacristia.
O Círio Pascal, depois de Pentecostes, somente será aceso/usado para o Batismo para se tomar dele a luz das velas dos novos batizados. Também se acende o Círio Pascal junto a féretro (caixão de defunto), nas exéquias cristãs para indicar que a morte do cristão é a sua própria Páscoa.
Grãos De Incenso
Os grãos de incenso cravados no Círio Pascal significando os cravos das mãos, dos pés e do lado de Cristo, são chagas gloriosas, sinais do sacrifício da entrega de Jesus ao Pai e de sua intensa oração enquanto pendia da Cruz.
Alfa e Ômega e Ano e Cruz No Círio
No Círio encontram-se gravados um ALFA e um ÔMEGA, a primeira e a última letras do alfabeto grego, expressando que Cristo é o princípio e o fim de tudo, aquele que abrange todo o tempo. E o ANO também permanece marcado no Círio, para indicar que a Páscoa é sempre nova, e sempre eficaz: é nesse ano que Cristo nos quer tornar participantes de toda a força salvadora de seu Mistério Pascal. Também a CRUZ é gravada no Círio que significa que o Mistério Pascal supõe um duplo momento: a passagem para a Vida, passando pela Morte.
As Leituras Da Sagrada Escritura
É a segunda parte da Vigília Pascal. “As leituras descrevem os acontecimentos culminantes da história da salvação, que os fieis devem poder tranquilamente meditar por meio do canto do Salmo responsorial, do silêncio e da oração do celebrante. ... Onde as circunstâncias de natureza pastoral exigem que se reduza ainda o número das leituras, leiam-se ao menos três do Antigo Testamento, a saber, dos livros da Lei e dos Profetas; NUNCA SE PODE OMITIR A LEITURA DO CAPÍTULO 14 DO LIVRO DO ÊXODO (Ex 14) COM O SEU CANTO” (Congregação Para o Culto Divino: Paschalis Sollemnitatis, Preparação e Celebração Das Festas Pascais n. 85)
Algumas Mensagens Da Vigília Da Ressurreição De Cristo
1. Ele Não Está Aqui. Ressuscitou!
Esta é a grande notícia que escutamos cada ano na Noite Santa da Páscoa que deve arder nosso coração e que este ano por boca do evangelista Lucas: Cristo passou através da morte para uma nova existência, definitivamente, e vive para sempre e vive conosco (cf. Mt 28,20). O túmulo vazio é uma clara representação de que Jesus não se encontra onde os poderes do império da maldade O deixaram. O verdadeiro poder pertence a Deus que ressuscitou Jesus dentre os mortos.
Deus não dos mortos e sim dos vivos: “Por que buscais entre os mortos o Vivente?”. Jesus Ressuscitado é o Vivente e por isso, há que buscá-Lo sempre na vida, não entre os mortos.
Observemos também que Jesus não aparece aos tradicionais discípulos, e sim ao grupo de mulheres do qual faziam parte Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. O testemunho das mulheres subverte a ordem das coisas naquela época. Jesus transfere para as mulheres o privilégio da descoberta do poder da ressurreição e, com isso, desloca dos discípulos para as discípulas o centro da gravidade da comunidade. Sob o testemunho delas e somente delas é que os discípulos são desafiados a irem ao encontro do Mestre na Galileia.
“Ele Não Está Aqui. Ressuscitou!”. Esta notícia é o motivo pelo qual hoje estamos reunidos aqui e somos felizes pela presença do Senhor Ressuscitado em meio de nós aqui e agora. Quantas vezes o presidente da celebração diz à assembleia: “O Senhor esteja convosco”, e ao que a assembleia responde: “Ele está no meio de nós”. O Senhor ressuscitado está aqui e agora conosco, ainda que não O vejamos fisicamente, pois estamos reunidos em nome d´Ele (Mt 18,20). Se os judeus se alegram ao celebrar a Páscoa, sua libertação da escravidão e de sua passagem para a nova vida na terra prometida, nós, os cristãos, nunca nos cansamos de celebrar que em meio da escuridão da noite, Cristo Jesus foi libertado da morte e cheio do Espirito de Deus, o Espirito da vida caminha conosco. Ele vive e vive no meio de nós. Com a ressurreição do Senhor e com Sua presença permanente no meio de nós não somos mais solitários e sim solidários, pois o Senhor está conosco e nós estamos com o Senhor que venceu o pecado e a morte.
Acabamos de ouvir que “Jesus ressuscitou! Ele vive!”. Jesus é o Vivente por excelência, e nunca O encontramos entre os mortos nem entre o pecado. O cristianismo é uma mensagem de vida. Mais ainda, é comunicação permanente com o Vivente, Jesus Ressuscitado (Cf. 1Jo 1,1-4). Com Jesus de Nazaré também nós apostaremos pela vida e avançamos para a vida. Estamos ao lado de tudo o que é vida e lutamos contra tudo o que é morte: o compromisso batismal tem esse sentido. Aquele que acredita na ressurreição deve lutar contra tudo o que causa a morte (atentado, doenças, relações sociais, ataques à natureza); deve ressuscitar o que é digno, mas que está morrendo dentro de nós; deve sentar-se ao lado dos crucificados injustamente, onde Deus está, e não junto com aqueles que os crucificam; deve entrar em contato com a vida para criar mais esperança sobre esperança.
Em cada celebração eucarística afirmamos: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. São Paulo afirma: “Se Cristo não ressuscitou, vâ é a nossa pregação, e vã vossa fé” (1Cor 15,19). Nossa vida neste mundo somente tem sentido pela fé na Ressurreição. Na verdade, a fé é a experiência de Cristo Ressuscitado. A partir da Ressurreição que garante nossa futura ressurreição pela fé em Jesus Ressuscitado, não vivemos mais para morrer e sim morremos para ressuscitar e viver para sempre; a vida não pertence mais à morte e sim a morte pertence à vida. Estar com Jesus significa viver a vida nova, superior a todo conhecimento humano.
O caminho da Igreja é o anúncio do Mistério Pascal de Cristo a todas as nações. Esse anúncio não é feito apenas com a proclamação do Evangelho com os lábios e sim com uma vida irrepreensível que dê testemunho de que a salvação se torna realidade em nos. Como batizados somos criaturas novas. Não podemos, portanto, continuar realizando sinais de pecado e de morte. Sejamos construtores de um mundo novo e autores de uma vida nova em Cristo. Trabalhemos intensamente pela paz; vivamos fraternalmente unidos pelo amor; tiremos as barreiras de ódio que nos dividiu; sejamos capazes, inclusive, de dar nossa vida para que os demais desfrutem de uma vida mais digna e chegue a eles a própria Vida de Deus.
Se nós, como Igreja, não pudermos, com a Força do Espírito Santo que atua em nós, deixar no fim de nossa vida um mundo melhor do que o encontramos, decepcionaremos a confiança que Deus depositou em nós, ao confiar-nos o Evangelho da reconciliação e da graça. Se somos de Cristo, não o digamos apenas com os nossos lábios, mas manifestemos isso com a vida e com o nosso trabalho à altura dessa fé que decidimos professar.
Na Eucaristia nos sentamos à mesa dos filhos de Deus. O Senhor, morto e ressuscitado, nos faz participar de seu Mistério Pascal, libertando-nos da escravidão do pecado e dando-nos Vida eterna. Mediante o Sacramento da Eucaristia somos convertidos em sinais do Reino de Deus no mundo, sinais da Vida Divina que está em nós. Nossa vida, transformada em Cristo, se converte em luz das nações. Ao entrar em comunhão de vida com Cristo somos convertidos em um sinal da Morte e Ressurreição de Cristo para todos. O Senhor nos plenifica de sua graça para que sejamos construtores de um mundo que dia-a-dia seja um sinal mais claro de seu Reino entre nós. Nós, os batizados, feitos um com Cristo, devemos continuar sua obra de amor salvador entre nossos irmãos. Esta é a nossa missão de cada dia!
A Páscoa e o Batismo
“Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova. Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição”. Assim lemos na Segunda Leitura desta noite santa (Rm 6,5-6).
No Batismo fomos submergidos na morte-ressurreição de Jesus Cristo e fomos enxertados no dinamismo vivo de sua aventura. Nós morremos para o pecado (que levou Jesus à morte) e ressuscitamos para a vida que corresponde aos seus seguidores. Mas o Batismo não é um jogo simples de nossos propósitos e decisões: é a entrada no âmbito de Jesus Cristo, é o primeiro sacramento da Igreja. O Batismo é um mistério de comunhão ou de união com Cristo Ressuscitado. Quem vive intimamente unido a Jesus Cristo participa de sua Vitória sobre o pecado e a morte. Quem vive pecando não pode dizer que está em comunhão de vida com Cristo, verdadeiramente. “Busca o que é meramente humano no homem e encontrarás o pecado e a mentira. Se eliminas o pecado, eliminas a mentira e tudo mais não é próprio do homem, mas de Deus. Não ames, portanto, o que é teu, ama o que é de Deus em ti” (Santo Agostinho: Serm. 32, 10,10). “Muda teu coração e verás mudar tuas ações. Arranca a concupiscência e planta a caridade. Da mesma forma que a concupiscência é a raiz de todo mal, a caridade é a raiz de todo bem” (Santo Agostinho: Serm. 72, 4,4)
Mediante o Batismo o Senhor apagou nossos pecados e nos revestiu de sua própria Vida Divina, como criaturas novas. Quem é uma criatura nova em Cristo deve resplandecer com suas boas obras e dar testemunho da ressurreição do Senhor a partir de uma vida reta. Não encontramos Cristo entre os mortos, nem no pecado e sim naqueles que vivem guiados pelo seu Espirito Santo e já foram transformados para praticar o bem, para amar, para construir a paz, para destruir os ódios e para tirar as barreiras que impedem o amor fraterno e comprometidos com toda a humanidade.
Cremos realmente esta mensagem de salvação: Cristo ressuscitou e renovou nossa vida? Ou vamos procurá-Lo no sepulcro, naquilo que causa a morte pensando que Ele se afastou para não voltar, e nós, no lugar de dar testemunho da Verdade e da Vida, continuamos sendo testemunhas do pecado e da morte com uma vida desordenada? Que a Fé e o Batismo que nos unem a Cristo nos façam sairmos de nossos pecados e nos ajudem a caminharmos como filhos de Deus renovados em Cristo Jesus, Nosso Senhor!
Outros Pensamentos Para Refletir
1. Para
2. Não pergunte se existe a vida após a morte. Pergunte antes, se existe a vida antes da morte; se você vive como irmão ou irmã dos outros durante a vida. Pois o sentido da morte somente se encontra no sentido da vida, no tipo de vida que você vive. A vida que você vive agora reflete logo o que vem depois, cedo ou tarde.
3. Somente o amor permite afrontar a morte, pois amar é abrir-se aos outros, entrar no mundo do outro e do Outro, é passar para outro mundo. Amar é a única chave para abrir a porta do céu, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Se amarmos os outros bastante, nossa morte assemelha ao nosso amor. Abrir-se à morte é como abrir-se ao amor: ambos exigem sair de si. Quando nos esforçamos por ser através de amar discriminatoriamente, chegaremos para o estado mais que existir. Amar é uma forma de viver para sempre. Dizer a alguém: “Eu te amo” equivale a lhe dizer: “Tu nunca morrerás”. Como é bom amar em Deus, pois continuaremos a viver.
5. A teologia da ressurreição nos leva à verdade que nós existimos no mundo, mas acima do mundo, no tempo, mas acima do tempo. O nosso Credo termina com uma afirmação de esperança: “Creio na ressurreição da carne e na vida eterna”.
6. A fé na ressurreição nos convida a valorizar o tempo e a boa convivência fraterna, a praticar o bem e a bondade para deixarmos marcas positivas no próximo, pois o Senhor em quem acreditamos passou a vida fazendo o bem (Cf. At 10,38).
7. Aprendamos a valorizar o que temos, para não ser tarde demais em valorizar o que você teve. Às vezes você nunca vai saber do valor do momento até que se torne uma memória. Como um dia bem aproveitado traz um sono feliz, assim também a vida bem vivida no leva à glorificação. Se você quiser ter algo que nunca teve, faça algo que nunca fez. Você nunca vai ser corajoso, se nunca sofreu alguma ferida; você nunca vai aprender, se nunca errou na vida; e você nunca vai ser uma pessoa sucedida, se nunca falhou na vida. A grande tragédia não é a morte e sim algo valioso que está morrendo dentro de você enquanto você está vivo.
FELIZ PÁSCOA! FELIZ RESSURREIÇÃO!
Páscoa é vitória. Páscoa é crescimento. Páscoa é superação. Páscoa é progresso. Páscoa é ressurreição. Páscoa é uma saída, um crescimento com você.
Jesus saiu das trevas do túmulo para a claridade da vitória da luz que ilumina até os cantinhos de nossa vida.
Faça de sua vida uma constante saída, uma busca do bem, da amizade e de Deus, que ressuscitou Jesus do túmulo.
Quando você se decidir a perdoar, você sai do tumulo do rancor e realiza a libertação pelo perdão. Quando você se decidir romper com os laços do desamor e começa a amar, você realiza uma libertação, uma Páscoa feliz em si mesmo. Quando você se corrige de seus defeitos, quando você se converte, a Luz de Cristo ressuscitado vai enchendo sua vida, e o mundo de claridade de Cristo. Jamais deixe que o desânimo, o desespero, a malícia ou a iniquidade soterrem e sepultem sua vida, seu amor e sua felicidade.
Tudo o que faz crescer a sociedade, as pessoas, as famílias, o casamento; tudo o que é alegria pura, tudo o que é conquistado pelo bem da humanidade é prolongamento da vitoria de Cristo, da Páscoa.
Quando se constroem escolas, hospitais, quando se humanizam as cidades, os relacionamentos e a convivência, aí está a Páscoa de Cristo, a passagem de condições menos humanas para condições mais humanas.
Páscoa é sempre passagem, é dar o passo, é o passo sempre para frente. É uma saída. Páscoa é o crescimento. É vitória. É superação. É progresso com Deus. Jamais deixe que a malícia ou a iniquidade soterrem e sepultem sua vida e dignidade. Jamais deixe sua vida sujar pela desonestidade, pela corrupção, pela injustiça, pois a Páscoa é a pureza divina que ressuscita toda vez que é enterrada. Páscoa é a vida sem mancha! Faça de sua vida uma constante saída, uma busca do bem, da verdadeira amizade e de Deus. Assim sua existência sobre a terra será a Páscoa de Cristo vivida.
Não há outro caminho à maturidade e à realização como seres humanos sem aprendermos a suportar os golpes da vida. O êxito é aprender a ir de fracasso em fracasso sem se desesperar, pois Deus está conosco; Deus é nossa Páscoa! “O homem é feito de tal maneira que, quando algo incendia sua alma, as impossibilidades desaparecem” (Jean de la Fontaine). “O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos” (Charles Chaplin).
A Páscoa, passagem da morte para a vida nunca acaba, mas continua em você. Quando você luta por um ideal na vida e desanima, você morre. Quando retornar a assumir este ideal, você ressuscita, retorna ao entusiasmo, ao ânimo, à páscoa. Sua vida é páscoa perene. Você era criança: passou à juventude. Você era jovem e passou à vida adulta. Depois passará à vida sem fim, eterna.
Jesus saiu das trevas para a luz. Trevas sou eu quando olho apenas para mim e para meus interesses pessoais, esquecendo-me dos outros e seus direitos, e do bem comum. Morte é o egoísmo. Vida é o amor aos outros. Trevas é a sociedade que permite tudo o que não é ético, o que não é humano. Trevas é o coração cheio de ódio, de egoísmo, de corrupção, de maldade, de vingança, de falta de perdão, e de falta de respeito pela vida alheia. Trevas são os nossos lares cheios de incompreensão, de traição, de brigas, de falta de Deus e de oração. Trevas são as igrejas que não se vive o que se canta e o que se reza.
P. Vitus Gustama,SVD
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