03/05/2017
SÃO
FILIPE E SÃO TIAGO, APÓSTOLOS
03 de Maio
Primeira
Leitura: 1Cor 15,1-8
1 Irmãos, quero lembrar-vos o evangelho
que vos preguei e que recebestes, e no qual estais firmes. 2 Por ele sois
salvos, se o estais guardando tal qual ele vos foi pregado por mim. De outro
modo, teríeis abraçado a fé em vão. 3 Com efeito, transmiti-vos, em primeiro
lugar, aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por
nossos pecados, segundo as Escrituras; 4 que foi sepultado; que, ao terceiro
dia, ressuscitou, segundo as Escrituras’; 5 e que apareceu a Cefas e, depois,
aos Doze. 6 Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma vez.
Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. 7 Depois, apareceu a Tiago
e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos. 8 Por último, apareceu também a
mim, como a um abortivo.
Evangelho:
Jo 14,6-14
Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6 “Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. 7 Se vós
me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o
vistes”. 8Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” 9 Jesus
respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me
viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Não acreditas que
eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo
por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. 11 Acreditai-me:
eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas
mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as
obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai,
13 e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja
glorificado no Filho. 14Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei”.
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Celebramos hoje a festa dos Apóstolo Felipe e Tiago. A
palavra “ápóstolo” deriva precisamente da palavra grega
"apostéllein", que significa enviar. O envio apostólico como mostra o
texto de Mt 28, 19s exige um serviço
pastoral ("fazei discípulos de todas as nações..."), litúrgico ("baptizai-as...")
e profético ("ensinando-lhes a
cumprir tudo quanto vos tenho mandado"), garantido pela proximidade do
Senhor até à consumação do tempo ("eis que Eu estarei convosco todos os
dias até ao fim do mundo"). A Igreja se constituiu sobre a base dos apóstolos como
comunidade de fé, de esperança e de caridade.
São Tiago, o
Menor
Há dois apóstolos que tem o mesmo nome: Tiago, o Maior e
Tiago, o Menor. São Tiago Maior cuja festa nós celebramos no dia 25 de julho. A
festa de São Tiago Menor celebramos no dia 3 de Maio juntamente ao apóstolo
Filipe.
São Tiago é sempre especificado como "filho de
Alfeu" (cf. Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 5; At 1, 13). Freqüentemente ele é
identificado com outro Tiago, chamado "o Menor" (cf. Mc 15, 40),
filho de uma Maria (cf. ibid.) que poderia ser a "Maria de Cleofas"
presente, segundo o Quarto Evangelho, aos pés da Cruz juntamente com a Mãe de
Jesus (cf. Jo 19, 25). Também ele era originário de Nazaré e provavelmente
parente de Jesus (cf. Mt 13, 55; Mc 6, 3), do qual à maneira semítica é
considerado "irmão" (cf. Mc 6, 3; Gl 1, 19).
Foi o líder da primeira comunidade de Jerusalém (At 12,17).
No Concílio de Jerusalém, o primeiro Concílio da Igreja, Tiago propôs que os
gentios não fossem sobrecarregados da Lei judaica para serem cristãos (At
15,13-23). A sua proposta foi aceita. O próprio São Paulo o denominou,
juntamente com Pedro (Cefas) e João, “colunas da Igreja (Gl 2,9). Judeus e
cristãos se inclinavam diante de Tiago pelo amor que tinha à lei e pela sua
grande austeridade. Conforme uma tradição (testemunhada por Hegesipo e
recolhida por Eusébio) os judeus e os cristãos em Jerusalém chamavam Tiago com
o apelativo de “o justo” porque levou uma vida sem mancha e austeridade. Tiago
foi o primeiro apostolo a dar a vida pelo Reino de Deus. Foi martirizado no ano
62 d.C..
A ele é atribuída a Carta de São Tiago dirigida às doze
Tribos de diáspora (fora de Palestina). Nesta Carta São Tiago exorta a todos a
terem a paciência nas provas e nas tentações pela qual conduz qualquer um à
perfeição, a terem o amor fraterno sem acepção de pessoas. Ele instrui todos
sobre a doutrina da fé e das obras: “A fé sem obras é morta”, diz São Tiago.
Ele exorta a todos para que evitem os pecados da língua; ensina a discernir a
verdadeira sabedoria da falsa sabedoria (da verdadeira humildade da falsa
humildade). Nesta Carta a Igreja encontrou o fundamento do Sacramento da Unção
dos Enfermos (na Quinta-Feira Santa o bispo abençoa o óleo para a unção dos
enfermos) onde São Tiago escreveu: “Se um de vocês está enfermo, chame o
presbítero da Igreja para ungi-lo em nome do Senhor; a oração da fé o
salvará...” (Tg 5,14-15). E São Tiago terminou sua Carta com estas palavras:
“Meus irmãos, se alguém dentre vós se desviar da verdade e outro o reconduzir,
saiba que aquele que reconduz o pecador desencaminhado salvará sua alma da
morte e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg 5,19).
São Filipe
Filipe era natural de Betsaida de Galiléia, a cidade de
André e Pedro, seus amigos (cf. Jo 1,44). Segundo o evangelho de São João Jesus
o chamou a ser seu discípulo com estas palavras: “Vem e segue-me”. Filipe
respondeu a esse convite com generosidade e admiração. Mas Filipe não ficou
contente em ser discípulo de Jesus. Ele levou Natanael para se encontrar com
Jesus. Ao se encontrar pessoalmente com Jesus, Natanael confessou sua fé em
Jesus: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1,49).
“Vem e segue-me” é o convite de Jesus a Filipe a fim de
conhecer melhor Sua pessoa. O Apóstolo Filipe nos convida também a conhecer
Jesus de perto. Sabemos pela experiência de que a amizade, o verdadeiro
conhecer o outro, necessita da proximidade. Para conhecer melhor uma pessoa é
preciso conviver com ela. É necessário
sabermos que, segundo o evangelista Marcos, Jesus escolheu os Doze com a
finalidade primária que "andassem com Ele" (Mc 3, 14), estivessem com
Ele, ou seja, que partilhassem a sua vida e aprendessem diretamente dele não só
o estilo do seu comportamento, mas, sobretudo quem é Ele realmente. Para ser
missionário é preciso ser discípulo do Senhor, isto é, é preciso estar com Ele.
O discipulado e o anúncio são uma coisa só. Os últimos documentos, em especial o
Documento de Aparecida do quinta conferência do CELAM usa inseparavelmente a expressão
“Discípulo-missionário”. Uma coisa (discípulo) tem a ver com outra (missionário).
Missão (anúncio) é alimentada e sustentada pelo discipulado e é a conseqüência do
discipulado. E não há discipulado sem missão. E não há a missão sem discipulado.
Mais tarde, na Carta de Paulo aos Efésios, lemos que o
importante é "aprender de Cristo" (Ef 4,20). Aprender de Cristo
significa não tanto ouvir somente os seus ensinamentos, as suas palavras e sim conhecê-lo
pessoalmente, a sua humanidade e divindade, o seu mistério, a sua beleza. De fato,
Ele não é só um Mestre e Salvador, mas também é um Amigo (cf. Jo 15,15), ou melhor,
um Irmão (cf. Mt 28,10). A intimidade, a familiaridade, o habitual fazem-nos
descobrir a verdadeira identidade de Jesus Cristo.
Filipe apareceu também na multiplicação dos pães onde ele se
mostrou pessimista em dar comida para uma grande multidão com pouco dinheiro
que tinha sem saber que ele estava com o Senhor dos milagres (Jo 6, 5-7).
Diante dos seus olhos Filipe presenciou a multiplicação dos pães. Ele vai se aprendendo do Senhor e vai se corrigindo ao
mesmo tempo a fim de ser um verdadeiro discípulo do Senhor.
Filipe apareceu também, em outra ocasião, como mediador
daqueles prosélitos (recéns-convertidos) que eles se encontravam em Jerusalém
com motivo da Páscoa e que queriam ver Jesus. Filipe e André se dirigiram ao
Senhor para contar o desejo dos gregos para ver o Senhor pessoalmente (Jo
12,20). Ele leva ao Senhor os pedidos dos outros (dos gregos). Ele não se
preocupa somente com a própria vida e salvação, mas também com a vida e a salvação
dos outros. Ele se torna irmão dos outros, especialmente dos necessitados. Filipe
nos ensina a deixar-nos conquistar por Jesus, a estar com ele e a convidar
também aos outros a compartilhar esta indispensável companhia.
A última intervenção de Filipe se encontra no evangelho
deste dia (Jo 14,6-14). Durante a Última Ceia, Jesus afirma que conhecer Jesus
significa também conhecer o Pai (cf. Jo 14, 7). Em Jesus se manifesta o Pai.
Mas com sua ingenuidade Filipe pede a Jesus: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta!" (Jo 14, 8). Com
um tom de indulgente reprovação Jesus responde a Filipe com estas palavras:
"Há tanto tempo que estou convosco, e não me ficaste a conhecer, Filipe?
Quem me vê, vê o Pai. Como é que me dizes, então, ‘mostra-nos o Pai’? Não crês
que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim?... Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai
está em Mim" (Jo 14, 9-11).
Estas palavras são as
mais nobres do Evangelho de João. Elas contêm uma profunda revelação. No final
do Prólogo do seu Evangelho, João afirma: "A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigênito, que é Deus e está no
seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer" (Jo 1, 18). Agora o
próprio Jesus retoma essa afirmação e a confirma e que Deus pode ser visto
nele.
“Quem viu, viu o Pai”, disse Jesus a Filipe. Isto significa
que conhecer Jesus, escutar suas palavras, viver seus mandamentos equivale a
conhecer plenamente Deus, a contemplar seu rosto amoroso reflexo na bondade de
Jesus Cristo, em sua misericórdia e amor para os pobres e simples.
Se formos generosos ao chamamento do Senhor que nos
sussurra: “Vem e segue-me”, seremos também, como Tiago e Filipe, instrumentos e
reflexos do Senhor neste mundo para levar mais pessoas ao encontro do Senhor.
Muitos continuam esperando palavras de esperança de cada um de nós. Esperar é
crer que algo novo e melhor é possível através de cada um de nós e torcer para
que aconteça. O Senhor não quer saber de nossas fraquezas nem de nossos
limites. O Senhor precisa de cada um de nós para que os outros possam se
aproximar de Deus em Jesus Cristo que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”.
P. Vitus Gustama,SVD
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