26/07/2017
SÃO
JOAQUIM E SANTA ANA
Pais de Nossa Senhora
26 de Julho
SER
JUSTO PERSEVERANTE
Primeira Leitura: Eclo 44,1.10-15
1 Vamos
fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 10
Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos.
11 Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são sua melhor
herança. 12 A descendência deles mantém-se fiel às alianças, 13 e, graças a
eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua
glória jamais se apagará. 14 Seus corpos serão sepultados na paz e seu nome
dura através das gerações. 15 Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a
assembleia vai celebrar o seu louvor.
Evangelho: Mt 13,16-17
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
16 “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejavam ver o que
vedes, e não viram, desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram”.
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A devoção à Santa Ana é mais popular e mais
antiga que a de São Joaquim. No dia 25 de Julho de 550 em Constantinopla (a atua
cidade turca de Istambul) se dedicou uma basílica à Santa Ana, desde então, as
Igrejas orientais celebraram sua festa nesta data. Séculos mais tarde a devoção
se difundiu no Ocidente, mas a celebração se colocou no dia seguinte, isto é,
no dia 26 de Julho. Em 1584 a festa foi fixada para toda a Igreja, tanto nos países
orientais como nos ocidentais.
O culto de São Joaquim se introduziu mais
tarde no século XIV, na época em que se popularizou o culto de São José e se
consolidou dois séculos mais tarde. A festa de São Joaquim era celebrada no dia
20 de Março. Mais tarde, em 1738 foi trasladada a 15 de Agosto (Assunção de
Nossa Senhora). Mas a reforma litúrgica do do Concílio Vaticano II, em 1969,
uniu a comemoração dos pais de Nossa Senhora numa data só: 26 de Julho.
É inútil procurar na Bíblia os pais de Nossa
Senhora. Os quatro evangelhos canônicos guardam absoluto silêncio sobre os pais
de Maria. Nem sequer seus nomes foram transmitidos. Mt e Lc escreveram sobre a
genealogia de Jesus, Maria é citada, mas seus pais não são citados.
Para saber sobre os pais de Maria temos que
recorrer aos evangelhos apócrifos, ingênuos relatos pela imaginação fervorosa
dos primeiros cristãos para completar com isso os silêncios dos evangelhos
canônicos. Dificilmente saber até que ponto esses relatos são verdadeiros. Por
isso são chamados de apócrifos, isto é, não é de uso publico.
Mas em cada história ou historinha sempre tem
alguma lição. Segundo o evangelho apócrifo de São Tiago, os dois, Joaquim e
Ana, eram da mesma tribo: Tribo de Judá. Quando tinha 20 anos, Joaquim casou-se
com Ana. Durante os 20 anos de matrimônio os dois não geraram nenhum
descendente. Não ter descendência, na época, era sinal da maldição de Deus e
por isso, era uma vergonha pública. Por outro lado, os dois eram pessoas
honradas, temerosas de Deus, generosas em suas ofertas para o Templo.
Joaquim e Ana eram justos e puros de toda
mancha de pecado. Levavam uma vida pidedosa diante de Deus e diante dos homens.
Tinham uma conduta inocente, isto é, livre de qualquer maldade. Imunes de
calúnia e cheios de piedade. Zelosos em oração, em jejum e abstinência, cheios
de caridade. Formavam uma família assídua ao Templo. No entanto, não tinham
filho até então que tanto desejavam. Mesmo assim continuavam apostar na
misericórdia de Deus.
Um dia, quando Joaquim estava para fazer sua
oferta no Templo, um escriba chamado Ruben parou os passos de Joaquim e lhe
disse: “Não és digno de apresentar tuas oferendas enquanto não tiver tua
descendência”. Aflito e humilhado, Joaquim se retirou ao deserto para
orar a fim de que Deus pudesse dar de presente um descendente. Ana, a esposa,
também começou a se vestir de saco e cilício para pedir a mesma graça. Ana
rezou assim: “Ó Deus de nossos pais! Escutai-me e bendizei-me à maneira
que bendissestes o seio de Sara, dando-lhe como filho Isaac”.
A humilde suplica de Ana obteve uma resposta
de Deus. Um anjo do Senhor anunciou-lhe que eles teriam descendente. Ao mesmo
tempo Joaquim, encontrado no deserto, recebeu a mesma mensagem e imediatamente
voltou para sua casa com grande alegria para estar com sua esposa, Ana.
“Felizes
sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo,
muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram, desejavam
ouvir o que ouvis, e não ouviram”, assim lemos no Evangelho.
O cumprimento das promessas da salvação é a
visão. A visão de Deus é o desejo dos profetas e dos justos no AT. Mas não
tiveram privilégios de ver Deus. Mesmo assim, eles creram e apostaram sua vida
pela Palavra da Aliança. O hoje dos discípulos tem a unicidade da
bem-aventurança privilegiada de ver e escutar a própria Vida por excelência, a
Salvação em ato, a Palavra encanada: Jesus, Deus-conosco, o Emanuel.
De certa forma, podemos dizer que Joaquim e
Ana têm privilégio de ver o fruto da salvação: o nascimento da filha deles,
Maria, que se esperava por tanto tempo. A graça de Deus pode tardar, mas nunca
falha, porque Deus é cheio de misericórdia.
Não importa se você está num lugar bem
deserto ou simplesmente em sua casa, se você fizer uma humilde súplica ao
Senhor por uma causa nobre, cedo ou tarde, o Senhor vai atender. Tenha
paciência porque “o relógio” de Deus é diferente de nosso relógio. Simplesmente
vamos nos abandonar nas mãos de Deus mesmo que tenhamos que enfrentar todo tipo
de humilhação e dificuldade. Se lutarmos por uma causa nobre, cedo ou tarde o
tempo vai nos revelar quem está com razão. No casal Joaquim e Santana,
encontramos um grande paradoxo: um casa justo, mas estéril. A esterilidade, de
acordo com o costume na época, é uma negação para a condição de ser justo. “Se
os dois fossem justos, teriam que ter filhos. Não tendo filhos é porque não são
justos”. Essa era a lógica da época. Mas, no fim da história, Deus sempre tem a
ultima palavra. Mesmo que tenha sido tarde, o justo casal, Joaquim e Ana, foi
premiado por Deus uma filha chamada Maria, Mãe de nosso Salvador, Jesus Cristo.
Segundo o evangelho apócrifo, depois que
entregou Maria para Deus no Templo, Ana se afastou silenciosamente e sumiu para
sempre. Sua missão terminou. Com esta marca heróica de desprendimento os
apócrifos encerraram o capitulo dedicado aos pais da Virgem Maria.
Ana é uma mulher paciente e humilde. Durante
20 anos ela sofreu sem queixa a tremenda humilhação da esterilidade. Mas suas
orações são tão suaves e humildes que fazem o Senhor inclinar para ouvi-las.
Sua longa provação não endureceu seu coração, pois ela acredita fielmente no
poder de Deus.
Ana é uma mulher generosa, pois ela pede para
ter descendente e o gozo de dar com alegria sua filha para o Senhor. E sua
filha Maria será capaz de entregar-se à vontade de Deus totalmente: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim
segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38). Ana é uma mulher abnegada, disposta a
desprender-se de sua filha para dá-la aos outros.
Pedimos aos pais de Nossa Senhora que todos
nós tenhamos o espírito de perseverança no bem que devemos fazer, na oração que
devemos fazer, na pratica de caridade, em ser justo em tudo apesar dos
obstáculos encontrados no caminho. Mas a graça de Deus nos potencia para
ultrapassar os obstáculos a exemplo do justo casal, Joaquim e Ana.
Neste dia também celebramos o dia dos avós. É o dia de agradecimentos por os nossos avós nos
deram nossos pais. É o dia de ação de graças pela vida, pelos cuidados, pelos
desvelos, pelos sofrimentos, pelos sacrifícios, pelos esbanjamentos de amor e
carinho de nossos avós para nossos pais e para nós. Pela indiscritivel ajuda em
nossa educação e na formação de nossa personalidade.
Celebrar a festa dos avós é como um dever de
agradecimento, um ato de amor, uma devolução de ternura, e sobretudo, uma ação
de graças respeitosa e alegre para fazer todos eles arrancarem seu melhor
sorrisonesta celebração íntima e familiar onde eles voltam a ser protagonistas
neste dia dos avós.
A sensibilidade da sociedade atual nos pede
que se estabeleça um reconhecimento público, universal e particular de cada
neto por seus avós, os pais de nossos pais. Elogiar a figura dos avós é
tributar um carinho particular pela pessoa impostante de nossas recordações de
infância, personagens simpáticos.
Os pais anciãos, elevados para a categoria de
avós, merecem a expressão mais fina, gentil e carinhosa dos nestos. Esta fineza
embeleza a vida humana, enriquece o mundo e constitui um prestígio para os
corações agradecidos. Os netos e os avós unidos neste amor recíproco são autênticos
mensageiros da paz.
“O idoso não há-de ser considerado apenas
objeto de atenção, solidariedade e serviço. Também ele tem um valioso
contributo a prestar ao Evangelho da vida. Graças ao rico património de
experiência adquirido ao longo dos anos, o idoso pode e deve ser transmissor de
sabedoria, testemunha de esperança e de caridade” (João Paulo II em a Carta
Enciclica: Evangelium Vitae n. 94).
O Papa Francisco faz questão de chamar nossa
atenção sobre a existência dos anciãos/idosos e de sua importância na nossa
vida: “Os anciãos são
homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio
caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária
por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. O idoso
não é um alieno. O idoso somos nós: daqui a pouco, daqui a muito tempo, contudo
inevitavelmente, embora não pensemos nisto. E se não aprendermos a tratar bem
os anciãos, também nós seremos tratados assim. Nós, idosos, somos todos um
pouco frágeis. No entanto, alguns são particularmente débeis, muitos vivem
sozinhos, marcados por uma enfermidade. Outros dependem de curas indispensáveis
e da atenção dos outros. Daremos por isso um passo atrás, abandonando-os ao seu
destino? Uma sociedade sem proximidade, onde a gratuitidade e o afago sem
retribuição — inclusive entre estranhos — começam a desaparecer, é uma
sociedade perversa. Fiel à Palavra de Deus, a Igreja não pode tolerar estas
degenerações. Uma comunidade cristã em que a proximidade e a gratuitidade
deixassem de ser consideradas indispensáveis perderia juntamente com elas
também a sua alma. Onde não há honra pelos idosos não há porvir para os jovens”
(Audiência Geral, Quarta-feira, 4 de Março de 2015).
P. Vitus Gustama,svd
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