sexta-feira, 14 de julho de 2017

Domingo,16/07/2017

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SER CRISTÃO É SER SEMADOR DO BEM


XV Domingo Comum “A”


Evangelho: Mt 13,1-23
1 Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2 Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso, Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. 3 E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. 4 Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. 5 Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6 Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. 7 Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8 Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. 9 Quem tem ouvidos, ouça!” 10 Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: “Por que falas ao povo em parábolas?” 11 Jesus respondeu: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. 12 Pois à pessoa que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem será tirado até o pouco que tem. 13 É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam nem compreendem. 14 Desse modo se cumpre neles a profecia de Isaías: ‘Havereis de ouvir, sem nada entender. Havereis de olhar, sem nada ver. 15 Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure’. 16 Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram. 18 Ouvi, portanto, a parábola do semeador: 19 Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; 21 mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento; quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo. 22 A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto. 23 A semente que caiu em terra boa é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”.
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 A Palavra De Deus É Nossa Força


Primeira Leitura: Is 55,10-11


Isto diz o Senhor: 10 “Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, 11 assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”.


A palavra é um dom. Ela é o principal meio de comunicação. A palavra é uma negação do isolamento. Ela é o meio para nos aproximarmos uns dos outros. De certa forma, podemos dizer que a palavra é a expressão de nós mesmos.


Deus se manifestou e expressou seu amor através da Palavra: “No princípio era a Palavra. A Palavra estava com Deus. A Palavra era Deus” (Jo 1,1-2). A Palavra de Deus é como nossa, mas é muito mais: viva, dotada de poder, fecunda: “A palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”, disse o Senhor (Is 55,11). A Palavra de Deus é vida, pois por ela tudo foi criado: “Tudo foi feito por meio dela e sem ela nada foi feito” (Jo 1,3). Por ela recebemos a salvação (nova criação) e por ela, presente nos sacramentos da Igreja, somos salvos constantemente.


A Palavra de Deus tem força: possui uma potência total para transformar os corações. Porém, mesmo tendo muita potência, a Palavra de Deus nunca se impõe e sim se propõe. Quem aceitar a viver segundo a Palavra de Deus produzirá muitos bons frutos. A Palavra de Deus cresce e frutifica no coração aberto. Viver a Palavra de Deus é viver com o próprio Deus. E viver com o próprio Deus é viver na luz: tudo será iluminado na nossa vida.


A liturgia é uma verdadeira fonte da Palavra. É a grande oportunidade para penetrar no mistério de Deus para nos transformar em homens novos segundo Jesus Cristo. A Igreja vive tanto do Pão da Palavra como do Pão da vida (Eucaristia). Por isso, as duas mesas (Mesa da Palavra e a da Eucaristia) recebem a mesma reverência.


A palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”, disse o Senhor.


Há palavras que transformaram uma vida inteira com sua mensagem. Um bom livro é capaz de abrir horizontes e possibilitar novos caminhos. Uma boa palestra pode reestruturam uma vida. Para os antigos, o discípulos era como um recipiente que recolhia e retinha avidamente todas as palavras do mestre sem que deixasse escapar nenhuma. Isto significa que as palavras do mestre estavam cheias de sentido. As palavras de muito conteúdo são frutos do silêncio, da meditação e as observação atenta da vida de cada dia.


Se a palavra tem uma potência para transformar a vida das pessoas, então precisamos recuperar o valor da palavra, pois a palavra é como a semente, ao ser espalhada, resulta em uma plantinha. A palavra é como a chuva que cai na terra e a fecunda.


Cuidar Da Natureza É Cuidar Do Futuro; Salvar a Natureza É Salvar o Próprio Homem


Segunda Leitura: Rm 8,18-23


Irmãos: 18 Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.  19 De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. 20 Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; 21 também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. 22 Com efeito, sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. 23 E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo.
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Sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo”.


Realmente no mundo há todo tipo de dor. E a própria natureza se submete a uma situação absurda. Pensemos nas guerras que destroem bosques, plantações, e as pessoas que na sua maioria é inocente. Pensemos também na contaminação por causa dos resíduos químicos jogados na natureza que destroem e matam as plantas e os seres vivos nela e nos seus rios.


Este sofrimento e a morte são gemidos e dores de todos. Cada cristão e cada pessoa de boa vontade deve voltar a ter consciência de que ele é a terra, o pó. O ser humano faz parte integral da terra: Ele veio dela, vive e sobrevive por causa dela. Como seria vida sem o oxigênio quando sobrassem nenhuma árvore na natureza? Como seria a vida sem a água, quando os rios ficassem secos? Todos vão perceber que o dinheiro, o ouro, a prata etc. não podem ser comidos.


Na sua Carta Encíclica, Laudato Si, o Papa Francisco nos alerta: “Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas húmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar.... tudo isso é pecado. Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus” (n.8).


Temos que estar conscientes de que a destruição ou o abuso desconsiderado da natureza é um problema moral. Não somos os donos e sim os cultivadores deste mundo. Não somente não devemos destruir a natureza nem contaminá-la e sim deixa-la mais limpa e habitável. O pecado contra nossa paz é matar os seres vivos pelo gosto de matar; todo tipo de guerra; provocar ou permitir desastres ecológicos; pôr em perigo as condições de vida humana para o futuro; não manter uma relação harmoniosa entre o homem e a natureza; não esforçar-se para salvaguardar a casa comum (nosso planeta) e assim por diante. O homem está tão intimamente unido à criação que não pode ter para ele a salvação que não seja também a salvação da natureza ou da criação.


Mas não podemos perder a esperança, pois a nossa esperança não é algo e sim Alguém: Jesus Cristo Ressuscitado, o Rei do Universo: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.  De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus”, escreveu São Paulo aos romanos. Pois bem, o olhar do cristão é esperançoso por causa de Cristo que venceu a morte. A ressurreição do Senhor e o dom do Espirito apontam para a aurora de um mundo novo.


O cristão deve ser um homem convertido e transfigurado para se tornar filho de Deus cuja missão é salvar a criação para que ele também seja salvo. O homem convertido e transfigurado em Cristo alcançará sua liberdade, sua dignidade e sua primeira beleza. Por meio dele tudo se converterá em algo divino. A presença do homem transfigurado em Cristo transfigura a natureza ao seu redor.


O Cristão É Chamado a Semear o Bem Na Passagem Neste Mundo


Evangelho: Mt 13,1-23


Mt 13 é o terceiro dos cinco discursos de Jesus no Evangelho de Mateus (vamos ler este capitulo também nos próximos domingos).  Mt 13 é o discurso sobre o mistério ou a natureza do Reino dos Céus em parábolas.


As parábolas têm uma função didática. Elas são comparações que ensinam ou transmitem uma verdade sobre o Reino de Deus. As parábolas contêm “os segredos do Reino de Deus”. Para captar seu sentido, é preciso estar em sintonia com Jesus, pois o Reino se faz presente nele (Mt 13,10).


1. A parábola do semeador é uma mensagem de esperança          


Esta parábola é uma resposta de Jesus ao pessimismo dos fariseus a respeito do insucesso de sua missão até então (a sua pregação encontra a resistência e a oposição da parte dos fariseus). Nesse contexto evidentemente havia crise da credibilidade que envolvia a pessoa de Jesus e sua pregação messiânica. Duvidava-se de que Jesus fosse o Messias e que se pudesse confiar no Reino pregado por ele. Jesus quer recuperar a confiança das pessoas, especialmente dos discípulos através da parábola do Semeador.


A parábola do Semeador, por isso, é uma parábola de confiança. Jesus acredita firmemente que sua força salvífica terá fruto no futuro apesar dos obstáculos e dificuldades como a fraqueza, a aparente derrota e o insucesso. Esta parábola é um apelo a confiar no Reino de Deus manifestado na palavra e ação de Jesus. A confiante ação do semeador (Jesus) que espalha com mãos cheias a semente interpela o ouvinte a sair dos seus medos para abrir-se à novidade de Jesus. Com a força salvífica de Jesus os obstáculos e dificuldades serão superados, pois a Palavra de Deus será a última palavra para a vida e a salvação do homem.


As palavras humanas (nossas palavras) são apenas palavras e que muitas vezes estão longe de nossos atos ou de nossa vida (separação entre o que se fala e se faz). Não é assim com Deus. O termo “dabar” em hebraico significa simultaneamente palavra e ato (veja Gn 24,66; Jz 6,29;Am 3,7). E através do relato da criação em Gênesis sabemos como é poderosa a Palavra de Deus. Para ela, não há obstáculo que não possa ser atravessado. O que Deus diz, acontece instantaneamente (Gn 1,6.9.11.14). Nada pode resistir a Palavra poderosa de Deus (Is 55,10s). A Palavra de Deus, o poder de Deus superará frustrações na nossa vida.


Jesus está querendo dizer aos discípulos: ânimo! Não tenham medo! Apesar do fracasso aparente e de sua presença oculta, o resultado final será maravilhoso e incalculável, pois a Palavra de Deus supera a palavra humana.


Em outras palavras, a parábola do Semeador é uma mensagem de otimismo e de esperança, como o cristianismo é uma religião de otimismo. As palavras humanas são apenas palavras e que muitas vezes estão longe de nossos atos (separação entre o que se fala e se faz). Não é assim com a Palavra de Deus. O termo “dabar” em hebraico significa simultaneamente palavra e ato (veja Gn 24,66; Jz 6,29;Am 3,7). Através do relato da criação em Gênesis sabemos como é poderosa a Palavra de Deus. Para ela, não há obstáculo que não possa ser atravessado. O que Deus diz, acontece instantaneamente (Gn 1,6.9.11.14). Nada pode resistir a Palavra poderosa de Deus (Is 55,10s). A Palavra de Deus, o poder de Deus superará frustrações na nossa vida quando depositamos nossa confiança nela em qualquer situação de nossa vida.


2. É Preciso Que Sejamos Bom Terreno Para Produzirmos Bons Frutos


Na parábola, as sementes caídas em terra boa produzem frutos de forma diferenciada: 100 por 1; 60 por 1; 30 por 1. O que isso quer nos dizer? Isso quer nos dizer que não há um padrão numérico para medir frutos de um trabalho evangelizador. Por isso, não cabe a nós ficar frustrados quando esperávamos 100, mas produzimos apenas 10. O importante é que saibamos dar o melhor de nós. Que produzamos frutos bons. Não tem muita importância se produzimos muito ou pouco. Não sejamos terrenos estéreis.


Nesta parábola a acentuação não está na semente, mas no solo. Embora a semente, a Palavra de Deus, é eficaz em si (a iniciativa de Deus que oferece ao homem), mas para produzir fruto depende também do tipo de solo, ou da capacidade de aceitar e colaborar com essa semente. A eficácia da palavra é condicionada pelo tipo de acolhimento que os ouvintes lhe reservam. Somente no coração dócil e perseverante é que a Palavra de Deus pode produzir muitos frutos bons.


A parábola fala de algumas sementes que caíram à beira do caminho comidas pelos pássaros. Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra que morrem em seguida. Outras sementes ainda caíram no meio dos espinhos que impossibilita seu crescimento e sua sobrevivência.


As sementes comidas pelos pássaros nos lembram das pessoas que pensam que viver de acordo com a Palavra de Deus, que viver ajudar a Igreja do Senhor é somente para os fracos, vencidos e velhos. Elas tiram do seu caminho aquilo que, na verdade, pode edificar sua vida. Elas preferem o consumismo desenfreado. Elas preferem o caminho da autossuficiência e o resto elas tiram de seu caminho sem nenhuma verificação sobre seu valor para sua vida. Mas esta autossuficiência termina sua força no leito da morte. Feliz seja aquele que vive de acordo com a Palavra de Deus, pois até na dor ele sente a presença de Deus que o ama incondicionalmente. 


As sementes caídas no terreno pedregoso e por isso, sem raiz profunda que as faz morrerem nos lembram das pessoas que no início do caminho cristão estão cheias de entusiasmo, mas com um coração inconstante. Como resultado, eles ficam desanimados diante de qualquer contrariedade, dificuldade ou perseguição. São pessoas que não nutrem seu coração com a Palavra de Deus, e por isso, perdem coragem para encarar as dificuldades. Uma fé verdadeira vive em todos os tipos de situação e no fim ela vence tudo (cf. 1Jo 5,4; Hb 11,1).   


As sementes caídas e crescidas entre os espinhos e que morrem por sufoco nos faz lembrar naquelas pessoas que ferem (como espinho) os que convivem com elas por causa do materialismo desenfreado, do comodismo. Quantas pessoas, que se dizem “religiosas”, fazem do dinheiro, do poder, da fama, do êxito profissional ou social o verdadeiro “Deus” que sacrifica os outros em nome do “deus dinheiro”. Os valores do Reino, como a solidariedade, a caridade, a compaixão, a justiça, a honestidade, a igualdade, a partilha etc. não valem para elas. Mas não se pode esquecer de que os bens materiais continuam sendo alheios a nós mesmo sendo necessários. O ser humano para se tornar mais humano precisa de outro ser humano. Sufocar o outro, como espinhos sufocam outras plantas, significa sufocar a própria vida. Ninguém é uma ilha.


Por isso, com sinceridade, vamos nos perguntar: que tipo de terreno somos nós? Terreno pedregoso, cheio de espinhos ou terreno bom? Qual fruto que temos produzido até agora? Sabemos muito bem que a eficácia da Palavra é condicionada pelo tipo de acolhimento que os ouvintes lhe reservam. A audição superficial que é acompanhada pela inconstância nas dificuldades e pelo fato de ceder às tentações, a palavra permanece estéril e pode ser morta.


P. Vitus Gustama,svd

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