terça-feira, 5 de maio de 2020

08/05/2020
Momento Catequético: Sexta-feira da 4ª Semana da Páscoa – Diocese ...Bom dia! "Não se perturbe o vosso... - Basílica Santuário do ...
A FÉ PROFUNDA TORNA NOSSO CORAÇÃO SERENO
Sexta-Feira da IV Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 13,26-33
Naqueles dias, tendo chegado a Antioquia da Pisídia, Paulo disse na sinagoga: 26 “Irmãos, descendentes de Abraão, e todos vós que temeis a Deus, a nós foi enviada esta mensagem de salvação. 27 Os habitantes de Jerusalém e seus chefes não reconheceram a Jesus e, ao condená-lo, cumpriram as profecias que se leem todos os sábados. 28 Embora não encontrassem nenhum motivo para a sua condenação, pediram a Pilatos que fosse morto. 29 Depois de realizarem tudo o que a Escritura diz a respeito de Jesus, eles o tiraram da cruz e o puseram num túmulo. 30 Mas Deus o ressuscitou dos mortos 31 e, durante muitos dias, ele foi visto por aqueles que o acompanharam desde a Galileia até Jerusalém. Agora eles são testemunhas de Jesus diante do povo. 32 Por isso, nós vos anunciamos este Evangelho: a promessa que Deus fez aos antepassados, 33 ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus, como está escrito no salmo segundo: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei”.


Evangelho: Jo 14,1-6
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1 “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé em mim também. 2Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, 3e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 4E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. 5Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
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Deus É Soberano No Cumprimento De Seu Plano Para Salvar a Humanidade


Nós vos anunciamos este Evangelho: a promessa que Deus fez aos antepassados, ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus, como está escrito no salmo segundo: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei”.


O texto da Primeira Leitura é a continuação do discurso/pregação de Paulo em Antioquia de Pisídia numa Sinagoga num dia de Sábado.


Neste discurso Paulo coloca a culpabilidade sobre os habitantes de Jerusalém e os seus chefes sobre a morte cruel de Jesus na cruz. Eles quiseram a morte de Jesus mesmo sendo inocente, e usaram Pilatos como instrumento para realizar sua maldade de eliminar (matar) Jesus da vida. A covardia de Pilatos em libertar o inocente Jesus cede à pressão da população e dos chefes para acabar com a vida de Jesus.  Mas por incrível que pareça, em vez de impedir o plano de Deus em constituir Jesus como o verdadeiro Messias, eles contribuíram para realizar o plano de Deus. Se eles mataram o Messias Jesus, o Inocente, Deus restituiu a vida a Jesus. Jesus foi ressuscitado.


No seu discurso, Paulo não somente enfatiza a ressurreição de Jesus, mas ele também fala das aparições de Jesus para os apóstolos. Essas aparições são base do testemunho dos Apóstolos. Os apóstolos são as testemunhas tanto de tudo que Jesus fez e disse na Galileia durante sua vida pública como da sua ressurreição pelas aparições. Tudo isso motiva os Apóstolos a dar testemunho para o resto do mundo sem medo da prisão e da morte como consequência.


A coragem dos Apóstolos em testemunhar Jesus Ressuscitado que garante o futuro da humanidade, e do cristianismo, isto é, que os homens fieis à Palavra de Deus não estão caminhando para o nada e sim para o futuro de Deus que já começou no presente na vivencia da Palavra de Deus, nos faz pensarmos na responsabilidade de cada cristão, seja praticante, seja menos praticante. Em geral, os cristãos se reúnem na assembleia para se alimentar da Palavra de Deus e do Corpo e Sangue do Senhor na Eucaristia para que possam começar a viver uma vida ressuscitada. Mas será que a vida dos cristãos traz alguma coisa boa para o bem do mundo ao seu redor a exemplo de Jesus que passou a vida fazendo o bem? Os que leem e decoram, ouvem e meditam a Palavra de Deus contribuíram alguma coisa para melhorar o mundo ao seu redor onde moram e trabalham? Será que usamos os outros como instrumentos para eliminar alguém de uma função, de uma missão, de um trabalho porque ele está nos impedindo de ceder o lugar que queremos ocupar?


Através da Primeira Leitura de hoje Deus quer nos deixar um recado muito forte: um inocente, um justo, um honesto pode ser eliminado pela mão humana em nome dos interesse egoístas, em nome do poder, em nome do dinheiro, mas com os braços abertos Deus o acolhe e o glorifica (ressuscitar). Um maldoso, um injusto, um desonesto, um corrupto da vida alheia, se não se converter, acabará não vendo Deus (fica fora da salvação), pois Deus é o Bem Superior, por excelência. São Paulo nos relembra que um dia “teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo” (2Cor 5,10). Não é por acaso que no texto do Evangelho de hoje Jesus se apresenta para todos nós como o único Caminho que leva à verdadeira vida. Diante de um mundo desconcertado e perdido, diante das religiões que se brigam entre si em nome do próprio interesse e não em nome do bem comum, diante de um mundo que está em busca de ideologias e messias e felicidades, Jesus é a resposta de Deus, pois Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).


A Fé Em Jesus Nos Traz Uma Paz Profunda Que Vem Do Alto


Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”.


Os capítulos 13 a 17 do evangelho de João constituem um “Discurso de despedida” de Jesus. Como os patriarcas do AT e outros grandes personagens ao saber de sua morte iminente se despedem de sua família fazendo recomendações importantes para eles (cf. Gn 49,1-28; 50,24-25; Dt 33; 1Rs 2,-9 etc.), assim também Jesus faz a mesma coisa para seus discípulos. Nestes capítulos encontramos vários ensinamentos de Jesus para quem quiser segui-lo.


Na última Ceia os discípulos estavam tristes e desorientados ao saber da despedida do seu Mestre que iria morrer. Por isso, antes de passar deste mundo ao Pai Jesus diz no texto do evangelho deste dia: “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Segundo a concepção do AT, a fé é um apoiar-se do homem no fundamento vital divino que lhe confere vida e existência; um entregar-se sem reservas, e confiado na promessa, bondade e lealdade de Deus. Justamente neste sentido não é possível crer em tudo. Ou o homem crê em Deus ou crê em nada que terminará no nada. Evidentemente não é possível crer em nada do mundo, e sim somente em Deus, pois só Deus, o Criador do universo, é capaz de responder aos anseios profundos do homem.


Qual é a maior mensagem de consolo ou de esperança que Jesus oferece aos discípulos e a todos nós através do evangelho de hoje? É o convite para viver a fé: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus e tende fé em mim também” (v.1). “Ter fé em Deus” e “ter fé em Jesus” não se trata de dois tipos de fé. Mas trata-se de uma só e única fé. No capítulo anterior Jesus já disse: “Quem crê em mim, não é em mim que crê, mas em quem me enviou...” (Jo 12,44). E na primeira carta de São João temos esta ideia expressa negativamente: “Todo aquele que nega o Filho também não possui o Pai. O que confessa o Filho também possui o Pai” (1Jo 2,23).


Em segundo lugar, a exortação que Jesus dirige aos discípulos para que tenham fé nele é algo mais que uma petição de um voto de confiança. A fé é a força que supera tudo, pois a fé é um dom que vem do Alto. A fé é capaz de vencer o mundo: “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4). “Mundo” aqui significa tudo que se opõe ao plano ou à vontade de Deus. A verdadeira fé em Deus é capaz de vencer as influências nefastas do mundo, pois quem se mantém na profissão da verdadeira fé vive no mundo de Deus, e Deus está por cima do mundo. Por isso, mais tarde Jesus dirá aos discípulos: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33). Para que possamos vencer o mundo como Jesus o venceu, temos que nos unir a Jesus, ou temos que ter fé nele. O mundo pode seduzir qualquer cristão, mas não tem poder de decidir sobre a vida do cristão. Quem pode decidir é o próprio cristão para aceitar ou recusar tal sedução. “Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças. Mas, com a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força para suportar” (1Cor 10,13b). Basta permanecer unido a Jesus Cristo.


Em terceiro lugar, ao dizer “não se perturbe o vosso coração, mas tendes fé em Deus e em mim também”, Jesus quer nos mostrar outra função ou outro efeito da fé é o coração sereno, coração cheio de paz. Quanto mais profunda for nossa fé em Deus, mais sereno se tornará nosso coração. Enquanto nosso coração não estiver em paz, nossa mente se tornará perturbadora para nosso cotidiano.


Hoje como em qualquer momento Jesus diz a cada um de nós: “Não perca sua calma. Acredite em Deus. Acredite em mim. Eu estou perto de você, dentro de você, em teu coração. Feche seus olhos, entre dentro de tua alma, tome minha mão, eu estou com você”. Jesus é o nosso bom companheiro que nos acompanha mesmo que estejamos rodeados pelas dificuldades. “Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Precisamos ouvir estas palavras permanentemente. Ao dizer isso Jesus quer nos dizer que nosso Deus não é indiferente nem frio, e sim um Deus sensível aos nossos anseios e aos nossos sofrimentos. Mas Jesus pede um ato de fé em sua pessoa, uma fé sem reserva. A paz profunda que supera toda perturbação vem da fé.


Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus e tende fé em mim também”. A verdadeira fé em Deus sempre resulta em ter um coração sereno e pacífico, porque a fé é participação na vida divina, adesão a Deus como único Senhor, o apoiar-se total e exclusivamente em Deus. A fé consiste em nos alicerçamos unicamente em Deus, no seu poder infinito e no seu infinito amor. O poder de Deus e seu amor não estão sujeitos a qualquer manipulação humana. Não há outro caminho para alcançar a paz e a serenidade do coração senão o caminho do pleno abandono à vontade de Deus, isto é, ao seu amor infinito. A palavra “abandono” significa a renúncia aos planos e idéias próprios. Santa Teresa do Menino Jesus dizia: “Tem que ser como uma criança e não se preocupar com nada” (Conselhos e Lembranças). Nesta curta frase está contido todo um programa. Abandonar-se significa não se preocupar com nada, porque Deus nos ama e de tudo se ocupa. Somente quando isso acontecer, o nosso coração poderá começar a se impregnado da verdadeira paz. Não podemos nos desfazer dos perigos que geram o medo, mas é muito importante eliminar esse medo através de um ato consciente de abandono ao Senhor.


Quando São Paulo suplicou a Jesus que afastasse da sua vida uma grande dificuldade, algo que contrariava os seus planos, o Senhor respondeu-lhe: “Basta-te a Minha graça porque é na fraqueza que a Minha força se revela totalmente” (cf. 2Cor 12,9). E Santa Teresa escreveu: “A confiança e a fé se aperfeiçoam na angústia”. E Para a Santa Margarida Maria Alacoque, a grande apóstola do coração de Jesus, o Senhor disse com grande ardor: “Deixa-Me agir”. Uma abertura de nosso coração permite ao Senhor viver em nós em toda a Sua plenitude. Quando assim for, poderá Ele fazer de nós a Sua obra-prima. O abandono a Deus é a suprema forma de confiança e de apoio no Senhor.


A ausência desta fé suscita a angústia e o pavor. Quando confiarmos apenas nas nossas forças, quando contarmos apenas com as nossas capacidades, com aquilo que possuímos ou somente com as relações que mantemos com as pessoas com as quais estamos ligados, mais cedo ou mais tarde ficaremos desiludidos. A confiança total em Deus nascida da nossa fé na Sua Palavra é a única resposta adequada ao Seu insondável amor por nós.


Para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. O caminho para o Pai é a prática do amor fraterno. Jesus é o Filho, mas os que o seguem serão também filhos, irmãos de Jesus. Para isso, os que seguem a Jesus precisam praticar o amor fraterno para fazer parte da família de Deus.


Todo homem, em sua vida, segue um caminho ou outro. Todo homem busca, em sua vida, encontrar a verdade. Todo homem deseja, que sua vida não termine para sempre. Para estes três anseios profundos do homem é que o próprio Jesus é uma resposta precisa, pois Ele próprio é o Caminho, a Verdade e a Vida. Nele e em viver a vida como Ele a viveu está a resposta para as interrogações e buscas do homem. O Caminho a seguir, a Verdade a defender, a Vida que não se perde estão ao alcance de nossa vida. Aceitar Jesus ou recusá-Lo é coisa nossa com suas consequências para nossa vida e salvação.
P. Vitus Gustama,svd

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