terça-feira, 30 de maio de 2023

02/06/2023-Sextaf Da VIII Semana Comum

FÉ EM DEUS NOS FAZ CONVIVERMOS NO AMOR FRATERNO

Sexta-Feira Da VIII Semana Do Tempo Comum

Primeira Leitura: Eclo 44,1.9-13

1 Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 9 Outros não deixaram lembrança alguma, desaparecendo como se não tivessem existido. Viveram como se não tivessem vivido, e seus filhos também, depois deles. 10 Mas estes, ao contrário, são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. 11 Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são a sua melhor herança. 12 A descendência deles mantém-se fiel às alianças, 13 e, graças a eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua glória jamais se apagará.

Evangelho: Mc 11,11-26

Tendo sido aclamado pela multidão, 11Jesus entrou, no Templo, em Jerusalém, e observou tudo. Mas, como já era tarde, saiu para Betânia com os doze. 12No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus teve fome. 13De longe, ele viu uma figueira coberta de folhas e foi até lá ver se encontrava algum fruto. Quando chegou perto, encontrou somente folhas, pois não era tempo de figos. 14Então Jesus disse à figueira: “Que ninguém mais coma de teus frutos”. E os discípulos escutaram o que ele disse. 15Chegaram a Jerusalém. Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. 16Ele não deixava ninguém carregar nada através do Templo. 17E ensinava o povo, dizendo: “Não está escrito: ‘Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? No entanto, vós fizestes dela uma toca de ladrões”. 18Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei ouviram isso e começaram a procurar uma maneira de o matar. Mas tinham medo de Jesus, porque a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19Ao entardecer, Jesus e os discípulos saíram da cidade. 20Na manhã seguinte, quando passavam, Jesus e os discípulos viram que a figueira tinha secado até a raiz. 21Pedro lembrou-se e disse a Jesus: “Olha, Mestre: a figueira que amaldiçoaste secou”. 22Jesus lhes disse: “Tende fé em Deus. 23Em verdade vos digo, se alguém disser a esta montanha: ‘Levanta-te e atira-te no mar’, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá. 24Por isso vos digo, tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes, e assim será. 25Quando estiverdes rezando, perdoai tudo o que tiverdes contra alguém, 26para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”.

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Os Antepassados Se Perpetuam Nos Seus Descendentes

Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são a sua melhor herança” (Eclo 44,1.11). 

Eclesiástico dedica vários capítulos (44 a 50) a entoar o louvor dos antepassados ilustres do povo de Israel: uma galeria de personagens importantes na história do povo de Israel: patriarcas, libertadores, sacerdotes, reis, profetas, heróis da fé e assim por diante. É como um álbum de fotos familiar, em que se recordam com seu correspondente elogio, muitos homens que deixaram marcas boas ou pegadas na história do povo. O autor sublinha, sobretudo, os homens de bem, porque sua bondade e generosidade perduram em sua descendência, sua herança passa de filhos a netos. Essa perspectiva pode ser melhor compreendida se lembrarmos que no AT não era clara a ideia de vida após a morte: por isso aqui se fala de sobrevivência na memória e na vida dos descendentes. 

Este pensamento nos mostra que está claro que há no ser humano o amor à vida e, por isso mesmo, uma recusa espontânea e fortíssima à morte. Neste sentido todos nós queremos a imortalidade. No entanto, não está claro o que significa essa imortalidade. A ideia de uma vida simplesmente prolongada, anos e anos, não ressoa muito atrativa. Morrer não atrai, mas envelhecer tampouco é o mais emocionante para a maior parte da sociedade. E sonhamos com uma idade prolongada cheia de forças físicas e capacidades mentais, todavia não está claro que estaremos livres do tédio. Como diz um ditado: “Todo mundo quer uma vida longa, mas ninguém quer ficar velho”. Mas quem vive mais tempo se envelhece. 

Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são a sua melhor herança” (Eclo 44,1.11). Bin Sirac (Ben Sirac) recorda que houve pessoas honradas que deixaram influências em seus descendentes e que se tornaram credores do louvor de seus compatriotas e dos estrangeiros (povos: Eclo 44,15). No fim da vida de uma pessoa, no momento de encomendação do corpo, geralmente se fala muito das virtudes de que terminou sua vida neste mundo. Nada se fala de coisas ou de bens e sim somente da bondade da pessoa que se foi. 

O culto aos ancestrais ou aos antepassados é uma constante em todas as civilizações. Como a contemplação da "natureza" da qual dependemos, a aceitação dos nossos antepassados ​​é uma fonte profunda de humildade: somos HOJE quem somos porque os outros, antes de nós, viveram, lutaram, refletiram, rezaram ... Eu não sou mais do que um elo nessa cadeia. E como homem de fé, esta cadeia terminará em Deus, Criador de tudo e de todos como falava a Primeira Leitura do dia anterior. 

Estamos aqui neste mundo com um objetivo único, com um objetivo nobre que nos permitirá manifestar nosso mais alto potencial enquanto, ao mesmo tempo, acrescentamos valor às vidas das pessoas que estão a nossa volta. Descobrir a própria missão significa trazer mais de você mesmo para o trabalho, para a convivência e concentrar-se nas coisas que você sabe fazer melhor e dar sempre o melhor de você para os outros sem esperar nada em troca, como elogios e reconhecimento. Não se arrependa de ter dado o melhor de si para a humanidade ao seu redor, pois o sentido da vida está na bondade vivida e praticada. A bondade é o único investimento que nunca falha, pois Deus é o Bem Supremo. 

O autor do Eclesiástico nos apresenta uma galeria de “Retratos de homens ilistres”: Henoc, Noé, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Aarão, Finéias, Josué, Caleb, Samuel, Natán, Davi, Salomão, Elías, Eliseu, Ezequias, Isaías, Josias, Jeremias, Ezequiel, Zorobabel, e assim por diante. 

Mas o autor do livro também não se esquece dos antepassados humildes: “Outros não deixaram lembrança alguma, desaparecendo como se não tivessem existido. Viveram como se não tivessem vivido, e seus filhos também, depois deles. Mas estes, ao contrário, são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos” (Eclo 44,9-10). 

Na minha própria família penso nos meus avôs, bisavôs mais distantes, em todos aqueles cujo sangue tenho. Algo de suas vidas, como virtudes deve passar a mim. Se hoje tenho fé, eu devo também a eles, aos anteriores de mim. Na genealogia de Jesus, havia também crentes e não crentes, santos e pecadores (Cf. Mt 1,1-17). Devo olhar para tudo que passou na geração anterior (antepassados) e penso na minha própria responsabilidade neste mundo onde eu me encontro. O que vou transmitir, humildemente, para as futuras gerações?

Quem Está Permanecer Em Deus Produz Bons Frutos Para a Convivência

O texto do evangelho deste dia nos conta que Jesus já se encontra em Jerusalém. Marcos nos relata hoje a ação simbólica de Jesus em torno da figueira estéril e a expulsão dos vendedores de animais do Templo. E no fim Jesus pede que colaboremos com Deus através da vivência da fé.

 

De longe Jesus viu uma figueira cheia de folhas. Mas quando se aproximou da figueira, não encontrou nenhum fruto (figo). Jesus se queixa da esterilidade da figueira. Jesus pronuncia, então, algumas palavras duras contra a figueira: “Que ninguém mais coma de teus frutos”.  E no dia seguinte a figueira fica seca.

Este gesto de Jesus aponta para outro tipo de esterilidade. Ele aponta para seus contemporâneos, especialmente para os dirigentes do povo, pois eles são iguais a uma árvore estéril que não dá frutos que Deus quer e espera. Eles se exibem como árvore cheia de folhas, mas sua vida não produz nada que possa dar vida (fruto) para os demais. Eles se procuram com o exterior (folhas) e abandonam seu interior (frutos).

Marcos também coloca outra cena: a expulsão dos vendedores de animais do Templo. Trata-se também de um gesto simbólico. Com esse gesto Jesus denuncia os dirigentes na hipocrisia do culto feito de coisas externas, mas sem obras coerentes na vida. O culto tem que ser traduzido na vivência de valores do Reino como a fraternidade, a igualdade, o amor, o mútuo respeito, solidariedade e assim por diante.  Jesus critica e denuncia o uso de culto para explorar os demais em nome do próprio interesse. Deus não é um comerciante, mas é o Pai de todos. Um irmão não pode explorar outro irmão, muito menos em nome da religião, usando, assim, o nome de Deus em vão. Segundo Jesus, o Templo é “casa de oração para todos os povos; é lugar de oração autêntica e não é um lugar para explorar os demais.  

Logo em seguida Jesus fala da fé. "Fé é o pássaro que sente a luz e canta quando a madrugada é ainda escura." (Rabindranath Tagore). Fé é esperar de Deus aquilo que ele quer nos dar, pois Deus nos dá aquilo que nos salva mesmo que peçamos a Ele qualquer coisa erradamente. Mas ao pedir queremos manter nossa conversa com o Pai e através de oração queremos manter nossa ligação profunda com Deus. É preciso conversar com nosso Pai Celeste mesmo que não tenhamos nada para pedir a Ele, pois Deus é o nosso Pai, e não dá para imaginar que morando na mesma casa o filho não conversa com o pai. Qualquer pai ou mãe sempre dá ao filho aquilo que é digno para sua vida. Por isso, Deus é a medida de cada dom, e nossa salvação é o objetivo de cada dom. A fé é a atitude daquele que “não duvida no seu coração, mas acredita que isso vai acontecer” (Mc 11,23), pois Deus quer nos salvar. Quem tem fé, precisa orar e quem ora precisa acreditar. A fé nos faz disponíveis para que a graça de Deus possa operar na nossa vida a fim de que sejamos reflexos de Deus para os demais. 

Mas o evangelho de hoje não termina apenas com o convite de Jesus para nossa oração seja cheia de fé e sim termina com o convite à caridade fraterna, sobretudo, o perdoa das ofensas: “Quando estiverdes rezando, perdoai tudo o que tiverdes contra alguém, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”.  Uma das petições no Pai Nosso que rezamos diariamente é o pedido do perdão ao Pai porque nós perdoamos aos outros que nos ofenderam.

A partir do texto do evangelho de hoje é preciso que nos perguntemos: 

1). Será que nossa vida igual à figueira no evangelho de hoje: cheia de folhas (exterioridade/formalidade/ritualismo), mas não produzimos algo de bom para a convivência? Será que por fora ou para fora aparentemente estamos bem (cheios de “folhas”), mas por dentro somente há podridão (esterilidade total)? Sem os bons fruto de bondade, de amor fraterno, de solidariedade etc. nossa vida vai se secando da salvação, ou seja, nossa vida vai ficando cada vez mais fora da salvação. Se não praticar o bem e a bondade, então para que este tipo de pessoa vive neste mundo? 

2). Muitos dirigentes exploram o templo para se enriquecer materialmente. Será que dentro de nossas comunidades existem pessoas que são oportunistas que só querem levar vantagem, especialmente, vantagem financeira? Por isso, vale a seguinte pergunta: O que nos motiva a procurarmos a Igreja? Esperamos algo da Igreja ou a Igreja espera algo de nós? O que contribuímos para a Igreja de Cristo a qual pertencemos? 

3). Será que na nossa oração diária, a pedido de Jesus Cristo, oferecemos o perdão aos que nos ofenderam e pedimos o perdão aos que ofendemos? “Quando estiverdes rezando, perdoai tudo o que tiverdes contra alguém, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”.

P. Vitus Gustama,svd

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