sexta-feira, 19 de maio de 2023

22/05/2023-Segundaf Da VII Semana Da Páscoa

VENCEREMOS O MUNDO  SE ESTIVERMOS UNIDOS A JESUS CRISTO

Segunda-Feira da VII Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 19,1-8

1 Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões montanhosas e chegou a Éfeso. Aí encontrou alguns discípulos e perguntou-lhes: 2 “Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo!” 3 Então Paulo perguntou: “Que batismo vós recebestes?” Eles responderam: “O batismo de João”. 4 Paulo disse-lhes: “João administrava um batismo de conversão, dizendo ao povo que acreditasse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus”. 5 Tendo ouvido isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. 6 Paulo impôs-lhes as mãos e sobre eles desceu o Espírito Santo. Começaram então a falar em línguas e a profetizar. 7 Ao todo, eram uns doze homens. 8 Paulo foi então à sinagoga e, durante três meses, falava com toda convicção, discutindo e procurando convencer os ouvintes sobre o reino de Deus.

Evangelho: Jo 16,29-33

Naquele tempo, 29os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. 30 Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”. 31 Jesus respondeu: “Credes agora? 32 Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o Pai está comigo. 33Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!”

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São Paulo, Um Apóstolo Que Tem Anseio Para Salvar a Todos

Paulo atravessou as regiões montanhosas e chegou a Éfeso”. São Paulo está sempre em movimento. Ele é um grande missionário itinerante. O Cristo que está nele faz com são Paulo não se cansa em evangelizar (cf. Gl 2,20). Ele volta para Éfeso e ficará nesta comunidade pelo menos dois anos e meio. Estamos entre os anos 53 e 56 depois de Cristo. De Éfeso São Paulo enviará duas cartas: aos Gálatas e a Primeira Carta aos Coríntios. O Espirito de Deus não deixa São Paulo parado. O Espirito Santo move qualquer um a fazer o bem pelo próximo. Por isso, temos impressão de que são Paulo tem pressa para evangelizar. É um apóstolo incansável na evangelização: “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16b). São Paulo faz de tudo para salvar todas as pessoas: “Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos”, acrescentou São Paulo (1Cor 9,22). 

A graça de Deus jamais admite demora. A salvação é urgente! Se a maldade está avançada é porque os bons ficam parados no seu cantinho, usufruindo egoisticamente a “paz” do seu coração. Não basta não praticar o mal. Para um cristão não basta não praticar o mal; tem que praticar o bem e a bondade. Cada cristão é, por sua vocação, um evangelizador, isto é, aquele que leva adiante a bondade, o bom, o certo, o justo. É preciso praticar o bem para que a área do mal vai ficar cada vez menor na sociedade. Este trabalho é permanente, pois o mal não morre; ele está apenas adormecido. A Bondade é a inclinação a fazer o bem, a ser benigno, indulgente. A bondade é a qualidade do que é bom. A bondade é o único investimento que nunca falha, pois é reconhecida pelo próprio Deus (cf. Mt 25, 40.45). 

Espírito Santo É Uma Força De Coesão E Unificação Eclesial 

São Paulo chega a Éfeso, em sua terceira viagem missionária. Éfeso era uma das cidades mais importantes da época. Ele passou mais de dois anos lá, fundando uma comunidade para a qual mais tarde escreveria uma de suas cartas. Em Éfeso, como sempre, ele primeiro prega aos judeus, na sinagoga. Dos vários episódios que Lucas conta sobre a permanência de Paulo em Éfeso, hoje ouvimos um que é um tanto estranho: ele encontra doze homens que eram crentes, mas que só receberam o batismo de João Batista e não conhecem o Espírito Santo. 

Paulo gentilmente os instrui sobre a relação entre o batismo de João e a fé em Jesus. Esses doze aceitam a fé, são batizados novamente, desta vez em nome de Jesus, e recebem o Espírito com a imposição de mãos de Paulo. O Espírito desperta neles o carisma de línguas e profecias. 

Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” é a pergunta de São Paulo aos Éfesos. Na sequência há diálogo sobre o batismo praticado por João Batista e o batismo feito em nome de Jesus. O Espírito está ligado ao batismo feito em nome de Jesus e à fé. O batismo em nome de Jesus é que comunica o Espirito Santo, dom dos tempos messiânicos. 

O batismo de João, o Batista, tem como objetivo a conversão que orienta para Jesus, o Messias prometido. Mas é preciso ter a experiência do Espirito Santo, pois sem o Espirito Santo ninguém dará conta da reviravolta histórica inaugurada por Jesus Cristo. Por esta razão, São Paulo faz a imposição das mãos para comunicar o Espirito Divino aos Éfesos. Com a imposição das mãos, por Paulo, revela-se o mistério do Espirito Santo. A mesma experiência (comunicação do Espirito através da imposição das mãos) aconteceu em Samaria feita por alguns Apóstolos (At 8,14-17) e na casa de Cornélio por Pedro. A experiência em Éfeso é o terceiro “Pentecostes” dos Atos dos Apóstolos. Esta experiência da imposição das mãos para comunicar o Espirito significa uma força de coesão e unificação eclesial. O agente principal que atua na Igreja é o Espirito de Deus. Quem recebe o Espirito Santo se torna um evangelizador e fará tudo dentro do Espirito de Deus e sempre fica aberto para a renovação e a inovação. Quem está com o Espírito Santo se torna um fator de unidade na comunidade e na convivência. O Espírito é santo porque consagra ou santifica a pessoa. É santificado para uma missão especifica de acordo com os dons do Espírito Santo para cada pessoa. 

Como em Éfeso, também existem situações muito diferentes entre nós quando se trata de abordar a fé em Jesus. De todo o livro de Atos devemos aprender como ajudar cada pessoa, a partir de sua situação específica, e não de alguns tópicos gerais que estão apenas nos livros, para chegar a Jesus: os judeus da sinagoga, ou o eunuco que viaja para o seu pátria, ou os pensadores gregos do Areópago, ou as mulheres que vão rezar às margens do rio, ou as que já receberam o batismo de João. 

A comunidade cristã tem que ter uma resposta amável para todos. Ela deve saber como encontrar a linguagem certa para todos, com base no que eles já conhecem e apreciam. Especificamente, Pablo nos dá um exemplo de adaptação criativa a todas as circunstâncias que encontra. Nesse caso, ele não condena o batismo de João, mas os conduz ao seu complemento natural, que é a fé em Jesus, o Messias anunciado pelo João Batista. 

Nós deveríamos também evangelizar com esta pedagogia, respeitando em cada caso os tempos oportunos, não simplesmente desautorizando a situação em que cada pessoa se encontra, partindo dos valores já assimilados, e que certamente constituem um bom caminho para o Valor supremo que é Cristo. Como deveríamos ter feito na história, não destruindo, mas completando os valores culturais e religiosos que foram encontrados na América ou na África ou na Ásia. 

Se assim o fizéssemos, o Espírito sublinharia, inclusive com carismas, como em Éfeso, esse caráter de universalidade e pedagogia pessoal. Porque é ele quem dá à sua comunidade tudo o que tem de vida, de imaginação e animação, evangelizando cada cultura e cada situação pessoal. 

Com Jesus Venceremos o Mundo

O texto do evangelho se encontra no conjunto do discurso de despedida de Jesus dos seus discípulos no evangelho de João (Jo 13-17). A vida em si é formada de despedidas diárias. A despedida da noite para saudar o novo dia. A despedida de uma hora para a entrada de nova hora que está se despedindo também. A passagem de um dia para a entrada de novo dia que está terminando. A despedida de quem parte e a saudação de quem chega ou nasce. O choro de tristeza sobre quem partiu, e o choro de alegria pela chegada de quem acabou de nascer. Na nossa caminhada da existência há um começo e há um término; há saudação e há despedida. Há risos como há choros. Enquanto o trem da existência percorre o tempo, cada passageiro vai descendo no seu destino, e termina ai sua viagem. Toda viagem acarreta despedidas. As despedidas fazem parte de nossa trajetória, e vamos nos formando enquanto pessoas por meio de encontros e despedidas, de ganhos e de perdas. A vida na história tudo passa. Estamos sempre em despedidas ou em partidas. Charles Chaplin dizia: “A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração”. 

Geralmente quem estiver para partir temporariamente ou permanentemente sempre dá alguns conselhos, recomendações, alertas, forças para lutar pelo bem, pela comunhão, pela dignidade e assim por diante. Jesus também, ao ter consciência de sua partida iminente (morte), dá alguns conselhos aos seus discípulos para que eles possam continuar sua obra neste mundo. Jesus sabe que até para fazer o bem os discípulos terão que enfrentar as tribulações e todo tipo de dificuldades. Mas não há melhor exercício para ter e fortalecer o bom coração do que estender o braço para baixo e erguer as pessoas. A bondade é o único investimento que nunca falha. 

“Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. 30 Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”, disseram os discípulos a Jesus. Com esta afirmação os discípulos perceberam que Jesus é aquele que sabe de Deus e O conhece e sabe da felicidade e da miséria dos homens e por isso, ele foi enviado para o mundo pelo Pai para salvá-lo por amor (Jo 3,16). O conhecimento de Deus e o conhecimento dos homens estão intimamente ligados entre si. Diante deste conhecimento revelador de Jesus, todas as perguntas dos discípulos se tornam supérfluos: “Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”. A clareza da revelação de Jesus é de tal ordem que responde às derradeiras perguntas do homem sobre Deus e sobre o próprio homem. Quem se aproximar desta revelação, quem se aproximar de Jesus e permanecer com Ele, todas as suas perguntas encontrarão suas respostas (cf. Jo 1,45; 4,29-30). A fé estabelece nosso relacionamento com Jesus e possibilita nosso conhecimento sobre Deus e o homem. O conhecimento de Deus e o conhecimento dos homens estão intimamente ligados entre si. Quem está em profunda comunhão com Deus, está também tão próximo dos homens para ajudá-los. Quem encontra Deus acaba encontrando os homens objeto do amor salvador de Deus. 

“No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!”. “Estar no mundo” e o “medo” estão entrelaçados. O medo é a marca fundamental do “estar no mundo” no contexto do evangelho de hoje. O medo aqui é o medo da morte. O medo que o homem tem é o medo da morte diante do nada que jamais pode ser descartado, pois o poder da morte está sempre presente na vida. 

Mas, de outro lado, Jesus afirma: “Mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33b). Esta afirmação só é possível porque Jesus é o ressuscitado que venceu a morte. A ressurreição é a morte da própria morte. A vitória de Jesus sobre o mundo é a vitória sobre o poder da morte que impera no mundo. Esta vitória de Jesus sobre o mundo deve assegurar os discípulos o dom da paz no meio das lutas da evangelização e dos sofrimentos da perseguição. O cristão sabe que nenhum poder sobre a terra é absoluto. Não o foram os grandes impérios que se sucederam sem interrupção ao longo da história, não o serão tampouco os poderes atuais do mercado, da eficiência, do dinheiro, da técnica da globalização informática, tecnológica e econômica. Todos os poderes deste mundo estão submetidos ao poder de Deus, pois todos não passam a ser simples criaturas. Jamais podemos colocar o ouro e a prata acima do Criador. 

São João traduzirá estas palavras de Jesus na sua Primeira Carta da seguinte forma: “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4b). A fé em Jesus já é uma participação da vitória de Jesus. Como Ressuscitado, Jesus é o Doador e o Distribuidor escatológico da vida. Ter fé significa estar com Deus e participar de sua vida. A fé liberta o homem da morte para a vida. Deus está sempre do nosso lado e por isso, podemos ter serenidade em tudo. Uma certeza nos acompanha: Cristo venceu o mundo. Se Cristo venceu o mundo, venceremos também com ele. A última palavra não é a fraqueza do homem, não é a prepotência do homem e sim a fidelidade do Senhor para conosco. No Senhor todos os nossos gritos, todos os nossos porquês, todas as nossas perguntas e interrogações serão acolhidos e colocados em outras perspectivas. A certeza de Deus vai ao nosso encontro sempre e em toda parte. Por isso, o autor da Carta aos Hebreus escreveu: “A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se veem. Foi por causa da fé que os antigos foram aprovados por Deus. Pela fé, sabemos que a Palavra de Deus formou os mundos; foi assim que aquilo que vemos se originou de coisas invisíveis” (Hb 11,1-3).  A fé é como uma luz ou uma lanterna. A luz ou a lanterna não é acesa para ser olhada e sim para alguém ver o que ela ilumina.

No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo” é a mensagem do Senhor para você hoje. Acredite nesta Palavra, pois é a Palavra de quem criou o universo e de quem venceu a morte: “Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito. N’Ele havia vida, e a vida era a luz dos homens. ... Era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem” (Jo 1,3-4.9). 

Sobre a importância da fé, Santo Agostinho dizia: “Deus, de Quem separar-se é morrer, a Quem retornar é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus, a Quem esquecer é morrer, a Quem buscar é viver, a Quem ver é possuir. Deus, a Quem a fé nos impele, a esperança nos aproxima e a caridade nos une” (Solil. 1,1,3). “Deus não se torna maior pelo conhecimento de quem O encontra, mas quem O encontra torna-se maior por ter conhecido a Deus” (Serm. 117,2,3).

P. Vitus Gustama,svd

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