sábado, 23 de março de 2024

TRÍDUO PASCAL 2024

TRÍDUO PASCAL

VIVER O MISTÉRIO DO TRÍDUO PÁSCAL 

“A Igreja celebra todos os anos os grandes mistérios da redenção humana, desde a Missa Vespertina da Ceia do Senhor da Quinta-feira até as vésperas do domingo da ressurreição. Este espaço de tempo é justamente chamado o ‘tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado’, e também tríduo pascal, porque com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da Páscoa, isto é, a passagem do Senhor deste mundo ao Pai. Com a celebração deste mistério a Igreja, por meio dos sinais litúrgicos e sacramentais, associa-se em íntima comunhão com Cristo seu Esposo” (Paschalis Sollemnitatis, a Preparação e Celebração Das Festas Pascais, n.38: Congregação Para o Culto Divino, 16/1/1988. Veja Documentos Da Igreja -38 da CNBB).

“Com a missa celebrada nas horas vespertinas da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao Tríduo Pascal e recorda aquela última ceia em que o Senhor, na noite em que ia ser traído, tendo amado até ao extremo os seus que estavam no mundo, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e deu-os aos apóstolos como alimento, e ordenou-lhes, a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que fizessem a mesma oferta” (Paschalis Sollemnitatis n.44).

A celebração dos dias santos sob a denominação universal de Tríduo Pascal” (Paixão-Morte-Ressurreição) constitui novidade na linguagem oficial da Igreja. Assim denomina o Missal de Paulo VI (1970). Antigamente usavam-se outros termos tais como: “Triduum sacrum” (Santo Ambrósio do sec. IV) para referir aos dias da celebração da paixão, da morte e da ressurreição de Jesus. Orígenes dizia que a sexta-feira era dedicada à lembrança da paixão, o sábado à recordação da descida aos infernos e o domingo à memória da ressurreição. Mais tarde Santo Agostinho usou o termosacratissimum triduum” do crucificado, morto e sepultado. E o papa Leão Magno: “paschalis festivitasousacramentum paschale”.

O mistério pascal, que é a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Cristo, é o coração do ano litúrgico. Ele é a fonte central da salvação trazida por Jesus Cristo a todos os homens de todas as épocas. Outras celebrações têm sentido dentro deste mistério. Aqui a palavramistério” significa aquela insondável obra salvífica de Deus em Jesus Cristo, Deus-encarnado. A encarnação de Deus em Jesus Cristo somente pode ser entendida a partir da misericórdia e a compaixão de Deus pela humanidade. Deus penetra até onde existem feridas, sofrimentos, dores e a situação sem salvação a fim de salvar a humanidade. É o mistério da encarnação. A misericórdia e a compaixão são o eixo fundamental do agir de Deus, e conseqüentemente, elas devem ser também  o eixo fundamental do agir de quem acredita em Deus. Somente a partir deste eixo fundamental é que podemos entender a morte de Jesus na cruz. Através deste eixo fundamental Jesus Cristo, pela graça, leva a humanidade à comunhão plena com o Pai que é a Páscoa (passagem da morte para a vida).   

Na Semana Santa celebramos este mistério em três dias inseparáveis conhecido como o Tríduo Pascal: Quinta-Feira Santa como o ínício ao Tríduo Pascal, Sexta-Feira da Paixão, Sábado da Morte e Vigília Pascal da Ressurreição que é o ápice destes três dias.     

I. QUINTA-FEIRA SANTA: Início Ao Tríduo Pascal

Quinta-feira Santa é o último dia da Quaresma e, ao mesmo tempo, a partir da Missa vespertina, a inauguração do Tríduo Pascal. Desde muito cedo celbra-se uma Eucaristia especial, lembrando a sua instituição. No rito da Ceia, que Jesus nos mandou celebrar em sua memória, deu-nos Jesus seu sacrifício pascal. A Igreja repete a Ceia para perpetuar a Páscoa.

Na Quinta-feira Santa celebramos também, além da instituição da Eucaristia, também a instituição do Sacerdócio. “Não existe Eucaristia sem sacerdócio, como não existe sacerdócio sem Eucaristia” (João Paulo II). “O ministério ordenado não é somente uma função, é um sacramento da Igreja, que significa e expressa a consagração e a destinação de um membro capacitado e eleito pela Igreja para presidir a comunidade cristã e a Eucaristia. ... A Igreja reconhece desde sempre que quem preside a comunidade e a Eucaristia deve ser ‘consagrado’ de forma pública e significativa a essa missão, com exigência, segundo cada momento, de qualidades e condições determinadas.  ...  A vocação ao sacerdócio é uma vocação especial, desenvolvendo a vocação ‘criatural’ e a vocação ‘fundamental cristã’, leva a uma entrega total a Cristo num serviço pleno à Igreja, em sua qualificação ministerial expressada e recebida pelo sacramento da Ordem. Tem um ideal sublime: conduzir os homens a Deus e aproximar Deus dos homens.” (Dionisio Borobio, especialista em sacramentos: Celebrar Para Viver, Liturgia e Sacramentos da Igreja, ed. Loyola, 2009). N missa da Ceia do Senhor há lugar especial para a recordação do sacerdócio ministerial. O presidente da Celebração eucarística se faz e diz in persona Christi, em nome e representação de Cristo. 

Os textos litúrgicos (Liturgia da Palavra) na Quinta-Feira Santa enfatizam a entrega de Jesus para a salvação da humanidade. No lugar do cordeiro imolado no Templo, Jesus oferece o seu Corpo e Sangue (Eucaristia) para selar a Nova Aliança. O Lava-Pés é sinal do amor de Jesus para os seus até ao fim (cf. Jo 13,1). A transladação solene do Santíssimo Sacramento é um sinal de continuidade entre o sacrifício e a adoração da presença sacramental. O povo, estando ao redor do Pão da presença real e sacramental do Senhor, reza com o Senhor em memória de sua Paixão e morte na espera da ressurreição.

Na celebração da Quinta-feira Santa enfatiza-se que o amor que se coloca a servir se manufesta no Lava-pés. O Lava-pés quer ser um sinal do amor fraterno. É o amor que se entrega. Por nossa vez, cada um de nós deve aprender a celebrar a Eucaristia na vida entrando na dinâmica do amor que se oferece e sacrifica a si mesmo para fazer viver o outro. O amor verdadeiro sempre é gratuito e sempre está disponível: dá-se pronta e totalmente. Com efeito, a caridade não é um sentimento vago, mas é a vontade de sacrificar-se a si mesmo com Cristo pelos demais, sem cálculos. É preciso que vivamos aquilo que Jesus nos disse na Última Ceia: “Fazei isto em minha memória!” (Lc 22,19b; 1Cor 11,24.25).

Entaiza-se também nesta celebração o outro aspecto do amor divina: O amor que se confia. O amor que se confia aos Doze Apóstolos que a Igreja celebra neste dia: o amor que se confia através da instituição do sacerdócio. Jesus confia a sua Pessoa aos seus discípulos na forma do pão e do vinho: “Fazei isto em memória de Mim”. É uma entrega à Igreja.

Os momentos fundamentais da celebração na Quinta-feira Santa são:

1.   A liturgia da Palavra (Ex 12,18.11-14; 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15).

2.   O lava-pés. Esse rito ajuda o cristão a compreender o grande e fundamental preceito cristão da caridade fraterna que recebe o qualitativo do “mandato”: fazei isto!.

3.   A liturgia eucarística (canta-se glória).

4.   Trasladação do Santíssimo Sacramento seguida de adoração sem nenhuma solenidade (quanto tempo? Divisão em grupos de adoração?).

5.   Denudação/desnudação do altar simbolizando a denudação de Jesus (feita em silêncio após a celebração).

6.   A cor litúrgica: Branca. Branco simboliza a ressurreição, a vitória, a paz, a pureza, a alegria cristã e o Cristo vivo.

II. SEXTA-FEIRA SANTA: Primeiro Dia Do Tríduo Pascal

O amor que vai até a morte se manifesta e é celebrado na Sexta-feira Santa, quando a Cruz é solenemente mostrada aos fiéis: “Eis o lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo. Vinde, adoremos!”. E se genuflete diante da Cruz como ato de adoração. 

O Tríduo Pascal celebra o mistério da Cruz gloriosa de Cristo. Páscoa significa “passagem”, a passagem de Jesus, através da morte, para a vida nova. A Sexta-feira Santa é o primeiro ato desta passagem. 

Na narrativa da Paixão, segundo são João e de maneira geral no Evangelho de são João (quarto Evangelho), a cruz já é a glória de Deus antecipada. O evangelista João quer evidenciar a majestade serena da morte de Jesus. Ele não se refere ao grito de dor do qual falam Mt 27,46 e Mc 15,34. O evangelista João é o único que narra que do lado de Cristo manaram sangue e água (Jo 19,34): o sangue evoca o dom da vida e o dom de si pela vida (Jo 10,10; 15,13); a água é metáfora da vida viçosa ligada ao dom do Espírito (Jo 3,5; 4,10-14). 

No rito central da exposição e adoração da Cruz deve-se recordar a antífona que acompanha o Sl 66,2: “Adoramos a Tua Cruz, Senhor, louvamos e glorificamos a Tua Santa Ressurreição. Do Lenho Da Cruz veio a alegria para todo o mundo”.    

Portanto, na Sexta-feira Santa celebramos a Paixão e morte de Cristo como fonte de nossa salvação. A Igreja não esse dia como dia de pranto e de luto, e sim como dia de amorosa contemplação do sacrifício cruente (banhar de sangue) de Jesus, fonte de nossa salvação. Nesse dia, na verdade, celebramos a morte vitoriosa do Senhor. Ele venceu a morte. Ele venceu o ódio com amor. A Igreja não separa a morte de Jesus da sua ressurreição. Morrer em Cristo não significa acbou tudo e sim viver para sempre.

Como no domingo de Ramos, também na Sexta-Feira Santa a cor litúrgica é vermelha. Vermelho simboliza o fogo purificador do Espírito Santo (a mesma cor se usa no Domingo de Ramos e no Pentecostes), o sangue, o amor divino e o martírio. E neste dia não se celebra a Eucaristia.

Celebramos a Sexta-feira da Paixão em três momentos importantes:

1.   A liturgia da Palavra (Is 52,13-53,12; Hb 4,14-16;5,7-9; Jô 18,1-19,42),

2.   A adoração da cruz e

3.   A comunhão com o Pão eucarístico consagrado na tarde de Quinta-feira Santa. Sexta-Feira Santa é o único dia do ano em que a Igreja não celebra a Eucaristia. Na verdade, a celebração da Eucaristia não termina na Quinta-Feira Santa, mas termina na scoa. Por isso, nãobênção final na celebração da Eucaristia na Quinta-Feira Santa.

A Igreja celebra a Paixão do Senhor com a certeza de que a cruz de Cristo não é a vitória das trevas, mas a morte da morte. Do alto da cruz Deus manifesta seu amor infinito. Nesta esplêndida revelação, nesta total entrega divina, consiste a glória. A narração da Paixão começa e termina em um jardim (cf. Jo 18,1b; 19,41), recordação do jardim do Éden, querendo indicar que Cristo assumiu e redimiu o pecado do primeiro Adão e a partir de Cristo o homem encontrou agora sua beleza original. 

Na Sexta-feira Santa celebramos a morte de Jesus Cristo, mas com o olhar para a ressurreição. Morte e ressurreição estão sempre juntas para quem vive aquilo que Jesus Cristo viveu: viver a vida para o bem de todos. Neste dia somos convidados a olhar para a Cruz de Jesus para descobrir nela as faltas que cometemos. A Sexta-feira Santa quer nos recordar que a nossa falsidade matou Jesus Cristo. Mas a Páscoa começará em nós quando substituirmos a falsidade com a verdade. A Sexta-feira Santa quer nos recordar que a nossa injustiça matou Jesus Cristo. Mas celebraremos a Páscoa quando substituirmos a injustiça com a justiça. A Sexta-feira Santa quer nos recordar que a nossa traição matou Jesus Cristo. Mas celebraremos a Páscoa quando substituirmos a traição com o amor. E assim por diante. 

III. SÁBADO SÁNTO:Segundo Dia Do Tríduo Pascal

O mistério do sepulcro é o objeto do Ofício de oração do Sábado Santo. A Igreja, junto ao sepulcro do Senhor, medita a sua paixão e morte, a descida aos Infernos e aguarda na oração e no jejum a sua ressurreição. Neste dia, a Igreja abstém-se absolutamente do sacrifício da missa. A Sagrada Comunhão só pode ser dada como viático. Não se conceda a celebração de matrimônios nem a administração de outros sacramentos, exceto os da Penitência e da Unção dos Enfermos (Paschalis Sollemnitatis n.73). 

O tema específico do Sábado Santo, além do repouso de Cristo, é a sua “descida aos infernos”. O Catecismo Da Igreja Católica afirma : “As frequentes afirmações do Novo Testamento segundo as quais Jesus ‘ressuscitou dentre os mortos’ [At 3,15; Rm 8,11; 1Cor 15,20) pressupõe, anteriormente à ressurreição, que este tenha ficado na morada dos mortos. Este é o sentido primeiro que a pregação apostólica deu à descida de Jesus aos Infernos: Jesus conheceu a morte como todos os seres humanos e com sua alma esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para lá foi como Salvador, proclamando a boa notícia aos espíritos que ali estavam aprisionados”(Artigo 632; cf 1Pd 3,18-19). “A Morada dos Mortos para a qual Cristo morto desceu, a Escritura a denomina os Infernos, o sheol ou Hades, visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus (idem. Artigo 633; cf Sl 6,6; 88,11-13). 

IV. SÁBADO SANTO- VIGÍLIA PASCAL-RESSURREIÇÃO: Terceiro Dia Do Tríduo Pascal.     

O amor que vai além da morte pertence a quem é mais forte que a morte, a ponto de poder enfrentá-la e finalmente atravessar. É a Páscoa! É a Ressurreição.

O ápice do Tríduo Pascal é a Vigília Pascal em que celebramos a vitória de Cristo sobre a morte: Cristo ressuscitou! Cristo está vivo e vive no meio de nós. A vigília pascal é considerada a “mãe de todas as noitesou a “mãe de todas as santas vigílias”. Na vigília pascal a Igreja espera vigilante a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos. A cor litúrgica é branca.

Os símbolos da Vigília Pascal são abundantes e de uma grande riqueza espiritual:

1). O ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus e a marcha de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo. O fogo bento acende o Círio pascal, evoca a Luz de Jesus que ressuscita em sua glória.

2). A procissão do Círio pascal ao altar evoca o caminhar do povo hebreu no deserto à luz da coluna de fogo. Mas evoca, sobretudo, a palavra do próprio Jesus: “Eu sou a luz do mundo...” (Jo 8,12). O povo eleito, nas suas noites, era acompanhado por uma coluna de luz na travessia do deserto rumo à Terra prometida. Os cristãos tem Jesus como Luz do mundo para iluminar nossa caminhada para a vida eterna, nossa última Terra Prometida. Esta caminhada se expressa através da procissão do Círio Pascal. O sentido pascal e escatológico da procissão é bastante evidente. Somos o novo povo de Deus nascido da Páscoa; peregrinos, seguimos Jesus ressuscitado através do deserto da vida presente até a pátria celeste.

3). A liturgia da Palavra com Salmo e oração, percorrendo as etapas da história da salvação;

4). A liturgia da iniciação cristã (se houver) que incorpora novos filhos da Igreja. Se não houver (batismo) faz-se a renovação das promessas ou compromissos batismais (com as velas acesas) e aspersão com a água benta que recorda a água do nosso batismo.

5). Por fim, a Eucaristia que proclama a Ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda (1Cor 11,26).

Acendemos o Círio Pascal e colocamos na frente da comunidade para simbolizar a presença viva de Jesus ressuscitado e vitorioso no meio de nós. Iluminados por sua pessoa, podemos dizer no Exsultet: “Ó noite de verdadeira alegria, que une de novo ao céu a terra inteira, pondo na treva humana a luz de Deus”. Na força de Cristo ressuscitado renovamos o compromisso cristão para que tudo o que somos e temos fiquem definitivamente marcados pelo mistério pascal.

Portanto, o simbolismo fundamental da celebração da Vigília solene é seruma noite iluminada”, ou melhor, “uma noite vencida pelo dia”. Através desses sinais quer-se transmitir a todos que a vida da graça brotou da morte de Cristo. Que a vida não termina com a morte, pois todos são chamados a ressuscitar com Cristo.

AMAR-MORRER-RESSUSCITAR

Quero resumir nossa caminhada da Semana Santa em três palavras: AMAR, MORRER E RESSUSCITAR. Amar, Morrer, Ressuscitar são como três movimentos “in crescendo” da Semana Santa. Três realidades que, sem dúvida nenhuma, são as mais importantes na vida do homem.

AMAR

AMAR é o verbo mais conjugado da história. O homem está sedento de amor. Quando o encontra e quando o dá, o homem é feliz. Mas amar como Jesus com sua medida e com sua finalidade não é fácil: “Amai-vos uns aos outros COMO EU VOS AMEI” (Jo 15,12; 13,34). Amar como Jesus amou supõe negar-se, vencer-se, superar-se. Amar como Jesus amou supõe considerar de verdade os homens, todos os homens, como irmãos e estar disposto a compartilhar com eles tudo que se tem: “Ninguém tem maior amor do que aquele que d’’a sua vida por seus amigos” (Jo 15,13). Não! Não é fácil amar assim. Por isso, não o fazemos. Não o fazemos homens em geral e nós cristãos não o fazemos, evidentemente. Por isso, facilmente, a QUINTA-FEIRA SANTA não entendemos.

MORRER

Morrer. Que difícil! No entanto a morte está ai, disposta a correr pontualmente ao nosso encontro ou nós ao encontro dela. Não queremos saber nada dela. Poderíamos pensar: que terrível uma morte sem resposta! Que angustiante uma morte sem retorno! Que cruel uma morte sem vitória! Contemplando o modo de vida dos homens também caberia perguntar-se: O que esperam os homens perseguindo tão ansiosamente o poder, o dinheiro, a fama, a glória? Será que está ai a meta sonhada, o fim último, a aspiração máxima? Que pensam os homens da morte? Não é fácil aprender a morrer. Deveríamos nos esforçar a viver a vida no seu paradoxo para transcender nosso existir. Para viver é preciso a aprendermos a morrer. É o paradoxo. Para receber o perdão de Deus é preciso que aprendamos a perdoar os outros. É o paradoxo cristão. A vida dada para o bem dos outros é a vida recebida. É o paradoxo! Para sermos divinos é preciso que aprendamos a ser muito humanos e muito irmãos. É o paradoxo. Com efeito, não é a morte que é absurda e sim a vida sem a morte.  Tudo isto é a mensagem da Sexta-feira Santa sob a luz da Cruz de Jesus Cristo. 

RESSUSCITAR

Ressuscitar é a ultima palavra da morte. O triunfo, a glória, a alegria. Jesus venceu o tédio, a dor, a angústia, a incógnita da morte que perturba a mente humana. O triunfo de Jesus é o nosso triunfo. Falta-nos avivar esta fé, torná-lo realidade diária, pô-lo em destaque na nossa vida cotidiana, ao convivermos com os demais e ao estarmos cercados pelos outros e por outras realidades. Há que intentar ressuscitar cada dia num esforço permanente por dar a nossa existência um tom e um estilo no qual se reconheça imediatamente Cristo cujo final não foi a Cruz e sim a Luz da ressurreição. A partir da ressurreição do Senhor, não vivemos mais para morrer e sim morremos para viver e ressuscitar. A vida não pertence mais à morte e sim a morte pertence à vida. Jesus nasceu nosso nascimento, viveu nossa vida, morreu nossa morte e ressuscitou nossa ressurreição.

AMAR, MORRER E RESSUSCITAR são três realidades nas quais precisamos pensar seriamente e viver em toda nossa vida para que possamos alcançar aquilo que chamamos de vida de qualidade em Cristo, uma vida diante da qual nenhuma morte resiste. Cristo é a vida de nossa vida. Vale a pena repensarmos nas nossas escolhas de cada dia!

P.Vitus Gustama,SVD

Nenhum comentário:

ASCENSÃO DO SENHOR, Solenidade, Domingo 12/05/2024

ASCENSÃO DO SENHOR Ano “B” Primeira Leitura: At 1,1-11 1 No meu primeiro livro, ó Teófilo, já tratei de tudo o que Jesus fez e ensinou...