sábado, 27 de dezembro de 2025

FIM DO ANO- REFLEXÃO

UMA REFLEXÃO PARA O FIM DO ANO 2025

Estamos no último dia deste ano. Isto nos indica que a vida é realmente uma peregrinação ou uma viagem. E a Igreja nos recorda que somos peregrinos. Ela mesma está “presente no mundo e é peregrina” (SC 2). Na peregrinação da vida dentro do tempo nãovolta. Não há a marcha a . Por mais que as pessoas digam: “Se pudesse começar tudo de novo...”, mas nada disso acontece. Numa peregrinação tudo é para frente. Não tem volta: nem para as pessoas, nem para as coisas, nem para a história do mundo e da humanidade. O nosso nascimento é um bilhete dessa peregrinação. Daí para frente tudo depende de nós. Tudo é nossa responsabilidade. Nãopara nascer novamente. Estamos em permanente peregrinação no tempo. Nãoparada do ponto de vista temporal, nem quando dormimos, pois o tempo não pára. Mesmo que fiquemos sentados ou deitados, o tempo continua fluindo, nada pára. Fora e dentro de nós tudo continua em movimento. Não temos poder para acelerar o momento nem para segurar o tempo. Simplesmente vivemos conforme o ritmo do tempo. A grande questão é como aproveitamos cada momento para nossa própria edificação e para o bem do próximo. Nisto está o sentido de nossa presença neste mundo. Nisto está a nossa responsabilidade.

E para sentir a liberdade de caminhar nesta peregrinação temos que experimentar a alegria do desapego. As maiores dificuldades no progresso, tanto material como espiritual, estão em nosso arraigado apego às coisas passadas, caducas e superficiais. Para caminharmos para a frente e para o alto sempre devemos renunciar. A falta de renúncia atrasa a vida e mata a esperança e a pessoa se infantiliza. Quem deseja andar deve deixar muita carga, muito peso para trás de si mesmo. O homem que não se renova, que não renuncia às coisas superficiais e às coisas passadas perde-se, degrada-se e infantiliza-se. Quem tem consciência de que nasceu para o alto e para a frente, tudo vence, tudo supera para alcançar a sua meta: a comunhão plena com Deus. Abraão Lincoln dizia: “Podemos caminhar devagar, mas nunca para trás”.        

Jesus vive essa forma de vida mostrando o seu significado pleno: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”.  Em Cristo, o próprio Deus se fez peregrino para vir ao encontro do homem nos seus caminhos. E ele próprio se faz como caminho para os homens: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). E o fato de ele não ter “uma pedra onde repousa a cabeça” (Lc 9,58) e sua vida apostólica itinerante revelam a sua identidade de peregrino por excelência.       

Por isso, devemos fazer sempre de Jesus o centro de nossa vida e ser moldados num instrumento da graça de Deus. Precisamos confiar na profundidade de Deus em nós e viver dessa confiança. Esse é o caminho para continuar andando rumo à total comunhão com Deus na eternidade. 

Em poucas horas este ano vai virar o passado. O passado é observável, mas não é modificável. O futuro é modificável, mas não é observável. Mesmo assim os eventos passados contribuem para o nosso agora. Nunca nos divorciamos de nosso passado. Estamos em companhia dele para sempre e ele nos introduz no presente. E nossa reações de hoje refletem nossas experiências de ontem e suas raízes estão no passado. Uma pessoa enfrenta o futuro, certamente, com o seu passado. E cada dia nos oferece preparação para o futuro, para as lições que virão, sem as quais não daríamos nossa plena contribuição para o projeto que contém a evolução de todos nós.

Por outro lado, reconhecemos que o passado e o futuro estão fora de nosso alcance. Não temos poder para voltar ao passado a não ser através de nossa memória. Nem temos uma bola de cristal para saber o que vai acontecer no próximo instante. A única realidade que temos é o presente. Não conversamos amanhã; não comemos amanhã; não morremos amanhã. Tudo acontece hoje. Este instante é tudo que temos. podemos agir no momento presente ou nunca mais. É possível que tenhamos tido tempos no passado que foram especiais ou ruins para nós; pode ser que o futuro nos reserve momentos preciosos. Porém, o único tempo realmentenosso” é este instante em que estamos agora. Cabe a nós decidirmos o que fazer com este momento, este presente. Cada momento é meu para torná-lo belo ou doloroso de acordo com a minha escolha. A vida real tem lugar aqui e agora. Deus é presente. “Eu sou Aquele que é”, disse ele. Deus está presente neste momento, quer alegre ou triste. Quando Jesus falou de Deus, falou sempre de Deus presente onde nós estamos e quando estamos. Deus não é alguém que foi ou que será, mas Aquele-que-é; e que é para mim no momento presente. Eis porque Jesus veio para tirar de nós o peso do passado e as preocupações pelo futuro. Jesus nos diz: “Não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade. Pelo contrário, busquem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e o resto será acrescentado por Deus“ ( Mt 6,25-34 )?        

Este último dia do ano é uma boa ocasião para fazermos um balanço do ano que passou e fixarmos propósitos para o ano que começa. É uma boa oportunidade para pedirmos perdão pelo bem que não fizemos, pelo amor que nos faltou, pelo perdão que não oferecemos; também é uma oportunidade para agradecermos a Deus de todos os benefícios que nos concedeu.        

Que as luzes do Ano Novo que está para chegar nos mostrem a verdade de que ninguém chega antes ou depois, tirando menos ou levando mais da vida. Que neste ano novo possamos olhar para trás sem ferir os olhos de ninguém no que fizemos, sem perder no coração a do que nos resta a fazer. Precisamos começar o ano sem pisar em ninguém; começar o ano novo com o amor correndo por todas as veias, em todas as palavras, em todos os passos, em todos os encontros e diálogos; começar o ano novo com a maravilhosa promessa de fazer o bem. Que nos doze meses do ano que principiará, a , o amor e a esperança sejam uma riqueza constante em nossos lares, em nossos trabalhos e em qualquer lugar onde nos encontrarmos. Precisamos cortar o que precisa ser cortado; deixemos que nossa vida sangre um pouco para o nosso crescimento ao bem. Não nos deixemos arrastar por coisas passageiras. Abandonemos tudo o que nos entristeceu no passado. Esqueçamos as amarguras, as contrariedades. Não levemos para o ano novo ganâncias, nem mentiras. Leve somente soluções, respostas, aberturas, liberdade, justiça, amor e luz. Entremos no ano novo com a vontade de perdoar os erros dos outros. Não deixemos que o poder e o orgulho nos dominem.        

Se começarmos o ano novo cheios de espírito de Deus, com o coração e a mente livres do ódio e da arrogância, conservando a alma livre de amarras, sem apegos aos ídolos do poder e da posse, então o ano novo será dos melhores. Deus nos conceda tudo isto! Assim seja!

P. Vitus Gustama,svd

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