sábado, 2 de abril de 2016

06/04/2016




DEUS É AMOR E SOMOS MUITO AMADOS POR ELE


Quarta-Feira da II Semana da Páscoa


Primeira Leitura: At 5,17-26


Naqueles dias, 17 levantaram-se o sumo sacerdote e todos os do seu partido — isto é, o partido dos saduceus — cheios de raiva e 18 mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. 19 Porém, durante a noite, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair, dizendo: 20 “Ide falar ao povo, no Templo, sobre tudo o que se refere a este modo de viver”. 21 Eles obedeceram e, ao amanhecer, entraram no Templo e começaram a ensinar. O sumo sacerdote chegou com seus partidários e convocou o Sinédrio e o Conselho formado pelas pessoas importantes do povo de Israel. Então mandaram buscar os apóstolos na prisão. 22 Mas, ao chegarem à prisão, os servos não os encontraram e voltaram dizendo: 23 ”Encontramos a prisão fechada, com toda segurança, e os guardas estavam a postos na frente da porta. Mas, quando abrimos a porta, não encontramos ninguém lá dentro”. 24 Ao ouvirem essa notícia, o chefe da guarda do Templo e os sumos sacerdotes não sabiam o que pensar e perguntavam-se o que poderia ter acontecido. 25 Chegou alguém que lhes disse: “Os homens que vós pusestes na prisão estão no Templo ensinando o povo!” 26 Então o chefe da guarda do Templo saiu com os guardas e trouxe os apóstolos, mas sem violência, porque eles tinham medo que o povo os atacasse com pedras.


Evangelho: Jo 3,16-21


16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.
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A Força Do Ressuscitado Derruba Qualquer Tipo De Obstáculo


“... mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. Porém, durante a noite, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair, dizendo: ‘Ide falar ao povo, no Templo, sobre tudo o que se refere a este modo de viver´” (At 5,18-20).


Pela segunda vez os apóstolos foram presos na cadeia pública pelo testemunho de vida e de pregação que fizeram (cf. At 4,1ss).


O motivo da prisão, segundo  o texto, é a inveja (At 5,18). A inveja é uma profunda raiva produzida pela conquista dos outros. A inveja é um desejo de destruição, de vingança, de ódio. A inveja tentará destruir o rival por meio da perseguição aberta ou da desqualificação, da calúnia. “ O silêncio do invejoso está cheio de ruídos” (Khalil Gibran). A inveja sempre nos tira do foco e conduz a nossa energia para o lado errado.


Os apóstolos são motivos de inveja, porque eles formam um novo centro de irradiação que foge do controle da nobreza (classe sacerdotal, escribas etc.). Com isso, como consequência, é tirado o privilégio dos sacerdotes de sua casta.


As autoridades não querem se converter diante dos fatos, mas também não podem impedir a marcha do evangelho vivido pelos apóstolos. O progresso ininterrupto do Evangelho é o sinal de que Deus está com os apóstolos. Os judeus e suas autoridades tiveram que inclinar-se e reconhecer que Deus estava com os apóstolos. O anjo do Senhor, que libertou os apóstolos da prisão mesmo com a porta fechada, é o instrumento das intervenções divinas. Tudo isso mostra a proximidade de Deus quem luta no lugar de Deus.


“Ide falar ao povo, no Templo, sobre tudo o que se refere a este modo de viver”, disse o anjo do Senhor para os apóstolos. E os apóstolos obedecem e ensinam no templo. Por que no templo? O templo é o lugar da reunião do povo com o seu Deus, e é, por isso, o lugar da revelação divina. Na ideia de Lucas, o templo está totalmente desligado dos sacrifícios e por isso, dos sacerdotes. A pregação dos apóstolos no templo tem um tom de convocar todos, especialmente as autoridades, para uma séria conversão.


Quando todos estiverem no caminho certo, na luta pela dignidade humana, na proteção do inocente e da vida, na vivência da verdade e da justiça, na prática do amor fraterno e da honestidade, da igualdade e da inclusão, Deus sempre intervirá, de vários modos, quando houver obstáculo nesta luta. Contemos sempre com Deus e estejamos sempre com Deus! Este Deus quer que todos se amem. A intervenção divina é sempre tem por objetivo, salvar a todos. Por isso, ele enviou seu Filho unigênito para ensinar a humanidade a trilhar o caminho do amor fraterno, como enfatiza o evangelho deste dia.


Deus É Amor E Somos Muito Amados Por Ele Em Jesus Cristo


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


O evangelista João nos apresenta a amplitude universal do projeto de Deus. Ele revela Deus na origem do movimento da salvação em virtude de seu amor incomparável. No coração da missão de Jesus se encontra Deus que ama a humanidade sem medidas. O evangelista João nos apresenta Deus como realidade fundadora e absoluta. O amor precede a tudo. O Deus que ama tem exclusivamente como desígnio a salvação e a vida dos homens. Deus ama, porque Ele é amor. Ele salva os homens porque Ele os ama.


O amor de Deus é uma força insuperável. A fé no Deus de amor é capaz de ultrapassar todos os obstáculos e barreiras de qualquer natureza, como aconteceu com os apóstolos presos, mas saíram da prisão com a força do Ressuscitado, a encarnação do amor infinito de Deus. Toda a vida de Jesus é um dom do Pai. A finalidade deste dom é a vida eterna dos homens e a salvação do mundo. A vida ou a morte depende da fé no Deus de amor encarnado em Jesus Cristo.


 Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). São palavras profundas nas quais o nosso coração deve abismar-se. Deus se dá a Si mesmo. Com Ele nos é dado tudo, pois Ele se dá a Si mesmo. Deus se converte em dom para nós todos. É um dom de tal categoria que o próprio dom nos concede a graça de recebê-lo. Somente na medida em que reconhecermos isso, nós possuiremos aquilo que nos é dado.


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Estamos no coração do Evangelho de João. Descobrimos que Deus é amor (1Jo 4,8.16) e somos muito amados por Deus apesar de nossa situação. Deus não espera que sejamos bons para Ele nos amar, mas Ele nos ama para que sejamos bons, pois o amor e a bondade são inseparáveis.


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Esta frase é uma síntese bíblica que condensa todo o quarto Evangelho (Evangelho de João). O quarto Evangelho foi escrito para que acreditemos em Jesus, oferta de amor e salvação de Deus para a humanidade, e para que, crendo nele, tenhamos a vida em seu nome (cf. Jo 20,31). Ele veio para que todos nós tenhamos vida e a tenhamos abundantemente (Jo 10,10). E esta oferta tem um motivo e uma finalidade e um meio. O motivo da oferta é o amor apaixonado de Deus pela humanidade: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único”. E a finalidade desta oferta é a salvação da humanidade: “... para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. E o meio para que o amor de Deus chegue até a humanidade é a encarnação de Deus em Jesus Cristo. Jesus é a manifestação tangível do amor do Pai (1Jo 4,9). O objeto da em Jo é acreditar em um Deus que nos ama e que este Deus acampou no meio de nós (Jo 1,14). Toda a Bíblia é a história de amor de Deus por nós todos. “Se queres falar sobre o amor, não precisas dar-te ao trabalho de buscar citações. Onde quer que abras a Bíblia, ali se fala do amor” (Santo Agostinho: Serm. Mai 14,1).


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


No vocabulário do cristianismo primitivo essa maneira de falar está sempre em relação à cruz. É uma reflexão sobre a morte na Cruz de Jesus por amor à humanidade. Nesta entrega do Filho único há uma recordação do sacrifício que outro pai fez também de seu filho único: Abraão (cf. Gn 22,2). Aquele sacrifício não chegou a realizar-se. O cordeiro que substitui Isaac e se sacrifica sem resistência é este Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). O Pai não envia o Filho para a morte e sim para o cumprimento fiel de sua missão de revelar o amor de Deus, Sua misericórdia sobre todos os homens, e a morte de Jesus na cruz é a conseqüência desse amor levado até o fim (cf. Jo 13,1).


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


A partir desta frase sabemos quem é Deus? Muitas definições foram feitas sobre Deus tanto a partir da filosofia como da teologia em geral e outras disciplinas científicas e exatas, mas nenhuma definição mais certa e curta do que a de São João: “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Esta frase é carregada de mistério e de promessa, toda nossa história. É a frase nuclear e radiante. Esta frase, ao meditá-la e vivê-la no dia-a-dia, tem a capacidade de manter a esperança no mundo e tem uma força tremenda para o homem continuar sua luta pela dignidade, pois o amor é a ultima palavra da vida. “O Amor é a nossa origem. O Amor é o chamado constante na vida. O Amor é a plenitude da vida. No entardecer da nossa vida seremos julgados no amor” (Santo Agostinho).


A resposta para o porquê da criação, da encarnação e da redenção é o amor de Deus por todos nós. Toda a atividade de Deus é uma atividade amorosa. Se cria, Ele cria por amor; se governa as coisas, o faz no amor; quando julga, julga com amor. Tudo quanto faz é expressão de sua natureza, e sua natureza é amar. Amar é dar-se a si mesmo. O plano de salvação não tem outro fundamento que o incompreensível amor de Deus por nós todos e por cada um de nós em particular. Por amor anda Deus em nossa busca pelos caminhos do mundo. É um Deus que não tem medo de sacrificar até o próprio Filho para resgatar todos nós, pecadores e perdidos, por amor. O homem nenhum na face da terra sacrificaria seu próprio filho para resgatar os outros. Somente o Deus apaixonado por nós todos.


Deixar de olhar para Deus que se encarna em Jesus será para nós uma perdição eterna e será para nós uma infelicidade sem fim. Levado por seu amor, Deus salta o abismo que nos separava dele e se aproxima de nós para nos dar o que mais quer: seu “único Filho”. Mais ainda, entregou seu único Filho à morte para que todos nós tenhamos vida. E esta vida dada para nós gratuitamente se renova em cada Eucaristia para que sejamos um dom para os outros; para que façamos o bem também para os outros. Jamais um cristão pode fazer o mal ou ser cúmplice do mal.


O melhor comentário para este texto de Jo 3,16 é a primeira carta de São João 4,18-21: “No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão”.  Será que amamos realmente a Deus no próximo? (cf. Jo 15,12).


A Paixão e morte de Jesus Cristo é a manifestação suprema do amor de Deus pelos homens. Deus é amor, amor que se difunde e se prodiga; e tudo se resume nesta grande verdade que tudo explica e o ilumina. É necessário ver a história de Jesus sob esta luz. “Ele me amou e sacrificado por mim”, escreveu São Paulo (Gl 2,20). Cada um precisa repetir esta frase a si mesmo. O amor de Deus por nós culmina no sacrifício do Calvário. A entrega de Cristo constitui uma chamada estimulante e apressada para corresponder a esse amor: amor com amor se paga. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27), e Deus é amor (1Jo 4,8.16). Por isso, o coração do homem está feito para amar e quanto mais se ama, mais se identifica com Deus e somente quando ama, o homem pode ser feliz.


Num mundo acostumado ao comércio, ao preço das coisas, é difícil entender a gratuidade, é difícil entender a ação de Deus que quer dialogar, amar com liberdade a todos, oferecendo a oportunidade de salvação, graça e vida. Nós, na nossa vida cotidiana, damos uma parte de nossa vida, enquanto Deus dá tudo para a humanidade. Por isso, quando ele pedir do homem, Deus não pede muito do homem, mas pede tudo do homem.


Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.  Segundo o Evangelho de João, o cristão não tem que ter medo do juízo último, pois o juízo não é algo externo e sim dentro do próprio homem. O cristão sabe que o juízo está nele e depende de sua própria escolha. A partir de Deus tudo é governado por amor. E a partir do homem?  será que nossa vida é governada por amor e com amor? “Quanto mais cresce teu amor, maior é tua perfeição. A perfeição da alma é o amor (Santo Agostinho: In epist. Joan. 9,2).


 
P. Vitus Gustama,svd

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