sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Domingo,23/02/2020
Resultado de imagem para Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santoResultado de imagem para sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeitoResultado de imagem para Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!
VIVER CONFORME O AMOR MISERICORDIOSO DE DEUS
VII DOMINGO COMUM A


Primeira Leitura: Lv 19,1-2.17-18
1O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2“Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e dize-lhes: ‘Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. 17Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18Não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor!’”


Segunda Leitura: 1Cor 3,16-23
Irmãos: 16 Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? 17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário. 18Ninguém se iluda: Se algum de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; 19 pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus. Com efeito, está escrito: “Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcia”, 20e ainda: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios; sabe que são vãos”. 21Portanto, que ninguém ponha sua glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: 22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, 23mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.
 


Evangelho: Mt 5,38-48
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 38 “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40 Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41 Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42 Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. 43 Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”
-------------
Estamos ainda no Sermão da Montanha (Mt 5-7). O evangelho deste dia fala das ultimas instruções de Jesus para seus seguidores em forma de antítese. A estrutura literária é semelhante à dos precedentes. O preceito de Torah é introduzido pela fórmula: “Ouvi o que foi dito” (ekoúsate óti erréthe). O preceito é seguido pelo comentário de Jesus ou sua reflexão profunda que é introduzido com a seguinte fórmula: “Eu, porém, vos digo” (egò dè légo ymin). “Nosso Senhor, eliminando a ocasião, evita as causas dos pecados. Como a Lei se repara a culpa, mas aqui se evitam os pecados desde o princípio” (São Jerônimo).


A Primeira Leitura nos deu a chave para entender o Evangelho deste dia: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. A seção central da "lei da santidade" e a mais compacta do Levítico (Lv 17-26), trata de modelar a ordem humana a partir da santidade de Deus. A santidade é aqui um conceito que não fala tanto de Deus em si, mas de Deus como o fundamento do mundo (origem de tudo e de todos, menos o mal). É uma exigência radical do próprio mundo para ser verdadeiramente o que é ou para o qual é chamado a ser. A lei é dirigida ao povo de Deus no mundo, para ensiná-lo o caminho do acesso à santidade de Deus ou à plena realização de si mesmo. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, daí a exigência de ser e se comportar como nosso Deus. Somos cristãos, seguidores de Jesus Cristo, daí a urgência de se assemelhar a Jesus em tudo.


De acordo com um pequeno código de preceitos inserido no centro da lei da santidade (Primeira Leitura), o homem não precisa fazer muitos rodeios para responder à exigência de ser santo. A passagem da santidade é o irmão, o próximo para chegar até Deus. Nesse pequeno código, eco em sua forma e em seu conteúdo do decálogo de Moisés, o próximo também é chamado de parente, concidadão, irmão. Ele é o homem da comunidade humana, na qual todos têm direitos e deveres. O cumprimento dos deveres faz com que o próximo obtenha seus direitos. No relacionamento certo está a realização de um e de todos. E é isso que o Deus santo exige do mundo.


É o raciocínio de são Paulo na Segunda Leitura. Nós somos templos de Deus, isto é, Deus habita em nossos corações pelo Seu Espírito. Logo, devemos, como consequência, deixar que o Espírito de Deus se manifeste em nossas obras, trabalhando com a alteza a partir do olhar e do amor de Deus.


Jesus, no Evangelho de hoje, concretizou mais ainda essa lei do amor. A lei do talião (olho por olho, dente por dente) não deve mais se aplicar à vida dos seus seguidores (cristãos). Os seguidores de Jesus devem aprender a nova lei, a lei do amor. Não se vingue do mal com o mal, mas esforce-se a vencê-lo com o bem. "Dê a outra face", “dê a ele o manto", "ande com ele não apenas uma milha, mas duas", são expressões muito plásticas do novo estilo de vida no amor fraterno apresentado por Jesus Cristo, nosso Mestre e Salvador. O intuito principal é ser ocasião de salvação para o outro. Por isso, vale todo tipo de esforço mesmo que seja duro e tem a aparência de impossibilidade. Com Deus e a partir de Deus tudo se torna possível. Sozinho tudo se torna difícil e impossível.


Portanto, trata-se de um modo de ser e de viver em contradição aberta com os modos de vida em uso (hábitos). É uma maneira de ver e entender a vida, de vivê-la também, ou seja, trata-se de uma sabedoria, que só é possível com fé e a partir da fé. Uma sabedoria que configura um modo de ser (ser cristão)  e que se manifesta em um modo de viver e de trabalhar: o cristão não somente é chamado a amar ao próximo, mas também a amar (quer o bem) ao inimigo. Nisto aparece com nitidez a grandeza do amor cristão, a grandeza do amor de Cristo, a de Deus em Cristo, a dos filhos de Deus. é um desafio de cada dia!


Consequentemente, não podemos dizer que honramos a Deus, se logo não imitamos Sua maneira de atuar conosco: lento à ira, compreensivo, está pronto para nos perdoar, rico em clemencia. A caridade com o irmão/próximo aparece como uma consequência absolutamente ligada a nossa fé no Deus de amor e de misericórdia.


Estendamos um pouco mais nossa reflexão sobre o texto do Evangelho de hoje!


Na primeira instrução neste texto, que é a quinta antítese, Jesus faz seu comentário sobre a lei de talião do Antigo Testamento. No Livro do Êxodo lemos: “Vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25; cf. Lv 20,17-22).


A lei de talião era conhecida em todo o Oriente Antigo. Ela é encontrada no Código Hammurábi, nas leis assírias, na Torah bem como também entre os gregos e os romanos. A finalidade primordial dessa lei era colocar um limite a uma vontade desenfreada de vingança em uma sociedade em que a vingança era quase que institucionalizada (cf. Gn 4,23-24). Portanto, a intenção dessa lei era proteger os direitos da pessoa contra os excessos de violência.


Na quinta antítese do Sermão da Montanha Jesus nos diz: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau. Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante um quilômetro, caminha dois com ele. Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”  (Mt 5,38-42).


Com esta antítese Jesus coloca como alternativa à violência, não a lei de talião, mas a não-violência. Na verdade o princípio da não-violência já era conhecido no AT (cf. Lv 19,18; Si 28,1-2; Pr 20,22). Este princípio também tinha entre os membros da Comunidade de Qumran como regra: “Eu não retribuirei o mal a ninguém; mas é pelo bem que perseguirei o outro; porque em Deus está o julgamento de todo aquele que vive, é ele quem retribuirá a cada um” (Regra da Comunidade 10,17-21). O mesmo princípio São Paulo formula de maneira mais radical ainda em Rm 12,17-21: “Não pagueis a ninguém o mal com o mal; a vossa preocupação seja fazer o bem a todos os homens. Se for possível, no que depende de vós, vivei em paz com todos. Amados, não façais justiça por própria conta, mas deixai a ira de Deus agir, pois o Senhor diz na Escritura: ‘A Mim pertence a vingança; Eu mesmo vou retribuir’. Mas, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; desse modo, farás o outro corar de vergonha. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”.


A reação paradoxal que Jesus sugere aos cristãos, seus seguidores, diante da violência, tem uma finalidade concreta: mostrar as possibilidades extremas de aplicação do seu mandamento de amor. Quem é movido por um amor incondicional ao próximo, descentrando-se de si mesmo, será capaz de fazer gestos radicais para coibir a violência, sem responder com a mesma moeda. Tudo supõe que se tenha um coração limpo. A lei do talião é excluída pela limpeza de coração e pela compaixão. “Uma vez que você chega ao ponto em que se sente completamente convencido da preciosa necessidade da compaixão e da tolerância, você vivencia a sensação de haver sido tocado, tem a impressão de ter sido transformado por dentro” (Dalai Lama, em: Dalai Lama Fala de Jesus).


Quando te vingas de alguém, por acaso evitas que ele te volte a ferir? Muito ao contrário, assim o instigas a te ferir, porque a cólera não se corrige com a cólera, antes a acende” (Pseudo-Crisóstomo).


Os cristãos, na linha das Bem-aventuranças, se caracterizam como mansos e pacíficos. Por serem mansos, recusam-se terminantemente a recorrer à violência. Por serem pacíficos, eles fazem tudo para que os laços com o próximo não sejam rompidos, mesmo à custa de gestos paradoxais. No lugar de ódio, o desejo do bem (amor e oração). Ser filho de Deus significa parecer-se com ele no modo de agir (Mt 5,9). O que torna o homem perfeito (inteiramente bom) e semelhante a Deus, não é a observância da Lei, como disseram os fariseus, mas é amor que não conhece exceções.


Na ultima antítese, a sexta antítese, Jesus nos diz: “Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’”. A parte relativa ao amor ao próximo é tirada de Lv 19,18. Enquanto que a parte do ódio ao inimigo é tirada da tradição judaica. A tradição judaica, na época, considerava próximo apenas o judeu ou o estrangeiro que morava no país.


O comentário de Jesus é este: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito”.


Este é o ponto culminante da serie de prescrições que Jesus sugere aos seus seguidores. Todos os preceitos mencionados anteriormente sozinhos (como fraternidade, amor conjugal, sinceridade) seriam em si inviáveis e não deixariam nenhuma sociedade subsistir. O que lhes dá alma e sentido é a razão que vem logo a seguir: a do amor sem exceção (até inimigo).


Amar os inimigos e rezar por eles quando nos tratam mal superam todo preceito. É uma exigência que se apóia no exemplo do próprio Deus, que vê todos, bons e maus, como os seus filhos. Amar os inimigos é gratuidade do amor que é vivido na presença de Deus e palavras que encontram a sua garantia na própria prática de Jesus. Na cruz Jesus rezou pelos inimigos: “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Eles não chegaram a reconhecer a gravidade do crime cometido. O Perdão é a maior necessidade de toda a humanidade, pois somente através do perdão de nossos pecados e através do perdão que oferecemos aos outros é que alcançaremos paz de espírito, sem o qual a vida se tornará um tormento, uma infindável procura de uma satisfação que jamais chega. Na cruz do calvário Jesus tomou o nosso lugar. Mais ainda: ele tomou o nosso pecado e nossas dores (cf. Mt 8,17; Is 53,4). Tão integral foi sua identificação com os pecadores e criminosos, que ele teve que suplicar ao Pai que perdoasse aos responsáveis por sua crucificação. Dalai Lama mais uma vez disse: “A pessoa que tem uma tremenda reserva de paciência e de tolerância, tem um certo grau de tranqüilidade e de calma em sua vida. Essa pessoa não é só feliz e mais profunda nas suas emoções, porém também parece ser mais saudável fisicamente, menos suscetível a doenças. Possui uma vontade firme, tem bom apetite e dorme com consciência tranqüila. Se você faz o bem, você experimenta resultados desejáveis; e se você faz o mal, você experimenta resultados indesejáveis” (Dalai Lama Fala de Jesus).


Todos são filhos e filhas de Deus. Ser filho (a) de Deus significa parecer-se com ele no modo de agir (Mt 5,9) tanto para os bons como para aqueles que ainda não descobriram a importância da bondade. “Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito” concluiu Jesus. O que torna o homem perfeito (inteiramente bom) e semelhante a Deus, não é a observância da Lei, como diziam os fariseus, mas é o amor que não conhece exceções. Além disso, Toda pessoa, também o agressor, deve ser um santuário de Deus e devemos reconhecê-lo (1Cor 3,16).


Jesus não dá apenas leis novas para os cristãos e para as pessoas de boa vontade. Ele dá aquilo que não cabe dentro de nenhuma lei: uma atitude totalmente nova que não se explica humanamente.  “Amigo” e “inimigo” não serão nem salvos por minha simpatia, nem malditos por meu ódio. Pelo contrário, o que será julgado, salvo ou maldito, será meu ódio e meu amor. No relacionamento com o próximo, na minha facilidade de distinguir amigos e inimigos, o julgado sou eu. “Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos? (Mt 5,47). O decisivo, portanto, não é o meu sentimento, mas a fé de que eles também estão colocados diante da face de Deus.


Portanto, não é suficiente ser bonzinho; é necessário ser bom. Não basta “agüentar” os maus; devemos fazer, por eles, algo de positivo. Jesus não quer bobos, mas fortes, capazes de fazer algo para que o mundo mude ou melhore. Não é suficiente sofrer, enquanto tivermos ainda uma possibilidade de fazer positivamente o bem.
P. Vitus Gustama,SVD

Nenhum comentário:

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTO, POIS ELE É A VERDADEIRA VIDEIRA V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B” Primeira Leitura: At 9,26-31...