SER RESPONSÁVEL E PERMANENTE VIGILANTE
Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011
Texto de Leitura: Lc 12, 39-48
“A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”
Mais uma vez Jesus exorta à vigilância, especialmente a todos os responsáveis da comunidade (v.41). Eles têm o encargo especial de velar pelos outros, como diz o autor da primeira Carta de Pedro (1Pd 5,2-4): “Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas com dedicação; não como dominadores absolutos sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos do vosso rebanho. E, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória”. Isto quer dizer que os outros são as ovelhas do Senhor e não são dos responsáveis da comunidade (cf. Jo 21,15-17: “Apascenta as minhas ovelhas”, diz o Senhor). Cuidar de cada ovelha do Senhor com carinho e responsabilidade é a manifestação do respeito pelo dono das ovelhas que é o próprio Senhor. Quem cuida das ovelhas faz parte do próprio rebanho com a função de velar sobre o resto do rebanho (o responsável é também ovelha do Senhor). A liderança eclesial tem o dever de dar testemunho de fé robusta que se expressa em cuidar bem dos irmãos que são ovelhas do Senhor.
Os que cuidam dos irmãos, ovelhas do Senhor, têm muito mais responsabilidade do que qualquer um na comunidade. A palavra “responsabilidade” tem sua origem etimológica no latim: “respondere” que significa “prometer”, “garantir”. O que garante a responsabilidade são os valores. Ter responsabilidade significa ser coerente com os próprios atos, com os valores reconhecidos. Através dos valores o ser humano descobre e desenvolve seu sentido de vida. Responsabilizar-se significa elevar a própria existência para uma dimensão superior.
A tentação típica do ministério é a de esquecer-se de que todos, na comunidade, são apenas administradores. Temos tentação de atuar como se fosse dono das ovelhas do Senhor. É a tentação de explorar os outros e a de apascentar-se a si mesmo. Não se deve esquecer de que todos haverão de prestar contas diante de Deus. Cada administrador do Senhor recebeu encargo de maior responsabilidade. Mas recebeu também dons correspondentes. A medida da exigência de Deus aos homens se regula conforme à medida dos dons que se outorgou a cada um. Tudo que o homem recebeu é um capital que lhe é confiado para que trabalhe com ele: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”. Isto quer dizer que quanto mais alguém se aproxima de Jesus e se deixa interpelar por Ele, mais responsabilidade ele deverá ter de colocar em prática os ensinamentos de Jesus. Ao contrário, ele terá motivos sérios para ficar inquieto, pois chegará um dia para prestar contas.
Para qualquer cargo ou tarefa na comunidade se requer fidelidade e sensatez. Fidelidade porque cada um é apenas um administrador pelo qual deve trabalhar conforme a vontade do Senhor. Sensatez porque não deve perder de vista que o Senhor pode vir repentinamente e pedir-lhe contas. A vinda do Senhor é certa, o momento é incerto. Estejamos, então, vigilantes!
Portanto, a parábola do administrador, no evangelho deste dia, nos mostra que o tempo da espera da chegada da segunda vinda do Senhor é preciso, como tempo de serviço, porque o Reino de Deus se reflete já de forma decisiva em nossa vida. A todos é confiado um tipo de serviço no tempo dessa espera. A riqueza do Reino de Deus se traduz para todos a maneira de amor que dirige aos outros. Aquele que recebeu o grande tesouro que lhe faz rico para Deus começa a ser imediatamente fonte de amor para os demais homens.
A expectativa da vinda do Senhor que é inesperada ou o momento que é desconhecido e repentina, deve criar em nós uma forte consciência da responsabilidade nas tarefas que nos foram encomendadas. A consciência de sermos administradores e não donos deve nos levar a conceber nossa liberdade em termos de responsabilidade. Todas as nossas tarefas, portanto, concernem à administração dos bens que o Senhor nos confiou. A falta de responsabilidade é, no fundo, uma falta da vivência de fé diariamente.
As graças e as funções concedidas por Deus a cada um de nós não podem ser concebidas como uma honra e sim como um dever a cumprir em favor do bem de todos para que todos possam chegar à comunhão plena com Deus na eternidade.
P. Vitus Gustama,svd
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