VIVER NA VERDADE E NA DIGNIDADE AFASTA A HIPOCRISIA
Terça-feira, 11 de Outubro de 2011
Texto de Leitura: Lc 11,37-41
“Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades”, assim Jesus disse aos fariseus no evangelho lido neste dia. Trata-se de uma vida na aparência, de uma vida incoerente. Trata-se de uma hipocrisia.
A palavra hipócrita designava no mundo grego antigo o ator que, com uma máscara e um disfarce, assumia uma personalidade alheia. O ator representa um papel, não o que ele é inteiramente. É apresentação sem representação (apresenta algo que não tem nada a ver com a própria vida e por isso, não representa nada de sua vida). Fingia diante do público ser outra pessoa freqüentemente sem nada a ver com a sua própria personalidade, porque trabalhava para a platéia. Ele não vivia sua própria identidade.
Todo hipócrita é exibicionista. Na verdade, um exibicionista é uma pessoa de personalidade superficial, fútil e sem sólidos ideais. Ele vive mendigando louvores e os procura de todas as maneiras. Ele se preocupa mais em ostentar do que em ser alguma coisa. Sua preocupação é colocar-se em evidência, ser notado, elogiado. Tudo o que ele faz é na perspectiva de algum louvor. Ele considera bons ou maus os seus atos não por estarem de acordo ou não com as normas éticas, mas por serem capazes ou não de atrair a atenção e despertar admiração.
Segundo o Evangelho de hoje hipócrita é aquele que vive só na aparência e longe da verdade. É aparentar ser bom, sem sê-lo. É uma incoerência de vida. É uma duplicidade, um fingimento. Ele extremamente se apresenta como um homem religioso, alguém que faz questão de proferir palestras bonitas sobre o amor, sobre a paz, sobre o respeito para com os outros, quando ninguém o vê viver assim. É aquele que vive de etiqueta, mas continua pagando dívidas sem fim.
A hipocrisia, que tenta esconder atrás da fachada limpa a podridão interior, não convém ao cristão que é chamado a viver e proclamar publicamente a palavra recebida de Jesus. O Senhor quer que tenhamos diante d’Ele e diante dos outros uma única vida, sem disfarces e mentiras, pois n’Ele mesmo encontramos a plenitude da unidade de vida, a mais profunda união entre as palavras e as obras. A verdade é sempre um reflexo de Deus e deve ser tratada com muito respeito. Ao buscar sempre a verdade, fugindo da duplicidade ou da hipocrisia, o cristão se torna uma pessoa honrada e respeitada. A falta de veracidade que se manifesta na mentira ou na hipocrisia ou na falta de unidade de vida, revela uma discórdia interior. Por isso, o Senhor diz no Sermão da Montanha: “Seja o vosso Sim, sim e o vosso Não, não. O que passa disso vem do Maligno” (Mt 5,37).
A dignidade da pessoa humana não consiste em parecer bom, mas em ser bom. O verniz encobre o mal, mas não o suprime. O hipócrita não percebe que tudo que vem de fora não atinge o seu interior e que essa satisfação proveniente da aprovação dos outros é efêmera, superficial e inútil.
Se deixarmos crescer o medo de ser nós mesmos, acabaremos não sabendo quem nós somos. Nunca seremos autenticamente nós enquanto estivermos subordinados à opinião e às expectativas dos outros. A nossa riqueza consiste em que sejamos nós mesmos e não em que nos pareçamos com os outros ou com o que os outros esperam de nós. Os homens verdadeiros e autênticos podem ser aplaudidos ou condenados, amados ou odiados, mas sempre despertam nossa admiração.
P. Vitus Gustama,svd
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