QUEM AMA É DE DEUS E TEM DEUS NO CORAÇÃO
Segunda-feira, 14 de Maio de 2012
Texto de Leitura: Jo 15,9-17
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.
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“Todos podem fazer o sinal da cruz de Cristo. Todos podem responder: Amém. Todos podem cantar Aleluia. Todos serem batizados. Todos freqüentarem as igrejas. Todos construírem os muros das basílicas. Mas a caridade é o único sinal que distingue os filhos de Deus dos filhos do demônio. Não ter amor é grave pecado, é raiz de todos os pecados” (Santo Agostinho).
A palavra “amar”, “amor” condiciona todo o evangelho de hoje. “Amor” é a mensagem central do cristianismo e é o eixo sobre o qual giram todas as virtudes e doutrinas do NT. Todas as virtudes lhe servem de alimento e nenhuma virtude subsiste sem o amor. Alguém pode ter todas as virtudes, mas sem o amor, todas estas virtudes servem apenas como instrumento de exibicionismo e de vaidade pessoal de quem as tem. Na linguagem de São Paulo pode-se dizer que aquele que tem todas as virtudes, mas sem o amor, ele se transforma em nada; a pessoa deixa de ter valor para Deus (cf. 1Cor 13,1-11).
“Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira-lhes o amor e se tornarão vazias” (Santo Agostinho). Quando o egoísmo pessoal, o egoísmo de grupo e o exibicionismo tomam conta de nossa vida é porque há um vazio crescente de amor dentro de nós e dentro do grupo. O egoísmo e o amor não convivem. Nós nos tornaremos solitários à medida que nos preocuparmos com o egoísmo e o exibicionismo. A pessoa que gosta de se exibir é uma pessoa solitária porque o que tem por trás desse exibicionismo é o egoísmo, o egocentrismo, o vazio.
“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, recomenda Jesus (v.9.12). Quem não possui o amor não é de Deus mesmo que se considere cristão, mesmo que freqüente todas as atividades religiosas. Ao contrário, quem ama tem em si algo divino e torna-se partícipe da essência de Deus e tem Deus dentro de si e está em Deus mesmo que se considere ateu, mesmo que não freqüente nada de religioso (1Jo 4,8.12.16). Quem ama conhece Deus. Aquele que conhece Deus é aquele vive numa relação próxima e íntima com Deus. E aquele que vive na essência de Deus que é amor manifesta em gestos concretos essa vida de amor que lhe enche o coração. A comunhão com Deus exige que o amor transpareça nos gestos de todos os dias e nas relações que estabelecemos uns com os outros. Por isso, uma pessoa pode não acreditar em Deus, mas se ama os outros, Deus de Amor acredita nele. Porque a característica mais marcante do ser de Deus é o amor: Deus é Amor (1Jo 4,8.16) e a atividade mais específica de Deus é amar. Quem ama tem a ver com Deus. Quem não ama não tem nada a ver com Deus mesmo sendo batizado como cristão. O amor ao próximo ganha transcendência porque envolve o próprio Deus cuja essência é amor. O amor diviniza quem ama. O ódio profana, desumaniza, e se autodestrói quem o tem no coração.
Portanto, o evangelho de hoje nos questiona se realmente ainda podemos ser chamados de cristãos.
P. Vitus Gustama,svd
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