quarta-feira, 28 de junho de 2017

29/06/2017
Resultado de imagem para Genesis 16,1-16Resultado de imagem para Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus.
ENTRE FALAR E FAZER NA VIDA DO CRISTÃO E NA CONVIVÊNCIA COM OUTROS HOMENS


Quinta-Feira da XII Semana Comum


Primeira Leitura: Gn 16,6b-12.15-16
Naqueles dias, 6b Sarai maltratou tanto Agar que ela fugiu. 7 Um anjo do Senhor, encontrando-a junto à fonte do deserto, no caminho de Sur, disse-lhe: 8 “Agar, escrava de Sarai, de onde vens e para onde vais?” Ela respondeu: “Estou fugindo de Sarai, minha senhora”. 9 E o anjo do Senhor lhe disse: “Volta para a tua senhora e sê submissa a ela”. 10 E acrescentou: “Multiplicarei a tua descendência de tal forma, que não se poderá contar”. 11 Disse, ainda, o anjo do Senhor: “Olha, estás grávida, e darás à luz um filho e o chamarás Ismael, porque o Senhor te ouviu na tua aflição. 12 Ele será indomável como um jumento selvagem, sua mão se levantará contra todos, e a mão de todos contra ele. E ele viverá separado de todos os seus irmãos”. 15 Agar deu à luz o filho de Abrão; e ele pôs o nome de Ismael ao filho que Agar lhe deu. 16 Abrão tinha oitenta e seis anos, quando Agar deu à luz Ismael.


Evangelho: Mt 7,21-29
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21 “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. 22 Naquele dia, muitos vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres? 23 Então eu lhes direi publicamente: Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal. 24 Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. 26 Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” 28 Quando Jesus acabou de dizer estas palavras, as multidões ficaram admiradas com seu en­sina­mento. 29 De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei.
______________________


É Urgente Reviver Nossa Fraternidade, Pois Temos Abraão Como Nosso Pai Comum


Naqueles dias, Sarai maltratou tanto Agar que ela fugiu” para o deserto. O motivo da briga é: “Olha, estás grávida, e darás à luz um filho e o chamarás Ismael, porque o Senhor te ouviu na tua aflição. Ele será indomável como um jumento selvagem, sua mão se levantará contra todos, e a mão de todos contra ele. E ele viverá separado de todos os seus irmãos”. Enquanto que Sara vive sem filho. Mas o anjo do Senhor dá o seguinte conselho para Agar: “Volta para a tua senhora e sê submissa a ela”. É o episódio a respeito do conflito entre Sara e Agar, a escrava, que lemos na Primeira Leitura.


Este episódio é muito importante para nossa atualidade. Ele permite relacionar o mundo mulçumano: Islam (Islã) = Ismael, com a Aliança e com a fé monoteísta de Abraão. O Concílio Vaticano II (cf. Nostra Aetate, n. 3) foi necessário para que os cristãos reconhecessem a dignidade de Islã, depois de séculos de guerras e oposições. Infelizmente, as feridas entre árabes e judeus não foram cicatrizadas. Para convencer-se disso, basta evocar a atual situação política no Oriente Médio que desconhece o fim. O texto da Primeira Leitura que é aparentemente “alheio” e quase “arqueológico” se revela como de flagrante atualidade: a trágica rivalidade entre Sara e Agar continua em pleno século XX/XXI de nossa época sem sabermos até quando vai ter seu fim.


Ao ver que tardava no cumprimento da promessa da parte de Deus que prometeu uma numerosa descendência, Abrão e Sara recorreram a um procedimento admitido na época: Sara sugere que seu marido, Abraão, tenha um filho de uma escrava egípcia, Agar.


Abrão busca Deus e sua vontade através dos costumes de seu tempo. Mas não é sempre fácil fazer a vontade de Deus. Abraão por um momento acreditou que o filho com a escrava Agar seria o cumprimento da “promessa”. Mas não foi assim. De erro em erro, de sofrimento em sofrimento Abarão avança.


Por isso, o que acontecerá depois, como consequência, vai se repetindo em todos os tempos: na sua gravidez a escrava Agar se anima diante de sua ama, Sara, e se sente superior ao estéril Sara, sua ama, e quer que seu filho seja reconhecido como seu. A reação de Sara é expulsar a escrava Agar da casa. Agar fugiu para o deserto. E Deus continua levando adiante seu plano de salvação, também através destas misérias humanas.


O filho da escrava Agar parece não ter lugar na história da salvação, mas também a ele alcança o amor de Deus. O filho será chamado Ismael, que significa “Deus escuta”. Ninguém, nem sequer o povo eleito no AT nem a Igreja no NT tem o monopólio da graça de Deus e da salvação. Deus ama também todos os que consideramos que estão fora, pois todos são seus filhos.


Além do mais, temos que saber reconhecer os caminhos de Deus também em direções que nos parecem surpreendentes. Porque Deus é sempre original e se escapa de nossos cálculos. Muitas vezes aquilo que achamos como solução termina como um grande problema, pois Deus tem seus próprios planos sobre nós e sobre a humanidade em geral.


O filho que Abraão tem com a escrava Agar será o pai dos ismaelitas ou agarenos, nómadas beduínos. Portanto, também os árabes têm Abraão por patriarca. Seu filho Ismael para os árabes e o filho que virá depois, Isaac, para os judeus, são cabeça de uma dupla descendência numerosíssima. Visto a partir deste ângulo, parece que judeus e árabes, por sua comum origem, estão condenados a entender-se. E nós, os cristãos, com os dois. Se um dia, os três irmãos (judeu, mulçumano e cristão) se compreenderem mutuamente pela mesma origem cujo patriarca é o mesmo: Abraão, as guerras poderão conhecer seu fim. Se os três trabalharem juntos, o mundo vai avançar na paz.


Atualmente, há entre 14,2 a 16,5 milhões de judeus pelo mundo (segundo o informe anual do Instituto de Política do Povo Judeu,28 de junho 2015); 1,6 bilhão de mulçumanos (O Fórum Pew para Religião e Vida Pública divulgou na terça-feira 18 Dezembro de 2014); há em torno de 2 bilhões de cristãos, isto é, católicos e protestantes (17 de março de 2010). Se os três se reunirem e unirem suas forças, o mundo vai ter um rosto celestial, pois no mundo eles são de maioria. Os três são irmãos, pois eles têm Abraão como seu patriarca comum. Por que não procuramos os pontos de convergência para resolver os problemas mundiais? Será que temos coragem de assumir que os três também contribuem para o surgimento das brigas, batalhas e guerras no mundo? Será que Deus em quem acreditamos e em quem Abraão depositava sua fé e confiança total teria prazer de ver o sangue de nossos irmãos derramado em nome de uma religião ou em nome de um suposto Deus em quem acreditamos? As três grandes religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo, e islamismo) temos um ponto comum de referência em Abraão e sua fidelidade a Deus. Pena que não nos conhecemos nem estamos reconciliados totalmente.


Segundo o rabino Nilton Bonder há os três maiores segredos para o patriarca Abraão. “O primeiro sobre si mesmo: que foi criado à imagem e semelhança do divino. O segundo sobre o próximo: não há outro porque tudo é uma manifestação de Deus. E o terceiro sobre o comportamento mais importante em um ser humano: ser compassivo e acolher/hospedar” (Tirando Os Sapatos: o Caminho de Abraão, Um Caminho Para o Outro p.96).


Nosso Deus é um Deus que compadece. É um Deus que considera todo homem como filho Seu. É um Deus que está presente, especialmente no homem que sofre. É um Deus que não se deixa se encerrar ou se fechar e se prender nos santuários ou nos ritos e sim que está ali junto ao que sofre como a escrava Agar. É um Deus que não se resigna ver seus filhos desunidos ou inimigos. Este Deus é o Deus em quem acreditamos.


Valor Do Dizer e Do Fazer Na Vida Cristã


Estamos ainda no Sermão da Montanha (Mt 5-7).  O texto do evangelho de hoje é a última parte da conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7). Como podemos saber se alguém é um verdadeiro cristão ou somente tem nome de cristão, mas que não tem nada a ver com a maneira de viver?  De que vale ter o nome cristão se tua vida não é cristã? Há muitos que se denominam médicos e não sabem curar. Muitos que se dizem vigilantes noturnos não fazem mais que dormir a noite inteira. Assim também muitos se chamam cristãos, mas não o são em seus atos. Em sua vida, moral, fé, esperança e caridade são muito diferentes do que declara seu nome”, dizia Santo Agostinho (In epist. Joan. 4,4). O que conta para Deus é o bem que praticamos. Esta questão é que o texto do Evangelho deste dia quer nos transmitir.


1. Fazer e Dizer Devem Estar Em Sintonia Perfeita


“Nem todo aquele que diz ‘Senhor, Senhor’”. Mais uma vez aparece no evangelho a dialética entre o dizer e o fazer. Há quem fale continuamente de Deus (“Senhor, Senhor”) e logo se esquece de fazer sua vontade. Há quem se faça a ilusão de trabalhar pelo Senhor (“profetizamos em teu nome, expulsamos os demônios, fizemos milagres”), mas logo, no dia das contas, no dia da verdade, acontece que o Senhor não o conhecerá: “Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim”.


Por isso, existe o perigo de uma oração (“Senhor, Senhor”) que não é traduzida em vida e em compromisso. Por essa razão um sábio chegou a dizer: “Não há nada que seja mais perigoso do que a oração”, porque obriga ou leva quem reza a assumir os compromissos de Deus com seriedade e perseverança na convivência com os demais homens. Existe o perigo de uma escuta da Palavra que não se converte em nada prático e operante. Jesus fala bem claro neste evangelho: os que falam bem, os que “rezam bem”, os que “oram”, mas não “fazem” não entrarão no Reino. Em outras palavras, a oração precisa ser transformada em compromisso. Rezemos diante de Deus como uma criança, mas logo voltemos à nossa vida com nossa responsabilidade de adultos. O final de toda oração adulta é um só: “Amém”, isto é, aceito a realidade e minha responsabilidade diante dela.


Por que às vezes ou muitas vezes, a oração se encerra em si, a escuta da Palavra de Deus não se traduz em vida e o encontro com os irmãos não se abre ao mundo? A resposta implicitamente se encontra na própria Palavra de Deus: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6,24). Por servir a dois senhores, a pessoa, depois de “servir” a Deus com oração, com a escuta da Palavra e com a reunião eclesial logo serve ao mundo e a si própria com as opções concretas e cotidianas da vida longes dos valores cristãos.


Precisamos estar conscientes de que não existe verdadeira fé sem empenho moral. A oração e a ação, a escuta e a prática, são igualmente importantes. Há três coisas indispensáveis para a vida de um cristão: escuta atenta da Palavra de Deus com oração, prática da vontade de Deus e perseverança até o fim apesar das tempestades da vida.


Jesus não quer que os cristãos cultivem somente a relação com ele, e sim que sejam seguidores que, unidos a ele, trabalhem para mudar a situação da humanidade. É viver de acordo com a justiça e a caridade. Onde há justiça não há pobreza nem exclusão social.


2. Construir a Vida Sobre a Rocha da Palavra de Deus


Jesus nos convida hoje a sermos seguidores “rocha” e não seguidores “areia”. Seguidor “areia” é aquele que vive de uma fé de simples aparência, sem fundamento. Um dia acredita em Deus, em outra ocasião perde a fé. Crê quando as coisas vão ao seu gosto e se desanima quando tudo não corresponde àquilo que imaginava. Os seguidores “rocha” são os que fundamentam sua vida na rocha que é Cristo e sua Palavra. Os seguidores “rocha” se mantêm firmes em qualquer situação, porque seguram na mão de Deus e sabem em quem acreditam (cf. 2Tm 1,12c).  Para sermos verdadeiros seguidores “rocha” devemos fazer próprias as palavras do Salmo 78: “Senhor, não lembreis as nossas culpas do passado, mas venha logo sobre nós vossa bondade.... Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! Por vosso nome, perdoai nossos pecados!”. Não corrigir nossas faltas é o mesmo que cometer novos erros. Muito sabe quem conhece a própria ignorância e procura a viver mais com sabedoria e prudência.


O evangelho deste dia quer nos dizer que não importa “dizer Senhor, Senhor, nem falar em seu nome, nem sequer fazer milagres”. O que importa é a prática. O fazer. As obras. Não o dizer, nem o pensar, nem o rezar, nem o pregar, nem fazer milagres. A prática é a rocha, por isso, é firme até diante de Deus. Jesus nos convida a construir nossa vida sobre a prática. As obras boas praticadas são verdadeiros sinais da abertura diante da graça de Deus.


Para Refletir:
  • O Nome de cristão traz em si a conotação de justiça, bondade, integridade, paciência, castidade, prudência, amabilidade, inocência, e piedade. Como podes explicar a apropriação de tal nome se tua conduta mostra tão poucas dessas muitas virtudes? Não nos deixemos enganar pelo fato de nos chamarem de cristãos. Antes, admitimos ser merecedores de reprovação se usamos um nome ao qual não temos direito... Não existe uma só profissão que não carregue consigo a função correspondente. Como, pois, te atreves a chamar-te cristão, se não te comportas como tal? (Santo Agostinho: De vit. Christ. 6).
P. Vitus Gustama,SVD

Nenhum comentário:

25/11/2024-Segundaf Da XXXIV Semana Comum

GENEROSIDADE E DESPOJAMENTO DE UMA VIÚVA, FRUTO DE SUA FÉ EM DEUS Segunda-Feira da XXXIV Semana Comum Primeira Leitura: Apocalipse 14,1-...