domingo, 29 de outubro de 2017

31/10/2017
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A PALAVRA DE DEUS TEM PODER DE TRANSFORMAR NOSSA VIDA
Terça-Feira da XXX Semana Comum


Primeira Leitura: Rm 8,18-25
Irmãos, 18 eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós. 19 De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. 20 Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; 21 também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. 22 Com efeito, sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. 23 E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo. 24 Pois já fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que a gente está vendo; como pode alguém esperar o que já vê? 25 Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança.


Evangelho: Lc 13,18-21
Naquele tempo, 18 Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? 19 Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. 20 Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? 21 Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.
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A Vida Gloriosa Que Teremos Nos Leva a Viver Na Esperança


No texto da Primeira Leitura do dia anterior (Rm 8,12-17), São Paulo nos disse que o Espirito divino nos torna filhos e filhas de Deus em Jesus Cristo. Ser filhos e filhas de Deus estando aqui na Terra já é algo maravilhoso para nós. Mas São Paulo não pára apenas nesta certeza. No texto da Primeira Leitura de hoje São Paulo nos apresenta uma pespectiva ainda otimista: a nossa filiação é destinada a uma plenitude muito maior do que imaginamos. A palavra “plenitude” evoca a perfeição na abundência.


Se somos destinados à plenitude, para a perfeição na abundância como filhos e filhas de Deus, logo estamos em estado de boa esperança. Nesta esperança estamos aguardando a manifestação completa de filhos e filhas de Deus na glória de Deus. Por isso, logo no início da Primeira Leitura de hoje São Paulo afirma: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”.


São Paulo amplia ainda sua reflexão sobre a esperença. Segundo ele, não somente nós, mas toda a criação está em uma atitude de esperança alegre. De acordo com São Paulo, o cosmos está em gestão, num estado de boa esperança, grávida de vida: Sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto”. Agora gememos como em dores de parto esperando o tempo para ser filhos e filhas de Deus em plenitude.


A imagem da Igreja, da humanidade e até de toda a natureza cósmica gravida, com dores de parto, esperando para iluminar um mundo novo, é uma imagem poderosa e ousada que São Paulo nos apresenta. Que visão tão dinâmica e comprometedora da vida cristã! Uma visão de marcha e de caminho, de crescimento e amadurecimento, de gestação de uma nova vida.


A partir dessa visão que importância pode ter os sofrimentos e as provações no tempo presente? Saõ Paulo mesmo nos diz hoje: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”. A vida gloriosa que teremos um dia tira o poder paralisador dos sofrimentos e das provações. A vida glorificada por Deus que experimentaremos nos dá força para continuar avançar no bem que devemos fazer. No âmago da nossa confiança naquilo que Deus nos promete encontramos a força para nos superar enfrentar as provações. A promessa de Deus nos faz vivermos na perseverança, isto é, acreditar numa transformação possível, apesar das aparências contrárias. A promessa de Deus nos faz vivermos nossa fé profundamente. A verdadeira fé nos leva a nos libertar, a nos assumirmos e a nos manter de pé com determinação. Se não aprendermos a nos olhar a partir desta perspectiva, nós nos impediremos de ir cada vez mais longe, mesmo sendo apazes.


 O Salmo Responsorial de hoje (Sl 125) nos deixa contaminar de alegria: “Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria! ... encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios, de canções. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria”.


A Palavra De Deus Vivida Tem Poder De Transformar Nossa Vida


Continuamos acompanhando Jesus no seu caminho para Jerusalém, durante o qual escutamos Suas últimas e importantes lições para nossa vida como cristãos (Lc 9,51-19,28).


A passagem do evangelho de hoje fala de duas parábolas: a semente da mostarda e o fermento. As duas querem sublinhar claramente que a graça de Deus cresce em extensão (grão de mostarda) e em intensidade (fermento na massa). No entanto, elas não sublinham apenas sobre o crescimento, mas também sobre todo estado final que apontam para um valor escatológico. Elas servem, por isso, para animar qualquer cristão, qualquer comunidade para não desistirem em levar adiante a causa de Jesus apesar de se sentirem tão pequenos no meio dos “poderosos” deste mundo, pois no final Deus é quem tem a última palavra.


O Reino de Deus é como a semente de mostarda, que um homem pega e lançou no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos(Lc 13,19), assim Jesus disse-nos hoje.


Lançar semente à terra é um gesto absolutamente natural, apaixonante e misterioso. É um gesto de esperança e de aventura. Basta a semente estar na terra, começa, então, em segredo e em silêncio uma serie de maravilhas, pouco importa que o semeador se preocupe ou não com a semente. Cada semente lançada na terra surge a esperança no coração do semeador de ver a semente brotar e crescer em alguns dias. O semeador é aquele que crê na vida, que tem confiança no porvir. E ao ver a semente que se transformou em plantinha, a alegria inunda o coração do semeador a ponto de ele “conversar” com a plantinha quase diariamente. E com cuidado ele vai capinar ao redor dela para facilitar o crescimento saudável da plantinha a fim de ela dar bons frutos. O semeador é aquele semeia a mãos cheias para que a vida se multiplique que se transforma em alimento para cada família. O semeador é aquele que investe no porvir.


Jesus está consciente de estar fazendo isto: semear, lançar, esperar com paciência!  Ele empreende uma obra que tem porvir. Ele semeia a Palavra de Deus em cada coração. E aquele que escuta e se deixa guiar pela Palavra de Deus, vai produzir muitos bons frutos para a convivência fraterna.


A Palavra de Deus tem dentro de si uma força misteriosa que apesar dos obstáculos encontrados no seu caminho vai germinar e dar fruto. Com esta parábola Jesus quer sublinhar a força intrínseca da graça e da intervenção de Deus.


O Reino de Deus é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”.


Ao falar da pequenez de uma semente como a de mostarda, Jesus quer nos convidar a rever os nossos critérios de atuação e a nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Por vezes, naquilo que é pequeno, débil e aparentemente insignificante é que Deus se revela (cf. Mt 11,25-28). Deus está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que renunciaram a esquemas de triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus se serve para transformar o mundo.


O Reino de Deus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”, acrescentou Jesus.


Esta comparação tem em conta a potência de transformação do fermento apesar de sua invisibilidade: assim que o fermento se mistura com a massa, a massa se transforma em tamanho maior  para se transformar em pão para a mesa de cada família: os começos são modestos, mas o resultado final é surpreendente.


Através das duas parábolas, Jesus quer nos dar lição de que os meios podem ser muito pequenos, como a pequena semente de mostarda ou como o fermento, mas podem produzir frutos inesperados, não proporcionados nem a nossa organização nem a nossos métodos e instrumentos. A força da Palavra de Deus vem do próprio Deus e não de nossas técnicas. Quando em nossa vida há uma força interior, a eficácia do trabalho cresce notavelmente. Mas quando essa força interior é o amor que Deus nos tem, ou seu Espírito ou a Graça salvadora de Cristo ressuscitado, então, o Reino de Deus germina e cresce poderosamente. O que devemos fazer é colaborar com nossa liberdade. Mas o protagonista é Deus. Necessitamos trabalhar com o olhar posto em Deus, sem impaciência, sem exigir frutos a curto prazo, sem absolutizar nossos méritos, meios e técnicas e sem demasiado medo ao fracasso. Há que ter paciência como a tem o lavrador esperando a colheita.


O evangelho de hoje nos ajuda a entendermos como conduz Deus nossa história. Não teríamos que nos orgulhar nunca, como se o mundo se salvasse por nossas técnicas, métodos e esforços. Não podemos esquecer aquilo que São Paulo nos aconselhou: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho.  Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3,6-11). 


Os frutos da graça de Deus se produzem às ocultas, em pequenos gestos e projetos bem simples sem que ninguém se dê conta. Nossa tarefa é semear a bondade constantemente, catar um pedaço de felicidade diariamente para compartilhá-la com aqueles que não conseguiram catar nenhum pedaço. A fé vivida na obediência à vontade de Deus é capaz de operar uma transformação total da pessoa, uma reestruturação de todo o ser, como a semente que se transforma totalmente em uma planta. Nos fatos aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na insignificância dos meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história e que oferece aos homens caminhos de salvação e de vida plena. Não podemos deixar nenhum dia sem semear a bondade nos corações de pessoas.


P. Vitus Gustama,svd

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