domingo, 25 de junho de 2023

28/06/2023-Quartaf Da XII Semana Comum

O CRISTÃO É RECONHECIDO PELOS BONS FRUTOS QUE PRODUZEM

Quarta-Feira da XII Semana Comum

Primeira Leitura: Gn 15,1-12.17-18

Naqueles dias, 1 o Senhor falou a Abrão, dizendo: “Não temas, Abrão! Eu sou o teu protetor e tua recompensa será muito grande”. 2 Abrão respondeu: minha casa s“Senhor Deus, que me darás? Eu me vou desta vida sem filhos e o herdeiro de erá Eliezer de Damasco”. 3 E acrescentou: “Como não me deste descendência, um servo nascido em minha casa será meu herdeiro”. 4 Então o Senhor falou-lhe nestes termos: “O teu herdeiro não será esse, mas um dos teus descendentes é que será o herdeiro”. 5 E, conduzindo-o para fora, disse-lhe: “Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz!” E acrescentou: “Assim será a tua descendência”. 6 Abrão teve fé no Senhor, que considerou isso como justiça. 7 E lhe disse: “Eu sou o Senhor que te fez sair de Ur dos Caldeus, para te dar em possessão esta terra”. 8 Abrão lhe perguntou: “Senhor Deus, como poderei saber que vou possuí-la?” 9 E o Senhor lhe disse: “Traze-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, além de uma rola e de uma pombinha”. 10 Abrão trouxe tudo e dividiu os animais pelo meio, mas não as aves, colocando as respectivas partes uma diante da outra. 11 Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou. 12 Quando o sol já se ia pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror. 17 Quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre os animais divididos. 18 Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: “Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates”.

Evangelho: Mt 7,15-20

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15 “Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16 Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17 Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. 18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. 19 Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis”.

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Fé No Deus Da Promessa Que Pode Tardar, Mas Não Falha, Pois Ele é Fiel a Si Próprio 

Senhor Deus, que me darás? Eu me vou desta vida sem filhos”, disse Abraão a Deus. O grande sofrimento de Abraão é não ter filhos. Havia o conceito na época de que viver sem filhos (descendentes) significava viver sem bênção de Deus. É um medo de Abraão de nunca ver a promessa se realizar. É o medo de ficar só, estéreil sem produzir nada de válido, isto é sem a descendência. É o medo de não dar frutos e de não deixar marcas. Mas é preciso caminhar de mãos vazias na promessa de Deus, pois Ele é a origem e o destino de tudo o que é bom. Mas Abraão continua a depositar sua fé no Deus da promessa, no Deus do porvir. Ao próprio Deus é que ele se dirige numa oração simples e profunda que se mistura com grito e esperança: “Senhor Deus, que me darás? Eu me vou desta vida sem filhos”. 

Logo no início do diálogo, Deus disse a Abraão: Não temas, Abrão! Eu sou o teu protetor e tua recompensa será muito grande”. Aqui Deus se apresenta com três expressões ligadas entre si: Nada temas, Abraão; Eu sou teu Protetor(escudo); Tua recompensa será muito grande. 

Para a queixa de Abraão Deus dá a seguinte resposta: “Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! Assim será a tua descendência”. É o pedaço do diálogo entre Abraão e Deus.

Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! Assim será a tua descendência”.  A promessa visa agora não só a um filho que virá (que será Isaque), mas às gerações futuras.  De Abraão nasceram as três grandes religiões monoteístas: Judaismo, Cristianismo e Islamismo. A partir de Abrão, os judeus, os cristão e mulçumanos são irmãos. Se estas três religiões monoteístas estiverem juntos na luta pela paz, pela fraterniade, o mundo vai mudar, pois a maioria da população mundial está nestas três religiões monoteístas. 

Senhor Deus, que me darás? Eu me vou desta vida sem filhos”. O grande sofrimento de Abraão é não ter filhos. Havia o conceito na época de que viver sem filhos (descendentes) significava viver sem bênção de Deus. Mas Abraão continua a depositar sua fé no Deus da promessa, no Deus do porvir. Ao próprio Deus é que ele se dirige numa oração simples e profunda que se mistura com grito e esperança: “Senhor Deus, que me darás? Eu me vou desta vida sem filhos”. 

Deus promete uma descendência numerosa como as estrelas. Aparentemente é impossível do ponto de vista humano, pois Sara é estéril e de idade avançada. Abraão é velho. É o conflito entre fé em Deus diante de uma realidade aparentemente sem solução. “Vou continuar a confiar em Deus enquanto a realidade me diz que não adianta pela impossibilidade de uma solução” é a voz de quem tem fé em Deus como Abraão. Deus é nossa primeiro e nossa última esperança. É a única esperança que jamais falha, pois Deus “tem palavras da vida eterna” (Jo 6,68). 

Milhares de anos depois, nós sabemos que essa promessa se realizou. Milhões de judeus, de árabes e de cristãos honramos a Abraão como nosso pai comum. Abraão é o pai dos judeus, dos muçulmanos, dos cristãos. Por isso, nós (judeus, mulçumanos e cristãos) deveríamos viver aquilo que Abraão dizia para Ló: “Não deve haver discórdia entre nós e entre os nossos pastores, pois somos irmãos” (Gn 13,8). Nilton Bonder escreveu: “Tenho que tirar meus sapatos e reconhecer o outro como aquele que pisa o mesmo chão sagrado, que existe independentemente da minha sola” (Tirando Os Sapatos: o Caminho de Abraão, Um Caminho Para o Outro p.189). 

Temos que ter coragem de dirigir nosso olhar para o futuro de Deus com fé, pois Deus é o Senhor do impossível. O mundo não acabou. O porvir está nas mãos de Deus. Nossa fé deve ser dirigida para o porvir de Deus a exemplo de Abraão, ainda que não consigamos ver o resultado imediato, pois a “fé é a certeza daquilo que não se vê e é a antecipação daquilo que se espera” (Cf. Hb 11,1). 

Temos que estar conscientes de que a fé, a certeza de Deus não suprimem qualquer angústia e obscuridade. Em certos dias o tempo parece interminável, como Abraão espera a chegada do filho apesar da velhice. É assim também nossas vidas de cada dia. Há noites vazias, obscuras. Há trabalhos aparentemente estéreis. Há momentos em que a prova nos põe em nervosismo e angústia. Paradoxalmente, Deus atua precisamente em nós quando estamos vazios de nós mesmos e completamente receptivos para a ação de Deus. Quando tudo parece perdido, como aconteceu na Paixão de Jesus, é certamente quando a salvação pascal está próxima. 

Abraão já conhecia sua história, mas seu futuro era como uma parede, como um poço sem fundo. O tempo vai passando, e Deus convida a Abraão a olhar para o céu. Abraão é confrontado com o infinito (o céu, sem saber onde começa e termina). Deus convida Abraão a mover seus olhos cansados para o firmamento sem limites e a renovar sua esperança esgotada na dança das estrelas e das planetas. Quando tomarmos coragem de dirigir nosso olhar para Deus, para o Infinito, começaremos a entender que o que se passa na nossa vida não se escapa do olhar de Deus. O olhar dirigido para o céu (Deus) é o momento para perguntar a Deus e é o momento de ouvir a resposta de Deus quando tudo está em silêncio, em repouso total. Abraão creu. Viu as estrelas e nelas acredita ver a multidão de filhos que um dia seriamos todos nós. Abraão nos viu no firmamento, no céu, e, com certeza, um dia chorou de alegria ao ver a esperança que se tornou uma realidade 

Abraão é nosso pai na religiosidade, no ato de fé e na caminhada da fé. A vida de Abraão é uma peregrinação de fé desde um ponto de partida até um ponto de chegada, passando por provações e purificações. Quem confia na Palavra de Deus, esteja preparado para a vitória final, como Abraão, apesar das dificuldades e as impssibilidades, de ponto de vista humano. 

“A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos no tempo. A fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso « eu » isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Deste modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas” (Carta Encíclica do Papa Francisco: Lumen Fidei n.4). 

O Cristão É Reconhecido Pelas Suas Boas Obras 

Estamos ainda no Sermão da Montanha (Mt 5-7).  O texto do evangelho de hoje é a última parte da conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7). O que conta para Deus é o bem que praticamos. Nossa maneira de viver e de conviver é o parâmetro para saber se realmente rezamos ou se realmente acreditamos em Deus que é o Supremo Bem. O texto do evangelho de hoje serve de verificação para nossas praticas diárias. Afinal, quem é o verdadeiro cristão? 

As Obras Falam Por Si De Quem As Faz 

Através do evangelho de hoje Jesus quer nos dizer, primeiramente, que não devemos julgar ou avaliar o homem pelas aparências que são frequentemente enganosas. Devemos, ao contrário, avaliá-lo a partir daquilo que ele faz. Nem as palavras, nem as intenções, e sim as práticas. Se as palavras e as intenções seguem uma direção, e a prática outra, a segunda é que revela o coração do homem, suas opções profundas, seus verdadeiros interesses. Por fora, todos podem parecer iguais, mas o interior da pessoa e as obras que fazem a diferença. Sabemos que nem tudo o que brilha é ouro. 

No entanto, a comparação também pode ser entendida de outra forma. Existem sementes que quando você as vê parecem inócuas, e há árvores que parecem fascinantes quando você as vê; somente se você tiver paciência (e bom senso) para esperar pelos frutos saberá o que eles realmente são. É assim que os falsos profetas são negados; não pelas muitas palavras que dizem (palavras muitas vezes fascinantes), nem pelos vários gestos que fazem; você deve valorizá-los com base nos frutos que essas palavras e esses gestos produzirão em breve.             

Jesus é muito realista. Ele dá este critério: “Olhem e vejam como atuam” para saber se são verdadeiros cristãos ou não, se são profetas ou não são profetas. “Pelos frutos vocês vão reconhecê-los”. A chave para distinguir os verdadeiros dos falsos profetas não é sua doutrina ou seu ensinamento e sim suas obras.  

Qualquer pessoa se manifesta pelo que faz ou pelo modo de viver. Os cristãos são reconhecidos não pelos dons que têm, mas pelos frutos que produzem. Qualidade de um fruto depende da qualidade da árvore. Jesus quer nos dizer para não julgarmos os homens pelas aparências e sim pelo que faz. Nem as palavras nem as intenções e sim a prática. Se as palavras e as intenções seguem uma direção e a prática outra, a segunda é que revela o coração do homem, suas opções profundas, seus verdadeiros interesses. 

Através do evangelho de hoje Jesus faz uma advertência sobre o perigo relacionado aos falsos profetas. O evangelista Mateus dá uma norma para sua comunidade a fim de saber reconhecer os falsos profetas: a paciência em esperar os frutos e as obras pelos quais será reconhecido o verdadeiro profeta do falso profeta. A chave para detectar os falsos profetas são suas obras. O verdadeiro profeta é aquele que orienta a comunidade de acordo com a mensagem e a forma de vida de Jesus.             

Este critério deve ser aplicado para nós mesmos também: Que frutos produzimos? Que frutos você produz? Dizemos apenas palavras bonitas ou também oferecemos fatos ou obras? De um coração azedo somente produz frutos azedos. De um coração generoso e sereno brotam obras boas e consoladoras. São Paulo na carta aos gálatas escreveu: “As obras da carne são fornicação, idolatria, ódios, discórdia, inimizade, egoísmo, inveja, ciúmes, ira, divisão, rivalidade. Ao contrário, o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, fidelidade, domínio de si mesmo” (cf. Gl 5,19-26). Se nós somos filhos da Verdade e do Amor, então, façamos as obras da Verdade e do Amor e vivamos na sinceridade.             

A Palavra de Deus hoje nos convida a descermos ao fundo do coração para descobrir nele a nossa maldade ou a nossa bondade; a nossa mentira ou a nossa verdade; nossa veracidade ou nossa falsidade; a nossa esterilidade ou a nossa fecundidade. A Palavra de Deus precisa nos desarmar para nos vermos como somos. 

Portanto, com Sua Palavra através do evangelho de hoje Jesus denuncia uma dissociação frequente e muito perniciosa (prejudicial). Uma vida cristã fundada nesta dissociação é como uma casa construída sem fundamento. Por isso, somos alertados que existe o perigo de uma oração (Senhor, Senhor) que não se traduz em vida e em compromisso (a vontade de Deus) que lemos no próximo dia. Existe o risco de uma escuta da Palavra que não se converte em nada prático e operante. Existe o risco de certos momentos comunitários que se fecham em si mesmos sem nenhum compromisso. A oração, a escuta da Palavra de Deus e o encontro comunitário, são a raiz da práxis cristã. Porém, a raiz deve germinar e produzir frutos. Ninguém planta trigo sem esperar colher seus grãos. Ninguém pesca sem esperar apanhar peixes.

P. Vitus Gustama, SVD

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