terça-feira, 28 de maio de 2024

01/06/2024-Sábado Da VIII Semana Comum

A AUTORIDADE DE JESUS DIANTE DOS ADVERSÁRIOS

Sábado Da VIII Semana Comum

Primeira Leitura: Judas 17.20b-25

17 Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. 20b Edificai-vos sobre o fundamento da vossa santíssima fé e rezai, no Santo Espírito, 21 de modo que vos mantenhais no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna. 22 E a uns, que estão com dúvidas, deveis tratar com piedade. 23 A outros, deveis salvá-los arrancando-os do fogo. De outros ainda deveis ter piedade, mas com temor, aborrecendo a própria veste manchada pela carne... 24 Àquele que é capaz de guardar-vos da queda e de apresentar-vos perante a sua glória irrepreensíveis e jubilosos, 25 ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo, nosso Senhor: glória, majestade, poder e domínio, desde antes de todos os séculos, e agora, e por todos os séculos. Amém.

Evangelho: Mc 11,27-33

Naquele tempo, 27 Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Enquanto Jesus estava andando no Templo, os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os anciãos aproximaram-se dele e perguntaram: 28 "Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?" 29 Jesus respondeu: "Vou fazer-vos uma só pergunta. Se me responderdes, eu vos direi com que autoridade faço isso. 30 O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondei-me". 31 Eles discutiam entre si: "Se respondermos que vinha do céu, ele vai dizer: 'Por que não acreditastes em João?' 32 Devemos então dizer que vinha dos homens?" Mas eles tinham medo da multidão, porque todos, de fato, tinham João na qualidade de profeta. 33 Então eles responderam a Jesus: "Não sabemos". E Jesus disse: "Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas".

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Somos Chamados a Estar Vigilantes Diante Dos Falsos Doutrinas

Hoje lemos na Primeira Leitura um dos escritos mais breves do Novo Testamento: a Carta de São Judas. Carta de São Judas tem apenas 25 versículos. Não sabemos com segurança quem é seu autor. Não parece ser o apóstolo são Judas. Talvez seja Judas, o irmão de são Tiago e portanto, primo de Jesus, que sucedeu são Tiago como responsável da comunidade de Jerusalém. Seguramente pertence ao tempo imediatamente depois dos apóstolos.

Nesta pequena Carta são Judas adverte a todos para não seguirem ensinamentos falsos e inaceitáveis, pois capazes de criar divisão dentro da própria comunidade. Segundo o autor dessa Carta, aqueles que seguem as doutrinas falsas e inaceitáveis são comparados com “os anjos caídos”, “nuvens sem água que os ventos levam”, “arvores sem frutos” (cf. vv. 11-13). Alem disso, nessa Carta, o autor encoraja os leitores para não terem medo diante das dificuldades e desafios, pois Deus vai guardar Seus fieis (v. 24). É preciso ter fé em Deus (v.20). Mas, ao mesmo tempo, o autor pede que andemos pelo caminho de indulgência: “Vocês, porém, amados, construam sobre o alicerce da santíssima fé que vocês têm; rezem movidos pelo Espírito Santo; mantenham-se no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna. Procurem convencer os vacilantes: salvem a uns, arrancando-os do fogo; tenham compaixão de outros, mas com temor. Detestem até a roupa contaminada pelos instintos egoístas dos ímpios..." (vv. 20-23).

Lemos os versículos finais, em que o autor anima os cristaos a manter-se fieis em sua fé, sem fazer caso dos desvios. Por uma parte, vê-se claramente que fala das três pessoas da Trindade: “Movidos pelo Espírito Santo; mantenham-se no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna”. Também parece como se quisesse reunir num mesmo programa de vida as três virtudes teologais: “Construam sobre o alicerce da santíssima que vocês têm. ... mantenham-se no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna”.

Cada geração cristã necessita permanecer alerta diante dos falsos mestres e dos movimentos que não vem do Espirito de Deus. Por isso, é preciso manter-se vigilante e exercer com sabedoria o oportuno discernimento, guiado pelo magistério dos que Cristo pus como pastores e responsáveis na comunidade. O próprio Jesus nos alerta na conclusão do Sermão da Montanha com as seguintes palavras: “Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7, 15-20).

Faremos bem em escutar são Judas em seu dinâmico programa: continuar edificando solidamente a fé, manter o amor, deixar-nos ganhar pela esperança, apioar-nos em Deus que é “Aquele que é capaz de guardar-vos da queda e de apresentar-vos perante a sua glória irrepreensíveis e jubilosos”. E em tempos que corremos, tão difíceis como os primeiros, temos que nos ajudar mutuamente, apoiando-nos diante das dificuldades por amor.

Jesus Vive e Fala Com Autoridade

A cena do evangelho de hoje é continuação da do texto anterior em que Jesus fez um gesto profético ao expulsar os mercadores e cambistas do Templo. Diante desse gesto profético os três poderes: o poder religioso (Sumos sacerdotes), o poder ideológico (mestres da Lei) e o poder econômico (os anciãos) lançam a seguinte pergunta: “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?".

Jesus, com suas obras e com sua palavra, já havia respondido a esta pergunta. Ele já havia demonstrado ter uma autoridade superior à dos mestres habituais (Mc 1,21-28) e uma autoridade de origem divina, como corresponde ao Filho do Homem (Mc 2,1-12.27).

As autoridades pedem conta a Jesus de sua autoridade (exousía): “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?". Ou seja, “Quem te deu autoridade para fazer tais coisas?”. A pergunta das autoridades nos leva ao ínício do Evangelho de Marcos, quando aqueles que encontravam com Jesus, Lhe viam e escutavam: “Estavam espantados com o seu ensinamento, pois Ele os ensinava como quem tem autoridade (exousía) e não como os escribas” (Mc 1,22). Por isso, perguntavam-se espontaneamente: “Que é isto? Um novo ensinamento com autoridade!” (Mc 1,27). Os chefes religiosos não suportam que um simples rabino (Jesus), não formado nas escolas tradicionais, que procede, além disso, da escura Galileia (Mt 4,16), seja admirado e amado pelo povo. Por isso, acusam Jesus de receber seu poder de Satanás (Mc 3,22); depois pretendem que lhes dê um sinal do céu (Mc 8,11); por último, aqui, interrogam-Lhe diretamente, pedindo-Lhe que apresente seus credenciais. É uma ironia, pois umas autoridades que carecem de autoridade pedem a Jesus contas da autoridade que eles não a têm.

A cena do evangelho de hoje é singular, pois Jesus Cristo responde a uma pergunta com outra pergunta. "Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?", perguntam os adversários de Jesus. Ao que Jesus responde com outra pergunta: “O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondei-me". Jesus não lhes pergunta qualquer coisa; Ele lhes pergunta por João Batista.

O caso-João é fundamental. Com efeito, Jesus se sente na linha com a missão de seu Precursor (João Batista). Porém, para afrontar bem a questão, é necessário fazer uma distinção sobre o conceito de “autoridade”. Trtata-se de “autoridade humana” ou de “autoridade divina”? É João um verdadeiro enviado de Deus ou atuou por iniciativa própria? Esta é a questão e Jesus lhes diz que qem é João Batista para eles?

Os adversários de Jesus estão ali não para buscar a verdade sobre Jesus e sim para procurar alguma armadilha a fim de eliminá-Lo. Portanto, a atuação dos adversários de Jesus está na linha da falsidade. Mc quer mostrar aqui para os leitores a cegueira espiritual dos sacerdotes e escribas e a desonestidade dos incrédulos.  Quanta cegueira spiritual pode ter nos corações daqueles que ocupam elevados cargos eclesiásticos! O leitor já percebe, por antecipação, a razão da futura morte de Jesus na Cruz.

Quando um profeta nos desafia numa direção que abala os nossos hábitos mentais ou o nosso conforto ou os nossos interesses, em vez de nos perguntarmos se isso vem de Deus, rapidamente começamos a desacreditar o profeta, para não ter que ouvi-lo a exemplo dos adversários de Jesus. Acontece-nos sempre que no nosso caminho vemos ou ouvimos vozes proféticas que revelam a nossa preguiça e os nossos fracassos, ou nos encorajam para caminhos mais exigentes. Ignoramos o profeta, muitas vezes. Não percebemos o que Deus estava tentando nos dizer.

Há perguntas feitas em busca de respostas. Há perguntas feitas também para derrubar o outro. Mas há perguntas para nos questionar em que há verdade e por isso, não somos capazes de responder no momento a exemplo dos adversários de Jesus: “O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondei-me". Mas a principal pergunta que Mc faz implicitamente para o leitor, todos nós é a seguinte: “Quem é Jesus? Quem é Jesus para mim? Queremos verdadeiramente conhecer o Senhor? Qual é o motivo principal de acreditarmos em Jesus? Quais são as consequências da fé em Jesus Cristo? Devemos nos examinar sobre a verdade de nosso seguimente, pois muitos querem ser cristãos, mas não querem seguir a Jesus.

No caminho do seguimento de Jesus são necessárias verdadeiras perguntas e respostas sinceras. Para Marcos, Jesus é o ungido de Deus e por isso, suas palavras, atos e obras estão cheios da força do Espírito de Deus. Além disso, Jesus é o Deus que salva, o Filho de Deus. E por isso, Jesus é livre de si mesmo, do egoismo e da procura do poder e do sucesso. Ele simplesmente quer nos salvar.

P. Vitus Gustama,svd

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