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Primeira Leitura: Hb 1,1-6
1 Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; 2 nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. 3 Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas. 4 Ele foi posto tanto acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o nome deles. 5 De fato, a qual dos anjos Deus disse alguma vez: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei?” Ou ainda: “Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um Filho?” 6 Mas, quando faz entrar o Primogênito no mundo, Deus diz: “Todos os anjos devem adorá-lo!”
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1. Jesus Cristo É a Palavra Divina Que Nos Salva
Durante quatro semanas leremos, a partir de hoje, no Ano Ímpar, a Carta ao Hebreus. Esta Carta cujo autor desconhecemos (mesmo que esteja seguro de que está inspirada na doutrina de são Paulo) e que se considera escrita em torno dos anos 67 e é dirigida aos cristãos provenientes do judaísmo. Toda a Carta lhes exorta a perseverarem e lhes mostrando que Jesus é superior a Moisés e aos demais profetas antigos e aos próprios anjos. É superior aos sacerdotes do Antigo Testamento e faz inúteis os sacrifícios de antes. Jesus Cristo, em pessoa, é o Sacerdote e o sacrifício e o templo e o profeta. Portanto, não terão que alimentar nenhum tipo de nostalgia do passado. Tudo que se relaciona com o Antigo Testameno é sombra e promessa de Cristo Jesus. Vale a pena manter-se fieis na fé cristã, apesar do cansaço ou das perseguições.
O texto da Primeira Leitura de hoje nos introduz diretamente, sem demasiados preâmbulos, ao mistério mais profundo de Cristo, o Senhor glorificado: “O Filho” “Herdeiro de tudo” que nos revela quem é Deus (“reflexo da glória de Deus”), que sustenta o universo com sua palavra poderosa, superior aos anjos e que realizou a purificação dos pecados com sua morte e ressurreição que agora está sentado à direita de Deus.
De certa forma, pode-se dizer que estes versículos iniciais servem como resumo de tudo o que o autor vai dizer ao longo da Carta. Desde logo, é um salto notável da perspectiva recente do Menino nascido no Natal até esta cristologia tão densa e profunda.
“Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (Hb 1,1-2), assim lemos na Primeira Leitura.
Este texto tirado da Carta ao Hebreus, que lemos na Primeira Leitura, alude à história da Palavra de Deus na antiga Aliança, mas que se centra na glorificação de Jesus. Ele nos trouxe a mensagem da salvação e nos abriu o caminho para chegar a Deus. No Filho, isto é, em Jesus, se compendiam e se complementam todas as intervenções salvíficas precedentes.
O texto também sublinha a superioridade de Jesus em relação aos anjos que eram para os judeus mediadores da revelação. Deus intervém no mundo por meio da Palavra. Por meio da Palavra criou o céu (Gn 1) e se revela aos homens (Hb 1). Se o homem é palavra, comunicação, é porque primeiro Deus é Palavra (Jo 1,1-18). Se o homem existe é porque esta Palavra o chamou e o mantém na existência.
Palavra de Deus foi também a Aliança. No Sinai Deus se revela, mas permanece inacessível. A revelação de Sinai, em forma de palavra (decálogo = Dez palavras), será o tipo de todo encontro do homem com Deus. Deus é “esta Palavra” (Dt 4) que ressoa no monte e que Isarel escuta. É esta palavra que ressoa em todo momento.
A encarnação é uma nova revelação da Palavra, superior às precedentes. A Palavra criadora e salvadora tem em Cristo seu centro, pois Cristo é a “Palavra que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Criação e história encontram sentido n´Ele. A Palavra feita carne se converte em voz que suplica ao Pai, em boca de nossa natureza, para gritar a Deus a necessidade que o homem tem de salvação e rdenção.
Para o homem, falar é também viver. Pela palavra ele dá sentido às coisas e ao mundo. Por meio da palavra se faz homem, ao receber dos outros o significado dos vocábulos, dos seres e da realidade. O homem fala e dá forma ao mundo. O homem nasce em um mundo em que se fala. E ao longo de sua vida, o homem se arriscará a falar do que vive, do que sente e do que é, sem chegar nunca a esgotar a palavra capaz de expressar, relativamente, a totalidade de sua existência. Por isso, para o homem, falar é viver. Também para Deus falar é viver. Desde o princípio, Deus existe falando. Deus é diálogo em seu próprio ser: Pai e Filho, palavra em concordância tal que suscita uma mesma respiração, o Espirito. Para Deus, de certa forma, existir é falar, é dialogar. A Santíssima Trindade é o eterno diálogo do amor, no amor e por amor.
Deus senpre nos dirige sua Palavra em todos os momentos de nossa vida. Basta pararmos para escutar e decifrar seu significado. isto significa que Deus está sempre próximo de nós. Ele sai de si e nos fala. Em Jesus Cristo sua Palavra chegou à plenitude. Nós cristãos temos uma missão de ser palavra que fortalece, consola, guia, corrige, alerta e assim por diante, pois somos seguidores da Palavra Divina. Nossas palavras devem fazer os outros viverem bem. Nossas palavras jamais podem destruir a dignidade dos outros.
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4. Deus Chama Para a Conversão E a Fé
Para podermos seguir a Jesus e levarmos adiante seus ensinamentos é necessário nos converter: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!”.
O Reino de Deus é a soberania de Deus, porém no sentido de compaixão e de salvação. Deus é soberano no sentido de amor, pois Ele é amor (cf. 1Jo 4,8.16). Como Amor por excelência Deus não admite o ódio, a exclusão, a discriminação, a marginalização e desvalorização do ser humano.
Para uma mudança de mentalidade e do modo de viver e conviver dignamente é preciso ter fé e conversão: “Convertei-vos, e crede no Evangelho!”. Converter-se significa literalmente tomar uma direção de salvação, mudar de rumo onde se encontra a humanidade para assumi-la como algo divino, pois foi o próprio Deus que a criou. Consequentemente converter-se significa não ficar onde se está e como está; é esforçar-se para chegar a ser o que se deve ser. Para se tornar divino o homem precisa ser muito humano, muito irmão dos outros homens. É permitir que Deus seja Deus e o homem seja homem. Quando houver este reconhecimento, não haverá nenhum espaço no homem para a auto-suficiência. Com este reconhecimento o homem abandonará o egoísmo e a rivalidade fatal para começar a abraçar a humanidade querida por Deus.
Além da conversão, o que se exige é fé. A fé significa estar com Deus, fazer tudo conforme o mandamento de Deus que se resume no amor fraterno; é abertura e disposição para viver de acordo com a vontade de Deus que é a própria salvação do homem. estando com Deus, aconteça o que acontecer, o homem vencerá todos os obstáculos cedo ou tarde, pois Deus pode tardar, mas jamais falha, pois Ele é a própria Sabedoria que conhece profundamente cada criatura Sua.
5.
“Segui-me e
A nova missão de Simão e André, João e Tiago será a de “salvar vidas”: entrar mar adentro para tirar os homens das águas profundas, do abismo da morte; “pegar vivos ou para a vida” os homens, assim como eles mesmos foram colhidos- escolhidos.
A
Simão e André abandonam
Os
“
Os
Jesus chama as pessoas com o único requisito para trabalhar: o desinteresse, a gratuidade, fugir dos êxitos, dos aplausos, das honras e dos privilégios: “De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10,8b). Ser generoso significa dar-se a si mesmo por amor de Deus e do próximo. São os generosos que transformam o mundo mais belo, mais humano e mais fraterno. Um generoso é interiormente livre. E expressa sua liberdade interior através da generosidade. Ele deixa perder as coisas para que os outros ganhem a dignidade. Quanto mais generoso for o homem, mais humano e irmão ele se tornará e mais divino será. O modo de viver de um seguidor deve ser uma alternativa de fraternidade para uma sociedade que explora e rouba os outros.
Os quatro abandonam tudo imediatamente. Isto requer uma maturidade e uma grande disponibilidade e acima de tudo, requer uma fé firme. A fé nos torna capazes de pensarmos como Deus e de distinguirmos a causa primeira das causas segundas. Quando a fé cresce, acontece o processo inverso: o mundo exterior começa a falar-nos de Deus, a atrair-nos para Ele.
P. Vitus
Gustama,svd
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