sábado, 19 de maio de 2018

22/05/2018
Resultado de imagem para Mc 9,30-37Resultado de imagem para Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”
SER CRISTÃO É SER EDUCADOR-PROFÉTICO DE DEUS PARA SALVAR OS QUE SÃO DOMINADOS PELO PECADO
Terça-Feira da VII Semana Comum

Primeira Leitura: Tg 4,1-10
Caríssimos, 1 de onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? 2 Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. 3 Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres. 4 Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que pretende ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus. 5 Ou julgais ser em vão que a Escritura diz: “Com ciúme anela o espírito que nos habita”? 6 Mas ele nos dá uma graça maior. Por isso, a Escritura diz: “Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes”. 7 Obedecei pois a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. 8 Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós. Purificai as mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dúbios. 9 Ficai tristes, vesti o luto e chorai. Transforme-se em luto o vosso riso, e a vossa alegria em desalento. 10 Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará.


Evangelho: Mc 9,30-37
Naquele tempo, 30 Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”. 32 Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33 Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34 Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35 Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37“Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.
----------------
Aproximar-Se De Deus Para Não Se Tornar Amigo Do Mundo


Obedecei pois a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. 8 Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós. Purificai as mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dúbios”.


Na Primeira Leitura do dia anterior São Tiago falou da verdadeira sabedoria. Hoje ele desmascara com palavras duras aqueles que na comunidade criam divisão e não paz.


São Tiago está inquieto pelos conflitos que surgem nas comunidades cristãs. Por isso, ele lança as seguintes perguntas na Primeira Leitura de hoje: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir”.


Segundo são Tiago, a primeira causa da discórdia entre os cristãos é o gosto do prazer, isto é, o desejo dos bens materiais: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós?” (Cf. também Tg 1,14-15). O amor próprio, a cobiça, o desejo desenfreado dos bens materiais são instintos que lutam dentro de cada ser humano. Tudo começa no fundo de nosso coração.


A segunda causa dos conflitos entre os cristãos é a inveja que consiste em desejar o que é possuído pelo próximo e para obtê-lo, o próximo é atacado ou agredido verbal e fisicamente: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres”. A inveja aparece até nas orações, isto é, nos servimos de Deus para alcançar o privilégio de termos tanto quanto o vizinho. Trata-se de pedido egoísta. É uma oração centrada em mim mesmo. Quantas tristezas provem do fato de nos compararmos com os demais. É preciso aprendermos a ser realistas e respeitarmos sinceramente nossas limitações.


A terceira causa das discórdias é o amor do mundo: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que pretende ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus. Ou julgais ser em vão que a Escritura diz: ‘Com ciúme anela o espírito que nos habita’? Mas ele nos dá uma graça maior. Por isso, a Escritura diz: ‘Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes’”. Esta última causa torna o homem “adúltero”, soberbo, pois causa o rompimento com Deus. Em vez de viver com Deus, o homem prende-se aos bens materiais que um dia ele vai deixar neste mundo, pois cada homem somente tem o direito de usufruir e não de possuir. “O amor ao mundo corrompe a alma; o amor ao Criador do mundo a purifica”, dizia Santo Agostinho (Serm. 142,3,3). Não se pode servir aos dois senhores (Cf. Mt 6,24).


Será que amamos mais as coisas de Deus do que o Deus das coisas, as criaturas do que o Criador? “Amando a Deus nos tornamos divinos; amando ao mundo nos tornamos mundanos”, dizia Santo Agostinho (Serm. 121,1).


Nesta semana Jesus rogou a seu Pai por nós (Cf. Jo 17). Ele pediu não para o Pai nos tirar do mundo e sim que nos preserve do mal. No final de nossa vida o Senhor nos levará como nas asas da águia para as moradas. Enquanto esse dia não chegar, não podemos viver como covardes, mas devemos confiar em Deus, pois em Deus encontramos nosso refúgio e proteção. Por isso, com o Salmo Responsorial de hoje (Sl 54/55) rezemos: “É por isso que eu digo na angústia: ‘Quem me dera ter asas de pomba e voar para achar um descanso! Fugiria, então, para longe, e me iria esconder no deserto. Acharia depressa um refúgio contra o vento, a procela, o tufão’. Ó Senhor, confundi as más línguas. Dispersai-as, porque na cidade só se vê violência e discórdia! Dia e noite circundam seus muros. Lança sobre o Senhor teus cuidados, porque ele há de ser teu sustento, e jamais ele irá permitir que o justo para sempre vacile!”.


Quem possui o Espirito de Deus e se deixa dominar por Ele converte-se em um sinal profético do amor, da salvação e da entrega de Deus para salvar todos aqueles que foram dominados pelo pecado e que estavam destinados à morte eterna.


Ser Cristão É Ser Educador-Profeta


Pela segunda vez Jesus revela aos seus discípulos sua próxima Paixão (Mc 8,31-33; 10,31-34). Ao mesmo tempo ele abandona deliberadamente a pregação à multidão (Mc 9,30) incapaz de compreendê-Lo para se dedicar exclusivamente à formação definitiva dos discípulos: “Ele não queria que ninguém soubesse disso, pois estava ensinando a seus discípulos”.


Ensinar é uma das preocupações de Jesus nos evangelhos, especialmente no evangelho de Marcos (Mc 1,22; 4,2; 6,2; 9,31 etc..). Jesus Cristo é a Palavra divina (Jo 1,1). Jesus é a Palavra inesgotável de Deus para se comunicar com os seres humanos. Como a Palavra divina, as palavras de Jesus são sempre promessa e expressão de vida. Através de seu ato e atividade de ensinar Jesus quer que os seus ouvintes cresçam na liberdade e dignidade tendo consciência critica sobre a realidade ao seu redor (cf. Mc 1,22).


Cada cristão é chamado a ser educador-profeta. Os profetas falam em nome de Deus, são Seus porta-vozes que sacudam as consciências, levantem as vidas de mediocridade, de desesperança, do tédio e de insensibilidade. Todo profeta é educador e todo educador cristão é chamado a ser um profeta. A educação é, portanto, uma vocação de serviço. Cada cristão, cada educador cristão é chamado a transformar cada lugar, cada escola em lugares de vida nos quais se aprende a viver e conviver, a desfrutar a vida e a dignidade, a defender a vida, a combater tudo o que ameace a vida.


Em seguida, Marcos nos relatou sobre o anúncio da Paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ao anunciar pela segunda vez aos seus discípulos sua paixão e morte Jesus quer educá-los sobre o que significa seguir a Jesus Cristo. Mas os seus não estão dispostos a atender o que seu Mestre quer dizer ou ensinando. O que lhes preocupa é “quem será o mais importante”. Cada educador, cada mestre precisa ter paciência em ensinar ou educar. É um trabalho de serviço. Um servo está sempre disposto e disponível para atender a seu senhor.


Para acabar com a ambição dos discípulos de quererem ocupar primeiros lugares Jesus dá algumas lições (ensinar) sobre o estilo de vida para quem quiser ser seu discípulo. Jesus marca as linhas fundamentais da espiritualidade que se deve respirar qualquer comunidade cristã. A idéia-mestra é esta: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”. Isto é, ser o servidor de todos.


Para acentuar a lição dada aos discípulos Jesus põe uma criança (um menino) no meio deles:Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: ‘Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou’”. Jesus utiliza uma estratégia pedagógica: coloca um menino no meio e o abraça. Um menino! Uma criança! Quantas coisas diz a imagem deste menino abraçado por Jesus! É um abraço com que Deus abriga, anima e fortalece o novo começo (menino/ criança). É o abraço que envolve toda a confiança, toda a ternura, toda a proximidade do Senhor para quem quiser ser verdadeiro discípulo, e não prematuro mestre.


A figura bíblica do “menino” ou “criança” é símbolo de marginalização e indefesa. No tempo de Jesus, um menino era símbolo de ignorância, imaturidade e insignificância. Um menino era equiparava com os escravos. No entanto, por seu grau de dependência o menino se converte em preocupação permanente para seus progenitores sem os quais o menino não sobreviveria ou não receberia uma boa educação. Assim, o menor se converte no mais importante porque requer a atenção e o cuidado dos maiores. É uma lição viva de pequenez e de humildade. Ser simples é ser modesto, singelo, puro, desprovido de elementos acessórios, isento de significações secundárias, sem luxo nem ostentação. Ser humilde consiste em manifestar a virtude de conhecer suas próprias limitações. É reconhecer ser pó, mas é pó vivente, pois Deus soprou seu espírito nele que o capacita a viver na espera divina.


Por isso, a grandeza do homem está na humildade. “Quanto mais humildes, maiores” dizia Santo Agostinho. Mas “simular humildade é a maior das soberbas”, acrescentou Santo Agostinho. A paz florescerá em qualquer comunidade cristã se seus membros fazem seu o espírito evangélico de humildade e de simplicidade. O próprio Jesus serve de exemplo, pois sua vida está na sua atitude de entrega para a salvação de todos.


Depois que colocou a criança ou o menino no meio dos discípulos, Jesus pronunciou a seguinte frase: ““Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”. Esta sentença nos recorda a parábola do juízo final (Mt 25,31-46) e o final do discurso missionário (Mt 10,42). Assim a criança aqui assume um sentido novo. Não é mais a criança em sentido próprio e sim o símbolo do necessitado. É o sedento, o faminto, desnudo, o prisioneiro, o marginalizado.


Também podemos ter dificuldades em querer entender a lição que Jesus deu aos discípulos. Tendemos a ocupar os primeiros lugares, a buscar nossos interesses, a desprezar as pessoas que contam pouco na sociedade e das pessoas que não podemos esperar grandes coisas.


Se quisermos colaborar com Jesus Cristo e fazer algo válido na vida, temos que contar em nosso programa de vida com a renúncia e a entrega, com a humildade e a simplicidade. O desejo de poder e a busca dos próprios interesses fazem impossíveis a renúncia, a entrega e impossibilita o cristão a servir aos demais. Um cristão que não serve não serve como cristão. Uma Igreja que não serve, não serve para nada. Servir pela salvação dos demais é o centro do cristianismo. Para sermos felizes temos que fazer os outros felizes. A competitividade faz desaparecer a solidariedade, a compaixão, a igualdade e a colaboração. A competitividade sempre torce para que a vida do outro não dê certo para que ele possa estar em destaque solitariamente para ser adorado pelos demais.


Servir é adorar a Deus em ação. Servir é a oração e a adoração colocadas na prática do amor fraterno. Servir é fazer algo de bom sem esperar nada de troca ou de reconhecimento. Renunciar a ser o servidor, a ser o pequeno significa renunciar Jesus, porque somente quem acolhe sua vocação de serviço como se acolhe um pequeno (criança), acolherá Jesus e o próprio Deus que o enviou. O poder e o serviço se excluem. A ambição de poder é o câncer do serviço. O poder pode servir para muitas coisas, mas não serve para tornar bons os homens. Geralmente os maus líderes produzem os maus funcionários. Um coração corrompido é ninho de discórdia. Uma mente obcecada nunca ilumina bem os caminhos.
P. Vitus Gustama,svd

Nenhum comentário:

V Domingo Da Páscoa, 28/04/2024

PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTO, POIS ELE É A VERDADEIRA VIDEIRA V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B” Primeira Leitura: At 9,26-31...